2 de novembro de 2010

As estórias de André Porto - A viagem do Gama ...

Gama,foi com certeza um cidadão cosmopolita.Após longos anos,morando próximo a casa do legendário, sambista carioca, Ciro Monteiro,na rua Tavares Bastos,no Catete,Rio de Janeiro,resolveu retornar ao torrão natal. Era um refinado apreciador dos traçados.As vezes experimentava outras bebidas,aquelas exposta nas torneadas e bonitas prateleiras,muito comum nos bares de antigamente.O bar da sua preferencia, era o famoso Bar Vitória.No seu interior, possuia mesas importadas e aprumadas de sinuca.Rolaram partidas inesquecíveis ! Abramo Nazario,foi o seu último dono,depois,vendido teve a sua arquitetura frontal, estuprada,desfigurada pelos novos-ricos de meia-tijela,seus sucessores ! Abramo Nazário,do alto dos seus oitentinhas,goza de boa saúde e memória implacável.Conta causos instigantes ! Foi barman,pelas circunstancias.Ele é um sábio do meio-ambiente.Um intrépito capitão-do-mato.Uma réplica do Dersu Uzala,inspirado pelo diretor Akira Kurosawa ! Ele conhece as entranhas das florestas - seus habitantes e mistérios - como ninguém !
Retornando ao Gama,seu amigo e fregues. Gama era um gentleman,de sorriso ancho e olhar entristecido .Trabalhava na profissão de pedreiro,construia moradias e não tinha sequer um tugúrio próprio.Na camaradagem, conseguiu ter uma longa conta corrente nesse ponto, de secos e molhados.Frequentemente pedia que espetasse a sua despesa !
Certa noite, cabisbaixo, informou ao proprietário do bar ,que tinha resolvido ir embora para a cidade-gemea de mimosa,salve Mimoso do
Sul ! Que todos sabem,se tratar da terra de Tom Jobim - Rio de Janeiro ! E arrematou prometendo-lhe , que ao receber os primeiros salários,acertaria a sua dívida de acepipes,tabacos e aguardentes ! Num gesto de solidariedade, assim falou Abramo Nazário : rasgo a sua conta e nada mais me deve a casa ! Aproveito para lhe desejar uma boa viagem e muito sucesso no Rio de Janeiro ! Passaram-se dois dias ,e ele retornou. Ao vê-lo, ficou estupefato,e atônito perguntou-lhe : Gama,você não foi para o Rio ?!? O que aconteceu ?!? E com tranqüilidade, assim respondeu : Pois é,né ! Pensei muito, e cheguei a conclusão,que o meu lugar é aqui ! Já que nada mais devo ao Bar Vitória : por favor,me dá uma cachaça e um maço de cigarros,prá começar uma nova conta !

Adaptação : Gilberto Machado

As estórias de André Porto - Celino e a corrida de bicicletas ...

No mês de junho,mês que antecede a festa magna dessa cidade,há tempos passados uma das atrações dessa quermesse era a esperada corrida de bicicletas ! Celino sonhava ser coroado como campeão dessa disputa ciclística ! Os treinos eram noturnos,e a cidade possuía uma iluminação precária,ao contrário de Las Vegas,que já era iluminada com luz-neon e cheia de cassinos ! Isso dificultava o treinamento dos concorrentes.Celino persistente se preparava noturnamente,pois durante o dia trabalhava na Sapataria do Seu Machado.Celino caiu por duas vezes no mesmo buraco,furando os pneus do seu “camelo” ,por ausência de iluminação.Para resolver o problema,ocorreu-lhe uma pragmática,porém ingênua idéia.Celino conseguiu uma lanterna e a colocou acesa,como sinalizador, às margens do buraco causador dos acidentes.Eis que um ciclista à frente,vendo a lanterna abandonada e acesa,a levou consigo.E de repente Celino desponta, em rápidas pedaladas, e sem a improvisada sinalização luminosa,lamentavelmente,caiu pela terceira vez ! Sempre mais,

Adaptação : Gilberto Machado