26 de outubro de 2016

Teresa Fênix (16a parte)

Teresa Fênix estabeleceu grave discussão com o namorado grego, por conta do aumento da frequência dos  cultos religiosos durante o dia, acompanhado de  cantorias e falatórios. Isso o incomodava, bem como os vizinhos da cabeça de porco. Ele não podia ler, e refletir sobre textos de Kant ou Deleuze. O resultado do conflito foi a mudança  imediata de casa. Teresa Fênix repentinamente contratou o frete de um  pequeno caminhão diesel. Resolveu  morar num bairro conhecido como Vai e Volta. O topônimo era sugestivo. A volta dela não era a expectativa do ex-namorado  Dois dias se seguiram, quando o dono do caminhão da mudança bateu na porta de Theodorakys Pitacus, para cobrar o frete. Ele não pagou. O cobrador atendia pelo apelido de Tônza. Discutiram asperamente, e quase se atracaram. O timoneiro  grego abatido pelo vexame promovido por Teresa Fênix, e munido de um passaporte diplomático da ONU - Organizações das Nações Unidas -  partiu para a Delegacia de Polícia local. E relatou a autoridade de plantão o fato ocorrido entre ele e o Tônza. O comandante de Longo Curso (porque navegou ou sabe empreender viagens transoceânicas) estava no cadastro de reserva para operações especiais da ONU. Dava-lhe essa competência por ter atravessado duas vezes o dificílimo Estreito de Magalhães, sem acontecer sequer um  incidente naval. Todos os comandantes que atravessam-no, são registrados numa organização internacional. A polícia marcou a data para acareação dos envolvidos, incluindo  Teresa Fênix. Nas contradições que quaisquer seres humanos podem se envolver, Theodorakys Pitacus, se arrependeu de não ter quitado o serviço do frete, diante da aporrinhação causada por conta de uma pecúnia de baixo valor. Mesmo tendo a nítida consciência de mais um pequeno  golpe de Teresa Fênix.

22 de outubro de 2016

Teresa Fênix (Parte 15)

Ulisses declarou amor incondicional a Maria Guadalupe, nesse dia, estavam tomando sorvete no centro da capital,  para abrandar o perverso verão panamenho. Sem rodeios se disse apaixonado por ela. Maria Guadalupe não  esperava  a atitude eruptiva e romântica de Ulisses. Ela permaneceu calada por alguns minutos. Ele expectava algum gestual da recente namorada. Tipo, uma concordância ou não. O tempo para ela se manifestar,  lhe parecia longo demais. Ela deu-lhe um beijo e disse-lhe: estoy enamorada también. Ulisses começou a ver estrelas e constelações. Em três dias  deveria viajar para o Brasil. Ele não queria retornar, pelo menos no tempo exigido de acordo com as regras do prêmio. Se não viajasse dentro da exigência contratual, deveria pagar do próprio bolso o custo da passagem e hospedagem, e revalidar o visto de permanência. Eis a questão. Ele se dirigiu a legação diplomática brasileira. E estava fechada. Era feriado no Brasil. Só lhe restava 72 horas para resolver o imbroglio da prorrogação por trinta dias, menos o tempo despendido oficialmente no Panamá. E no outro dia retornou a Embaixada, que estava fechada, pois dessa vez era feriado panamenho. Tenso e desorientado, inexoravelmente,    precisaria de dinheiro. A quem solicitar essa grana? A mãe Teresa Fênix? Mais fácil ver um gnomo brotando na terra, do que a mãe dele concordar com a dilatação da estada, ou enviar grana(quase sempre sem dinheiro). No último dia pela manhã foi a Embaixada (havia o risco de não conseguir  o visto, e ser deportado), e foi recebido por um funcionário do Itamaraty, com aparência sonolenta e mal humorada. O servidor público brasileiro informou que o visto de permanência é com o Departamento de Estado, no setor Imigração. Tomou um táxi e no setor indicado deu entrada em formulário oficial o pedido.  Ulisses depois de esperar cerca de uma hora, recebeu a boa notícia do servidor panamenho: o visto seria concedido ainda naquele mesmo dia na parte da tarde. Faltava o dinheiro para bancar a passagem e hospedagem. Conversou com a namorada, que ligou para casa, e os pais dela concordaram  hospedá-lo pelos dias permitidos. A pendência do dinheiro para comprar a passagem continuava. 

16 de outubro de 2016

Mimoso do Sul(sede) e sua difícil identidade cultural




Pesquisar, escarafunchar a identidade cultural de uma comunidade não é das mais fáceis tarefas. É mister ser percuciente e paciente. No caso específico, na região o “grande mapa da mina” se encontra no livro do historiador Grinalson Medina – Páginas da nossa terra o qual é edição única. É similar ao legendário Pergaminho do Mar Morto da Ordem dos Templários. Se o marco zero foi o Porto fluvial da Vila da Limeira(onde estudou o médico sanitarista e  premiado José Coelho dos Santos) conhecida também  como  Cachoeira do Inferno, refletindo em Ponte do Itabapoana, que foi a primeira sede de Mimoso do Sul, permito-me  remeter a existência então Coletoria Federal ou o longevo Bloco do Marujo, que no passado encantou os  carnavais de Ponte do Itabapaoana. Nada  mais a acrescentar até a data atual, como viés cultural mais denso. Aproximadamente trezentos anos depois o primeiro posseiro se instala em 1837 em São Pedro do Itabapoana que se consolidou e vicejou galgando a  status Vila, até a tomada pelas armas em 02/11/1930. Daí o declínio  da Vila, com a larga diáspora em direção aos centros urbanos mais desenvolvidos. A vida cultural sãopedrense  é interrompida. Os ícones fundadores de São Pedro, e seus familiares são compulsoriamente expulsos. Retiraram o chão desses munícipes. O caldo cultural não foi “incorporado” pelos estrangeiros de origem itálica e nem pelos filhos deles. Em 1930 a sede se transfere pela imposição dos fuzis, para o então distrito de Mimoso. O município progride com os cafezais abundantes, e bons preços de mercado. A construção da via férrea(1896), provocou transmigrações difusas. Não se permitiu consolidar uma cultura com franjas atávicas, que se transformasse num processo cultural permanente. No distrito d Conceição do Muqui há suaves confirmações  culturais  quando a comunidade se organiza bissextamente nas atividades simbolizadas pela culinária, dança e coral ítalosanmarinenses. No outro festejado distrito de Santo Annio do Muqui (a mais eficaz preservação da tradição da região)  desde As Pastorinhas de inspiração místico-religiosa, passando pelo Jaguará, reverenciado pela cabeça de  burro estilizada, Saci Perêre, de domínio nacional,  juaboi,  pai joão e  mãe maria e o  morcegão, o  chupa-sangue dos bovinos, dança italosanmarinense,  e outras manifestações, onde se amálgama as etnias indígena-luso-afrodescendente e por último a etnia ítalosanmarinense   Em Mimoso do Sul (sede) abre-se exceção para as Folias de Reis, que resistem bravamente, em torno de oito agremiações. Mimoso do Sul, foi brilhante no setor educacional, tendo a escola pública local,  orgulho daqueles que usufruíram do ensino  de altíssima qualidade, em diversas décadas passadas. Pode ser um fio condutor, poder-se-á  ser aprofundado.  Tal como   herança do povo de origem  sírio e libanesa, desde a gastronomia até os rituais religiosos, de indicativo maronita. Descortinar e alimentar as culturas ora vigentes, como o caxambu, primo do jongo (de onde se origina o samba) preservado na   Serrinha em Madureira(RJ), poderá  se empreender um garimpo, quiçá poder-se-á despertar o  inconsciente coletivo regional. Ao olhar os  extremos  d'Os Pontões,  poderá encontrar nos céus conceiçuenses  o corajoso e competente Comandante Lott praticando wingsuit, e na estrela mais brilhante são os olhos esverdeados do Comandante Brito. As festas juninas no passado foram marcadas no idioma de Rosseau. Partes das músicas eram orquestradas, e as outras da Bossa-Nova e da Música Popular Brasileira também. O Rio de Janeiro, a segunda cidade de todos nós, tem no samba a maior riqueza cultural brasileira. Parafraseando o poeta mangueirense Nelson Sargento: o samba agoniza mas não morre. E Dona América distrito ao lado do Rio de Janeiro, há suspeitas de ter sido um quilombola. O poder público ignora  a dar prioridade investigativa ontológica, pois lhe falta cultura historicista. Abaixo da linha do Equador, a via crucis  é barra pesada.

9 de outubro de 2016

Teresa Fênix Parte 14

A mãe de Ulisses passou a dar mais atenção aos assuntos referentes, aos deveres escolares de casa. Passou a estudar em parceria com o filho. O resultado desse esforço demorou a vir. Após alguns meses, o menor passou a apresentar boletins com boas notas.  Na disciplina matemática, o desempenho do Ulisses era modelar. Sempre conquistava a nota máxima. Talvez haja um rasgo genético, pois o pai de Ulisses, sempre apresentava boas notas nas chamadas ciências exatas. . O grego fazia a parte dele, narrando as tragédias gregas para Ulisses, e com  olhar petrificado  ouvia a saga individual de Édipo rei (Freud (1856/1939) se valeu de algumas tragédias de Sófocles para interpretar algumas complexidades da psiquê). Fazia questionamentos estonteantes ao  mestre de plantão. O interesse pela história helênica era uma constante. Pois sempre estava a solicitar ao grego, mais informações sobre a terra dele. Que a cada dia que se passava, desanimava-o em manter o relacionamento com Teresa Fênix. Theodorakis  receava que se rompesse o relacionamento, talvez viesse proibir o contato com o pequeno Ulisses. Carpe diem (aproveite o dia), dizia o grego em latim para Ulisses quando usava por demais os games do computador. Para que serve a história? Questionou de chofre ao Capitão da Marinha Mercante grega. Respondeu  ao Ulisses que há várias teorias para explicar a história como ciência. A tarefa do historiador é contar o passado da humanidade. Revelar como era a vida naquele espaço de tempo, e todos os desdobramentos. E desenhar o seu desenvolvimento desde o passado mais antigo possível, até aos dias atuais. Ulisses bebia as palavras do mestre. Falou ao Ulisses que a Grécia dentro do seu período mais criativo se deve a três mil anos a.C. até ao século II d.C. Por ser banhado pelo Mediterrâneo ( médio), e  exibia o velho mapa-mundi  localizando o país. Repassava conhecimento pacientemente ao  aluno,  tão holístico quanto possível. Poder-se-á  dizer que a Grécia é uma civilização mediterrânea.

3 de outubro de 2016

Lordes e senadores



O novo prefeito da maior cidade da América do Sul, disputou e conquistou a vitória no  primeiro turno, nas eleições municipais(2016) de São Paulo, capital. Nas entrevistas afirma que não é político, mesmo tendo sido eleito por uma agremiação política. Diz ser um gestor, e reafirma sistematicamente que não é político. Polis em grego é cidade, político é o gerente da cidade, é o síndico, prefeito, governador, presidente e/ou primeiro ministro. No sistema democrático (governo do povo e para o povo) fazem parte do sistema político o  Executivo, Judiciário e o  Legislativo,  que é a casa criadora das leis, votadas nas câmaras dos vereadores e deputados federais e as assembleias estaduais e o senado federal. Os personagens que ocupam esses espaços são votados periodicamente. Não há  alternativa  exceto nas ditaduras civis ou militares. Existem duas modalidades de governo: presidencialismo e o  parlamentarismo, que é muito comum na Europa. O preconceito em relação a classe política, se me permitem, cabe ressaltar que todos os parlamentares veem da sociedade. Se tal ocorre, o parlamento é o espelho dessa mesma sociedade. O Brasil infortunadamente  não é um país com altos índices de politização. Contudo deve-se continuar votando livremente. Aliás, abaixo da linha do Equador tudo é mais complicado. Os ingleses dizem que os primeiros 500 anos, são os mais difíceis para se estabelecer o estado de direito em um país. E o Brasil nesse  nesse contexto  é dente de leite.  Depois da Segunda Grande Guerra Mundial (1945) a Europa foi arrasada. A Alemanha  mais severamente destruída(como  se esperava). A reconstrução do Velho Continente se deveu aos parlamentos, onde atuam os deputados, lordes e senadores.