25 de fevereiro de 2008

Futebol, holandeses e Mimoso do Sul.


A primeira vez que a cidade  viu homens batendo-bola, foi na época da primeira guerra mundial, entre  1914-1918. Aos  sábado, através da maria-fumaça, conhecido como - noturno -  trem-de-ferro da Leopoldina Railway, chegavam do Rio de Janeiro uns holandeses que costumavam ir a São José das Torres, distrito localizado as margens da BR 101. Eles vinham colher as  trufas, um tipo de cogumelo comestível,  especialmente apreciado na Europa. Hospedavam-se no Hotel de Deoclecio Paiva,  e enguanto esperavam a condução, naquele tempo através de semoventes, ficavam batendo bola na rua, para a grande curiosidade do povo,  que se juntava em torno deles. A petizada  se divertia muito com os gringos, e sua inseparável bola.  O o testemunho foi do  - Augusto Monteiro de Castro -  que na ocasião, era um dos meninos ávidos para tocar  a bola. Quando os holandeses foram embora, plantaram  a semente, e em seguida surgiu a idéia da fundação de um clube de futebol.  Daí  nasceu  o Mimosense Futebol Clube, por volta de 1918 e 1920. Um dos incentivadores,  foi o   médico Esperidião de Góis Lima. O Mimosense   teve vida longa e  atuação marcante nos campos do sul do Estado. O escrete conquistou  muitas vitórias de expressão, dentre elas,  merece destaque  o resultado de 8 X 2 sobre o Cachoeiro. Seu gramado ficava próximo do atual Sport Clube Ypiranga,  e os seus melhores jogadores foram : HELCIO PAIVA ( foi da Seleção Brasileira e do C.R.Flamengo)  JOÃO NASSUR, IBRAHIM ACHA, KALIL, DEDÉ, MICHEL CHEIBUB, GAMBÁ E OUTROS.

Matéria baseada no  periódico  - Um Municipio em Revista - de Cachoeiro do Itapemirim - página 38. Direção de Newton Braga (irmão do cronista Rubem Braga) e Ormando de Moraes - 1951.

18 de fevereiro de 2008

ZOILA ABREU

Cheguei ao Rio de Janeiro dia 09 de Janeiro de 1969 - unforgettable day - pois deixava o meu pequeno condado. A modesta cidade vivia sob a égide economica da monocultura cafeeira, e o governo militar, do alto da sua duvidosa sabedoria, determinou a erradicação dos cafezais.Isto posto, dá-se o êxodo rural, que colabora sobremaneira com o inchaço das  grandes cidades. Eis a  diáspora da minha vida, em direção a terra da bossa-nova. Deixei o Mimoso do Sul, carregando uma  mala cheia de esperança,  com a certeza inicial  de estar indo pela dor, e não pelo amor. Esse binomio com tempo foi mudando o seu eixo. E as circunstancias da vida me levaram a trabalhar com o escritor e ex-senador Artur da Távola, cujo o nome de batismo era Paulo Alberto Moretzohn Monteiro de Barros, e foram vinte, e velozes  anos.  Ele está no implacável arquivo da minha memória. E essa convivencia transformou-se  em uma amizade, a qual durou até ele  viajar ao zênite, em  de 2008. Em várias tertúlias   era  instado a dizer de onde eu era. Pois  o meu sotaque causava curiosidade, pois não era nem mineiro e nem nordestino.  Até hoje, possuo   um linguajar meio  híbrido, diferente das sonorizações fonéticas acostumadas aos ouvidos dos cariocas.  Ao dar-lhe  conhecimento da modesta origem, ele perguntou-me se conhecia Zoila Abreu .  Fiquei intrigado, pois um escritor de renome nacional, profundo conhecedor de música erudita e deputado em duas Constituintes, a saber : Constituinte do Estado da Guanabara em 1961 e a Constituinte  de 1988. Curiosa coincidencia, pensei. Além do mais, citando o nome de uma família bastante conhecida, da qual sou admirador. E assim narrou-me Paulo Alberto: " Com o golpe militar em 1964, fui exilado inicialmente na Bolivia, depois fui para o Chile", e lá na terra do premio Nobel de literatura -  Pablo Neruda - cheguei a ser diretor da TV estatal chilena. O exílio deixou marcas traumáticas naqueles que são suas vítimas". Declarou, o meu interlocutor.  Estava ávido para saber onde entrava a familia Abreu, nessa conversa tão intrigante. Prosseguiu dizendo "que  ao chegar no Chile, os brasileiros exilados foram se aproximando, fazendo reuniões, e discutíamos, para sabermos o nosso destino nesse país tão acolhedor". E não pára o seu discurso, e continuou com a sua voz suave e pausada: "observava nas reuniões a postura de Zoila Abreu, sempre muito lúcida  nas suas análises,   vaticinou que os militares, ficariam por muito tempo no poder Zoila estava certa, pois os militares permaneceram longos anos no poder". Ela foi exilada no Chile juntamente com o seu filho Ib Teixeira, ex-Deputado no Rio de Janeiro, e ferrenho adversário do então governador do Rio de Janeiro , Carlos Frederico Werneck de Lacerda. A militante política de esquerda - Zoila Abreu - de ascendencia das alterosas são pedrenses, foi homenageada, por iniciativa da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, e o seu nome consta numa rua na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

12 de fevereiro de 2008

PUXAVANTE

MAIS UMA HISTÓRIA !

Tenho que pedir licença para o meu amigo Hilton Abi-Rihan(ele contaria melhor !), para narrar mais essa,dessa vez focando esse personagem que fez parte da vida de muito de nós , nascidos, criados ou que lá viveram...
PUXAVANTE,era uma pessoa que desistiu aparentemente de viver formalmente, e dormia na Estação da Leopoldina,e era alimentado por todos,porém em especial pela matriarca libanesa Nasle Acha e sua filha Adélia,coadjuvada pela Leocádia alta e elegante, parecia uma rainha etíope no exílio !
Na casa de Nasle Acha,PUXAVANTE era tratado como um amigo carente.
Vez por outra ,ou quase sempre,bebia as suas cachaças !
E a molecada zombava muito dele !
Ele corria atrás da gente carregando sempre um porrete !
Lembro-me quando minha mãe dizia : meu filho,senão obedecer vou chamar o PUXAVANTE !!! Quando a falta era mais grave a entidade a ser chamada era medonha : SABUGO TEMPERANI !!!
PUXAVANTE era religioso,frequentava a gruta de N.S . de Lourdes da Igreja Matriz,acordava cedo e vivia a procurar algo de valor (para beber uma !) pelas ruas da cidade.
Certo dia,alguém presenciou,PUXAVANTE andando e falando sozinho,prometendo a si mesmo :
-Se eu encontrar uma moeda darei para N.S.de Lourdes !
Caminhando,e cutucando com o seu inseparável porrete na busca de uma moeda !
Eis que,por sorte avistou uma moeda !
Colocou-a no bolsa da calça ensebada e disse :
-A gente não pode nem brincar !!!
(que daria a moeda para NS de Loudes !)

Gilberto Braga Machado