15 de abril de 2018

Teresa Fênix 46a. parte ( Omi nibu,Omi jéjé)

"Promessa é dívida" assim reza a crendice  por essas terras dos irmãos tupis, tamoios, avá-canoeiros, crenaques, tuxás, tremembés  e tantos outros irmãos(negado pelas elites; onde são mais de 150 línguas faladas dos troncos das famílias tupi-guarani, macro-jê, caribe,aruaque e arauá, tucano, ianomâni, macu e outros *);   que Teresa Fênix numa certa  sexta-feira, lua cheia e 7 de agosto, se preparou para ir ao Terreiro do Caboclo Rompe Mato. Toda de branco,  exceção para a  calcinha vermelha em homenagem a Pomba Gira, onde guardou rente a perseguida o papel escrito com o nome completo do Comandante grego, longos brincos de cigana, cabelos presos, cordão de ouro com a efígie de São Jorge de Capadócia e  bebeu bons goles de uca curtida na carqueja. Na hora de sair, inesperadamente surgiu a vizinha e perguntou onde ela iria toda emperequetada. A pergunta foi  de sacanagem, pois sabia ser o conjunto da  indumentária pertencer ao ritual das religiões de matrizes africanas, pois era calejada filha de santo, vinda dos terreiros onde ecoavam os sonoros atabaques da Bahia de Todos os Santos. Teresa Fênix pediu-lhe para adiantar o assunto, por estar atrasada para a gira do Candomblé. A visita inesperada falou ter consultado os Orixás, sobre o Grego, e  mais de uma entidade garantiu, ter ele a proteção pela frente de Ogum e na retaguarda Obaluaiê; ele tem o corpo fechado(no Benin, e confirmado na terra do Obá Jorge Amado) e qualquer despacho para atingí-lo  poderá retornar em dobro para o autor(a). Teresa Fênix ficou "bolada". Sentou-se  numa cadeira e desancou a chorar.  Choro alto e convulsivo, parecendo ter incorporado algum espírito.E depois entoou os Orin(cânticos em Yorubá, do candomblé), assim: Omi nibu, Omi jéjé ( mãe das águas profundas, mãe das águas calmas **). 

* Indios do Brasil/Julio Cezar Mellati (edusp) 
** Órun Àiyé/ José Beniste ( Ed.Bertrand Brasil)