31 de maio de 2012

Beethoven

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Eis um adágio popular cujo o remetente é a dramaticidade da (in)decisão; em quaisquer setores da atividade humana. A dúvida nem sempre é uma madrasta, poderá ser atitudinalmente acertada. A sabedoria poderá se hospedar na descrença, ou não. Não se conhece a cronologia, muito menos a validade dessa permanencia. Tal qual um castelo de areia, que se esvai por uma (in)esperada onda do mar. Alguns sábios dizem que o “cavalo só passa uma única vez encilhado” , caso não o cavalgue, ele vai embora. O estado d’alma de quem “perdeu o único corcel”, não é dos mais confortáveis, mas o tempo, eficaz antídoto faz milagre. No contraponto, as culpas purgam incessantemente, daí o purgatório. No andar de baixo, a geena aguarda as almas que desembarcam aos borbotões, combustível indispensável para manter acesa a fogueira. Nesse contexto, o compositor Beethoven(1770/1827), já totalmente surdo, versejou, no quarto e último movimento - Ode a alegria - em sua derradeira nona sinfonia - ele assim vaticinou: “ Quem já conseguiu o maior tesouro/ De ser amigo de um amigo/ Quem já conquistou uma mulher amável/ Rejubile-se conosco/ Mesmo se alguém conquistar apenas uma alma/ Uma única em todo o mundo./ Mas aquele que falhou nisso/ Que fique chorando sozinho " Há um indicativo no ar, que desenha um esboço na construção do (des)encontro - igual ao vôo cego de um falcão - para não se escutar, o silencio da solidão, de quem nunca o desejou. O destino é arrebatador, mesmo num viver modorrento; ele atua feito uma febre rotineira; que arde todas as tardes - quando os pássaros se recolhem aos seus ninhos - como uma irrevogável punição.

27 de maio de 2012

Frederico Chopin


Ele nasceu em 1810, na Polonia de Karol Wotyla, ou do inolvidável João Paulo II. Morreu precocemente aos trinta e nove anos, de tuberculose. Enquanto viveu, compôs obras que se eternizaram no tempo. A familia dêle fugiu da perseguição política, e se instalou em Paris. Chopin, pelo amor demonstrado ao país que o acolheu, foi adotado pela França, tal qual o compositor germânico Jorge Häendel (1686/1759) foi pela Inglaterra. A mãe dele era culta, e o encaminhou desde cedo, a estudar as partituras de Bach, e os clássicos vienenses. Em Paris recebeu elogios de Franz Liszt e Roberto Schumann, e logo se estabeleceu como professor. Teve vários romances, dos quais o mais longo, foi com a irrequieta escritora George Sand, pseudônimo de Aurora Dupin. Sua música repercutiu nos grandes centros urbanos de então - Londres e Leipzig – e em Paris, certamente. Segundo os estudiosos, ninguém se dedicou tanto ao piano, igual a êle. As suas composições são variadas, desde as valsas, baladas, impromptus(improvisações), as polonaises, rondós, mazurcas, até as composições para piano e orquestra. Foi admirado pelo ineditismo, na exploração dos recursos do teclado do seu instrumento preferido. Eis a declaração do Jornal La France Musicale “.... as obras dele são sutis e de textura simples, e repletas de suavidade e leveza, quando preludia o piano...” Sua harmonia musical, faz bem a alma de quem o escuta, desde as baladas, até os concertos. As mãos de Chopin eram mágicas, e estão reproduzidas sobre a lápide, em Paris onde repousa para sempre.

25 de maio de 2012

I hope so





Os eqüinos pastam solenemente nos gramados das praças, e em outros logradouros públicos. Revelar-se-á uma fotografia instigante, se se acionar a imaginária máquina-do-tempo. A surpreendente foto, remete ao inicio dos anos 406, na Idade Antiga, no tempo de Átila, rei dos hunos. Diz a lenda que por onde o seu cavalo pasava não nascia nenhuma vegetação. Mas os cavalos daqui, não são os mesmos de Átila. Os daqui, depositam seus dejetos no passeio público, e de tanto repetirem a mesma coisa, poderão se tornar patrimonio público. Para complementar, eles desfrutam de palatáveis gramíneas plantadas na Praça das (ex)Mangueiras, que podem ser de diversos tipos: esmeralda, Sto.Agostinho e outras. Um descaso que poderia ser sanado, junto com as matilhas nômades de cães vira-latas. Eles vagam, e infectam as ruas, "esvaziando seus intestinos" nas vias públicas. Não há mistério para promover a proteção dos cidadãos, e nem dos animais. “I hope so”

19 de maio de 2012

A França xenófoba

A França é a quinta economia do mundo, e a segunda da Europa. Nas eleições realizadas recentemente, os franceses elegeram François Hollande como seu presidente, pelos próximos cinco anos. O partido socialista venceu o conservador Nicolas Sarkozy por uma pequena margem de votos. A crise do euro,  nada mais é, do que uma conhecida especulação financeira. Os títulos em geral, não correspondem o equivalente em moeda corrente. A Itália, Grécia, Espanha e agora a França votam contra os dirigentes atuais, que no entendimento popular são os responsáveis pela crise. Nikolas Sarkozy foi acusado durante a campanha eleitoral, de ter sido subordinado a Angela Merkell,  chefe do governo alemão. Também pesou a suspeita, de que no último pleito tenha recebido robusta ajuda financeira  do bérbere Muahmar Al Khadafi, na época, ditador da Libia. Segundo alguns analistas do matutino Paris Match, o ex-presidente, não desenvolveu  uma política econômica para atender os interesses dos franceses. Tratou os patricios de origem argelina como franceses de segunda categoria. O resultado, não tardou: ele foi derrotado  nas eleições. A França, como todos sabem, tem na sua gênese um nacionalismo, que beira ao “fundamentalismo pós-moderno“, em contraponto ao  registro da história, que revela as invasões exploradoras das riquezas, e do povo das nações africanas. E o neocolonialismo europeu, continua ativo na África. A França foi a maior potência estrangeira no continente africano, tendo espoliado os seguintes países: Argelia, Marrocos, Tunisia, Mauritania, Mali e mais oito nações co-irmãs. Esse é o retrato, da atual França xenófoba, que é a mesma que asilou Pablo Picasso, por ocasião da guerra civil espanhola(1936/39)

torre eiffel
Imagem: randy_harris via Photopin CC