4 de março de 2010

Dona Quituta

O dia e a noite, e ambos os crepúsculos, neblinas, névoas,  girassóis, e sóis causticantes, plenilunio, e as transmutações, chuvas, há muito esperadas, rios e córregos cheios, terra possuida e fecunda,  flores e frutos, cânticos dos passarins - longelíneas siriemas -  numa corrida desesperada, e o tempo urge, é urgente - ledo engano -  o tempo não tem pressa...a sua urgencia é alimentada, magicamente...o tempo  devora, e nunca é devorado, é uma esfinge.   Todos os textos,  e muito mais, no andar de cima,  não tem agenda   para receber, o autor.   O mistério da fé, dito e reeditado todos os dias, e em todos os cantos  e cantões dos continentes, e em inúmeras linguas e dialetos - desde o nagô de Agostinho Neto, até  ao ingles de Shakespeare, passando pelo russo de Tolstoi, e pelo  mandarin de Chu- en-Lai - nos países mais (des)conhecidos, e nos lugares mais excêntricos e luminosos, a pregarem a verdade estúpida, por ser absoluta. A geena é aqui. O tempo que existe e inexiste, é assim mesmo, dual, paradoxal...invenção humana, para melhor organizar o pensamento, ou não. Antes de Cristo, na Grécia o tempo já se chamou "kronos", e dentro desse contexto surge o deus-kairos, dessa mesma origem, - o deus do momento oportuno -  simbolizado na forma de um belo jovem, para mostrar que tudo que é oportuno, é belo e florescente - isto é, a beleza e a oportunidade estão relacionados, e geminadas entre si. E no Renascimento, após a Idade Média, popularizou-se, e assim foi cunhada em latim, essa frase : veritas filia temporis - que ao pé da letra quer dizer : " a verdade é filha do tempo ", em resumo a verdade em algum momento aparecerá na flor da água e todos poderão vê-la. Então o tempo, carrega um rosário  de interpretações...e todas são reais para quem nelas acreditam.  Numa economia doméstica, tem espaço no tempo para  tudo, desde o mergulho nas águas cristalinas da Pedrinha, onde o rei Roberto Carlos a frequentou, até saber ter sido essa terra desbravada pelo Capitão-mór - Pedro Ferreira da Silva,  - pai de Antão Ferreira, que também é pai de Maria Josefina de Rezende, mais conhecida como Dona Quituta,  bisavó do poeta,  Bebeto Leite.