29 de outubro de 2009

Darcy Francisco Pires -terceira parte

O Prefeito Darci Francisco Pires, após 8 meses estabelecido no Rio de Janeiro, inaptado retornou as suas origens; e por aqui permaneceu para sempre. Possuia uma relação de amor a sua urbe, onde seus filhos se desenvolveram. Um pai cioso, e
não descuidava da educação deles, e ensinou-lhes os conceitos basilares que norteiam a cidadania. Começou sua vida profissional como "schumacher." Conquistou os mandatos de vereador nos seguintes períodos: 1949 a 1951,1951 a 1954 e 1955 a 1958, também foi candidato à Deputado Estadual,numa situação adversa com a repentina morte do alfaite e Deputado Evaldo Ribeiro de Castro. Durante a sua gestão, no setor saúde, se cercou de um homem de escol inigualável, e um médico-sanitarista de altíssimo gabarito. Estou a falar de Lincoln Galveas Martins, de quem se tornou amigo, até nos seus últimos momentos de vida. Durante a sua profícua e dinâmica gestão, construiu obras que não aparecem; todavia, de profundo alcance social, como por exemplo: 2 km de esgoto sanitário. Deu o "start", ou seja o início aos serviços de captação de águas em S.José das Torres e na sede. A Escola Prefeito Pedro José Vieira, foi construida durante a sua gestão. O pavilhão de artes industriais - anexo ao Grupo Escolar Monteiro da Silva - calçamento de 1600 m2 em Ponte do Itabapoana, 11000 m2 no perímetro urbano, edificou a ponte do Alto São Sebastião, e deixou nove escolas, um grupo escolar em Conceição do Muqui. Ampliou o Colegio Estadual Mons. Elias Tomasi, tendo adquirido moto-niveladoras, patrois. Substituiu todos os postes de madeira, por alvenaria. Adquiriu veículos, unidade volante odontológica para a zona rural, reformou a Prefeitura e abrigou, a junta do serviço militar,a imprensa oficial,almoxarifado.Como gestor municipal, arrebanhou o inesquecível premio para esse condado, de" Municipio Modelo"
Todas essas obras foram realizados num único período de quatro anos. Um clono de Carlos Frederico Werneck de Lacerda. Com meia dúzia de bons auxiliares e vontade política. Carregava têmpera e coragem. Com todos esses atributos de homem público, o seu legado ao povo é facilmente comprovado. O alcaíde não conseguiu a sua reeleição, pois lhe falhou o apoio no segmento "republicano". Não percebeu em algumas lideranças, posturas dígnas do Brasil-República, o modus-operandi era remanescentes do coronelismo, que dirigiu o país de 1889 até a chegada de Vargas em 1930, e continuaram a resistir.
Após a sua heroica epopéia nas lides políticas, por ter respirado a cultura da sua terra natal - São Pedro do Itabapona - se dedicou a Sétima Arte, o cinema. Foi diretor do Cine Teatro São José por alguns bons anos.Eis um atemporal paradígma para as futuras gerações. No dia seis de maio de 1977 - mes de Maria - Darci Francisco Pires é conduzido a uma constelação estelar, e inexoravelmente, onde quer que ele esteja, estará bem.

26 de outubro de 2009

Patativa do Assaré, 100 anos

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A cultura é também um conjunto de realidades regionais,por isso é plural,e por assim ser,eis que,certa vez o escritor russo Leon Tolstoi afirmou : ... " se queres ser universal,comece por pintar a sua própria aldeia... " . Tal qual, aconteceu ao brasileiro,o cearense Antonio Gonçalves da Silva,conhecido como - Patativa do Assaré - nascido na lua crescente no dia 05 de março de 1909, sob o sígno de Peixes, a 18 km da Serra de Santana,exatamente na Vila de Assaré,que etimologicamente significa " atalho " em tupi-guarani,é o local exato de onde Patativa veio ao mundo ! Hoje Assaré é formalmente um município no Estado do Ceará. O poeta,definiu patativa dessa forma: " uma pequena ave, que por cima ela é azul,assim de frente ela é branca e o bico bem pequeno e grossinho...o seu cantar seria marcado pela versatilidade : quando ela está cantando,assim numa arvorezinha bem copada,você escuta e pensa que ali dentro daquela moita tem vários passarinhos cantando,pois,de uma vez só,ela imita muitos passarinhos pequenos " .
Patativa involuntariamente se tornou o personagem de Leon Tolstoi,pois transcendeu as imensas dificuldades da adversidade do seu habitat,uma seca cronica e avassaladora,obrigando o povo nordestino a praticar a diáspora,igual a fuga dos judeus por perseguição político-religiosa.
Para os nordestinos,era o êxodo rural de multidões,que se deslocavam rumo a ilusão do "sul-maravilha",fugindo do sol causticante, e a miséria como trágica consequência.Essa é a dramarturgia do Nordeste!
Versejou,prosou para todo o Brasil,narrou os sofrimentos atrozes nos seus eternos poemas ! Aos quatro anos perdeu um olho e aos oitos anos,o pai.
Aos dezesseis anos vendeu uma ovelha e comprou uma viola !
Em 1936,casou-se com Dona Belinha e teve nove filhos,e somente sete estão vivos,a saber,pela ordem :
Geraldo,Afonso,João,Pedro, Miram,Ines e Lucia !
Patativa visitava a cidade do Crato,considerada na região como uma "mega-cidade",onde funcionava a Rádio Araripe,onde declamava as suas poesias, e dessa maneira,foi se tornando conhecido. Em 1956,foi descoberto pelo funcionário do Banco do Brasil - o filólogo José Arraes de Alencar - que encantado com a sua obra literária,providenciou o lançamento do seu primeiro livro: " Inspiração Nordestina ".
Em 1964,ano do golpe militar,o cantor Luiz Gonzaga,reconhecido como o Rei do Baião,gravou, música e letra de autoria de Patativa,a célebre canção conhecida como a " A triste partida " .É um canto dolente,é retrato da a saga desse povo irmão,é uma exegese da sociologia desse segmento dramático,marginal e despossuido.É uma poesia épica,cujo o protagonista principal são os seus habitantes !
Em 1964,Patativa estava afiado,já se posicionava ideologicamente pela chamada esquerda,sua coerencia o inspirou em fazer esses versos para Castelo Branco,cearense e primeiro general-Presidente : " Com atenção eu apelo/para o supremo juiz/por causa de um só Castelo/nunca mais castelos fiz/ e concluia: Me prometeu um tesouro/todo lindo,todo franco/e em vez de um castelo de ouro/me deu um castelo branco !
E continua Patativa na sua lide política,escreveu para o jornal da UNE - União Nacional dos Estudantes,receioso,usou o pseudônimo de Alberto Mororó.
Compôs versos para o então lider comunista Luis Carlos Prestes : Se um dia Prestes alcançá vitóra/A minha istóra lhe contá eu vô/E peço a ele prá me dá meu sitio/Qui o Beneditu do meu pai tomô !
Em 1979,foi reeditado o livro " A inspiração Nordestina " e o seu primeiro disco de "Poemas e canções ",nesse mesmo ano,Patativa é homenageado pela vetusta instituição,seleiro de cientistas a SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciencia,com sede na capital paulista.
Em 1980,Raymundo Fagner musicou o seu poema: " Vaca Estrela e Boi Fubá " ,mais à frente,a mesma música foi gravada pela dupla,um dos melhores duos sertanejos: Pena Branca e Xavantinho.Fagner fez-lhe um carinho fraterno ao compor a música : " Passarim de Assaré ",em prosseguimento a sua trajetória,em 1981,lançou seu primeiro disco : Poemas e Canções,quase que simultaneamente,editou outro disco :" A Terra é Naturá ",que conquistou uma resenha assinada pelo expert em Música Popular Brasileira - José Ramos Tinhorão do Jornal do Brasil do Rio de Janeiro,que assim escreveu : " a emoção é o melhor aplauso que se pode oferecer a esse grande poeta do povo,que é o cearense Patativa do Assaré ".
O Brasil que emergia de uma longa noite de escuridão,a mordaça à censura,a liberdade de expressão,o povo então,começava a respirar democracia e encontrava em Patativa do Assaré,aos setenta anos,reconhecido intelectual que o teórico marxista Antonio Gramsci,chamaria de "orgânico",não fôra o complicador de ser camponês,quando essa classificação seria voltada para a classe operária.Patativa criou a sua própria morfologia na sua poética,garimpava,observava,lia com atenção os almanaques,que eram verdadeiros cadernos culturais,pequeninas enciclopédias,poto que,na região carente de quase tudo carecia.
O somatório de informações, gerou uma poética de boa qualidade,o resultado é uma rica amálgama,uma liga que gerou instigantes interpretações nos setores da semiótica,da simbologia,filosofia e dos ensinamentos etc e tal.
Por isso a expressão "orgânico" ; pois entende-se que a conquista da sua sabedoria não foi elaborada nos bancos do aprendizado formal,a sua gênese está contida no seu peculiar,intenso e longo contato popular,intuitivo e perspicaz,ele criou a sua particular antropologia,uma fluencia perfeita na comunicação entre os seus interlocutores do campesinato e também da zona urbana.Patativa é isso e muito mais.O famoso conto de origem árabe,Aladim e a Lâmpada Maravilhosa,foi adaptado,na sua linguagem acessível aos nordestinos . Ora pois,a elasticidade literária do escritor-poeta não é uma conjunção hermética, não apologiza a miséria,é a realidade da dura chã que radiografou e transformou em doces versos,alguns suavemente acidulantes,mas sempre recheados de muito humor ! Até os protestos por conta da militarização do sistema,não estão carregados de ódio.O conto acima citado de origem abássida,omíada ou bérbere,daí uma das origens do povo maometano,se encerra com um "happy end".Aladim casa com a princeza filha do Sultão, e o seu reinado dura anos e mais anos...
Antonio Gonçalves da Silva,o nosso Patativa do Assaré,nos deixa no dia 08 de julho de 2002,na lua minguante, a se iniciar às 14.21 horas, para conduzí-lo ao Zênite,e esplendorosamente,assim declamou :

Prá gente aqui ser poeta,
E fazê rima compreta,
Não precisa professô.
Basta vê,no mes de maio,
Um poema em cada gaio
E um verso em cada fulô !

Por: Gilberto Braga Machado

Bibliografia:

Patativa do Assaré
Autor:Gilmar de Carvalho
Edições Demócrito Rocha
Fortaleza CE

Dicionário do Nordeste
Autor:Fred Navarro
Editora: Estação Liberdade
São Paulo-SP

Antologia do Folclore Brasileiro vols.I e II
Autor: Luis CÂMARA CASCUDO
Editora: Global Editora
São Paulo-SP

Patativa do Assaré-Antologia Poética
Edições Dempocrito Rocha
Autor:Gilmer de Carvalho
Fortaleza-CE

25 de outubro de 2009

Darci Francisco Pires - Segunda Parte

Se faz mister, saber um pouco da origem de Darcy Francisco Pires, que como todo brasileiro contém uma mescla de povo lusitano miscigenado com mestiçagem, fruto dos nossos ancestrais - o indio e o negro. Nascido em São Pedro do Itabapoana, no dia 25 de dezembro de 1912, veio ao mundo na mesma data, em que o mundo convencionou a comemorar o nascimento do Messias. Desde tenra idade,  já trabalhava  no armazém de secos e molhados do imigrante ítaliano - Giuseppe Caroli - e por lá permaneceu até aos 14 anos,  quando se aventurou a ser um artesão do calçado, e entrou para equipe de oficiais do médio-empresário, Themístocles Silveira. Após 5anos, o mestre Themístocles mudou-se para o  Rio de Janeiro, e Darci Francisco Pires transferiu-se  de São Pedro para Mimoso do Sul.  Fundou uma pequena  fábrica de sapatos,  com uma eficiente equipe de profissionais do ramo. O seu empreendimento caminhava regularmente, quando em certa manhã, na mesa do café, ouvindo o cântico de uma pontual sabiá laranjeira, falou a sua esposa Dona Aracy Marques Pires, que era uma aficcionada pelos clássicos da literatura, e contou-lhe o seguinte sonho: Um velho amigo chamado Machado, que mais tarde tornaria seu compadre, vaticinou que, devo ir para o Rio de Janeiro e lá chegando, montar uma sapataria.  Dito e feito : Darcy arrumou "armas e bagagens"  e rumou para a então capital federal Rio de Janeiro. Foi  morar no simpático bairro do Meier, na Zona Norte, na rua Maranhão número 49. Sua sapataria foi estabelecida no bairro da Engenho Novo, onde está situado o Engenhão, estádio de futebol, que o glorioso Botafogo, de Garrinha e Heleno de Freitas, foi o grande beneficiado pela sua construção.

23 de outubro de 2009

Darci Francisco Pires - Primeira Parte

Biografar é uma tarefa hercúlea e de altíssima complexidade, pois corre-se o risco, quer do memorial disponível, quer de fatos ainda não esclarecido na sua plenitude, a bem da verdade o fato histórico, mormente a sua interpretação mais próxima da realidade, tarda anos e até séculos. Eis que a igreja católica - santa e pecadora- recentemente reconheceu seu erro; e retirou as acusações de heresia ao astrônomo e físico Galileo Galilei, que há trezentos sessenta anos passados, afirmou que verdadeiramente a terra girava em torno do sol.
Finalizando parcialmente as digressões, a intenção maior é narrar de forma modesta, a trajetória de - Darcy Francisco Pires - de origem simples, e de muita sabedoria, pois enquanto sapateiro, moveu o mundo ao seu redor; quando se elegeu democraticamente, prefeito de uma pequena cidade no sul do esquecido estado do Espírito Santo. Humilde, tal qual Abrahão Lincoln, que começou a sua vida, como balconista e carteiro, e ocupou por duas vezes a Presidencia dos Estados Unidos da América do Norte. Modelo de estadista,sendo citado até hoje enquanto exemplo de homem público honrado. Darcy Francisco Pires também é paradigmático, pois mesmo tendo um único mandato, se comportou inequivocamente como um estadista, pois não se curvou aos ditames civis da época, por sinal, ele governou de 1967 a 1970, período conturbado e comandado pelos militares desde 1964. Os coronéis do país, não são somente os militares tradicionais e conhecidos na patente máxima, como generais, desde os doze césares. Aqui,neste continente localizado abaixo da linha do Equador, são mais conhecidos como coroneis, se me permitem, da enxada e do curral eleitoral, são os coróneis do café, cana, cacau e borracha - são esses coróneis - que substituiram o poder do império. Não havia nessa época, a partir de 1889, homens realmente dispostos a pensar nos ideais da República, só apareceram na política brasileira em 1930, com a chegada de Vargas no poder - curiosamente, à força, num movimento armado. Darcy Francisco Pires enfrentou o ranço desse histórico coronelismo, pois não praticou o jogo das perseguições políticas aos vencidos. Governou para o povo, sem ódio. Darcy Francisco,quem sabe Francisco em homenagem ao homem rico mercador de Veneza, que se despojou dos seus bens materiais e santificou-se, tendo recebido o sobrenome, da cidade em que nasceu e viveu - Assis. Nascido nas alterosas montanhas de São Pedro do Itabapoana, cidade progressista, e que foi golpeada em 02 de novembro de 1930, quando perde a sua autonomia, por interesse políticos, numa operação-guerrilheira-tupiniquim, corroborada pelo ditador-interventor Coronel Punaro Bley da Silva.
Darcy, nasceu culturalmente muito bem, respirou os ares bafejados do Rio de Janeiro em direção a São Pedro do Itabapoana. continua...

16 de outubro de 2009

MV Bill e Caetano Velloso

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Alex Abinaldo Pereira Barbosa, mais conhecido como MV Bill, é um famoso intérprete, tendo iniciado a sua carreira dentro do rap. Nascido na cidade de Deus, suburbio da Zona Oeste, do Rio de Janeiro, é mais um auto-didata da sociologia das comunidades faveladas do Brasil afora,através desse movimento musical, oriundo na nação americana do norte, veiculado pela negritude, a qual é sofredora e vítima do preconceito racial. O funk, rap, e o hip hop são parentes, e  primos em primeiro grau do blues, e do jazz ...
Porque MV ? Ele era chamado de Mensageiro da Verdade, alcunha dado pelas familias evangélicas moradoras da Cidade de Deus onde MV Bill residia.  MV Bill, recentemente informou, que MV passe a significar Mensageiro da Vida. E M C, para quem não sabe que quer dizer mestre de cerimonia. Daí todos usarem as iniciais MC.  E o nome Bill, vem das figurinhas de chicletes com as fotos dos jogadores da Copa do Mundo de 1982, e a seleção da Nova Zelandia, tinha um jogador, por sinal muito feio e chamava-se Rato Bill, que segundo o próprio, era muito parecido com o mesmo. Em 1988, MV Bill abraça o Hip Hop, e faz grande sucesso.  O hip hop possui uma cadencia musical forte e sêca .  MV Bill faz da sua música, o fio condutor para denunciar a violencia nas comunidades mais carentes.  Produziu um fortíssimo documentário de cunho genuinamente social, onde aborda o trabalho infantil à serviço do tráfico, este vídeo é conhecido como - Falcão - Meninos do tráfico. MV Bill, é um cidadão, com uma instigante bagagem cultural, articulado, e enxerga com nitidez todo o processo da desigualdade sócio-economico do país, tomando por exemplo as comunidades carentes,  onde convive com as agonias e as injustiças.  Os fatos me conduzem, sem cansar os que ouvem ou aqueles que me leem, pois a abolição da escravutura, eis o maior trauma da sociedade brasileira, antes que ela se realizasse, o Imperador enviou intermediários para a Europa para convocar italianos, alemães,suiços e etc,para substituirem  a mão-de-obra escrava, pois  os escravos seriam enfim libertados . Ora, o governo Imperial se preocupou, com a possível queda da economia . Essa urgencia estava baseada na ursupação da colonia, ou seja o Brasil era obrigado a enviar as suas riquezas para a metrópole na caso, Portugal,que em parte repassava as riquezas brasileiras para a Inglaterra.  Portugal sempre foi um capacho da nação inglesa. Há quem afirme que o ouro brasileiro financiou a revovução industrial ocorrida no  território britânico. O governo Imperial deveria ter praticado uma política pública para alocar essa mão-obra disponível no mercado, fruto do fim da exploração desumana da raça negra. As comunidades faveladas é a consequencia do descaso do poder público.  O  imperador preferiu trazer os europeus do que legalizar, dar a terra e implementos aos ex-escravos.  Os quilombolas aí estão, a raça negra possui legitimidade nas suas reivindicações .  MV Bill carrega um discurso bem atualizado, simboliza a voz do morro, podendo lembrar Tom Jobim e Vinicius de Moraes,que naquela época produziram um protesto poético, na  letra dessa  música, tem com título: O Morro não tem vez/ pelo que ele fez já é demais /Mas olhem bem vocês/Quando derem vez ao Morro/ Toda a cidade vai cantar ! MV Bill rasga o véu da hipocrisia .  É preciso prestar atenção àqueles que dissertam, narram e dizem pelas suas bocas poéticas, ou nas escritas dos pequenos diários,semanários ou mensais - a verdade oficiosa, muitas das vezes é a verdade de fato - Recentemente num show com Caetano Velloso, promovido pela CUFA - Central Única das Favelas, no meio do espetáculo, o compositor baiano-carioca, surpreendeu a todos e lançou MV Bill como candidato a Senador da República.  Caetano Velloso é uma das inteligencias nacionais, dotado de uma raro tirocinio.  MV Bill, como Senador, porque não ?

6 de outubro de 2009

SPORT CLUB YPIRANGA - SEGUNDA PARTE

É muito prazenteiro escrever,escarafunchar e pesquisar sobre a vida e a obra esportiva e antológica do Sport Club Ypiranga.
É também muito salutar ouvir as inúmeras estórias do Amador Raimundo de Oliveira,ex-técnico do infantil e Murilo de Oliveira,que foi jogador-atleta,ambos de memórias privilegiadas, contam casos que não estão nos registros oficiais !
Quando eles falam sobre o Sport Club Ypiranga,tive a nítida sensação que faróis invisíveis acendiam nos seus olhos ! Depõem como se estivessem no Museu da Imagem e do Som no Rio de Janeiro ! Com alegria e com amor,pois a época da paixão já passou,agora é o amor maturado,e recordar é viver !
São quase unânimes nas suas assertivas : perguntados,disseram que os maiores craques aqui nascidos,na década de sessenta,foram os dois Antonios,dois Toninhos,a saber : Toninho Brochado e Toninho Leite! O primeiro pertencia ao Sport Clube Ypiranga e o segundo ao Independente Atlético Clube.Garimpando as suas atas desde o ano da fundação do Sport Club Ypiranga em 1929,coincidentemente foi um período difícil para todo o mundo,pois nesse ano ocorreu o crack, a falencia da Bolsa de Nova York e em seguida,a terrível depressão economica,atingindo toda a nação americana do norte ! Tal crise foi enfrentada com determinação e tenacidade pelo grande Presidente Franklin Delano Roosevelt !
As atas do Sport Club Ypiranga revelam a história dessa cidade,dos seus costumes e dos seus valores.Impressiona-me sobremaneira a forma cavalheiresca, consensual e moderna,que estão reproduzidas fielmente nos seus alfarrabios. Os livros de atas são um memorial para serem profundamente pesquisados. É de se supor,a defesa de uma tese de mestrado em sociologia,pela organização e outros atributos aqui citados no interior desse texto. A praxis de rotina era a do consenso,pois salvo algum engano, ,os diretores eram votados dentro de um espírito de conciliação, de concórdia,pois,possuiam como foco coletivo,transformar o Sport Club Ypiranga num grande time de futebol. E conseguiram bravamente ! Eis um importante paradígma : quando um diretor renunciava a sua função,por razões de não poder compatibilizar a sua atividade profissional com o Clube, a mesma era acatada, e o mesmo continuava a colaborar com a agremiação.A sua substituição era sempre pela esmagadora maioria ! Um procedimento ,tal qual, a de uma instituição colegiada,muito comum entre os europeus.
Narrar sobre a historia do Sport Club Ypiranga,é uma densa tarefa,pois está visceralmente vinculada ao trajeto histórico dessa modesta e altiva cidade.Não serão parcos capítulos que encerrarão a história dos homens que construiram essa vitoriosa agremiação. Foi erigido através dos tempos um processo,repleto de projetos que caminharam à frente,e os homens bem-aventurados que tocaram essa obra foram inúmeros, e citá-los a todos seria uma missão hercúlea, e com o risco do cometimento de um ou outro esquecimento ! Tomando por exemplo a construção da arquibancada,que está merecendo de algumas justas inserções,a bem da verdade. A arquibancada era um sonho acalentado desde a época do Presidente Walter Bruno Pinheiro,que exeperimentou diversos mandatos,é considerado um dos baluartes do Sport Clube Ypiranga nos seus primeiros anos de existência.A pedra fundamental dessa obra foi colocada pelo Presidente Walter Bruno Pinheiro e seus diretores William e Weston Moreira entre tantos,em seguida pelas mãos do então Presidente Antoninho Motta,outro desportista de alta magnitude,coadjuvado pelos seus auxiliares eleitos durante a sua gestão.O Sport Club Ypiranga era um campo aberto,obviamente não lhe facultava o direito da cobrança de ingressos ! Eis os ypiranguistas que comandaram a edificação do muro do Estádio Cel. Paiva Gonçalves,conhecido carinhosamente pelo apelido de Gamboa,eis os seus nomes : Os Belloti,Caetano e Silvio,Sergio Mileipe,Giovani Guarçoni,Domingos Brum,entre outros.Permissão para destacar o Presidente José Heleno Lima Leite,que com a têmpera de um administrador eficiente,construiu finalmente,o alambrado do campo de futebol e reformou os vestiários !

Fonte: As atas do SCY.Entrevistados : Giovani Guarçoni,Amador Raimundo de Oliveira e Murilo de Oliveira
Obs.Nos capítulos posteriores,abordarei o SCY sagrando-se vice-campeão sulino em 1961 e campeão sulino em 1962,sob os auspícios da LDCI(Liga Desportiva de Cachoeiro do Itapemirim).Naquele momento, o técnico era o competente Duduca Zigoni. Mais a frente o SCY,conquistou outros campeonatos que serão comentados oportunamente,bem como os seus personagens.

Mercedes Sosa

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Quem foi Mercedes Sosa ? Mercedes Sosa,antes de mais nada foi uma mulher corajosa ! De origem argentina deu um vigoroso combate nos momentos negros das ditaduras instaladas no continente latino americano ! Quando muitas pessoas e artistas enfiavam o " rabinho entre as pernas " com medo dos militares,Mercedes Sosa,não se intimidou e lutava com as suas canções de protesto, denunciando as torturas,a censura a imprensa e a total falta de democracia nos países co-irmãos ! Tudo isso ocorria há trinta anos !
Morreu ontem aos setenta e quatro anos em Buenos Aires, e está sendo velada num dos salões do Congresso Nacional da República da Argentina.Assim cantava Mercedes Sosa : Gracias à la vida / que me ha dado tanto ! Caros ouvintes se me permitem,eis a tradução: " dou graças a vida que tanto tem me dado ! esses versos são de Violeta Parra,outro ícone da música latina-americana !
Mercedes Sosa era conhecida no mundo como a " Voz da America Latina " .
Deixa-nos uma vasta obra da música folclórica da sua terra,como também gravou sucessos de compositores de outros países latinos ! O acervo musical de Mercedes Sosa está recheiado de um forte cunho social e político.Durante grande parte da sua vida resistiu as perseguições políticas.Ela conseguia amalgamar nas suas músicas,boas doses de "molhos de romantismo " !
Em 1979,durante um show,onde a Mercedes Sosa cantava para os seus patricios,o palco foi invadido,e ela foi presa, e pasmem ! O público também foi detido pela ditadura argentina ! Mercedes Sosa exilou-se e somente retornou a Argentina no final do ciclo militar argentino,tal fato ocorreu em 1982.Realizou trabalhos em parceria com Milton Nascimento,Daniela Mercury e Caetano Velloso.Antes de desaparecer,lançou no mercado fonográfico o seu último album de nome " Cantora 1 ",com a participação da cantante Shakira e outros,que pela vendagem dos discos,concorre a tres premios do Grammy Latino,que será entregue no dia 5 de novembro em Las Vegas ! Mercedes Sosa será reconhecida pela história do continente sul americano como uma heroina,somente as futuras gerações poderão confirmar esse vaticínio !

2 de outubro de 2009

Abbey Road - The Beatles !


Sentir saudade é estar por fora ! Sem essa de falar de velhos tempos etc e tal ! Vez por outra ouço essas pérolas ! É pode ser... ou não! Há algum tempo atrás, se me permitem caríssimos leitores, citar o imortal Pedro Nava, membro da Casa de Machado de Assis, ou seja, da altiva Academia Brasileira de Letras, que certa vez vaticinou : a experiencia é uma lanterna que ilumina para trás ! Em mil novecentos e sessenta e nove, The Beatles, essa famosa banda inglesa de rock and roll, nascida em Liverpool, após seis anos de vida, desaparece, logo depois de gravar seu último disco, conhecido em todo o mundo como Abbey Road ! Nesse ano em curso essa gravação está completando quarenta anos. Esses jovens tinham na época trinta anos, quando realizaram esse fabuloso album musical. O lançamento desse disco, com eles atravessando na faixa de pedestre dessa rua londrina , é uma imagem tão conhecida quanto a Mona Lisa, Mickey Mouse ou Che Guevara. Abbey Road, é uma imagem emblemática dos anos sessenta, ressaltando que a travessia da rua é copiada(ou melhor, clonada ?) em muitos países. Sem nenhuma combinação prévia, os quatro integrantes, foram fotografados numa tarde londrina do dia oito de agosto de mil novecentos e sessenta e nove, por Ian MacMillan, e Paul MacCartney tirou o tenis, e caminhou descalço.
A realização desse disco foi muito difícil, pois, prenunciavam o fim do grupo. John Lennon e Paul MacCartney, atritavam em demasia. Não queriam se entender. As propostas não convergiam, o primeiro defendia a produção de um tipo rock básico, e Paul MacCartney optava pela linha alternativa dando continuidade a um outro famoso album conhecido como "Sergeant Peppers " .
As divergencias felizmente não impediram a realização do album. Tudo pode dar errado, quando robustos egos se digladiam, cada um com a sua verdade absolutista. Mas tal não ocorreu. Eles dividiram o disco de vinil, em duas partes, o lado A com as músicas de John Lennon, e o lado B com as Paul MacCartney, exceção aberta para as duas composições de George Harrison, que inicialmente as teve vetadas pelo Diretor Musical, o maestro George Martin, pois considerava ambas as músicas de baixa qualidade. Somente depois de muita conversa o empresário concordou em inserir as canções : Here Comes the Sun e Something, a primeira, foi composta nos jardins da casa do roqueiro Eric Clapton, anos depois Eric, fez uma canção para mulher de George Harrison - Patty Harrison, que em mil novecentos e setenta e sete, separou-se, e juntou-se a Eric Clapton. A letra de Here Comes the Sun,é um desabafo daquele que perdeu o seu amor, logo para um amigo ! A poesia tem afinidade com as dores do cotovelo ! Mal comparando, é um correspondente europeu do compositor gaucho, Lupicinio Rodrigues !
A última música de George Harrison no disco Abbey Road - Something - foi regravada por Ray Charles, James Brown e pelo então ícone da canção norte-americana - Frank Sinatra - que declarou que Something era " a melhor canção de amor nos últimos cinquenta anos ". Os Beatles foram e são até hoje, recordistas nas vendagens,  quando reeditam antigos albuns, os mesmos já saem esgotados das gravadoras. Hoje restam somente dois Beatles, a saber : Ringo Starr morador em Londres e Paul MacCartney, há muito  vive em Nova York, dizem ser um argentário, diametralmente oposto, a John Lennon.

1 de outubro de 2009

Santa Marta e o Meio Ambiente

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A Fazenda Santa Marta,até onde a memória alcança,e depois com o auxilio da nossa enciclopédia escrita pelo historiador-mór, de São Pedro do Itabapoana,o mestre Grinalson Medina,que ensina, através do seu importante registro em 1931, através do seu livro - " Páginas da nossa terra " - nas páginas 88 e 89,afirma o escritor que a Fazenda da Santa Marta de propriedade do Coronel Manoel da Silva Mota,com o seus 400 alqueires de terras aproximadamente,terras essas, produtivas,conquistou o - Diploma de Honra do Instituto Agrícola Brasileiro - órgão do Ministério da Agricultura - com sede na então capital federal,Rio de Janeiro - por ter sido o maior produtor de café da região com um milhão de pés de café plantados,em diversas fases,tendo produzido na década de 1930 cerca de 4500 sacas,passando para a década de 1950,produzindo 7500 sacas,dessa vez sob a gerencia do seu genro - Lauro Lemos. A fazenda Santa Marta,além de possuir uma pequena usina geradora de energia hidrelétrica,símbolo de alta tecnologia,essa propriedade rural mostrou-se altamente produtiva pela visão empreendedora dos seus operosos proprietários,sendo que na época,chegou a empregar cerca de quinhentas pessoas.São paradígmas,exemplos a serem seguidos pelas gerações futuras !!!
Toda comunidade se organiza estrategicamente próximo a um rio e uma estrada para melhor fluencia das rotinas. A fazenda da qual estamos focando,é banhada pelo pequeno rio,que recebeu o mesmo nome da fazenda,pois,nasce no seu território circunscrito no passado,desaguando no Rio Muqui do Sul.É o mesmo rio que abastece,o hospital Apóstolo Pedro,as creches e as nossas escolas públlicas,os asilos e todas as casas da cidade.O rio Santa Marta está gritando por socorro, ! Não suporta mais receber dejetos humanos in natura,muito menos agrotóxicos e toda a sorte de lixo ! O Rio Santa Marta está poluido !
As decantações,as filtragens processadas não fazem mágicas ! Quanto melhor estiver a água recebida para o seu tratamento,consequentemente,o seu resultado será indubitavelmente dígno,de uma alta certificação.As residencias dos pequenos e médios proprietários,raríssimos são aqueles possuidores de fossas assépticas ,sem falar das casas simples e fixadas à margem da estrada,sem infraestrutura sanitária,que infelizmente,também despejam seus esgotos no Rio Santa Marta.Recentemente,fui positivamente surpreendido por uma crítica sábia, moderna e construtiva por parte de um representante do povo,que filmou,o estado deplorável em que se encontram a vegetação ciliar e leito do Rio Santa Marta.Se faz urgente providencias não só do poder público instalado em todas as esferas,bem a como da sociedade que deve se mobilizar para legar aos filhos,netos e descendentes posturas civilistas,na busca de uma melhor qualidade da água que bebemos !
Sei,sabemos das dificuldades existentes em todas as direções,porém,em se tratando de saúde,em se tratando desse preciosíssimo bem que é a água,não devemos tratar essa questão de forma desleixada,pois a água é a fonte da vida !
Assim como o Coronel Manoel Motta,conquistou um disputadíssimo premio na década de 1930,por ter sido o maior produtor de café desse Municipio,se faz mister,seguir o bom exemplo,que tal se canditássemos a arrebatar uma comenda,um premio da Organização das Nações Unidas - a ONU - por sermos uma comunidade que melhor cuida dos seus mananciais aquíferos ? Eis um sonho ou um desafio ?