20 de outubro de 2013

O solista


Solo quer dizer só, e na arte da música é o solista, que emoldura a obra musical, e dá-lhe voz e estética.
A arte, ainda pouco descortinada, habita os cérebros iluminados, onde quer que eles estejam. A arte  é um mistério, também magia. Ainda dentro do contexto, um amigo brindou-me com um presente, deu-me  um filme, cujo o título é " O solista". E se trata de uma história real, que se passou em Los Angeles na América  do Norte.
A película, o "Solista,  de certa forma busca humanizar os problemas sociais que o cidadão norte-americano, tende a ignorar. E nós, herdeiros da sífilis lusitana e do pecado original, até certo ponto a carapuça também nos serve. Dentro da máxima popular - quem não vive para servir, não serve para viver - eis que na rica e poderosa Los Angeles, registra-se,  que cerca de noventa mil pessoas dormem ao relento todos as noites, e há anos. Daí a supimpa inspiração de se rodar um documentário, baseado na rotina de vida de um sem-teto, que solitariamente tocava o seu violoncelo, e vivia entre mendigos, ladrões e prostitutas. Trata-se de Nathaniel Ayers Jr. Ele estudou na Julliard School, a meca das escolas de música do mundo, e o seu  contemporâneo, foi Yo-Yo Ma, de origem chinesa,  todavia, nasceu em Paris, e atualmente é considerado um dos virtuoses do cello. Respeitando o tempo, espaço e estilo, traz-me   a recordação de outro virtuose do mesmo instrumento,  o ibérico Pablo Casals. Nathaniel, assim o tratarei na narrativa, sem digressões, com a dignidade que lhe é legítima. Ele é americano, porém, é afrodescendente, assim os americanos tratam àqueles que não são genuinamente do núcleo das suas origens.  Nathaniel é vítima do descaso das autoridades daquele país. Carrega uma conhecida doença mental, a esquizofrenia, que em grego significa : skizo = separação e phrenos = espírito. Ou seja a esquizofrenia, é a separação do espírito ou da mente. A esquizofrenia é uma condição mental, onde o consciente e o inconsciente, não sabem exatamente, onde começa um, e termina o outro. É como partir uma maçã em dois pedaços e colocá-las em lados opostos, ou seja, nessa posição as metades não se encaixam. Assim ensina a douta psicóloga carioca Márcia Mendonça. O roteiro cinematográfico trata-o com dignidade e respeito. É como se fosse uma oportunidade para Nathaniel,  se erguer com uma  força  imaginária pelo viés da amizade,  e da arte, ambas  como mecanismo de cura. Acredita-se que, o simples fato de ser amigo de alguém, isso poderá mudar a química do cérebro de um esquizoide. Acredita-se melhorar a funcionalidade das suas faculdades mentais. Nathaniel foi encontrado pela primeira vez, pelo jornalista - Steve Lopez - numa Praça de Los Angeles, diante da estátua de Beethoven, de quem é um ardoroso admirador, desse falcão da música erudita. O jornalista impressionou-se, e tentou ajudá-lo de todas as formas que lhe foram possíveis.
Certa vez, Yo-Yo-Ma, foi convidado a se apresentar como solista, com a Filarmônica de Los Angeles. O jornalista Steve Lopes, proativo, acionou contatos com a direção da Sinfônica, e o levou na apresentação. No final, foi convidado a ir ao camarim se encontrar com o mago do violoncelo. Nessa ocasião Yo-Yo-Ma, o reconheceu e pediu-lhe que tocasse seu instrumento, que o fez.
Em seguida o abraçou e disse-lhe : Você e eu dividimos algo mágico. Somos irmãos, e também na música. Sabemos a verdade que ninguém mais sabe. E as lágrimas rolaram em ambos.
Os esquizofrênicos possuem muita intimidade com as artes, tais como : a pintura abstrata, música, artes plásticas e etc. Eles desejam ser como o são, pois, a  esquizofrenia mesmo em alto grau, mantém as suas capacidades intelectuais sadias e, são capazes de sentirem os estímulos diferenciados, como também, ao contrário, é possível também encontrar algo de esquizofrênico,  na vida espiritual em pessoas com boas condições mentais. A coragem de Nathanael, aliada a sua humildade e fé no poder da sua arte, é possível aprender com ele a ideia central de ser leal a algo que você acredita, e acima de tudo manter essa inabalável determinação, que poderá levá-lo um dia, quiçá,  para casa dele.
Nathaniel continua morando em Los Angeles, sob os viadutos, e as vezes num abrigo que o acolhe. Certa vez foi lhe perguntado - que ao executar o seu violoncelo, sob os viadutos - como consegue ouvir a sua música, com tanto barulho provocado pelos carros. E Nathaniel respondeu : as únicas coisas que escuto, além da música, são os aplausos dos pombos, quando batem as asas.

15 de outubro de 2013

Dia mundial da alimentação

Em 1981, a ONU, criou o dezesseis de outubro como  o dia "mundial da alimentação"  A fome no mundo atinge 850 milhões de pessoas.  A causa principal é a desigual distribuição da riqueza do planeta. No Brasil cerca de treze milhões de despossuidos,  passam por gravíssimas  necessidades alimentícias, e  coincidentemente o mesmo quantitativo de analfabetos, ou de indivíduos com dificuldades de ler e/ou de escrever. Ressalta-se também a imensa quantidade do desperdício dos alimentos, destaque para as hortaliças, frutas e legumes. Perdem-se alimentos na colheita, armazenamento, resfriamento/conservação, transporte, restaurantes e nos lares...No  mundo o desperdício chega ao astronômico  volume de um bilhão e trezentas toneladas de alimentação, isto posto,  equivale a 250 m3 de água, o que é igual ao volume de água do rio Volga na Russia, que corre por 3700 km de extensão. Pense nisso...Daqui há 50 anos, teremos nove bilhões de habitantes. Como será o sistema produtivo na agricultura no Brasil? A população no  campo contabiliza-se  somente vinte por cento do povo brasileiro. O preço muito baixo do café por exemplo, está a provocar o êxodo rural, que sangra desde o governo da ditadura militar. Se faz necessário o subsídio para o café e o leite, para começar... essa práxis,  é velha conhecida no primeiro mundo.

6 de outubro de 2013

Premio Nobel



Esse prêmio existe há mais de um século. Quem o conquista recebe  1,2 milhão de dólares,  da coroa norueguesa, e por aqui nós do continente americano do sul  colecionamos meia dúzia de prêmios Nobel, e o Brasil, “neca-de-pitibiriba”.  Há algo de “podre no reino da Noruega” parafraseando W. Shakespeare,  mesmo sendo como referência a Dinamarca.  São todos vikings. As instituições como os  congressos de parlamentares, reitores de universidades, cortes  internacionais e outras entidades, estão autorizadas a indicarem personalidades para concorrerem as diversas premiações, física, química, literatura e o disputado premio Nobel da Paz. O líder pacifista Mahatma Ghandi  foi indicado por cinco vezes seguidas, até ser assassinado. A Academia não aprovou o nome do indiano. O poeta Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Jorge de Lima, Carlos Chagas, Adolfo Lutz e outros brasileiros foram cogitados,  mas por alguma razão, não lograram êxito.  Drummond é um caso isolado, pois não autorizou o seu tradutor sueco, a submeter a obra dele ao julgamento, igual tratamento foi dado a Academia Brasileira de Letras.  O baiano Jorge Amado, suspeita que o veto se efetivou por conta dele ser do partido comunista, conforme  a narrativa no seu livro – Navegação de Cabotagem – enfim, há uma nuvem cinzenta e densa nas   negativas supracitadas.  Um exemplo surreal, foi  a  teoria da relatividade, descoberta revolucionária  de Albert Einstein, que obteve a mesma resposta da comissão julgadora do Nobel, ou seja, não. Einstein era judeu. A (im)parcialidade entre os luminares, que ungem os premiados, é de difícil compreensão.

29 de setembro de 2013

Racismo no futebol (*)



O primeiro time de futebol a acolher um afro-descendente, foi o Bangu Futebol Clube, situado no bairro do mesmo nome, na zona oeste do Rio de Janeiro, e vizinho de Campo Grande e Santa Cruz. O Bangu era financiado pelos ingleses, então donos da fábrica de tecidos Bangu. Francisco Carregal, foi o primeiro afro-descendente a ser titular no Brasil, pelo Bangu. Depois Carregal foi craque do Flamengo Futebol Clube na modalidade do basquetebol. Parte dos Carregal moram em Copacabana, e se sentem legitimamente orgulhosos dessa ascendência atlética e genuinamente carioca. Quando o paulista Charles Muller, brasileiro, e filho de pai escocês, em 1894, trouxe da Inglaterra, primeira bola de futebol, e dois pares de chuteira para o Brasil, havia uma segregação, um preconceito racial, pois haviam os estádios de futebol dos brancos, e os negros em campinhos de futebol improvisados, nas várzeas. Entre 1920 e 1930, São Paulo chegou a ter 12 ligas informais, de pessoas de cor, que eram impedidas de participarem das ligas das elites da cor dito, brancas. Esses impedimentos dificultavam a ressocialização dos ex-escravos, recém libertados da masmorra. O Vasco da Gama Futebol e Regatas, foi um belíssimo exemplo, pois enquanto time de futebol, tentou disputar em 1924, a primeira divisão carioca, todavia teria que excluir doze jogadores negros, de acordo a exigência da preconceituosa Associação Futebolística. Não atendeu a pressão e não disputou. Salve o Vasco da Gama. (**)


(*) Matéria adaptada ao texto de Renato Grandelli, d'O Globo -  28/09/2013

(**) Como mestrando da UENF, por favor, afim de avalizar meu projeto, solicito os seguintes dados do prazeroso visitante:
Qual o sexo? Idade, escolaridade,  e a Unidade da Federação.  Muito obrigado.




19 de setembro de 2013

O ladrão de galinha, e o ladrão de casaca



Há um aforisma, de cunho popular, assim: "Para os amigos tudo, para os inimigos os rigores da Lei", essa máxima popularesca e (des)pretensiosa, remete a uma reflexão diante do julgamento dos protagonistas do julgamento, apelidado pela imprensa de "mensalão"(desvio de 141 milhões de reais dos cofres públicos) que foram beneficiados, coincidentemente, após da nomeação dos novos ministros, os quais votaram a favor da quadrilha, que segundo o Ministério Público Federal, construiu o valhacouto junto as hostes do alto poder público do país. O Brasil consciente está de luto... recolhido face ao desfavor que alguns patrícios cometeram contra a República brasileira. Não se deveria acreditar, que o país está abaixo da linha do Equador, um país periférico, não tão somente no recorte geográfico, mas naquilo que é ético e moral. A bandeira brasileira está à meio-mastro na consciência daqueles que incorporam sentimento cívico, diante dessa hecatombe, que vitimou grande parte da nação brasileira. A convicção de Cícero - grande tribuno romano - que do altíssimo saber, no seu terceiro livro do tratado "Dos deveres", citou os versos de Eurípedes, repetidos por Julio Caio César: "Se se há de violentar a justiça, é para reinar que se deve violentá-la. Nos demais casos, pratica-se a virtude". O julgamento desses juízes, que estão acima do e bem do mal, será através da história, contudo serão prisioneiros da suas próprias consciências, pois relembrarão dos seus votos, ao adentrarem nos teatros, cinemas e outros locais, quando serão recepcionados com insultos e vaias dos populares. Fica patenteado que a justiça é enviesada, a favor dos endinheirados. Se fosse um ladrão de galinhas, certamente já estaria algemado e trancafiado numa cela fétida, num desses rincões do Brasil tupiniquim e continental.

5 de setembro de 2013

Espionagem


A mídia se ocupa através de todos os meios disponíveis, sobre a possibilidade de que autoridades brasileiras, foram e/ou estão sendo espionadas pelos órgãos de inteligência do grande país da America Setentrional, ou melhor, da terra do Tio Sam. Para compreender essa complexidade - Henry Kissinger - no prefácio do seu livro, lançado pela Editora Objetiva – Sobre a China – assim escreveu: “ O excepcionalismo americano é missionário. Segundo a doutrina , os Estados Unidos tem a obrigação de disseminar seus valores em todas as partes do mundo”. Está evidenciado o caráter oficial desse país, que prega ser o paladino da verdade. A nação norte-americana assim se considera, e por isso, que se envolve em grande parte nos conflitos no mundo. Atentamos para a perspectiva de se invadir a Síria, por um suposto uso de armas químicas. Se faz mister a aprovação do Congresso norte-americano, para se efetivar a intervenção pelas armas, a esse país de origem árabe. E por ser assim, forte e poderoso - Washington - intervém nas soberanias de outros povos, e por essa razão, tem sido a nação americana, a maior vítima, (considerando históricamente, os olhares da adversidade) dos (in)justificados atentados terroristas. A intervenção nem sempre é militar, sendo que muitas das vezes se reveste de robustos investimentos em países com maiores dificuldades, sugando-lhes na maximização dos lucros, e não permitem, ou não são facilitadores da transferência tecnológica. A práxis intervencionista contraria frontalmente a tradicional e norteadora Doutrina Monroe, editada na primeira metade do séc.18, e sancionada pelo então presidente, James Monroe. Alegam os americanos do norte, que as espionagens são para conter os ataques de grupos terroristas, todavia há controvérsias, pois nessa esteira de justificativas, é provável que, escarafunchem negociações comerciais, e/ou estratégicas no setor energético( por exemplo o pré sal) e geopolítico. Não cabem bravatas. Recomendar-se-ia o exercício de uma eficaz diplomacia. Pressionar o governo "yankee", junto aos organismos internacionais, tais como a ONU –Organização das Nações Unidas, OEA - Organização dos Estados Americanos(com sede na Costa Rica) Tribunal de Haia, Organização Mundial do Comércio e outros. Os Estados Unidos pensam e agem diametralmente contrário ao modus vivendi" da China, que não possui a prática expansionista tradicional, e que convive com a universalidade cultural. Exceto, a sua intransigência inaceitável em manter o Tibet sob o domínio dela.

1 de setembro de 2013

Herois anônimos



Sete de setembro de 1889, data simbólica, que se torna importante para a formação da cidadania brasileira, começando desde cedo essa atividade cognitiva tendo como conteúdo a "terra brasilis". Em todas as escolas do país dever-se-ia cantar o Hino Nacional, e ter conhecimento do significado da semiótica que emoldura os símbolos nacionais, oriundos da história. É na fase infanto-juvenil que se impregna, a idéia da valoração dos signos nacionais. Do respeito à Pátria, a República e seus poderes constituídos. E por se tratar de civismo, por aqui, nesse pacato condado, o poder público resgata a história e ergue-se um modesto - contudo - um cosmopolita memorial, para que se lembre dos heróis, que lutaram pela democracia na Segunda Grande Guerra Mundial, e que tal fato nunca mais se repita. Os filhos de Mimoso do Sul que convocados pelo Exército Brasileiro, não arrefeceram e embarcaram em 1944, para a Itália, na época, aliada dos alemães. Corajosos “pracinhas” foram lutar contra o nazi-fascismo, salvando o mundo da loucura assassina do alemão Adolfo Hitler, e coadjuvado pelo italiano Benito Mussolini. Alguns bravos conterrâneos, voltaram com as sequelas da guerra, outros morreram. Essas legítimas homenagens são prestadas aos heróis de todos os países envolvidos, na Segunda Grande Guerra Mundial. No Rio de Janeiro, Paris, Londres e Moscou e agora em Mimoso do Sul, localizado no extremo sul do Espírito Santo, que conquista lugar de destaque na galeria dos povos que reconhecem e cultuam seus bravos soldados. Parabenizo os Poderes Legislativo, que votou e aprovou o projeto de lei, e a sensibilidade do poder executivo que sancionou a citada lei, de cunho cívico-cultural-histórico e educativo. Dia 06 de setembro, resgata-se a história , ao se inaugurar na Praça Cel. Paiva Gonçalves o memorial desses heróis .

17 de agosto de 2013

China (1)


A China é por demais misteriosa, e encantadora. A mística dessa raça, dita amarela, conta com cinco mil anos aproximados de existência, e habita uma área de nove milhões e meio de quilômetros quadrados. As provas dessa existência são produzidas pela arqueologia, através do teste carbono 14. Na China de Zhou Enlai, as dinastias prevaleceram como forma de governo, que são dirigidos por familiares e parentes, sendo que alguns casos, duraram mais de dois mil anos. Como paradigma, a dinastia Shang (séc.18 até 1025 a.C), não foi a primeira, contudo foi a mais longa. A escrita chinesa é verticalizada, e a linguagem do ideograma exprime uma ideia ou objeto. A sintaxe chinesa é composta de milhares de sinais gráficos, carregados de farta simbologia. Kuo-Mo-Jo, um sábio das hostes do PCC - Partido Comunista Chinês, conheceu 50.000 ideogramas. Para se ler um jornal se faz mister dominar tres mil, um professor, sete mil, e um erudito, cerca de dez mil ideogramas. O viés místico, possui um exemplo clássico: a serpente tem o significado da renovação da vida. As conjecturas sobre a origem chinesa foram calcadas em cima de heróis culturais, destaque para o Imperador Amarelo considerado o fundador da China, contudo o entendimento, no mito fundador, na realidade ele foi o restaurador. A China o antecede: ela avança rumo a consciência histórica, como um Estado estabelecido, necessitando de restauração, e não de criação. É um paradoxo da cultura desse povo. Confúcio não inventou uma cultura, ele revigorou os princípios da harmonia que haviam existido num outro momento histórico da China, mas que haviam se perdido na era do caos político...Parece haver uma cultura atávica no “inconsciente coletivo” desse povo asiático.

Referencias: Henry Kissinger - Sobre a China / Dicionário de simbologia - Manfred Lurker / Navegação de Cabotagem - Jorge Amado

10 de agosto de 2013

Orlando Orfei e o circo



O circo é uma atividade artística, todavia metálica, pois resiste ao longo do tempo, desde os espetáculos patrocinados pelos romanos, nas suas largas arenas. Isso ocorreu na Idade Antiga no enfrentamento de guerreiros versus guerreiros e/ou bandidos e feras de todas as espécies da época. O povo estava sempre presente, nessa diversão, bem como o rei, os sátrapas e outros. Assim era o costume, segundo a história. Todavia a multicultural China, do alto dos seus cinco mil anos (ou mais) de existência, quiçá, há muito cultivasse o  circo. Recentemente tomei conhecimento de um procedimento: Porque o elefante dança quando se executa uma determinada música no picadeiro? Ora pois, esse mesmo elefante foi “treinado” ao ser colocado sobre uma chapa de aço quentíssima. O animal sofria com a temperatura, e "sapateava", pela dor intensa, e concomitantemente ouvia-se  uma música. O animal diante dessa perversidade, condicionou-se; e nas apresentações, a mesma sonorização quando tocada, o elefante dançava. Esperamos todos, que esse tipo de espetáculo, não deve ser  apresentado. Contudo o circo, é o palhaço e suas brincadeiras, o jogo dos malabares, a travessia nos fios de arame, trapezistas(com rede de proteção ou não) globo da morte e outros números, fazem do circo um espetáculo lúdico e atemporal, quer para a petizada, quer para o público adulto, que se veste do espírito infantojuvenil e banqueteia-se na alegria. No passado o circo encenava peças teatrais, dentro do roteiro da dramaturgia universal, peças como Romeu e Julieta de Shakespeare, Carmem de Bizet e outros. E uma pequena orquestra fazia a sonoplastia de acordo com andamento do drama. O circo é paixão e amor. A atividade circense é franciscana, despojada como exige toda e qualquer arte. O entretenimento tem algo diferenciado,  é por demais apreciado. O circo enriquece a alma, e o imaginário das crianças em especial. O grande diretor circense – Orlando Orfei – não resistiu a pós-modernidade do circo, tal qual o de Soleil, ou melhor: Cirque de Soleil, com a participação de adonis, narcisos(as) e efeitos especiais, que lembram os filmes ficcionais, disponibilizados pelas novas tecnologias cibernéticas. Orfei não reside em Miami ou em Madagascar, e muito menos em Paris. Com dificuldades, vivia  modestamente em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, e atualmente mudou-se para Vésper, no espaço cósmico.

6 de agosto de 2013

Um papa da ordem dos jesuitas?



O Papa Francisco chefe da igreja católica, de inspiração judaico-cristã visitou recentemente o Brasil. Deixou no seu rastro fios condutores de esperança, por ter verbalizado corajosas idéias, num mundo conservador e a cada dia mais consumista. O povo vive na expectativa de dias melhores. E deposita nos seus ícones a capacidade em alavancar mudanças, preferencialmente estruturais. Há no ar além do desejo de transformação, um pueril entusiasmo quando escutam líderes da magnitude do Papa Francisco, Dalai Lama, Angela Merkel ou Barack Hussein Obama. O sumo sacerdote, afirmou que não trazia nem ouro e nem prata, era portador da emoção por ter trazido Jesus Cristo no coração dele. E mais à frente, interpretou, que é parte da juventude, a atitude do protesto, e "en passant" alfinetou os bispos, que não devem se sentir como príncipes. A primeira assertiva, traduz que a emoção da fé transcende a práxis de se acumular riqueza. Em segundo lugar, reconhece o direito de reivindicar, é um pressuposto inerente aos jovens. E por último, deu um “puxão nas orelhas” nos bispos que vivem encastelados e distantes dos fiéis. O Papa Francisco é um jesuíta, que inexoravelmente é a ordem religiosa mais culta e avançada da igreja católica. Não há hierarquia entre os membros da secular Companhia de Jesus, fundada pelo espanhol Inácio de Loyola. A sua representação no Vaticano, é de um Cardeal, por exigência do dogma. No passado era conhecido como o papa negro, pelo uso de paramentos de cor escura nos conclaves. Um papa com formação jesuítica, não agrada a “direita“ da instituição, tanto é fato, que me parece ser o primeiro prelado de inspiração inaciana, em toda a história da Santa Sé, a ocupar o cargo máximo. E para finalizar, se autodenominou de Francisco, o mais significativo paradigma da igreja católica, face ao despojamento pleno dos bens materiais.

21 de julho de 2013

Pretos...



As prisões aqui, e no resto do mundo estão apinhadas de putas, pretos e pobres, essa tríade é sempre lembrada, por alguém que escreve ou fala, e inexoravelmente deve ser possuidor de uma aguçada sensibilidade, pois, consegue solidarizar-se com o semelhante na sua mais simplória similitude, ou seja, a de ser humano, mesmo com tinturas ou não, de doutrinas, seitas ou religiões de origem judaico-cristão, budista, muçulmano, xintoista, candomblé. Nas manifestações das ruas, as mídias tem sido hostilizadas, os bancos comerciais são atacados, os palácios dos governos idem, as assembleias estaduais, congresso nacional, e outros próprios públicos. As instituições são simbólicas, e o povo as nomeia, tanto quanto os franceses identificaram a Bastilha (1789), o mais forte emblema que significava como o algoz do povo. A monarquia ruiu, e junto com ela, a igreja católica, e os privilégios absurdos foram abolidos e se convocou uma histórica Assembleia Constituinte, cujo o lema foi a fraternidade, igualdade e a liberdade. O dia 14 de julho, é o mais importante feriado da França. Os três poderes “ definidos pelo francês Montesquieu, que são harmônicos entre si, todavia, servem tão somente a elite. “ O povo é melhor do que as elites “, assim afirmou o jurista Afonso Arinos de Mello Franco, do alto da sua sabedoria. Numa tentativa em contextualizar, eis um exemplo abjeto, acontecido na terra de Borba Gato: o jornalista Pimenta Neves, então diretor do poderoso matutino "O Estadão", matou pelas costas a sua namorada. Um crime que chocou a opinião pública. A lei faculta aos endinheirados, a recorrerem em liberdade. Quase dez anos depois, é que o supracitado assassino foi recolhido para o presídio de Tremembé(SP). O outro descalabro, é a prática dos juros escorchantes, o valor pago nas aposentadoria, é uma vergonha, as benesses abusivas dos parlamentares, as licitações viciadas, caixas pretas intocáveis, policia truculenta, enfim, um rosário de injustiças, privilégios incompreensíveis, abuso de poder, e tantas outros infortúnios praticados há séculos. Pode ser que essas manifestações são como uma demanda há muito reprimida, tal qual o reservatório de uma grande barragem, quando as comportas se rompem pela pressão das águas.

15 de julho de 2013

Sinopse sobre São Pedro do Itabapoana




O primeiro posseiro a chegar em São Pedro, tem o seu registro histórico em 1837, contudo as primeiras famílias vindas dos estados das Minas Gerais (maioria), e do Rio de Janeiro, se fixaram nesse condado em 1850. No caso das Minas Gerais, credita-se a esse movimento o chamado "refluxo das bandeiras”, podendo ter sido motivado pela rigorosa proibição do Império português, de que os mineiros não adentrassem as matas, pelo fato que nelas se supunha haver, ouro em profusão. A comunidade floresceu, tendo instalado fábricas de seda, e de ferraduras destinadas aos muares-de-carga. Em 1887, conquista-se a independência de Cachoeiro do Itapemirim, e por decreto provincial, galga a condição de freguesia, com o seguinte topônimo: São Pedro de Alcântara do Itabapoana. A região vocacionada para a cafeicultura, possuía uma intensa vida social e cultural. Em 1929, assim era o censo da população na região sul do estado: São Pedro: 44.054 / Cachoeiro 36.541 / Vitória (capital) 28.828. De todos os ilustres são-pedrenses, se me permitem, destacaram-se: José Coelho dos Santos, médico, filho do escravo alforriado - Mestre Silvestre - que conquistou o 1º lugar nas provas da Academia Nacional de Medicina e recebeu o cobiçado premio Torres Homem. Deputado estadual por duas vezes, e na condição de Presidente da Assembléia, exerceu o cargo de governador. Esteve como médico-correspondente da Academia Francesa de Medicina. Outro ícone,foi Grinalson Medina, poeta e escritor que demonstrou inequívoca tenacidade, pois em comissão com outros são-pedrenses, dirigiu-se ao interventor na época. Essa comissão tentou reverter o golpe militar, quando da tomada de São Pedro em 02 de novembro de 1930. A invasão militar, estava amparada na deposição de Washington Luiz, por Vargas, através das armas nos dias finais de outubro de 1930, que se auto-proclamou ditador, e por 15 anos governou o Brasil. A partir desse evento, a sede transfere-se para Mimoso que na época se chamava João Pessoa, em homenagem ao candidato a vice-presidente na chapa derrotada de Getulio Vargas, e após treze anos, retornou com o topônimo original - Mimoso - acrescentando-se “Sul”, por estar localizada no extremo sul capixaba. E para finalizar, assim narrou Olympio José de Abreu: “ São Pedro foi nos alvores do séculos XIX/XX, uma das mais importantes cidades do Espírito Santo. Por iniciativa do poder público (leia-se ex-Prefeito Ronan Rangel) há 16 anos, consolidou-se um processo cultural, de transcendência nacional conhecido como “Festival de sanfona e viola”, que mantém rigorosamente a tradição do cancioneiro caipira emoldurado pelo bucolismo das alterosas são-pedrenses.

Referencias: “São Pedro do Itabapoana – Páginas de nossa terra – 1534 a 1931” de Grinalson Francisco Medina
Mimoso do Sul 1951 – Um município em revista – Diretores: Newton Braga e Ormando de Moraes

6 de julho de 2013

A casa da gente

A casa da gente.

Calma! Dizia ele ao chegar em Brasília vindo do Rio. E continuava: o corpo chegou, mas a alma, demora um pouco para se reincorporar... a velocidade do avião é supersônica. E sorria. Paciência, alertava êle. E com passos levemente trôpegos, se encaminhava a uma confortável cadeira giratória, e refastelava-se, cerrando os cílios, afirmando que estava em “alfa”. Após o processo da “reincorporação”, estaria apto a discutir a agenda. Êle Artur da Távola, jornalista, escritor e senador, também vaticinava que a casa da gente sente a nossa falta quando nos ausentamos. Pode parecer uma bobagem, mas ao contrário, isso ocorre. No meu retorno de pequenas viagens, fico a admirar a jabuticabeira , que é moradora do quintal do meu tugúrio, ou da minha modesta residência. No seu tempo, se enfeita elegantemente de colares de contas negras. Não tive a honraria de presenciar a sua primeira florada anual. A cadeira e a mesa de cerejeira, emudecida foi palco e testemunha de muitas conversas interessantes. E a confortável poltrona, presente de “mi hija”, é uma coadjuvante nas audições quase diárias de Bach e outros. A pequena biblioteca, onde se hospedam além das lembranças atávicas ( e de dentro da casa vejo a flor do hibisco, que adormece, para despertar com sol do amanhecer”), o computador, e as viagens de Swift através de Gulliver, sem falar das crônicas de Rubem Braga, ou do “Aleph” de Jorge L.Borges, ou o mapa do blues, de Bessie Smith, ou o som do sax de Lester Young,o trumpete de Wilton Marsallis e a big-band de Duke Ellington e tantos outros jazzistas. E na sequência o livro da história da Portela, ou do G.R.E.S. - Gremio Recreativo Escola de Samba da Portela, do legendário Paulo Benjamin de Oliveira – Paulo da Portela - e do sambista Monarco. A Portela nasceu na querida Madureira, a “meca” da zona norte no Rio de Janeiro. Vasculhar as estantes e encontrar sem querer(querendo), os versos intemporais do bardo Patativa do Assaré, ou do outro nordestino cultíssimo folclorista, etnólogo, historiador, antropólogo, ou tudo que ele queira ser, aqui ou Harvard, Oxford ou na Sorbonne – Câmara Cascudo – um dos ícones da terra brasilis, junto com o baiano Jorge Amado, merecedor do premio Nobel, como foram agraciados, o chileno Pablo Neruda e o guatemalteco Miguel Angel Asturias, e muitas outras constelações de poetas e escritores. E por fim, relembrado, a Flip - Feira Literária Internacional de Paraty, homenageia Graciliano Ramos, preso político na Ilha Grande, por ser filiado ao Partido Comunista, durante a vigência do Estado Novo. Na prisão escreveu "Memórias do Cárcere" narrando a sua infortunada experiência, o qual se transformou num dos livros mais lidos pelos brasileiros. Na casa gente, os objetos tem vida, e são os fantasmas materializados pelo imagético de cada um...

25 de junho de 2013

Leon Tolstoi



Leon Tolstoi, escritor, de renome universal, um verdadeiro cossaco, disse do alto da sua sabedoria : ” ... se queres tornar-se universal, comece por pintar a sua própria aldeia... “ Nesse andamento, como se fosse uma sinfonia e seus movimentos, a escritora Karina Fleury, garimpa de forma arqueológica-literária a vida e a obra de Maria Antonieta Tatagiba, e transcende esse percuciente estudo, quando faz analogias e exegeses bem fundamentadas, ou quando denuncia com legitimidade histórica, o acorrentamento das mulheres pelos ditames da falocracia, lamentavelmente, ainda em pleno vigor ...E ancorando seu ideário na consistência dos versos e dos conceitos nele contidos, encontra a escritora Karina Fleury, paradigmas, desde Charles Baudelaire até o estilo modernista místico-melancólico de Cecília Meirelles, sem contar - Virginia Woolf - essa inglesa, sempre atemporal... Os escritores , além da imortalidade das suas obras, na realidade são as suas próprias e (in)contestes ânimas ! Isso vale para quaisquer outras artes. A mestra Karina Fleury, sua fidelíssima – ghost writer – discorre com cuidadoso equilibrio a saga da família, e a via crucis da autora de - Frauta agreste – incorporando sua admiração e reconhecimento da peculiar poética, digna de quaisquer galerias oficiais. Antonieta publicou seu livro acima citado em 1927, no Rio de Janeiro. De onde recebeu elogios ,através do “ O Jornal “, o então conceituadíssimo matutino, pertencente ao poderoso conglomerado dos Diários Associados. É a poetisa-primeira do pequeno estado do Espírito Santo, e morreu precocemente aos 33 anos...lutou bravamente contra o bacilo de Koch, e infelizmente não o venceu.
A intensa peregrinação empreendida pela autora, na abissal biografia, ao escrever – O papel da mulher e a mulher de papel - Editora Opção - é mais uma tentativa, espero seja frutífera, de tornar Maria Antonieta Tatagiba, num vate cosmopolita, que viveu na década da Semana da Arte, realizada em 1922, sob a batuta de Mário de Andrade e outros entusiastas colaboradores. A autora da – Frauta agreste - viveu nas alterosas sãopedrenses, no extremo sul do estado natal de Rubem Braga ...Se ela tivesse nascido francesa, certamente seria reconhecida, pois a França, possui um modelar respeito aos seus ícones, onde o padrão básico de conhecimento é compartido com todos, indistintamente. A este padrão pertencem naturalmente os escritores. Por essas bandas de cá, as coisas culturais não florescem, pelo estrabismo anacronico do poder público acanhado, e soturno. Não toma iniciativas, e não permite, em nome do obscurantismo, que outrem o façam...A Mestra Karina Fleury é uma bem-aventurada, ao se lançar no resgate de uma poetisa de escol, e injustamente olvidada. Não é para se colocar algodões entre os cristais, mas para refletir : o transcendental escritor e dramaturgo - Leon Tolstoi - até hoje, passados 110 anos, continua excomungado por ter colaborado com a revolução de 1917.

22 de junho de 2013

Cárcere privado - primeira parte


O fulcro da  narrativa é de cunho verdadeiro, e chegou ao meu conhecimento por um confiável interlocutor. O contexto, mesmo emprenhado de algumas lentes de aumento, faz sentido,  pelo conteúdo do relato, mesmo estando envolvido de compreensível ingrediente emocional. O fato ocorreu nos anos sesenta, no extremo sul capixaba, e se estendeu até ao Rio de Janeiro. Marialice era filha de Antonio e Berê, e irmã de Santinho, um cozinheiro de categoria, que harmonizava os temperos, como se fosse um maestro de uma orquestra sinfônica. Nunca soube da vetusta escola Cordon Bleu em Paris,  contudo possuia “savoir-faire” na arte  da cocção, quer  para rei, quer para os amigos.  Curiosamente afirmava que pimentão é uma hortaliça, e enquanto viveu, nunca "o convidou" para os seus marinados. Acusava ser o pimentão tão autoritário, que anulava os demais.
Marialice residia em Matilde, um vilarejo que pertencia ao Cachoeiro de Rubem Braga. Era um bela mulher. Impressionava os homens pelos seus olhos azuis, seios fartos e porte empertigado. Berê, sua mãe, sabidamente não podia arcar com despesas extras, além do teto, alimentação e um simplório guarda-roupa. E nada mais. Aos dezessete anos, na flor da idade, Marialice, segundo a sua mãe, já estava na hora de conseguir um casamento de conveniência, com um homem abastado.
Nagib Ahmed, na época, um bem sucedido ex-mascate, talvez um ascendente omíada, e patricio do escritor Gibran Khalil Gibran(1883/1931). Possuia um grande empório, considerando a sua geo-localização. O seu comércio funcionava na viela principal, num prédio antigo, com sete portas, e vendia de tudo um pouco. A mercadoria era sortida, pois oferecia desde as populares calças brim-coringa, até os mágicos tabletes de anil, alvejante das roupas encardidas.
Nagib Ahmed era o perfil exato que Berê desejava para sua filha. O mouro tinha uma vida regalada e opulenta. Era voz corrente entre os moradores, que era possuidor de um voraz apetite sexual, do alto dos seus cinqüenta e oito anos. Nunca se casou, pois o propósito era fazer fortuna. Órfão de mãe, não teve infância e muito menos juventude; pois começou na labuta aos nove anos com seu pai. O árabe Nagib Ahmed era quase da cor do ébano, seu perfil era a de um sujeito forte e atarracado, e sempre com a barba por fazer. Chamava seus fregueses de "brimo ou brima", com atenção e simpatia. Berê tomou coragem e foi até “ao lôja” do solteirão e rico comerciante. E fez-lhe a proposta de lhe apresentar a filha Marialice, podendo desposá-la, se lhe conviesse. O ex-mascate aceitou, e exultou-se com a oferta. Comunicada, Marialice entrou em desespero, e depressão. Perdeu os sentidos. Berê às pressas, saiu em busca de ajuda. Nesse ínterim, recobrou os sentidos e fugiu em direção a casa do seu tio, no qual depositava toda a confiança. Seu tio residia nas alterosas mineiras, e o lugarejo era conhecido como, Chora Morena. Passaram-se meses, e ela, infortunadamente foi descoberta. O parente não teve pulso suficiente, para impedir que ela partisse. E a desventura se concretizou, casando-se com o noivo que lhe foi absurdamente imputado. O casamento compulsório pelas circunstancias, foi matizado por desavenças diárias, pois Marialice rejeitava o estupro da sua dignidade, submetido-lhe por sua genitora.
Certa vez, fugiu diante de num descuido, desse ascendente bérbere.. Não tardou a ser descoberta e retornou a casa de Nagib Ahmed, que morava no andar de cima do “seu lôja". Era um prédio de sobrado. Pela fuga, o comerciante a puniu severamente. Primeiramente lacrou as janelas da frente da casa privando-a de ver à rua principal. E em seguida, acorrentou-lhe dentro de casa, limitando os seus movimentos. Um  cárcere privado. E assim coexistia essa mulher com o infortúnio. Emudecida, servia ao seu impostor nas suas libações sexuais, esperando o dia “d” para conquistar a sua liberdade. E não tardou, surgindo uma impar oportunidade. Após um dia de intenso trabalho, e por demais cansado, estirou-se o beduino na sua costumeira cadeira de balanço. E com a bôca às escancaras, dormitou pesadamente. Marialice não perdeu tempo: com a água que preparava para o costumeiro café, jogou-lhe água fervente de goela abaixo. Urrou feito um javali ferido.
Em seguida, apanhou as chaves, abriu as algemas e o cofre. Fugiu, segundo se supõe, para a terra dos bandeirantes. Nagib Ahmed, gravemente ferido, não morreu.

A agenda nacional mudou



No dia 20 de junho de 2013, o Brasil desde o impeachment do Collor em 1992, não se registrava manifestação popular com 1,2 milhões de participantes, sendo que o Rio, colaborou com trezentos mil pessoas, que protestaram na larga avenida Presidente Vargas, no centro dessa cidade. Um movimento sem liderança, em nítido confronto com os postulados marxistas-leninistas, que preconizava, que movimento sem comando e sem propostas concretas, não leva a nada. Há controvérsias. O movimento foi "organizado" pelas redes sociais disponíveis na internet, com a ausência total de líderes carismáticos e/ou similares. A manifestação estava sob o manto apartidário. Não havia entidade de classe, ong ou partidária enquanto atores do evento. O mote foi o aumento da tarifa do transporte, com o qual os estudantes, da legendária USP, tomaram à vanguarda. Eles pertencem ao MPL - Movimento do Passe Livre - e segundo o jornalista Merval Pereira, publicou n'O Globo de 23/06/2013, que o movimento tem inspiração na esquerda radical. O MPL, perdeu o controle, e declararam que houve infiltração de "conservadores" no movimento. Eis alguns exemplos contraditórios: O MPL não condenou os vândalos, e foram contra a expulsão dos petistas na manifestação. O MPL perdeu o controle do movimento nacionalmente. A classe politica ficou atônita, pois foi atropelada pelos fatos. Aliás o povo está anos-luz à frente de todas as instituições da sociedade civil. A pauta de reivindicações dirigida ao poder público, felizmente transcendeu ao protesto do reajuste das passagens. Protestou-se contra o descaso, em respeito aos mínimos direitos dos cidadãos, desde o atendimento nas filas dos hospitais públicos, até a proposta do governo federal, da PEC 37 - Projeto de Emenda Constitucional - que retira poderes investigativos do Ministério Público, e a corrupção que gerou volumoso processo no Supremo Tribunal Federal, que julgou e condenou os "mensaleiros", os quais possuem a perspectiva de não serem recolhidos ao respectivo presidio. As autoridades por dever cívico, deveriam assumir a sua "mea culpa", e proceder a reforma política, e punir àqueles que dilapidam o bem público. Inclusive, investigar a variação patrimonial nos últimos anos, do ex-presidente Lula, e todos os demais suspeitos. A saúde e a educação, devem carrear verbas compatíveis com necessidade da população. Os valores nas reformas dos estádios, não indicam que o governo seja sensível quanto a saúde, e muito menos quanto a educação. Universidade pública continua sendo dos "riquinhos". O protesto poderá se repetir - quiçá reforçado pela classe "c", que aplaude, mas ainda não participa - caso o governo-paquiderme, continuar olhando somente para o seu próprio umbigo. O jornal a Folha de São Paulo procedeu uma pesquisa entre os manifestantes, que assim se pronunciaram, na escolha do candidato(a) a Presidencia da República: 30% Joaquim Barbosa, 22% Marina Silva e 10% Dilma Roussef. Cabe uma reflexão? ou não?





18 de maio de 2013

Transpiração



O mundo é mágico, feérico. E a cada dia se torna mais pequeno, para uma, ainda, minoria, através da ciência da cibernética...todavia na África poucos tem água potável e energia, ou aqui, nesse Brasil continental, o saneamento básico(água e esgoto) está ausente em quarenta por cento na população brasileira. São muitos os brasis, e certa vez o renomado economista Edmar Bacha, o chamou o Brasil de “belindia”, pois uma metade se localizava na Bélgica, representada por parte do sudeste/sul e centro oeste, e a India, simbolizada por grande parte pelo norte/nordeste. Isso me faz relembrar, as palavras do Antonio, ferroviário politizado e assíduo nas assembléias do seu combativo sindicato, que certa vez assim vaticinou: ...” tenho pouca leitura, mas acredito, que só a educação tira o povo do buraco ”. Simplória afirmativa, e plena de sabedoria. O aprendizado é a mola mestra de um país, e para confirmar, eis o aforisma de um outro herói brasileiro, o escritor Monteiro Lobato: “ Um país se faz com homens e livros ”. O viés educacional não é valorizado como se devia, pois o ensino básico, deveria ser seriamente encarado, e sob a égide do governo federal, como um objetivo permanente no aprendizado. Instalar uma política pública educacional inamovível no seu conceito, podendo sofrer ajustes quando necessários, desde que não se desviasse o núcleo do seu foco. Esses pressupostos acima citados, pertencem ao ex-Reitor da UNB, e insígne senador Cristovão Buarque, do alto da sua autoridade didático-pedagógica. Mas enquanto esse sonho não se materializa, é mister, “fazer de uma laranja, uma laranjada”, isso significa que cabe ao educador, em primeiro lugar, abraçar a tese do filósofo francês – Henri Wallon – ao defender que “ a emoção gera a afetividade, a qual é coadjuvante no desenvolvimento da inteligencia infantil”. No mais, é apreender e estender todas as teses disponíveis nas pesquisas psico-didático-pedagógico, desde Jean Piaget, Vigotsky, Wallon e outros, na busca do aprimoramento da ensinagem, em resumo: muita transpiração e inspiração.

9 de maio de 2013

Botafogo Futebol e Regatas



Futebol também é cultura? Claro que é. Recentemente, o técnico Joel Santana, por sinal, nascido entre Muqui e Cachoeiro do Itapemirim, recebeu do ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça todas as homenagens da fechada, da vetusta Academia, conhecida com a casa de Machado de Assis, o grande escritor brasileiro. O futebol tem as suas raízes no Reino Unido, melhor dizendo na Inglaterra, contudo conquistou a sua maioridade no Brasil e em outros países latino-americanos. E o Brasil enquanto penta-campeão do mundo, é possuidor de legitimidade diante desse esporte tão popular em todo o mundo. E para ratificar, o discreto Botafogo de Futebol e Regatas, time de João Saldanha, Garrincha, Nilton Santos, Zagalo, Amarildo, e tantos outros craques. E o Glorioso, após uma meritória campanha, com onze vitórias, inclusive vencendo os três grandes times cariocas – Flamengo, Vasco e Fluminense – sagra-se campeão carioca de 2013, tendo à frente, o técnico Osvaldo Marques, e uma equipe irrepreensível, como Seedorf, esse elegante afro-holandes, que dentro do campo, se comporta como um técnico e líder, orientando o time. Seedorf foi uma aquisição acertada, também pudera, ele jogou no Ajax, Real Madrid e Milan, que o convidou recentemente, para ser o seu técnico. No jogo decisivo de domingo passado (05.05.2013), perdeu o penalty contra o Fluminense, mas isso não o diminuiu, em nada sequer. Rafael Marques num cruzado certeiro, compensou esse deslize, e colocou a bola nas redes do Tricolor. Foi criticado pela imprensa, pois estava sem fazer gols... aliás tal qual na vida, um individuo para ser reconhecido na sociedade, é preciso matar um leão por dia. Uma metáfora ainda na validade. O time jogou harmonicamente, até porque a estima dos jogadores está em alta, e isso dá-lhe a necessária segurança para enfrentar a peleja. Eis a escalação vitoriosa: Jefferson(goleiro), Lucas, Bolivar, Dória e Julio Cesar, Marcelo Mattos e Felipe Gabriel, Lodeiro, Seedorff e Rafael Marques. Parabéns aos botafoguenses e aos desportistas em geral. Salve o glorioso.

29 de abril de 2013

O Clube de Regatas Flamengo e Altamiro Carrilho



O som da flauta segunda a lenda, tem o lamento da saudade do junco, por ter sido cortada dessa árvore. A sonoridade da flauta pertence a suavidade, pois não agride os ouvidos mais sensíveis, e encanta a todos. Na mística oriental, o som desse instrumento, encanta até as serpentes. O solos da clarineta, do flautin e de outros instrumentos de sopro, tem a sua origem melódica na flauta, um dos mais antigos do mundo. E a importância desse instrumento, foi demonstrada por W.Amadeus Mozart (1756/1791) que deu-lhe vida na ópera A Flauta Mágica, uma das óperas mais executadas do mundo. E dentre os geniais flautistas, um deles nasceu em Santo Antonio de Pádua, no estado do Rio de Janeiro, e se chamava Altamiro Aquino Carrilho, um virtuose da flauta. Tocou os temas regionais, se tornando universal, pois jamais renunciou a sua origem. Dentre os grandes flautistas do cancioneiro popular, juntam-se ao Altamiro, o mestre Pixinguinha, um dos pais do Chorinho, Benedito Lacerda entre outros. Curiosamente, de autoria de Bonfiglio Oliveira, há um chorinho, cujo título é Flamengo, e no final dessa peça musical, ouve-se alguns poucos acordes, do Hino do Flamengo, de Lamartine Babo.

27 de abril de 2013

Amizade



Mario Quintana, poeta e escritor dos pampas, deixou-nos essa pérola: a amizade é um amor que nunca morre. A amizade é um mistério, pois ela é sempre leve, e se veste de diversas tonalidades. A afirmativa que as amizades do passado eram mais sinceras e duradouras, isso não vem ao caso. A indicação, é que possuir amigos, é ter a posse de uma riqueza. A amizade virtual, pertence aos tempos cibernéticos, e se interage pelos caminhos da mágica do computador. São os notebooks e ipads, acessando os facebooks, google e outros mecanismos à disposição, nas chamadas redes sociais digital. Essa matéria, faz-me viajar através da máquina do tempo, no imaginário que aterrisa no núcleo da minha infancia, a mais bem vivida do mundo, nas terras dos indios puris. Naquele tempo, recordo meu pai doente, submeteu-se a cirurgia na Santa Casa da Misericódia do Rio de Janeiro. O curador da Santa Casa, era Darci Monteiro, ascendente de Jeronimo Monteiro, que por duas vezes foi presidente no Espirito Santo, durante a Velha República. Meu pai, por lá permaneceu durante um bom período, no pós-operatório. E por esse tempo, a familia sem renda, precisava de adquirir gêneros alimentícios. E por amizade, e somente por esse amor que nunca morre, que Clarindo Vivas, num ato insígne de solidariedade, abriu crédito no seu modesto empório. Em tempo, agradeço por genuina gratidão, a nobreza desse ato atemporal. Eis o paradígma que se fixa no bronze da história, é inamovível e implacável. Biograficamente, Clarindo Vivas, foi casado com Yolanda, filho de Constancio Vivas e Augusta Calegari, e neto do patriarca íbero-brasileiro-sãopedrense Constantino Vivas.

20 de abril de 2013

História regional 3 ( extremo sul do Espírito Santo)


A primeira igreja edificada em território dos puris, cujo a homenagem se presta a São Pedro, digo do Itabapoana, foi em 1860, na Vila da Limeira do Itabapoana. E dentre os primeiros beneméritos desse templo católico, destaca-se o Capitão José Ferreira, doador do terreno, e então proprietário da fazenda Mimoso, na qual, posteriormente se originou a cidade de Mimoso do Sul. O Capitão acima referido, é o precursor da família do Gil Monteiro Leite. Eis alguns outros nomes que concorreram: Antonio Ferreira da Silva (possivelmente parente do Capitão) José Ribeiro da Silva Castro, Dona Maria Angélica de Abreu Lima, Capitão José Carlos de Azevedo Lima e outros. A freguesia de São Pedro do Itabapoana, foi criada oficialmente pela Lei 04, de 26 de novembro de 1863, e regulamentado pelo decreto nº 444. E sua geo-jurisdição atingia até São José do Calçado. Com essa medida imperial, São Pedro desmembra-se da Vila do Itapemirim de São Pedro do Cachoeiro do Itapemirim e de N.S. da Conceição do Alegre, contudo desde 1850, registrava uma pequena população na região. Em 1865, em pleno regime escravagista, num censo local apurou-se o seguinte: brasileiros 3113, estrangeiros 114, escravos brasileiros 2225, escravos africanos 239. Observe que a população escrava é muito numerosa em relação a população local. Essa tendencia se confirmará, quando da fuga para o Brasil, da familia real portuguesa em 1808, pois, temia a invasão de Portugal, por Napoleão Bonaparte que a fez, com um exército jovem e em frangalhos. Na então côrte no Rio de Janeiro, registrou-se que a população escrava era igual a população, dita branca. Acredita-se que cerca de cinco milhões de escravos vieram para o Brasil. Na Bahia, se faz a previsão de ter recebido 1.400.00 escravos vindos da mãe África. No Espirito Santo, se calcula que tenha por aqui desembarcado cerca de 700.000 africanos. No extremo sul do Espirito santo, havia intenso trânsito fluvial através de pequenos barcos e vapores entre o Porto da Limeira e a atual cidade de Barra de São Francisco. E a concessão do transporte, ficou sob a direção do Comendador Carlos Pinto de Campos Figueiredo.

Fonte: "Páginas da nossa terr " autor: Grinalson Medina/ 1808 Laurentino Gomes, Editora Planeta

13 de abril de 2013

História Regional 2 ( extremo sul do Esp.Santo)


Quando Francisco José Lopes da Rocha, primeiro posseiro de São Pedro do Itabapoana, ferido gravemente pelas flechas dos índios puris em 1837, partiu na busca de tratamento, e desceu as alterosas sãopedrenses , e embarcou no porto da Pratinha, com destino ao porto da Limeira, em Dona América. Daí embarcou para a Barra de São Francisco, para alcançar Campos dos Goitacás, ou Goitacazes. Assim se registra no arquivo implacável da história, quer da sua oralidade, quer pelos documentos, a ponta do fio da saga do povo sãopedrense. A partir de 1850, vindas das Minas Gerais, começaram a chegar as famílias pioneiras em São Pedro, para o povoamento da localidade. O expediente inicial era preencher o formularío para requerer a posse da terra. A atividade era direcionada para a agricultura. Eis alguns desses clãs familiares: Olimpio Ribeiro de Castro, Comendador Leopoldino Gonçalves Castanheira, Manoel João da Silva Oliveira, Ana Carapina de Oliveira, os irmãos Antonio, Manoel e Jacinto de Oliveira, Faustino José Bittencourt (família fundadora do famoso Colégio Bittencourt em Campos dos Goitacazes), Joaquim Aquino Xavier, José Joquim Ribeiro Paiva, Nicolau Xavier Monteiro da Gama, e tantos outros... A freguesia de São Pedro do Itabapoana, foi inaugurada oficialmente no dia 11 de junho de 1856, e pertencia a Sesmaria de Cachoeiro do Itapemirim, bem como as vilas de N.S. da Penha do Alegre, São Miguel do Veado ( atual Guaçui) Aldeamento do Castelo, Porto da Limeira, em Dona América, São José do Calçado, N.S. da Conceição do Aldeamento Afonsino, N.S. da Conceição do Muqui. Oficialmente o start, ou o início da altiva Mimoso do Sul, começa em Ponte do Itabapoana, criado pela legalidade em 13 de junho de 1857, com o nome de distrito de Cachoeiro Itabapoana, com sede no Arraial da Limeira, em função do porto fluvial com o mesmo nome, ou aldeia de Camapuana.

Fonte: Do livro: "Páginas da nossa terra" de Grinalson Medina

4 de abril de 2013

História Regional 1 ( extremo sul do Esp.Santo)



Por ter colaborado com o financiamento às viagens do império portugues, em busca de novas terras, Pero de Gois, recebeu como pagamento, parte da capitania de São Tomé , absurdamente chamada, de hereditária, na margem direita do rio Itabapoana. Tal gleba de terra se localiza, no atual estado do Rio de Janeiro. Nessa freguesia se construiu em 1536, a Vila da Rainha, estendo-se até a sua foz, ou seja, até Barra de São Francisco. Por necessidade de mão de obra, Pero de Gois viajou a Portugal. Quando do seu retorno, a Vila da Rainha foi surpreendido, pois a Vilda da Rainha tinha sido destruída pelos bravos índios goitacá, mais conhecidos como goitacazes. Diante do ataque dos legítimos donos daquelas, mais acima, foi construída a dez léguas do mar, pelo leito do rio Itabapoana, a Vila da Limeira, ou Aldeia de Camapuana, junto à Cachoeira do Inferno, ou da Cachoeira da Fumaça, em 14 de Agosto de 1539. O jesuita Padre José de Anchieta foi nomeado para chefiar as missões no sul do Espírito Santo, em 1579, e a Igreja N.S. das Neves foi erguida em agosto de 1581. Esse templo de inspiração católica, está em perfeito estado de conservação. De acordo com essa informação, poder-se-á concluir, que pelas datas supraciatadas, deu-se o início do povoamento da região, nas proximidades de Ponte do Itabapona e Dona América. Em São Pedro do Itabapoana, a sua colonização é fruto da migração do povo mineiro, que diante da proibição para o cultivo das lavouras, buscaram as terras vizinhas no Espírito Santo. Tal impedimento, estava baseado na defesa das jazidas de ouro, que poderiam ser encontradas nas florestas das Minas Gerais. Por essa migração interna - duzentos e cinqüenta e seis anos - depois da construção da Igreja NS das Neves, é que surgiu o primeiro posseiro em 1837 - José Francisco Lopes da Rocha - que foi flechado pelos índios puris, que reagiram a invasão das terras deles.


Fonte: Grinalson Medina – do livro Páginas da nossa terra.

31 de março de 2013

Uma canção desesperada de amor


Desfruto de um crepúsculo dourado. Suave, e esmaecendo quase imperceptível, e os pássaros em revoada, buscam seus lares, seus ninhos, sendo alguns esféricos, tornando-os aconchegantes. É o arremate do dia, espetáculo cromático, é observar o dia morrediço, para renascer com o mesmo andamento harmônico, na alvorada das manhãs. Há um ambiente de solidão, próprio para a meditação, dita transcendental, que após anos na iniciação monástica, dizem que os monjes do Tibete conseguem separar o corpo da alma. Imagino voando feito falcões ou ninjas, rasgando os ares. No inicio do poente do movimento crespuscular, se apresenta com uma intensa luminosidade, energizada pelo sol oculto na linha do horizonte. Nuvens purpúreas matizam os céus como testemunhas do momento-ômega. As árvores, com as suas folhas, estão inamovíveis diante da chegança da escuridão, que desemboca na profunda boca-da-noite. Eis a noite soturna, sorrateira adentrando em todos ao espaços, camuflando as cicatrizes da alma, e a fauna e flora. E a noite-guardiã a proteger o direito natural ao "repouso" da mãe natureza. E o negrume de repente é emoldurado pela encabulada, romântica e discreta lua crescente, com algumas centelhas de luzes, anunciando-a no firmamento, feito uma vésper. Tudo está a meia-luz, lembrando um tango de Gardel. E nessa fase enluarada, é um “abat-jour”, que suaviza a intensidade da luz, e acaricia o olhar de quem procura ler uma poesia. E a noite é longa, como uma serenata, regada de versos, tal qual o sonho do trovador. A noite é insone, e não se cansa, e se regenera feito camaleoa, igual a uma canção desesperada de amor, vinda nas asas das brisas andinas.

23 de março de 2013

Cores e matizes


A roupa bonita disfarça a solidão, igual a vegetação que  engana o deserto, e traz algum conforto. A indumentária possui esse efeito mágico e imagético.  Há uma conspiração entre o estar só  e a camuflagem da estética, fazendo bem aos olhares. Há um vazio na existência humana com todas as cores e matizes. No contexto do vácuo, se instala todos os tons...cinzas e lilases. Nessa ambiência, se desperta a dúvida,   vizinha da consciência mais lúcida -  viver não é preciso, navegar é preciso -  como gravou o poeta lusitano, Fernando Pessoa. Eis a reedição da ação hamletiana, diante das disjuntivas da vida. Contudo a inação toma conta. A palavra perde o seu frescor. A (in)certeza,  se deve seguir esse ou aquele atalho? ou desistir? Faz-se presente a inércia. É assim mesmo, o maestro rege melhor a orquestra conhecendo os músicos, e a obra. Há um instante profético, misterioso, de acordo com  Sergiu Celibidache -  talentoso maestro romeno - que não apreciava ser gravado, e justificava: uma audição ao vivo é algo ímpar, é o desfrute de uma oportunidade única. As sinfonias, árias e canções possuem almas, e adentram nas demais  receptivas, pois é essencialmente sensitiva. E esse instante, não se permite ser reproduzido num pen drive. É como viver os grandes momentos, que não se reeditam. Há (in)decisões que devem ser realizadas. Tal qual a florescência dos arbustos, tal qual o luar, que são "realidades compulsórias", morredouras para renascerem. Na contextualização ora citada, inesgotáveis são as premissas das (in)coerências do ato de existir do ser humano. Não saber qual a estrada a seguir, poderá ser uma sábia direção. Ou não.

15 de março de 2013

Morro da Palha, comunidade afro-descendente



A simpática comunidade do Morro da Palha, foi fundada em 1955, em Mimoso do Sul, próximo do extremo sul capixaba. E as primeiras familias vieram da antiga Caixa D'àgua nas imediações do Usina Hidroelétrica construida pelo governador Rubens Rangel. Os retirantes se estabeleceram no lado direito, pela rua Crispim Braga acima, no sentido Rio de Janeiro pela via férrea. O casal, Manoel Pereira e sua esposa Elcia, lideraram esses novos moradores, na busca da felicidade, através de um abrigo, de uma casa, que é a simbologia maior, para se sentir dentro do princípio inicial da cidadania. E junto, com o casal, a ninhada de filhos, a saber: Margarida, Osvaldo, Maria da Penha, Luci, Manoelita, Jair e Marlene. Num sistema de mutirão, construiram meia duzia de barracas de pindoba e, e cobertas das palhas de sapê. Nessa embrionária comunidade, foi onde se deu origem ao toponomio: Morro da Palha. Vieram em seguida outras famílias, da Pequetita, Josefina(cujo a apelido era "Kalil Morreu"), Joaninha, auxiliar de enfermagem e rezadeira com fé, Filipina, Chico Pedro, Alcebíades, Dona Floripe mãe da Dona Sebastiana, casada com João Azevedo, e mãe do Avides Azevedo, e tantos outros (Dona Sebastiana, longeva, morreu com mais de 100 anos), Alberto Faustino, Lourdes esposa do professor Pitacus, que lecionava quimica, no colégio local. Alguns moradores afirmam, ter sido ele oficial da marinha grega, e que por aqui aportou. Lourdes deu-lhe uma filha. Essa narrativa, ainda criança fez-me lembrar do Quarentinha,(em homenagem ao craque do Botafogo) José Carlos (Tim), Dagmar, Xanfrado, Calango, ou Pé Redondo, e o Joci, que suportava sobre a cabeça, tres sacos de café. Era um hércules, pela sua força física, todavia, foi precocemente vencido pelo alcoolismo. O Morro da Palha com as suas casas de alvenaria, creche, ruas calçadas, luz, e água potável, está plenamente integrado ao conjunto da sociedade local. E para coroar a performance do bairro, o funcional sopão da Rosinha, com a ajuda de todos, alimenta os mais carentes, bem como o providencial asilo.

PS.: Essa matéria teve a inestimável colaboração do Bento.

12 de março de 2013

Papa Bento XVI, cardeal Ratzinger

A renúncia do cardeal José Ratzinger, foi uma surpreendente atitude, pois na idade moderna, há 600 anos, um papa não solicitava esse direito, que é de abrir mão do cargo mais importante da Igreja católica. Há diversas versões, contudo uma é inquestionável: o ex-papa não estava satisfeito, na condição de chefe da igreja católica. Algumas vísceras foram expostas, desde a corrupção no Banco do Vaticano, passando pela divulgação de documentos secretos, atribuído ao mordomo do papa - aliás o mordomo é sempre culpado em muitos filmes de suspense – e por fim a prática de pedofilia por alguns bispos. E assim caminha a humanidade. Os templos evangélicos não-pentencostais - são àqueles que não praticam o batismo – crescem em progressão geométrica. A cada semana se inaugura uma casa de oração. O povo tem a necessidade mística e mítica, ou seja, de acreditar em algo superior e ter o mito como paradígma. Se faz necessário ter fé, e acreditar em Deus, de acordo com o dogma. As doutrinas, seitas e o sincretismo afro-religioso através da umbanda ou candomblé, são menos dogmáticos, menos rigorosos com os seus fiéis. Esses líderes não-católicos, estão sempre disponíveis para atender os seguidores. A igreja católica hermética e encastelada, ainda amarga a crise das ausencias vocacionais para os seminários. Por outro lado, ditam severas condições para se ordenar um diácono, como se fosse um vestibular nas universidades de Harvard ou Oxford. A igreja católica, é recomendado se atualizar, e se não o fizer, metaforicamente, poder-se-á vaticinar o seu destino, tal qual do dinossauro que enquanto vida, não resistindo as intempéries do dilúvio, desapareceu. E para complementar, padre é um ser humano como outro qualquer, possuidor das fragilidades, e das necessidades fisiológicas, inclusive a sexual. Conforme diz a biblia: crescei-vos e multiplicai-vos...(menos os padres?). No dia 13 de março de 2013, o colégio eleitoral dos cardeais, escolheu o novo Bispo de Roma, é o cardeal argentino - Jorge Mário Bergoglio - que se autodenominou como Papa Francisco. A grande novidade é ser ele, o primeiro papa, pertencente aos quadros da ordem da Companhia de Jesus. Os jesuitas, possuem vida economica própria, e são considerados, muito intelectualizados. São mais de vinte mil, espalhados pelo mundo. E no passado recente, foram simpáticos a "teologia da libertação", de inspiração marxista.

20 de fevereiro de 2013

Vinicius de Moraes, poeta e diplomata



Vinicius de Moraes reafirmava que o melhor amigo do homem é o uísque, pois se trata do cachorro engarrafado. Se estivesse vivo estaria completando cem anos em 2013. Contemporâneo do seu amigo de sempre, o cachoeirense, Rubem Braga. Nas intermináveis conversas entre ambos, Vinicius, de tanto ouvir falar de Cachoeiro do Itapemirim, batizou-a como a “capital secreta do mundo”. Vinicius de Moraes foi poeta e diplomata. Serviu em diversas cidades, tais como Los Angeles e Paris. Em 1956, montou a peça “Orfeu da Conceição” no Teatro Municipal, no Rio, quando conheceu o então jovem pianista Tom Jobim. Desse encontro se formou uma parceria, que produziu músicas de sucesso internacional, como Garota de Ipanema. E outras como “Se todos fossem iguais a você, Chega de saudade, Eu não existo sem você, Água de beber “ etc e tal. Casou-se por nove vezes, e uma delas, com Christina Gurjão, com quem tive a honra de conviver, através do escritor e amigo Artur da Távola. Ela lhe deu uma filha, de nome Maria. O virtuose do violão Baden Powell de Aquino, musicou as letras dos sambas da Benção, (em) Prelúdio e Berimbau. Compôs a música “Arrastão” em parceria com Edu Lobo, tendo sido essa canção “imortalizada” pela voz de Elis Regina. E por último uma produtiva parceria com Toquinho, que durou até a sua morte em 1980. Vai o homem, e permanece a obra. Numa boa escuta, e um bom uísque, vou tocar, “ Por onde anda você, poetinha ?”

3 de fevereiro de 2013

Monarco oitenta e oito !

Hildemar Diniz, mais conhecido como Monarco, nasceu em Nova Iguaçu e se transferiu para Madureira, próximo da Portela em 1947. Homem de hábitos simples mora no Riachuelo, subúrbio da zona norte no Rio de Janeiro. É considerado um sambista de escol. Paulinho da Viola, também portelense se considera discípulo de Monarco. Compositor da respeitável da Velha Guarda da Portela, que é a memória viva da história do Brasil cultural e miscigenado. É a narrativa poética da sociologia brasileira. Monarco é patrimônio das cores azul e branco, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, enquanto membro e compositor da Portela. As letras dos sambas de Monarco, nunca se esquece de discorrer sobre a biografia dos seus sambistas. Um autêntico guardião da memória da escola. Prestigia os ícones do passado, e do presente, através da sua poética musical. Reverencia também os compositores das outras escolas, por exemplo: aprendeu a técnica de composição de sambas-enredo, com o mestre Silas de Oliveira, fundador da Império Serrano. A voz de Monarco, é de inflexão metálica, fluente e suave. Nas suas entrevistas, reverencia Paulo da Portela, Antonio Rufino e Caetano, fundadores da Portela. A família de Monarco, tal qual Johann Sebastian Bach, resguardadas as proporções, tem nos filhos, sucessores da sua arte. Está na ativa, todavia, eclipsado pela mídia, mas continua cantando e encantando àqueles que lhe ouve. Parabéns Monarco. Ele Partiu ontem dia 11 de dezembro, em plena lua crescente, se foi para algum lugar ou não, não devo opinar.  Intuo no meu imaginativo ser  ele  mais uma estrela a iluminar constelação tipo a de Orion, cuja porta de entrada será recebido por Bach,Ary Barroso, Pixinguinha e Tom Jobim. Saudade !

2 de fevereiro de 2013

Tragédia gaucha

Estranho país...o querido Brasil continental, que já não é mais a sexta economia do mundo, tomou providencias numa dimensão quase nacional, e está a fiscalizar todas as casas de shows, teatros, cinemas, centros culturais e de convenções, quer da iniciativa privada, quer os aparelhos públicos. A fiscalização, igual a fênix, ressurge das cinzas, e os estabelecimentos estão sendo lacrados, por não atenderem as mínimas condições de segurança aos seus frequentadores. O acontecimento de uma tragédia que repercutiu no mundo inteiro, onde morreram cerca de duzentos e trinta e cinco jovens, numa boate que incendiou-se em Santa Maria, cidade universitária no Rio Grande do Sul, e cem deles, ainda internados nos hospitais. Desde então, o poder público estava no imobilismo, e agora diante do caos, parece sentir-se motivado, e nas grandes capitais, deu-se inicio a uma severa cobrança aos seus proprietários e/ou representantes dessas casas, para implantarem as medidas de segurança de acordo com as recomendações. Suspeita-se que as razões desse infortúnio são muitos, desde a idiotice de se produzir show pirotécnico dentro de um ambiente fechado, a corrupção entre as partes para não se cumprir algumas medidas de segurança, e pelo "vil metal" receber mais frequentadores do que a casa comportaria, e até na ausencia de tirocinio para não se construir as portas de emergencia, como rota de fuga. Para agravar, a morte ronda a juventude, que é a maior vítima dos acidentes nas vias urbanas e nas rodovias. Vidas são ceifadas no ápice da vida. O poder público, deve buscar medidas que pelo menos matem menos os nossos jovens. Implantar campanhas educativas na mídia e nas escolas, maior eficácia da policia rodoviária e melhoria nas estradas, e outras recomendações. Infelizmente não existe uma legislação federal para orientar na construção das casas de espetáculos. A ABNT – associação brasileira de normas técnicas – é uma instituição privada, que recomenda alguns procedimentos, e nada mais. Não tem força-de-lei. Normas, não são leis. Enquanto não se votar uma lei no Congresso Nacional, claudica-se aqui e acolá, torcendo para que essa tragédia não se repita no Brasil e nem em quaisquer outras partes do mundo. Há um aforisma verbalizado na zona rural, desse modo: "viver é jeito, morrer é descuido "

13 de janeiro de 2013

Joaquim Domingos dos Santos, um anônimo



Os muares são uma antiga ferramenta de trabalho, desde a existencia do homem. Por esses brasis afora ainda se vê carroças puxadas por mulas e ou burros. Algumas são transportes da população rural, outras fazem fretes na zona urbana. Transportam pequenos apetrechos e até mudanças. Havendo necessidade, dão várias viagens, para completar a tarefa. Por essas terras, há um carroceiro chamado Joaquim Domingos dos Santos, simplório e de fala mansa, estatura baixa e físico forte, sua tez é morena e bronzeada pelo sol do dia-a-dia, na atividade de um meritório trabalho. O burro agregado ao seu veículo, tem o surreal nome de Tafarel. Há meio século exerce essa função e dela sustenta alguns membros da familia, pois tem doze filhos e alguns netos e bisnetos. É de famila de tradição longeva, pois o seu avô Francisco Gouveia viveu até os cento e um anos. Do alto dos seus quase noventa anos, acorda as cinco horas da manhã e trabalha até as dezesseis horas. Por ajudar todos os seus, não conseguiu adquirir a sua casa própria, símbolo maior da cidadania. Possui uma saúde impecável. Depois de ter enviuvado duas vezes, pretende conquistar uma outra companheira, e com certeza tem o apoio familiar segundo relatou a esse modesto cronista. Certa vez, o diretor de filmes inesquecíveis - Luis Buñuel - provocado por um repórter, ao se casar aos 76 anos, vaticinou assim: o sexo só lhe abandona, se você o abandonar. No seu cardápio alimentar, Joaquim excluiu o café, arroz e galinha. Prefere a carne suina, angu, e os feijões. Das frutas, no passado apreciava as laranjas, atualmente não dispensa as saborosas mangas: espada,carlotinha e aden. Divulga a sua filosofia de vida baseada na paciencia e respeito as crianças e aos idosos. Um anônimo, todavia um sábio, pois escolheu as duas pontas da sociedade, que mais necessitam de um olhar mais apurado de todos nós.

12 de janeiro de 2013

Rubem Braga - 100 anos


Discorrer, narrar sobre Rubem Braga, é como se reeditasse as doze tarefas de Hércules, filho de Zeus e heroi da mitologia grega. É um exercício de alta magnitude, pois os luminares da literatura já o fizeram, todavia, mesmo sendo amador, vou tentar reger essa "notável sinfonia".
Ele foi um cidadão do mundo, um "sujeito-homem" que não se intimidou, quando se aventurou como correspondente de guerra na Itália. Lá no campo de batalha, preferia conviver com os soldados, e deles, numa boa escuta, conseguia a informação e transformava-a em notícia, em suma; fazia história. Nunca se esqueceu do seu Cachoeiro, banhado pelo encachoeirado rio Itapemirim, o quais sempre lhe acompanharam como referencia da sua trajetória de vida. Morou e amou Paris, e por lá namorou a linda Tonia Carrero, então famosa atriz do teatro, TV e cinema. Bebeu bons vinhos e degustou saborosos pratos da terra de Saint Exupery. Entrevistou Thomas Mann, Jean Cocteau, Sartre e outros ícones da época. Depois foi consul no Marrocos...vestiu fraque ao apresentar credenciais ao sultão muçulmano. Na sua residencia oficial nesse país de cultura árabe; nas modorrentas tardes, no recesso da sua casa, observava os cânticos dos pássaros, e os comparava com os de Cachoeiro. Isso se deve em parte, o parentesco do jornalista, com a familia dos Coelho, tradicionais fabricantes de pios. Segundo ele, alguns entoavam dobrados que lembravam os curiós, outros com os melros e bem-te-vis. Depois foi para o Chile, e exerceu também funções diplomáticas. Seu acervo literário são quinze mil cronicas, e nunca escreveu um livro ficcional ou não. Sabia que não voltaria mais para a sua terra...a diáspora deixa sequelas, pois é um "exílio" (in)voluntário. Parte da sua vida, dedicou-se a boemia carioca, manteve amizades do calibre de Vinicius de Moraes, Paulinho Bertazzi, Fernando Sabino, Ligia e Olimpio José de Abreu, esse, foi professor e amigo dele desde quando lecionava no então colégio Pedro Palácios em Cachoeiro. Eis uma surreal curiosidade revelada pelo professor: numa noite foram ao Mangue, antiga zona do meretricio no centro do cidade, na Praça Onze, Rio de Janeiro. O cronista e o amigo-conterrâneo, após beberem algumas talagadas de uisque, o cachoeirense Rubem Braga, se aproximou de uma "donzela da noite", e por ter cometido alguma "saliencia", teve um sério entrevero com o cáften da mesma. Para se safar do imbroglio, do interior da casa de tolerância, numa tonitruante voz, bradou exageradamente assim : Abreu, Abreu estão querendo me matar!
Abn al-Rahman era um príncipe, ascendente das famílias bérbere e omíada; e por volta do ano 752, aos dezoito anos ou menos, perseguido, empreendeu uma longa caminhada, e atravessou o estreito de Gibraltar, e se estabeleceu com o seu povo na Espanha. ( E por lá permaneceu por oito séculos na península ibérica, convivendo harmonicamente com judeus e cristãos, até 1492, ocasião em que foram expulsos pelos reis católicos.) Tal perseguição e fuga, foram motivadas, pela morte dos pais de Abn al-Rahman; pelos abássidas em Damasco. Abn al-Rahman ao instalar do Califado de Córdoba, plantou fruteiras da sua terra natal ao redor do seu palácio, oriundas da sua terra natal, pois tamanha era a saudade da Siria. Assim Rubem Braga procedeu; plantou mangueiras, coqueiros, pitangueiras na sua cobertura em Ipanema. Mesmo com a sua cosmopolita mundividência, jamais ignorou a sua gênese. Alías, é uma admirável praxis cultivada durante a sua existencia. O rio Itapemirim, foi "incumbido" de conduzir as suas cinzas para os sete mares, contudo, passando antes, por Marataizes.

6 de janeiro de 2013

Buda é Siddharta Gautama



Buda nasceu na India no séc. VI/V a.C. Foi um príncipe, que vivia como se fosse numa redoma de vidro, fora da realidade, era a liturgia da realeza. Casou-se com uma prima que lhe deu um filho. Entediado com a vida palaciana; aos 29 anos abandonou o luxo e se transformou num mendigo. Experimentou o lado mais amargo da vida. A partir desse aprendizado, atingiu a iluminação, que é o mais alto grau da espiritualidade. Dai em diante conquistou adeptos, e o budismo espalhou-se inicialmente, pelo extremo Oriente. E todo o mundo tomou conhecimento, dos ensinamentos de Buda. No Brasil são 240 mil seguidores. Segundo o futuro Dalai Lama, que incorpora o espírito de Kalu Rinpoche, um "botsawa" - espírito de luz - nos seus vinte e poucos anos; afirma ser o budismo uma filosofia e não religião. Há controvérsias. O jovem e futuro Dalai Lama é modernoso, pois está conectado com nas suas redes sociais da internet. Aos dezoito anos, o jovem mestre deu o grito de liberdade e fugiu do monastério e viveu seis meses na Tailandia. Foi em direção a esbórnia. Adentrou na vida, dita mundana. Manteve relações sexuais, e provou da marijuana. E postou no you Tube, uma mensagem bombástica: denunciou ter sido vítima de abuso sexual por parte de alguns monjes que envergonham os ensinamentos Buda, Hare Krishna e tantos outros budistas. Superado o trauma, retornou ao internato monasterial. Há muitas cortinas de fumaças, que aos poucos estão se diluindo... religiosos da igreja na católica Irlanda, praticavam a ignóbil pedofolia. Certa vez um experiente professor, numa conversa reservada, adiantou que a libidinagem, é tão antiga quanto a prostituição. Por ter vivido na Europa, relatou que nos palácios, mesmo guardados com soldados, e com altíssimas grades, se praticavam atos sexuais, entre as grades. As seitas, doutrinas, religiões, sociedades secretas e quaisquer outras, por serem dirigidas pelo homem, consequentemente estão sujeitas a graves desvios, poder-se-á encontrar provas de atos e atitudes inenarráveis; em outras instituições; tais como, a perversidade sexual; da qual foi vítima o jovem monge Kalu Rinpoche, lider do budismo tibetano,

14 de dezembro de 2012

O jongo - parte 2

Há uma interação interdependente entre o lúdico e o místico, em se tratando do jongo. No lado místico, conta-se que aquele que tem "vista forte", ou seja; um iniciado com a patente próxima de um Obá (sábio em Iorubá); dizem que durante uma roda de jongo, é possível plantar à meia-noite no terreiro uma muda de bananeira. E durante a madrugada, ela cresce e produz frutos que eram distribuidos entre os presentes. A festa-mística dos jongueiros, é composta por uma fogueira e diversas tochas espalhadas. Ao lado, ergue-se uma barraca de bambu para a dança dos casais, ao rítmo do calango; e ao som de uma sanfona de oito baixos e pandeiro. Silenciosamente, à meia noite a negra mais velha, talvez a mais sábia, sai da barraca e caminha lentamente em direção ao terreiro de "terra batida". É o momento solene, de acender a fogueira e formar a roda. Ela se benze entre os tambores sagrados, e pede licença aos pretos velhos que já se foram rumo ao zênite, para iniciar os trabalhos. Canta o primeiro ponto, que é o de abertura. Todos respondem, cantando alto e batendo palmas num clima de alegria. Os tambores rufam. Nas fogueiras, assam-se na brasa a batata doce, milho verde e amendoim. Bebem cachaça, caldo de cana quente ou café, nas noites de frio intenso. O jongo é também uma festa, sobremaneira animado e só termina ao raiar do dia. No amanhecer saudam o dia, com um "saravá a barra do dia". Dia 13 de maio é uma data consagrada dos pretos-velhos. Os jongueiros dançam descalços, vestidos com roupas do dia a dia. É uma dança de roda e de umbigada. A umbigada se dá de longe. No jongo da Serrinha existe um passo que se chama "tabiá", que é uma pisada forte com o pé direito, curiosamente, tal qual os indios da região do Xingu, na festa do Quarup.

10 de dezembro de 2012

O Jongo - parte 1

É muito provável que o samba tenha a sua paternidade creditada ao jongo. A dança do jongo se concentrou nos morros cariocas antes do surgimento do samba, porque na abolição da escravatura, a colonia não reservou sequer pequenas glebas para os ex-escravos. Em nome da preservação desse patrimonio cultural, em 1960 foi criado o Jongo da Serrinha, em Madureira no Rio de Janeiro. Seu incentivador, foi o mestre Darcy Monteiro, profundo conhecedor da prática dessa dança, carregada com fortes tinturas místicas e respeitáveis mistérios. Criou-se uma Escola de Jongo, que inicialmente foram matriculadas 500 crianças, e jovens de diversas idades até o limite de 21 anos. Além das aulas de dança e da música do jongo, há do estudo do afro-primitivo, se ensina capoeira angolana, maculelê, teatro, artes plásticas e cidadania. O jongo, conhecido também como caxambu, veio do Congo e de Angola. Eles eram bantos, que são membros do grupo linguístico nígero-congolês oriental. Esses escravos foram enviados para as fazendas de café no Vale do Paraiba(RJ), Minas Gerais e São Paulo. Há informações que o jongo se estendeu até ao Espirito Santo. No passado somente os mais velhos podiam entrar na roda para dançarem. Os líderes eram necessariamente rígidos, por exemplo: na passagem das "mirongas" (segredos) e ao informar os fundamentos dos pontos. Os cânticos do jongo são simbólicos, pois é uma linguagem cifrada, exigindo uma boa experiencia para decodificá-los. Os jongueiros são verdadeiros poetas-feiticeiros, que se desafiam na roda do jongo. É a disputa das sabedorias entre as duplas. Com o poder das palavras e uma forte concentração, buscavam encantar o outro, por meio da poesia dos seus pontos. Aquele que recebesse um ponto enigmático, deveria decifrá-lo na hora e respondê-lo imediatamente( a esse fato dá-se o jargão: desacatar o ponto). Caso não consiga responder "a tempo e a hora", ficará enfeitiçado, "amarrado", podendo desmaiar, e a perdre a voz. E para agravar, se embrenhará na mata, e não saberá como retornar. Até vir a morrer. Há quem sustente, que atualmente esses fatos não se repetem. A conferir. O jongo é uma dança atávica. Pertence aos pretos velhos escravos, do povo da cativeiro, e por conseguinte pertence a " linha das almas".

aguardem: O Jongo (2)

4 de dezembro de 2012

Um quilo mais aquilo




Há tempo para tudo. Coexisto com as (in)certezas. Às vezes sinto um vazio "glauberiano" por dentro, que me entorpece. Sabidamente, a lucidez faz sofrer mais. Retirando as viciadas lentes de aumento, o fantasma parece menos assustador. Na fase atual, no balancete da vida, viver é um premio. Melhor viver no Leblon? A conferir. Tive filhos, e não os tenho... pertencimento deles não é meu, como Khalil Gibran vaticina nos seus aforismas, que os filhos são do mundo. Há seriíssimas controvérsias. Distanciei-me pela dor... e aqui não se dá o (des)encontro das águas, Não importa onde estou, pode ser nas margens do rio Itabapoana, Ipanema ou na Croácia. Onde estou há escassos episódios indicativos, de que é possível estabelecer fluídas relações, e algumas conversas-fiadas com os moradores, e também com os frequentes ciganos, que faz-me lembrar da infancia. Dentro das reminiscências, vem-me o som do violão de Django - Reinhardt, Jean Baptiste (1910/1953) - guitarrista cigano-belga, tido como um dos virtuoses desse instrumento, e lhe faltava um dedo. Jamais havia ouvido falar de Django. E o mestre da música erudita, Artur da Távola também, o que é compreensível. Fiquei intrigado, pois achei que Django era uma farsa, enfim, um "fake". E fui à cata de um disco de Django. E fui na então loja, Modern Sound em Copacabana. E lá encontrei alguns discos. Numa zona de (des)confortável, para compensar, parece que há algo leve no ar, feito um falcão planando dentro de uma providencial corrente de ar. E viajo silente junto ao falcão, igual aos passarins, que na "muda", não cantam, contudo pelas plumagens, encantam. O existencial ermitão declarou que só acontece "o agora", e só. E nada mais. Então, pode ser uma pintura que só o autor identifica. Uma obra-cabeça. No mais, pode ser "um quilo mais aquilo, não é nada disso...eu quero é, botar o meu bloco na rua", como versejou e cantou o poeta Sergio Sampaio.