Teresa Fênix estabeleceu grave discussão com o namorado grego, por conta do aumento da frequência dos cultos religiosos durante o dia, acompanhado de cantorias e falatórios. Isso o incomodava, bem como os vizinhos da cabeça de porco. Ele não podia ler, e refletir sobre textos de Kant ou Deleuze. O resultado do conflito foi a mudança imediata de casa. Teresa Fênix repentinamente contratou o frete de um pequeno caminhão diesel. Resolveu morar num bairro conhecido como Vai e Volta. O topônimo era sugestivo. A volta dela não era a expectativa do ex-namorado. Dois dias se seguiram, quando o dono do caminhão da mudança bateu na porta de Theodorakys Pitacus, para cobrar o frete. Ele não pagou. O cobrador atendia pelo apelido de Tônza. Discutiram asperamente, e quase se atracaram. O timoneiro grego abatido pelo vexame promovido por Teresa Fênix, e munido de um passaporte diplomático da ONU - Organizações das Nações Unidas - partiu para a Delegacia de Polícia local. E relatou a autoridade de plantão o fato ocorrido entre ele e o Tônza. O comandante de Longo Curso (porque navegou ou sabe empreender viagens transoceânicas) estava no cadastro de reserva para operações especiais da ONU. Dava-lhe essa competência por ter atravessado duas vezes o dificílimo Estreito de Magalhães, sem acontecer sequer um incidente naval. Todos os comandantes que atravessam-no, são registrados numa organização internacional. A polícia marcou a data para acareação dos envolvidos, incluindo Teresa Fênix. Nas contradições que quaisquer seres humanos podem se envolver, Theodorakys Pitacus, se arrependeu de não ter quitado o serviço do frete, diante da aporrinhação causada por conta de uma pecúnia de baixo valor. Mesmo tendo a nítida consciência de mais um pequeno golpe de Teresa Fênix.
26 de outubro de 2016
22 de outubro de 2016
Teresa Fênix (Parte 15)
Ulisses declarou amor incondicional a Maria Guadalupe, nesse dia, estavam tomando sorvete no centro da capital, para abrandar o perverso verão panamenho. Sem rodeios se disse apaixonado por ela. Maria Guadalupe não esperava a atitude eruptiva e romântica de Ulisses. Ela permaneceu calada por alguns minutos. Ele expectava algum gestual da recente namorada. Tipo, uma concordância ou não. O tempo para ela se manifestar, lhe parecia longo demais. Ela deu-lhe um beijo e disse-lhe: estoy enamorada también. Ulisses começou a ver estrelas e constelações. Em três dias deveria viajar para o Brasil. Ele não queria retornar, pelo menos no tempo exigido de acordo com as regras do prêmio. Se não viajasse dentro da exigência contratual, deveria pagar do próprio bolso o custo da passagem e hospedagem, e revalidar o visto de permanência. Eis a questão. Ele se dirigiu a legação diplomática brasileira. E estava fechada. Era feriado no Brasil. Só lhe restava 72 horas para resolver o imbroglio da prorrogação por trinta dias, menos o tempo despendido oficialmente no Panamá. E no outro dia retornou a Embaixada, que estava fechada, pois dessa vez era feriado panamenho. Tenso e desorientado, inexoravelmente, precisaria de dinheiro. A quem solicitar essa grana? A mãe Teresa Fênix? Mais fácil ver um gnomo brotando na terra, do que a mãe dele concordar com a dilatação da estada, ou enviar grana(quase sempre sem dinheiro). No último dia pela manhã foi a Embaixada (havia o risco de não conseguir o visto, e ser deportado), e foi recebido por um funcionário do Itamaraty, com aparência sonolenta e mal humorada. O servidor público brasileiro informou que o visto de permanência é com o Departamento de Estado, no setor Imigração. Tomou um táxi e no setor indicado deu entrada em formulário oficial o pedido. Ulisses depois de esperar cerca de uma hora, recebeu a boa notícia do servidor panamenho: o visto seria concedido ainda naquele mesmo dia na parte da tarde. Faltava o dinheiro para bancar a passagem e hospedagem. Conversou com a namorada, que ligou para casa, e os pais dela concordaram hospedá-lo pelos dias permitidos. A pendência do dinheiro para comprar a passagem continuava.
16 de outubro de 2016
Mimoso do Sul(sede) e sua difícil identidade cultural
Pesquisar, escarafunchar a
identidade cultural de uma comunidade não é das mais fáceis tarefas. É mister
ser percuciente e paciente. No caso específico, na região o “grande mapa da
mina” se encontra no livro do historiador Grinalson Medina – Páginas da nossa
terra - o qual é edição única. É similar ao legendário Pergaminho do Mar Morto da
Ordem dos Templários. Se o marco zero foi o Porto fluvial da Vila da
Limeira(onde estudou o médico sanitarista e premiado José Coelho dos Santos) conhecida
também como Cachoeira do Inferno, refletindo em Ponte do
Itabapoana, que foi a primeira sede de Mimoso do Sul, permito-me remeter a existência então
Coletoria Federal ou o longevo Bloco do
Marujo, que no passado encantou os carnavais de Ponte do Itabapaoana. Nada mais a acrescentar até a data atual, como viés cultural
mais denso. Aproximadamente trezentos anos depois o primeiro posseiro se
instala em 1837 em São Pedro do Itabapoana que se consolidou e vicejou galgando a status
Vila, até a tomada pelas armas em 02/11/1930. Daí o declínio da Vila, com a larga diáspora em direção aos
centros urbanos mais desenvolvidos. A vida cultural sãopedrense é interrompida. Os ícones
fundadores de São Pedro, e seus familiares são compulsoriamente expulsos.
Retiraram o chão desses munícipes. O caldo cultural não foi “incorporado” pelos
estrangeiros de origem itálica e nem pelos filhos deles. Em 1930 a sede se
transfere pela imposição dos fuzis, para o então distrito de Mimoso. O município progride
com os cafezais abundantes, e bons preços de mercado. A construção da via férrea(1896),
provocou transmigrações difusas. Não se permitiu consolidar uma cultura com
franjas atávicas, que se transformasse num processo cultural permanente. No distrito de Conceição do Muqui há suaves confirmações culturais quando a comunidade se organiza bissextamente nas atividades simbolizadas pela culinária, dança e coral ítalosanmarinenses. No outro festejado distrito de Santo Antônio do Muqui (a mais eficaz preservação da tradição da região) desde As Pastorinhas de inspiração místico-religiosa, passando pelo Jaguará, reverenciado pela cabeça de burro estilizada, Saci Perêre, de domínio nacional, juaboi, pai joão e mãe maria e o morcegão, o chupa-sangue dos bovinos, dança italosanmarinense, e outras manifestações, onde se amálgama as etnias indígena-luso-afrodescendente e por último a etnia ítalosanmarinense Em Mimoso do Sul (sede) abre-se exceção para as Folias de
Reis, que resistem bravamente, em torno de oito agremiações. Mimoso do Sul, foi brilhante no setor educacional, tendo a escola pública local, orgulho daqueles que usufruíram do ensino de altíssima qualidade, em diversas décadas
passadas. Pode ser um fio condutor, poder-se-á ser aprofundado. Tal como herança do povo de origem sírio e libanesa, desde a gastronomia até os rituais religiosos, de indicativo maronita. Descortinar
e alimentar as culturas ora vigentes, como o caxambu, primo do jongo (de onde se origina o samba) preservado na
Serrinha em Madureira(RJ), poderá se empreender um garimpo, quiçá poder-se-á despertar o inconsciente coletivo regional. Ao olhar os extremos d'Os
Pontões, poderá encontrar nos céus conceiçuenses o corajoso e competente Comandante Lott
praticando wingsuit, e na estrela mais brilhante são os olhos esverdeados do Comandante Brito. As festas juninas
no passado foram marcadas no idioma de Rosseau. Partes
das músicas eram orquestradas, e as outras da Bossa-Nova e da Música Popular Brasileira também. O Rio de Janeiro, a segunda
cidade de todos nós, tem no samba a maior riqueza cultural brasileira. Parafraseando o poeta mangueirense Nelson Sargento: o samba agoniza mas não morre. E Dona América distrito ao lado do Rio de Janeiro, há suspeitas de ter sido um quilombola. O poder público ignora a dar prioridade investigativa ontológica, pois lhe falta cultura historicista. Abaixo da linha do Equador, a via crucis é barra pesada.
9 de outubro de 2016
Teresa Fênix Parte 14
A mãe de Ulisses passou a dar mais atenção aos assuntos referentes, aos deveres escolares de casa. Passou a estudar em parceria com o filho. O resultado desse esforço demorou a vir. Após alguns meses, o menor passou a apresentar boletins com boas notas. Na disciplina matemática, o desempenho do Ulisses era modelar. Sempre conquistava a nota máxima. Talvez haja um rasgo genético, pois o pai de Ulisses, sempre apresentava boas notas nas chamadas ciências exatas. . O grego fazia a parte dele, narrando as tragédias gregas para Ulisses, e com olhar petrificado ouvia a saga individual de Édipo rei (Freud (1856/1939) se valeu de algumas tragédias de Sófocles para interpretar algumas complexidades da psiquê). Fazia questionamentos estonteantes ao mestre de plantão. O interesse pela história helênica era uma constante. Pois sempre estava a solicitar ao grego, mais informações sobre a terra dele. Que a cada dia que se passava, desanimava-o em manter o relacionamento com Teresa Fênix. Theodorakis receava que se rompesse o relacionamento, talvez viesse proibir o contato com o pequeno Ulisses. Carpe diem (aproveite o dia), dizia o grego em latim para Ulisses quando usava por demais os games do computador. Para que serve a história? Questionou de chofre ao Capitão da Marinha Mercante grega. Respondeu ao Ulisses que há várias teorias para explicar a história como ciência. A tarefa do historiador é contar o passado da humanidade. Revelar como era a vida naquele espaço de tempo, e todos os desdobramentos. E desenhar o seu desenvolvimento desde o passado mais antigo possível, até aos dias atuais. Ulisses bebia as palavras do mestre. Falou ao Ulisses que a Grécia dentro do seu período mais criativo se deve a três mil anos a.C. até ao século II d.C. Por ser banhado pelo Mediterrâneo ( médio), e exibia o velho mapa-mundi localizando o país. Repassava conhecimento pacientemente ao aluno, tão holístico quanto possível. Poder-se-á dizer que a Grécia é uma civilização mediterrânea.
3 de outubro de 2016
Lordes e senadores
O novo prefeito da maior cidade da América do Sul, disputou
e conquistou a vitória no primeiro turno,
nas eleições municipais(2016) de São Paulo, capital. Nas entrevistas afirma que não é político,
mesmo tendo sido eleito por uma agremiação política.
Diz ser um gestor, e reafirma sistematicamente que não é político. Polis em
grego é cidade, político é o gerente da cidade, é o síndico, prefeito, governador, presidente e/ou primeiro ministro. No
sistema democrático (governo do povo e para o povo) fazem parte do sistema político o Executivo, Judiciário e o Legislativo, que é a casa criadora das leis, votadas nas câmaras
dos vereadores e deputados federais e as assembleias estaduais e o senado federal. Os personagens que ocupam esses espaços são votados periodicamente.
Não há alternativa exceto nas ditaduras civis ou militares.
Existem duas modalidades de governo: presidencialismo e o parlamentarismo, que é
muito comum na Europa. O preconceito em relação a classe política, se me
permitem, cabe ressaltar que todos os parlamentares veem da sociedade. Se tal
ocorre, o parlamento é o espelho dessa mesma sociedade. O Brasil infortunadamente não é um país com altos
índices de politização. Contudo deve-se continuar votando livremente. Aliás, abaixo
da linha do Equador tudo é mais complicado. Os ingleses dizem que os primeiros
500 anos, são os mais difíceis para se estabelecer o estado de direito em um país.
E o Brasil nesse nesse contexto é dente de leite. Depois da Segunda Grande Guerra Mundial (1945)
a Europa foi arrasada. A Alemanha mais severamente destruída(como se esperava). A reconstrução do Velho Continente se
deveu aos parlamentos, onde atuam os deputados, lordes e senadores.
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