15 de agosto de 2010

Não é proibido sonhar ...

O que é isso, voto sul ? É algum vento do Polo Sul ? Perguntava,a pequena Julia, uma menina bonitinha que brincava de boneca,mas que também prestava mais ou menos atenção,na conversa entre o seu avô e dois amigos ! E pacientemente foi-lhe explicado,o que seria o voto e porque sul ! O voto é um direito de todo cidadão na plenitude de um estado democrático.De votar, e ser votado.O poder público deve garantir que o voto do cidadão deve ser livre,sem nenhum tipo de constrangimento ou insinuações ameaçadoras ou quaisquer outras manobras ilícitas ! O voto não é mercadoria.É crime,punido pela lei em vigor, a venda ou a compra do voto,quer pelo eleitor,quer pelo candidato.Isto posto,grande parte da humanidade conquistou através de revoluções e de lutas.o direito a liberdade de se votar de acordo com a consciência de cada eleitor ! Porém,algumas traquinagens inescrupulosas são produzidas por candidatos na busca desenfreada do voto...quer pelo estelionato eleitoral,ou seja, prometer aquilo que não poderá cumprir,iludindo os mais desavisados,quer pela situação,que coloca ao povo o drama da escolha,através de uma chantagem camuflada ! Como por exemplo os velhos e anacronicos chavões : se não votarem na proposta do candidato,você perderá esse ou aquele beneficio ! Percebam com acuidade,que no período que antecede as eleições,os candidatos aparecem de todos os lados ! Batem cabeças,uns contra os outros,numa paranóica ansiedade,na busca do voto,na maioria das vezes oferecendo alguma vantagem.Os mais espertos,chegam antes,articulados e oferecem ambulâncias,secadores de cabelo e de café ! E são acompanhados de pompa e circunstancia pelos improvisados cônsules locais,como se fossem autenticos comissários do povo ! Há pouco a altiva Mimoso do Sul,esse pacato condado,foi invadido por helicópteros,produzindo decibéis acima do permitido,chamando atenção dos populares e desrespeitando a única e tradicional sesta dominical ! Esses pássaros de aço, só nos visitam em duas ocasiões : na estação da caça aos votos e quando o condado é inundado por fortes chuvas torrenciais,causando as já conhecidas, e tristes enchentes !

Passado o período da caça aos votos,os cavalheiros-candidatos,tanto os vencedores quanto os perdedores,quase na sua maioria desaparecem do cenário.Àqueles que se habilitaram só serão reencontrados numa próxima eleição,os demais tem o destino ignorado pela população.Os eleitos,estão ungidos de algumas prerrogativas constitucionais,dentre elas,votar o orçamento do estado,propondo verbas públicas para os municípios.Para esse condado,há muito nada para aqui vem ! A região,na qual estamos circunscritos,registra um baixo Índice de Desenvolvimento Humano,que mensura a educação e a saúde.Fazem necessário projetos que gerem emprego e renda para toda essa sofrida região do extremo-sul capixaba.No mais, é conversa fiada !

Há mais de dez anos alguns projetos sobre a reforma política se encontram engavetados na capital federal,nas esferas dos poderes executivo e legislativo.Dentre tantos,destaque para o voto distrital,que vem de encontro a pregação do voto-sul.Por exemplo : no voto distrital misto,o candidato terá a sua eleição garantida se apurar que oitenta por cento dos seus votos devem ser originalmente do seu domicilio eleitoral e os vinte por cento restantes poderão vir de outros municípios do estado.Se aprovada essa proposta na reforma política,o sul do estado poderá ter um ou dois distritos. E os forasteiros dos votos, se ausentarão,pois terão que concentrar suas campanhas nos seus respectivos distritos.Não é proibido sonhar !

Sempre mais,

Gilberto Braga Machado

Dominguinhos e sua arte !

Lá no Pernambuco, Dominguinhos, gostava de degustar tatu-péba. Assim ele confidenciou ao seu interlocutor e anfitrião Beto Ginaid, quando da sua reapresentação no Festival de Sanfona e Viola de São Pedro do Itabapoana, do qual é um grande admirador !
Um dos ascendentes do Beto Ginaid, é  o comerciante sirio-libanes, cujo o nome  completo era Chibre Ginaid, que se estabeleceu no século passado na bucólica São Pedro e por lá ficou. Esses imigrantes possuíam uma invejável têmpera, pois assumir outra língua ,costumes e valores tão diferentes, é uma tarefa hercúlea. Deve existir um pacto secreto em esquecer parcialmente o passado. Senão fica muito difícil construir uma nova história de vida, se o passado estiver presente. É uma tremenda renúncia.
Beto Ginaid, curioso em saber mais de Dominguinhos, perguntou-lhe se tinha provado um refogado de tatu-galinha.  Ele afirmou que tatu-galinha era muito raro no sertão pernambucano.
Dominguin, se chama José Domingos de Moraes, e nunca se separou da sua sanfona e nem da sua mulher.Seu pai Chicão Moraes, era também sanfoneiro. Certa vez Luiz Gonzaga – o rei do baião – visitava a terra natal da família. Seu pai não perdeu tempo, e foi ao encontro do Rei do Baião, e  tocou sua sanfona,  acompanhado de Dominguinhos no pandeiro e seu irmão na zabumba. Luiz Gonzaga gostou do que ouviu naquele improvisado regional. Muitos anos se passaram, quando Chicão Moraes, viajou onze dias num pau-de-arara, à procura de Luiz Gonzaga numa cidade da baixada fluminense, onde se localiza o Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.
O rei do Baião o recebeu com pompa e circunstancia. Através de Luiz Gonzaga, travou conhecimento com outros músicos como Altamiro Carrilho, Dinho, Meira e muitos outros. A sanfona, prima da acordeon, começaram a sair de moda, sendo substituidas pelo piano e teclado. Dominguinhos permaneceu fiel a sua sanfona da marca, Scandall Super 6 .  Em 1972, ele estava caminhando pelas ruas da poderosa metrópole de São Paulo, meio desanimado, quando a força do destino, igual as quatro notas iniciais da quinta sinfonia de Beeethoven, bateu à sua porta. Surgiu repentinamente, como desembarcado de uma nave espacial, o então famoso empresário dos grandes intérpretes da música brasileira – Guilherme Araújo – que na efervescente avenida São João, gritou pelo seu nome. E de chofre o convidou para participar da feira internacional de música Midem em Cannes, na França. Passou quinze dias encantando os franceses com a sua sanfona, triângulo e zabumba. Com o passar dos anos, ele começou a sentir pavor de avião e há vinte anos não embarca numa aeronave.
- Eu só quero um xodó – é uma das músicas de maior sucesso, de parceria com Anastácia, e outras ,tais como : Isso aqui tá bom demais, De volta para o aconchego, ambas de parceria com Nando Cordel,  e  Asa Branca - hino nordestino - de autoria de  Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
Dominguinhos é uma figura humana impar, carregado de emoções, contagia a todos que com ele convive mais amiúde. A gratidão, virtude meio rara, todavia em José Domingos Moraes,o agradecimento àqueles que o ajudaram, ele jamais esqueceu. Destaque para Luis Gonzaga e Guilherme Araújo, que abriram as primeiras portas para esse artista, ícone da brasilidade musical. A harmonia nos seus acordes, sua original técnica de tocar seu instrumento, revela um swing, que só existe nele. É sábio, porque é simples !
É uma lástima que o entendimento do poder público brasileiro não cultua a arte popular,  como um dos seus mais importantes símbolos, de conteúdo, que povoa o  imaginário do povo brasileiro. Dominguinhos, Luis Gonzaga, Chiquinha Gonzaga, Donga, Ari Barroso, Ataulfo Alves, Paulo da Portela, Pixinguinha, Jacó
 do Bandolin, Cartola, Nelson Cavaquinho, Moacir Santos, Tom Jobim e Heitor Villa Lobos, e tantas outros, são  fotografias,  de uma mesma galeria de arte.