27 de abril de 2011

O militante e o seu megafone.

Uma vida melhor para o nosso povo ! Gritava num megafone o militante político.Quase ninguém dava importância.E o soldado do partido continuava a esbravejar,em alto e bom som,pelas ruas da cidade grande.Acreditava na ideologia,como agente transformador da sociedade.E em todos os seus desdobramentos necessários e possíveis,para se instalar a classe operária no paraíso socialista.E os dias se passavam bem devagar,e a ditadura militar continuava no poder.E os sindicatos; eram outras trincheiras alternativas da luta política, de resistência ao estado castrense;que deu o golpe em 1964;destituindo o presidente eleito pelo voto popular e universal.A ditadura militar durou longos e sangrentos dezoito anos! E o militante não esmorecia,incansável, e dia após dia;ele e seu grupo cumpriam uma pesada agenda pelas ruas mais movimentadas da urbe.As panfletagens eram numerosas,quer nas portas das fábricas,quer nas empresas estatais sediadas no Rio de Janeiro.Os sindicatos estavam na ordem-do-dia.Alguns eram visitados pela pequena burguesia, que se encantavam com as lideranças sindicais,os quais se expunham aos gorilas do sistema,quando deitavam falações agressivas contra os usurpadores do poder.Algumas campanhas entraram para a história do Brasil.Dentre todas,destacaram-se : Diretas Já ! E a anistia ampla,geral e irrestrita.Muitos bravos brasileiros, foram de capital importância na vanguarda dessa longa jornada civilista.Não é possível citar a todos,porém um deles possuía credenciais; para representar os demais e parte significativa da sociedade, que sonhava com o retorno da democracia.A sua obra ainda não foi reconhecida pela oficialidade, creio que, ainda o será ! O personagem a que me refiro,é o bravíssimo Deputado Ulisses Guimarães.Morto em condições consideradas por alguns, como suspeitas. A luta continuava, aos trancos e barrancos.O sistema elegeu governadores e senadores biônicos,ou melhor,foram desavergonhadamente nomeados pelos generais.A oposição,se submeteu táticamente, as regras antidemocráticas,e participou da eleição indireta,votada no Congresso Nacional.Nessa condição,elegeu o democrata Tancredo Neves,que morreu nas mãos da nossa crônica incompetência.O país foi redemocratizado.Daí em diante,se faz mister uma apreciação mais apurada;essa tarefa fica por conta dos luminares da ciência política.

26 de abril de 2011

Bacalhau

Valter Ribeiro Campos é um cidadão vencedor, os americanos do norte diriam que ele pode ser chamado, no seu estranho inglês de : " self-made man". Filho do campista Nabor Campos e  Maria Soares. O pai era um exímio profissional das artes gráficas, e nas horas vagas apreciava uma pescaria, pelos rios e riachos. E na "permissão" apreciava bancar uma roleta colorida com as fotos dos bichos criados pelo Barão de Drummond, no Rio de Janeiro.  Sempre ladeado do seu compadre e amigo Hercílio Borges.  Maria Soares uma cuidadosa genitora e educadora por atacado, pois eram oito rebentos e uma filha. Valter gosta de ser chamado pelo seu apelido familiar de Bacalhau. Brilhou nos campos de futebol. Estiloso, lembrava pelo seu swing esportivo, os craques do passado, tais como : Gerson, Beckenbauer e Nilton Santos. Era um arguto craque, calmo e preciso nos  lançamentos. Jogou na Desportiva Ferroviária de Vitória(ES), cuja a mantenedora era a poderosa Vale do Rio Doce. Nasceu tricolor de Castilho, Píndaro e Pinheiro. Na altiva Mimoso do Sul, seu time original foi o Independente Atlético Clube. Em seguida, transferiu-se para o Sport Club Ypiranga. Passado esse tempo, como todo jovem, foi na busca novos horizontes, das luzes da Broadway brasileira -  a zona sul do Rio de Janeiro - sempre tecendo seus argumentos com uma impressionante fluidez verbal, - Bacalhau - até hoje é um public-relations de escol. Na década de 1960, uma revolução aconteceu no Rio, no mundo dos colchões. Um pequeno grupo de empresários, sendo um deles da região do Vale do Rio Itabapoana, concebeu um modelo de colchão que agradou em cheio o público consumidor. Esse novo e moderno produto, era vendido em progressões geométricas. Se apresentava uma modalidade de descanso - anatômicamente - por isso seu nome era Anatom -  Bacalhau começou como vendedor, se aprimorando na sua arte de persuadir. Foi um pulo, para ser galgado ao posto de supervisor. E finalmente gerente da loja mais chique do Rio. A loja estava localizada em Ipanema, na Gomes Carneiro, pertinho da charmosa praia do Arpoador. Valter Ribeiro Campos chegou ao apogeu. Foi um campeão de vendas. Se transformou numa espécie de vice-rei de Ipanema. Anos mais tarde seus pais mudaram-se para a Ilha do Governador. Quando o visitei na sua casa, notei que esse novo lar tinha um grande quintal. Nabor, orgulhosamente, apresentava a todos, sempre com  os olhos brilhantes, a sua formosa e viçosa horta. Cultivaram-na, pois era uma horta, uma réplica da horta que adornava a casa dele no  interior. Tal qual o líder omíada, Abn al Rahman, construtor de muitas casas na Espanha no estilo mouro, quando da sua fuga do massacre dos abássidas. Esses imóveis, de concepção arquitetônica  muçulmana, eram para relembrar a Síria. Existia uma saudade no olhar de Nabor.  Lembro-me ainda, quando as caçadas permitidas, das espertíssimas preás.  Bacalhau levava a tiracolo o seu inseparável cachorro, batizado com o bizarro nome de Caubi - dotado de um faro apuradíssimo - alguns poucos anos se passaram - e Nabor e Maria, se mudaram  para  Senador Furtado, rua na tradicional  Tijuca. Bacalhau tem muitos irmãos, e uma única irmã. De todos eles, somente um deles desapareceu. Ele tinha um carinhoso apelido de Vavá, ex-atleta das cores vermelho, branco e azul. E de toda essa irmandade, Getúlio é um dos irmãos,  meu contemporâneo e amigo. Bacalhau nasceu numa familia muito especial, de pessoas simples, contudo ricas em generosidade. O tempo é implacável, e vai em frente. Por fim, Bacalhau, resolveu singrar os mares bravios da política. Experimentou, e foi um edil de passagem memorável. Polêmico, e de sagacidade apurada, carrega nas veias o gosto pelo debate das ideias. Exerce com nobreza a sua função de notário público. Poderia dizer que esse personagem em tela, tem os mesmos humores satíricos do carioquíssimo Sergio Porto, que era conhecido pela  alcunha de Stanislaw Ponte Preta.

12 de abril de 2011

A tragédia de Real Engenho.

Real Engenho,assim era conhecido no Brasil-colonia, o atual bairro de Realengo,na zona oeste da " mui heróica cidade do Rio de Janeiro " . Discorrer sobre a tragédia, ocorrida no bairro acima citado,a qual abateu a todos os cariocas e brasileiros,sempre será uma narrativa triste e constrangedora. O nome,Wellington, lembra o general ingles que derrotou Napoleão Bonaparte,com os seus aliados,a legendária batalha de Waterloo,em 1815. Mas o Wellington que está na mídia,não é o general britânico,é um assassino,psicopata, ou não.É um "serial killer",à moda americanizada,que vira e mexe,lá na terra do Tio Sam,aparece um maníaco,e elimina à bala, vários inocentes. Se matam também, através de seita ou doutrina de cunho religioso, ou equivalente,como foi morta a atriz Sharon Tate,grávida de oito meses,pelos fanáticos seguidores de Charles Manson. Eles foram condenados a prisão perpétua no estado da California. Diante desse espetáculo dantesco,tão inverossímil,quanto o verso de Nietzche: ora direis ouvir estrelas ! Os vates de plantão,alicerçados nos seus oráculos,suspeitam,está próximo, o fim do mundo. Que nada,diriam os céticos e agnósticos : Sodoma e Gomorra foram muito piores ! Em seguida,o contraponto,pois mais uma esperança é materializada : não temos mais crianças mortas com poliomielite,com a descoberta da vacina, por Albert Sabin ! Infortunadamente tivemos crianças livres da paralisia infantil,mas, sacrificadas de forma fria e aterradora.Mas a fé,não se deve perdê-la.O ser abjeto que praticou essas mortes,é filho do mal e vivia sob as trevas.Todavia,se deseja que encontre a paz. Para não repetir nas futuras encarnações,se existirem,outras manobras macabras.Ele ceifou doze vidas na flor da vida,cheias de fulgores.Inexoravelmente,estão no zênite,ladeadas por espíritos generosos e sábios,e na sua esplendecencia ! O episódio abordado,não fazia parte da memória do povo brasileiro.Algumas lições,creio que as autoridades deveriam absorver,as quais devem ser refletidas.Eis um oportuno exemplo : Quem fabrica as armas e munições ? A industria armamentista é extremosamente poderosa,e nunca, é questionada,pela Organização dsa Nações Unidas ! As guerras particulares e as oficiais são um grande negócio para o sistema.E pasmem,deverão continuar ! Eis a dramaturgia shakespiriana : ser ou não ser,eis a questão...