23 de junho de 2010

Saramago

O avô de José Saramago era analfabeto, seu pai também, e José Saramago, é o único premio Nobel de literatura em língua portuguesa do mundo lusófano. A língua portuguesa é uma das últimas filhas do latim, que segundo o jornalista, e grande poeta brasileiro - Olavo Bilac – e que também,  membro fundador da  vetusta Academia Brasileira de Letras, no seu poema “ Língua Portuguesa”, assim versejou : A última flor do Lacio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura, amo-te, assim desconhecida e obscura !
Lacio era um povoado carente, pantanoso, as margens do rio Tibre, em Portugal.Seus habitantes eram humildes pastores.O latim é um idioma românico, ou romano, base da origem da língua portuguesa, que se fala no campo, no campesinato, e foi popularizando-se, melhor do que vulgarizando-se. Nascendo nesse contexto a lingua, com a qual nos comunicamos.  Na época da colonização do Brasil, os jesuítas deram início a uma rica amálgama, uma inserção de palavras do tupi-guarani, com o idioma do colonizador, a qual facilitava o contato entre todos.Tal, não foi à frente ,e o "sábio" rei de Portugal, decretou o fim dessa interessante tentativa lingüística.  No continente sul americano, todos os Prêmios Nobel em literatura pertencem, a saber : Argentina – o escritor Jorge Luis Borges, no Chile, a poetisa Gabriela Mistral e Pablo Neruda. E na America Central - Gabriel Angel Astúrias -  da Guatemala e na América do Norte – hispânica e pobre - o escritor mexicano - Otavio Paz. José Saramago, é um herói no contexto cultural, pois inovou a literatura, conquistando o respeito da "intelligentsia" internacional. A sua obra, mesmo carregada de temas polêmicos, tinha como premissa, a sinceridade pela qual defendia os seus pontos de vista. A sua postura junto aos seus adversários, em especial a conservadora Igreja Católica portuguesa, sempre manteve a porta aberta do diálogo. Criticou o governo cubano,quando condenou alguns dissidentes. Disse certa vez : Fidel escolheu o caminho dele e eu fui por outro caminho “ . José Saramago,no ato da cerimônia em 1998, quando do Premio Nobel na Suécia , criticando a pompa do evento, soltou,no seu discurso, essa peróla :“ O homem mais sábio da minha vida, não sabia ler, nem escrever “ Não acredito que José Saramago tivesse sido um literal agnósico. Ele era dono do seu nariz, e se fez por si mesmo. O fato de não concordar com todas as interpretações bíblicas e não-bíblicas da Igreja Católica, colocará sempre o individuo em escanteio.  A instituição mantém a coerção do dogma, e o tempo estagnou-se. Curiosamente, nas sete últimas palavras de Jesus Cristo na cruz, de acordo  com a biblia, numa obra smusical e sacra do compositor barroco – Joseph Haydn – o escritor José Saramago, gravou a sua fala, comentando as frases derradeiras de Cristo, antes de subir aos céus. Se pressente sem dificuldades, a profundidade do sentimento do orador.