21 de julho de 2013

Pretos...



As prisões aqui, e no resto do mundo estão apinhadas de putas, pretos e pobres, essa tríade é sempre lembrada, por alguém que escreve ou fala, e inexoravelmente deve ser possuidor de uma aguçada sensibilidade, pois, consegue solidarizar-se com o semelhante na sua mais simplória similitude, ou seja, a de ser humano, mesmo com tinturas ou não, de doutrinas, seitas ou religiões de origem judaico-cristão, budista, muçulmano, xintoista, candomblé. Nas manifestações das ruas, as mídias tem sido hostilizadas, os bancos comerciais são atacados, os palácios dos governos idem, as assembleias estaduais, congresso nacional, e outros próprios públicos. As instituições são simbólicas, e o povo as nomeia, tanto quanto os franceses identificaram a Bastilha (1789), o mais forte emblema que significava como o algoz do povo. A monarquia ruiu, e junto com ela, a igreja católica, e os privilégios absurdos foram abolidos e se convocou uma histórica Assembleia Constituinte, cujo o lema foi a fraternidade, igualdade e a liberdade. O dia 14 de julho, é o mais importante feriado da França. Os três poderes “ definidos pelo francês Montesquieu, que são harmônicos entre si, todavia, servem tão somente a elite. “ O povo é melhor do que as elites “, assim afirmou o jurista Afonso Arinos de Mello Franco, do alto da sua sabedoria. Numa tentativa em contextualizar, eis um exemplo abjeto, acontecido na terra de Borba Gato: o jornalista Pimenta Neves, então diretor do poderoso matutino "O Estadão", matou pelas costas a sua namorada. Um crime que chocou a opinião pública. A lei faculta aos endinheirados, a recorrerem em liberdade. Quase dez anos depois, é que o supracitado assassino foi recolhido para o presídio de Tremembé(SP). O outro descalabro, é a prática dos juros escorchantes, o valor pago nas aposentadoria, é uma vergonha, as benesses abusivas dos parlamentares, as licitações viciadas, caixas pretas intocáveis, policia truculenta, enfim, um rosário de injustiças, privilégios incompreensíveis, abuso de poder, e tantas outros infortúnios praticados há séculos. Pode ser que essas manifestações são como uma demanda há muito reprimida, tal qual o reservatório de uma grande barragem, quando as comportas se rompem pela pressão das águas.

15 de julho de 2013

Sinopse sobre São Pedro do Itabapoana




O primeiro posseiro a chegar em São Pedro, tem o seu registro histórico em 1837, contudo as primeiras famílias vindas dos estados das Minas Gerais (maioria), e do Rio de Janeiro, se fixaram nesse condado em 1850. No caso das Minas Gerais, credita-se a esse movimento o chamado "refluxo das bandeiras”, podendo ter sido motivado pela rigorosa proibição do Império português, de que os mineiros não adentrassem as matas, pelo fato que nelas se supunha haver, ouro em profusão. A comunidade floresceu, tendo instalado fábricas de seda, e de ferraduras destinadas aos muares-de-carga. Em 1887, conquista-se a independência de Cachoeiro do Itapemirim, e por decreto provincial, galga a condição de freguesia, com o seguinte topônimo: São Pedro de Alcântara do Itabapoana. A região vocacionada para a cafeicultura, possuía uma intensa vida social e cultural. Em 1929, assim era o censo da população na região sul do estado: São Pedro: 44.054 / Cachoeiro 36.541 / Vitória (capital) 28.828. De todos os ilustres são-pedrenses, se me permitem, destacaram-se: José Coelho dos Santos, médico, filho do escravo alforriado - Mestre Silvestre - que conquistou o 1º lugar nas provas da Academia Nacional de Medicina e recebeu o cobiçado premio Torres Homem. Deputado estadual por duas vezes, e na condição de Presidente da Assembléia, exerceu o cargo de governador. Esteve como médico-correspondente da Academia Francesa de Medicina. Outro ícone,foi Grinalson Medina, poeta e escritor que demonstrou inequívoca tenacidade, pois em comissão com outros são-pedrenses, dirigiu-se ao interventor na época. Essa comissão tentou reverter o golpe militar, quando da tomada de São Pedro em 02 de novembro de 1930. A invasão militar, estava amparada na deposição de Washington Luiz, por Vargas, através das armas nos dias finais de outubro de 1930, que se auto-proclamou ditador, e por 15 anos governou o Brasil. A partir desse evento, a sede transfere-se para Mimoso que na época se chamava João Pessoa, em homenagem ao candidato a vice-presidente na chapa derrotada de Getulio Vargas, e após treze anos, retornou com o topônimo original - Mimoso - acrescentando-se “Sul”, por estar localizada no extremo sul capixaba. E para finalizar, assim narrou Olympio José de Abreu: “ São Pedro foi nos alvores do séculos XIX/XX, uma das mais importantes cidades do Espírito Santo. Por iniciativa do poder público (leia-se ex-Prefeito Ronan Rangel) há 16 anos, consolidou-se um processo cultural, de transcendência nacional conhecido como “Festival de sanfona e viola”, que mantém rigorosamente a tradição do cancioneiro caipira emoldurado pelo bucolismo das alterosas são-pedrenses.

Referencias: “São Pedro do Itabapoana – Páginas de nossa terra – 1534 a 1931” de Grinalson Francisco Medina
Mimoso do Sul 1951 – Um município em revista – Diretores: Newton Braga e Ormando de Moraes

6 de julho de 2013

A casa da gente

A casa da gente.

Calma! Dizia ele ao chegar em Brasília vindo do Rio. E continuava: o corpo chegou, mas a alma, demora um pouco para se reincorporar... a velocidade do avião é supersônica. E sorria. Paciência, alertava êle. E com passos levemente trôpegos, se encaminhava a uma confortável cadeira giratória, e refastelava-se, cerrando os cílios, afirmando que estava em “alfa”. Após o processo da “reincorporação”, estaria apto a discutir a agenda. Êle Artur da Távola, jornalista, escritor e senador, também vaticinava que a casa da gente sente a nossa falta quando nos ausentamos. Pode parecer uma bobagem, mas ao contrário, isso ocorre. No meu retorno de pequenas viagens, fico a admirar a jabuticabeira , que é moradora do quintal do meu tugúrio, ou da minha modesta residência. No seu tempo, se enfeita elegantemente de colares de contas negras. Não tive a honraria de presenciar a sua primeira florada anual. A cadeira e a mesa de cerejeira, emudecida foi palco e testemunha de muitas conversas interessantes. E a confortável poltrona, presente de “mi hija”, é uma coadjuvante nas audições quase diárias de Bach e outros. A pequena biblioteca, onde se hospedam além das lembranças atávicas ( e de dentro da casa vejo a flor do hibisco, que adormece, para despertar com sol do amanhecer”), o computador, e as viagens de Swift através de Gulliver, sem falar das crônicas de Rubem Braga, ou do “Aleph” de Jorge L.Borges, ou o mapa do blues, de Bessie Smith, ou o som do sax de Lester Young,o trumpete de Wilton Marsallis e a big-band de Duke Ellington e tantos outros jazzistas. E na sequência o livro da história da Portela, ou do G.R.E.S. - Gremio Recreativo Escola de Samba da Portela, do legendário Paulo Benjamin de Oliveira – Paulo da Portela - e do sambista Monarco. A Portela nasceu na querida Madureira, a “meca” da zona norte no Rio de Janeiro. Vasculhar as estantes e encontrar sem querer(querendo), os versos intemporais do bardo Patativa do Assaré, ou do outro nordestino cultíssimo folclorista, etnólogo, historiador, antropólogo, ou tudo que ele queira ser, aqui ou Harvard, Oxford ou na Sorbonne – Câmara Cascudo – um dos ícones da terra brasilis, junto com o baiano Jorge Amado, merecedor do premio Nobel, como foram agraciados, o chileno Pablo Neruda e o guatemalteco Miguel Angel Asturias, e muitas outras constelações de poetas e escritores. E por fim, relembrado, a Flip - Feira Literária Internacional de Paraty, homenageia Graciliano Ramos, preso político na Ilha Grande, por ser filiado ao Partido Comunista, durante a vigência do Estado Novo. Na prisão escreveu "Memórias do Cárcere" narrando a sua infortunada experiência, o qual se transformou num dos livros mais lidos pelos brasileiros. Na casa gente, os objetos tem vida, e são os fantasmas materializados pelo imagético de cada um...