A barra do Chefe começava a pesar por carregar a culpa de ter morto o pai, pelas mãos de um assassino frio e de aluguel, um ser desprezível que o Chefe contratou para a abjeta tarefa. As alucinações se intensificaram e os outros hóspedes começam a se incomodar com os gritos dele durante a madrugada, os quais perturbavam o sono dos demais, e as discussões desperadas se iniciaram. Os mais exigentes queriam que ele fosse para outra cela, e os mais serenos mitigavam o incômodo. O núcleo duro da facção criminosa da prisão se reuniu e decidiu transferir o Chefe para outro compartimento prisional. Foi lotado no gabinete dentário, um local para os peixes do Chefe dos carcereiros, pois o interno deveria manter o consultório limpo e na contrapartida, poderia dormir no consultório. É possível que tal prerrogativa passava ao largo da diretoria do presídio. Um oásis no deserto da criminalidade.Na época esse espaço era disputadíssimo e custava um bom dinheiro. O Chefe se sentiu prestigiado, mas os devaneios noturnos não cessaram. Sem se alimentar, estava se candidatando a uma anorexia. Fumava diariamente três a quatro maços de cigarro e estava magérrimo. A limpeza do consultório estava sendo negligenciada. As reclamações eram frequentes por parte do dentista.
20 de agosto de 2017
12 de maio de 2017
Teresa Fênix - 37a. parte
O filho da vítima, mais conhecido como Chefe, cumpria pena, e recebeu a notícia do encomendado assassinato do pai dele, tal como arquitetou a morte do mesmo, ou seja com frieza, como um monstro das águas abissais. Ele se filiou a uma dessas facções criminosas em funcionamento nos presídios desse Brasil continental. E na estratificação do conjunto da sociedade penitenciária, o Chefe depois da morte paterna, passou a gozar de prestígio na hierarquia do crime, dito organizado. Há suspeita, de que não é possível o funcionamento dessa máfia, sem a colaboração dos servidores públicos, cuja contrapartida poderá ser o vil metal. O Chefe ao cometer o parricídio, bem próximo a dramaticidade de Édipo-rei de Sófocles (442 a.C), passou a ter mais respeito entre a população carcerária, quer dos internos, quer dos funcionários. Algumas semanas se passaram, e o Chefe começou a ter longos pesadelos. Acordava no meio na madrugada, aos gritos. Depois chorava convulsivamente. Nos sonhos densos, o protagonista principal era a imagem do pai sendo degolado, e o sangue esvaindo pela varanda na casa da fazenda. Era nesse espaço onde o Chefe brincava na infância, chutando uma pequena bola, um dos raríssimos presentes recebidos pelo pai. Em seguida entrou em deep depression(*), se negando a se alimentar.
(*) profunda depressão
1 de maio de 2017
Teresa Fênix 36a.parte
O deadline para se esquecer os conflitos do afeto, pode ser zero. O comandante helênico recebeu uma (in)esperada ligação telefônica de Teresa Fênix. E nesse justo instante ao ouví-la pelo celular, o aborrecimento com Teresa Fênix estava cessado. O comandante não era um tipo prosaico. Possuía severas dúvidas. Baseado nos rudimentares conhecimentos da física, comungava da máxima: o tempo é uma ilusão. Nas digressões dele, o binômio decisão e tempo não se integravam nas equações existenciais que abraçava com imenso fervor. Por isso acolheria Teresa Fênix. Imaginava haver um denso fetiche nessa relação. Nesse telefonema disse-lhe que estava se caminhando a passos largos(literalmente) para a casa dele. O grego a esperava na porta do pequeno apartamento. Ela abriu os braços, e ato contínuo entrelaçou-a longamente. Em sussurros, segredou-lhe coisas da paixão do amor. O Comandante ficou lívido. E se sentiu um Humphrey Bogart no clássico filme - Casablanca - diante da sua Grace Kelly,(há quem afirme que se apaixonaram durante as filmagens, foram beijos de um casal verdadeiramente enamorados). Teresa Fênix e seu partner, jantaram durante duas noites seguidas. Com lampejos de dois pombinhos em lua de mel. Elaboraram projetos, e sonharam até uma viagem a Atenas e depois a ilha de Delos. O clima era de plena harmonia, até que Teresa Fênix foi a casa do pai, Zeca. Retornou depois de três dias. E voltou macambúzia. Não o chamou pelo celular, conforme havia lhe prometido. O grego ficou bolado com o silêncio dela. Imaginou o pior. E resolveu chamá-la pelo telefone. E o prenúncio dele se confirmou.
23 de abril de 2017
Teresa Fênix 35a. Parte
José do Egito, o antigo empregado do audacioso cabouqueiro, resolveu ministrar o funeral do patrão, seguindo a liturgia do candomblé(*). José do Egito mesmo tendo se afastado dos terreiros dos orixás, raciocinava que por ter sido mensageiro da fatal premonição, estava a prestar homenagem as entidades da mística afrodescendente, pela confiança esotérica nele depositada. Entre os yorubá, quando morre uma pessoa, o corpo é banhado, igual na tradição judaica. Se for mulher, o cabelo é devidamente penteado, e se for homem, o cabelo é inteiramente raspado. A condição de estar devidamente higienizado, é para ser bem recebido na morada dos ancestrais. Em algumas regiões da África, chumaços dos cabelos e pedaços das unhas dos pés do morto, são cortados e guardados para o 2° enterro, em sete ou mais dias. Em seguida o defunto é envolvido imediatamente numa mortalha branca. Acrescenta-se que ritual fúnebre do candomblé detém o conhecimento da conservação do corpo. Os alimentos e oferendas são depositadas numa cabaça aos pés do morto, como forma dele não sentir fome, durante a permanência entre os antepassados. Os ataques rufam, e os amigos e parentes dançam e também se alimentam, todavia até a barra da madrugada. A dança se encerra e o corpo é vestido em roupas pesadas e coloridas, e em procissão solene se dirigiram até a sepultura. Há o hábito de mandar recados para àqueles que partiram, que é a prova da crença no além, e no poder inconteste dos ancestrais. Vários dias decorridos após o funeral, se pratica outro rito conhecido como Fífa éégún Òkùú wo lé - Trazer de volta o espírito para casa. Um santuário é construído num canto residência, onde se realizam pedidos e oferendas, num diálogo da intimidade familiar. José do Egito cumpriu a obrigação que julgava correta dentro dos cânones orais repassados por várias gerações.
*) O Negro no museu brasileiro - autor: Raul Lody - Ed.Bertrand Brasil;
*) Òrun Àiyé - autor: José Beniste - Ed. Bertrand Brasil.
*) O Negro no museu brasileiro - autor: Raul Lody - Ed.Bertrand Brasil;
*) Òrun Àiyé - autor: José Beniste - Ed. Bertrand Brasil.
10 de abril de 2017
Teresa Fênix - 34a. Parte
A futura mãe estava a sorrir, principalmente quando ouvia alguma referência sobre a gravidez. A avó incumbiu-se de costurar à mão uma peça de recém nascido. A mãe dentro da cultura sul-americana, mergulhou nas águas abissais do desejo da filha única. E iniciou-se a aquisição do enxoval, com o mais apurado gosto. Na casa de Maria Guadalupe o tempo girava em torno do nascimento do neném. O futuro avô materno vaticinava dissimuladamente, se fosse homem, sugeria o nome dele. A mãe e a filha, desconversavam sobre essa possibilidade. A compra do berço, pintura do quarto, viagem ao México, enfim agenda assoberbada. Ulisses ficou marginalizado diante do importante evento. Mesmo tendo sido coadjuvante, o prestígio caiu. O foco das atenções foi alterado. Lembrou-se da crônica do Artur da Távola( 1936/2008), cujo texto, em alguns casos, o homem é simplesmente o colocador de semente, e só. Ulisses assim se sentia. Todavia, bem cedo aprendeu com o preceptor dele, o grego, que o silêncio é sábio. Ulisses mudou-se para a casa da namorada. E sentia feliz pelo neném. Não era expectativa dele, ser pai tão rapidamente. Outro remetente num contexto próximo, também no espaço e no tempo, e personagens díspares, eis o curto diálogo: Como isso aconteceu? Você uma mulher experiente, se deixou engravidar? Vc sempre afirmou, não queria mais filhos. Pois é mãe de três adolescentes. Pensou por alguns segundos, e sorridente retrucou: ele é que não soube brincar. Um aforismo popular, à propósito.
26 de março de 2017
Teresa Fênix (33a. parte)
O marinheiro helênico deu de ombros, diante da proposta estapafúrdia de Teresa Fênix. E seguiu em frente, dessa vez visitando uma instituição, cuidadora de crianças e jovens portadoras de necessidades especiais. Dentro do espaço da meninada, ele se detinha mais no diálogo com aqueles acometidos pela Síndrome de Down(distúrbio genético causado pelo cromossomo 21 extra, conhecido como cromossomo do amor. O resultado da pesquisa se deu em 1862, pelo cientista inglês John Langdon Down), era uma atitude isolada, era da sua própria lavra. O comandante depois de algumas visitas se transformou em voluntário, prestando serviços de todos matizes. Conquistou a amizade dos internos. Ensinava o que se supunha saber, ou seja, contando histórias da navegação marítima. Trouxe de casa as fotografias das viagens transoceânicas, réplicas de diversas embarcações do passado e da atualidade, e inclusive do navio com o qual atravessou o acidentado e perigoso estreito de Magalhães. Eram tantos os questionamentos da petizada, alguns repetitivos. Mas ele não se importava com as perguntas reeditadas. E não percebia que tempo passava celeremente. Intuiu que a solidariedade era um vetor importante de realização pessoal. A memória do comandante viajava pelos mares navegados e a navegar. Os flashes mentais iluminavam-lhes as recordações. A propósito sobre lembranças e memórias, eis a narrativa: Os vinhos generosos melhoram muito ao passarem pela linha, pela evaporação das partículas aquosas, assim também a recordação se purifica ao perder as partículas da memória, sem que por isso se desvaneça em fumo, como também não acontece aos vinhos generosos. Tal assertiva filosófica é do dinamarques Soren Kierkegaard (1813/1855) n'O banquete.
12 de março de 2017
Teresa Fênix (32a. parte)
O marinheiro grego vivia o teatro shakespiriano, onde a (in)certeza dominava o pensamento, quanto a resolver ou não uma dependência de Teresa Fênix, fruto inexorável de uma monumental carência. Quem diria esse grego-filósofo se render aos encantos de uma nativa dos trópicos? A distância das afinidades aumentava a cada encontro furtivo. Mas a atração física preponderava ( ou outro sentimento, compensação ou comiseração). Era do conhecimento dele, esse comportamento, são complexidades do enigma amoroso, autênticas dúvidas traidoras, aliadas metálicas do medo de se arriscar. E para agravar o momento, Teresa Fênix estava tendo suporte financeiro do ex-namorado. O grego mediterrâneo não se sentiu confortável ao tomar conhecimento dessa novidade. Entrou em alfa. Meditou durante sete dias e sete noites. E não vislumbrou no imaginário, um porto seguro para ancorar o navio cheio de sofrimento, a lhe aturdir. Teresa Fênix numa manhã nublada, lhe procurou e após os cumprimentos de praxe, convidou o Capitán dos sete mares, a viajarem a uma praia deserta próximo a Marroquin (perto da histórica igreja N.S. das Neves, no município de Presidente Kennedy/ES, construída em 1581 pelo puris, botocudos e escravos africanos, sob o chicote do jesuíta espanhol Padre Almada). Nos primeiros instantes o grego entrou em parafuso, e ficou furioso.
3 de março de 2017
Teresa Fênix (31a. parte)
Na ausência de uma pousada na região, Maga Psicológica pernoitou por favor, na venda de Secos e Molhados, dormindo sobre sacos vazios de cereais. E pela manhã tomou o ônibus de volta. Cabisbaixa e meditabunda, após a total negativa do pai do Chefe em recebê-la, se sentiu arrependida e também impotente. O arrependimento foi não ter dito a ele, que seria morto se não atendesse a reivindicação dos criminosos. E a impotência por não tê-lo peitado. Ela ainda mantinha no recôndito da alma, uma anêmica esperança em reconquistar aquele que foi um grande amor na vida dela. Enfim chegou ao destino final, cansada e tensa. Tocou as tarefas diárias de acordo com a rotina que a vida lhe impunha. Após três semanas, Maga Psicológica recebeu uma ligação, na qual o interlocutor não se identificou, informando que o rico cabouqueiro tinha sido morto. Maga se descompensou e desmaiou. A vizinha socorreu levando-a ao hospital local. Em pouco tempo a notícia se alastrou e na boca da noite, o noticiário midiático comentou o homicídio. Foi um crime perverso, pois a vítima lutou bravamente com o agressor. A arma branca do crime foi uma peixeira. Esfaqueado várias vezes, ele sangrou aos borbotões. Num ato terrorista o homicida cortou-lhe a cabeça, à moda islâmica jihadista. Deixando no chão um pequeno amuleto de cor vermelha, podendo conter no interior do patuá uma oração, ou uma prática mística. Quando da ocorrência do assassinato, José do Egito não estava ausente da propriedade. Um curioso fato ocorreu, semanas antes do crime: convidado a participar de uma gira do Candomblé Kêtu(*), da tradição Iorubá - José do Egito, foi batizado como Sebastião Querino no Terreiro Ilê Axé Opô Afonja - localizado na periferia soteropolitana. Para tomar novo rumo na vida e esquecer o passado, trocou de nome quando se converteu a doutrina kardecista. Nos grotões dos brasis, o expediente dos pseudônimos é quase corriqueiro. Contra a vontade, aceitou o convite. Durante a sessão aconteceu a incorporação do Exú caveira, entidade de má reputação entre os orixás. O espírito materializado avisou-lhe que o patrão dele iria morrer. Adiantou que foi um pedido forte num terreiro baiano. José do Egito contou tudo a ele, contudo em nada acreditou.
(*) Pesquisa, O Negro no museu brasileiro - Ed. Bertrand Brasil, 2005 - Autor: Raul Lody
(*) Pesquisa, O Negro no museu brasileiro - Ed. Bertrand Brasil, 2005 - Autor: Raul Lody
28 de fevereiro de 2017
Teresa Fênix ( 30a. parte)
Ela chegou dentro do tempo previsto, na casa do ex-amante. José do Egito, antigo colono e meeiro da fazenda a recebeu gentilmente. Maga Psicológica de pronto disse da imperiosa e urgentemente necessidade, de se falar com dono da propriedade rural. Sob o alpendre da casa bem conservada, sentou-se e sentiu uma ligeira tonteira. Em seguida, o ouviu nítido e altissonante, vociferar: Não falo com essa muié ! Manda ela ir embora. Assim falou o pai do Chefe. José do Egito ao chegar na varanda encontrou Maga Psicológica caída e estrebuchada, se debatendo no assoalho. José do Egito, iniciado no candomblé, fez-lhe uma oração. O dono das terras, chegou e afirmou que ela tinha incorporado a Pomba Gira, e que pertencia a umbanda, e considerada veterana e temida feiticeira. O colono José do Egito, falou firmemente ao patrão, não era nenhuma entidade do sincretismo de matriz africana. Ela precisava de um médico. Gradativamente ela foi recobrando os sentidos mais elementares, e pediu água com açúcar. Disse ao José do Egito, que teve uma crise hipoglicêmica, causada por forte impacto emocional. E que de outras vezes o mesmo havia lhe acontecido. Maga Psicológica estava vivendo o drama de contar ou não, ao fazendeiro, sobre o risco de vida que correria, caso não desse dinheiro para o filho presidiário. Os internos possuem redes organizadas de comparsas para executarem com frieza os desafetos.
19 de fevereiro de 2017
Teresa Fênix - 29a. parte
A jovem panamenha foi sozinha ao laboratório, para enfim tomar conhecimento do esperado resultado do teste da gravidez. Tensa, ainda em casa, tomou um forte ansiolítico e partiu para dirimir a dúvida, se estava esperando neném. O diagnóstico indicou que estava grávida. Então as comportas lacrimejantes abriram-se. Desnorteada, feliz e preocupada, estressadíssima foi atrás de Ulisses. Não o encontrou. Foi para a casa. Inventou uma coragem, e contou tudo para a mãe dela. E teve uma grata surpresa, pois a madre acolheu-a abraçando-lhe disse: bueno serei abuela.(*). Ambas choraram durante um bom tempo, até que o pai chegou, e tomou conhecimento do inédito fato, e juntos o trio se emocionou. Maria Guadalupe, falou aos pais sobre a promessa feita a santa mexicana, Virgem de Guadalupe, padroeira do México e da América Latina. A aparição se deu em 1531, e guadalupe na língua azteca significa perfeitíssima. Adiantou que teriam que viajar até ao México, antes do nascimento do bacuri(**). O clima era de festa. E os copos "shot glass" foram lavados e enxutos. Limão, sal na língua e tequila. Essa bebida é produzida pela agave-azul(planta, talvez prima do cactus) na cidade de Tequila, na região de Jalisco. O casal bebeu vários tragos, sem contudo ficarem borrachos(***).
* avó
** menino
*** bêbados
16 de fevereiro de 2017
Teresa Fênix (28a. parte)
Maga Psicológica se preparou para enfrentar o ex-amasio para atender o pedido do filho apenado. Fez uma pequena reunião de família, no sentido de alertar os parentes, caso lhe acontecesse algum atentado, informou que o maior suspeito seria o ex-amante. Alguns membros da família, por segurança, aconselharam-lhe a cancelar a viagem. Maga Psicológica não atendeu os familiares. E começou traçar o roteiro da aventura. O destino era secreto. Era necessário fazer diversas baldeações de busão. Em dois dias chegaria no lugarejo indicado pelo contador do cabouqueiro, num rasgo de boa vontade deu-lhe o endereço, mas exigiu silêncio absoluto. O périplo da Maga Psicológica chegou ao fim numa sexta-feira 13. Na beira de uma estrada vicinal, apeou junto a uma Venda de Secos e Molhados, notou na parede lateral do modesto estabelecimento, um velho almanaque, estampando uma propaganda do medicinal biotônico fontoura. No passado distante, esse remédio era ministrado para a juventude como fortificante, uma colher de sopa antes das refeições. Exposto estavam também, o anil, velho alvejante,fumo de rolo, calça brim-coringa, linguiças de porco penduradas, fubá grosso de moinho de pedra, sardinha salgada, arroz, feijão, rapadura e os fregueses contumazes chupitando uca curtida em losna(absinto) ou carqueja. Era uma casa sortida nas tradições brasileiras. Ela tocou o relógio do tempo, e veio a lembrança. Duas lágrimas rolaram. Restabelecida da emoção passageira, se informou como chegaria no lugar conhecido como Cotovelo. Distava sete léguas de onde se encontrava. Uma charrete a um preço justo, toda pintada de amarelo ovo, a levou na fazenda do irascível empresário de pedras cortadas no estilo paralelo e outros.
27 de janeiro de 2017
Teresa Fênix 27a.parte
Maga Psicológica estava diante da difícil tarefa patrocinada pelo filho, que se encontrava preso, e na última visita incumbiu-lhe de arrancar dinheiro do pai. O genitor considerava o Chefe, como filho de uma aventura, como sempre falava nas vendas da zona rural, após beber vários cipós-grau, cabendo a secular frase em latim: In vino veritas(*). Jamais exerceu a responsabilidade paterna. Tratava os empregados e desconhecidos com grosseria, e total ausência de uma razoável educação. Era um indivíduo truculento. Se portava como um coronel da República Velha(1889/1930), pois usava arma de fogo (sem autorização) e dois asseclas lhe davam segurança. Acessar o pai do Chefe era uma missão desconfortável, pois ele sempre negou peremptoriamente a receber a mãe do filho dele. Na pequena cidade próxima das atividades empresariais, havia um medroso e subserviente técnico em contabilidade, o qual cuidava dos interesses do rico cabouqueiro. Se lhe perguntassem, nada informava sobre esse importante freguês. Maga Psicológica foi ao técnico contábil, cujo apelido era Zé Champruca e expôs a dramaturgia na qual estava a coexistir. O guarda-livro ficou temeroso, quanto a ameaça de morte ao rentável cliente. Zé Champuca coçou a cabeça nervosamente. Foi ao banheiro e retornou em bicas, suando frio. O pânico lhe tomou conta, pois se lembrou de um caso semelhante, quando o tio desse profissional contábil, foi executado (no interior das Minas Gerais, num arraial conhecido como Conceição do Mato Fora) a mando do filho(que cumpria pena por homicídio doloso) e primo de Zé Champruca, numa infortunada tentativa de extorsão
(*)No vinho está a verdade.
(*)No vinho está a verdade.
15 de janeiro de 2017
Teresa Fênix - 26a.parte
Maria Guadalupe meditava dia e noite, como poderia abordar aos pais dela, a proposta de Ulisses de se casar intempestivamente. com parcos argumentos. Mas não desistia em buscar uma saída pelo impasse. A mãe bastante rígida nos conceitos ibéricos, herdados, sob a ótica da moral hispânica (aliás nada recomendável em termos históricos). Resolveu falar ao pai dela, pois era uma melhor escuta. Enquanto tempo voava numa velocidade supersônica, Maria Guadalupe não conseguia estudar ou ver televisão, durante a passagem desse vulcão de grandes proporções. Decidiu ganhar tempo(nem tanto), para alinhar os pensamentos. Passaram-se alguns dias, e faltava-lhe coragem para estabelecer o embaraçoso diálogo paterno. Eis que de repente, algo de estranho aconteceu. Observou que na data quase costumeira, não se menstruou. Poderia estar grávida? Avaliou consigo, o absurdo possível. Alados em formação de ataque: um vulcão e um tsunami. A possibilidade de estar grávida invadia-lhe a alma. Era o fim do mundo, pensava Maria Guadalupe. Necessário seria exame laboratorial para se confirmar ou não a suspeição da gravidez. Consultou-se a um médico particular, pagando-lhe com a mesada recebida, e em seguida submeteu-se ao exame adequado. Pela ansiedade da jovem Maria Guadalupe, o resultado sairia em dois longos dias de expectativa.
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