27 de abril de 2012

Roberto Carlos, settanta uno


No dia 15 de julho de 1953, aconteceu uma das festas magnas da cidade de Mimoso do Sul, localizada no extremo-sul espiritossantense. Após dezessete anos, inspirado, assim versejou o poeta Orlando Martins:

Salve Mimoso do Sul,
Cidade-mulher,
Eterno amor
De quem aqui vier!

roberto carlos
Imagem: jocluis via Photopin CC

E dessa quadra se originou o hino oficial da cidade. No dia acima citado, o rei Roberto Carlos cantou e encantou a todos que o assistiram. Ele estava com doze anos, e infelizmente a sua perna direita já tinha sido amputada pelo trem em Cachoeiro do Itapemirim, quase em frente ao inesquecível cinema Broadway, numa manhã de domingo do dia 29 de junho de 1947 – dia de São Pedro. Era de costume Roberto Carlos passar as férias escolares na modesta – Mimosa, salve Mimoso do Sul – com a sua bem-aventurada tia – Antonica Moreira Luz – irmã da sua mãe, Lady Laura. No tempo e no espaço, há quem afirme, contudo, ainda carecendo de documentação comprobatória, que o rei tenha nascido em Santo Antônio, distrito desse condado. Os pais do rei casaram-se no distrito supracitado, de acordo com a certidão do cartório local. Há verdadeiras chances de ele ter vindo ao mundo nas terras do bucólico Santo Antônio, até porque Lady Laura e seus numerosos familiares são todos da região. Cachoeiro do Itapemirim,tornou-se a segunda alternativa, quando ela casou-se com o relojoeiro Robertino Braga. Aguardamos uma outra versão à moda "Dan Brown", para esclarecer o fato, ou não. Quem poderia colaborar na elucidação desse "imbróglio" teria sido a sua mãe, que viajou ao zênite, e, em vida, nunca foi questionada sobre o assunto. Enquanto isso, por serem tantas as emoções, ainda na validade, o mais popular cantor brasileiro, comemora, as suas, setenta e uma primaveras. Parabéns Roberto Carlos!

17 de abril de 2012

Moral pública

O poder judiciário começa a dar sinais  sobre o julgamento do "mensalão".  Pois se pretende julgar esse volumoso processo,  antes do início das tratativas oficiais para as eleições,   para se escolher prefeitos e vereadores em todo o país. A informação veio do ministro Ayres de Brito,  de acordo com a sua entrevista, num importante matutino carioca.  Na próximo dia dezenove do corrente, o ministro será empossado como presidente  da mais alta corte de justiça do Brasil.  O Supremo tem demonstrado sintonia com a sociedade, quando  acatou a Lei da Ficha Limpa,  uma iniciativa - genuinamente popular.  Esse comportamento do Judiciario, em atender as reivindicações da sociedade civil,  é fruto da democracia na sua plenitude,  e que foi   conquistada pelo povo brasileiro.  É preciso fazer justiça ,  pois o mensalão, foi uma manobra inescrupulosa,  na compra dos votos de alguns parlamentares, com o dinheiro público, para votarem matérias de interesse do então governo. Confia-se na imparcialidade dos magistrados, pois no imaginário popular, esse segmento simboliza os bons costumes e a moral pública.

6 de abril de 2012

O numeral sete


O poeta Vinicius de Moraes, demonstra ser simpático ao setenarismo, no seu poema: A mulher que passa: tem sete cores nos seus cabelos/sete esperanças na boca fresca. Os números carregam desde a antiguidade, enígmas  e misticismos. Para dar partida a importância esotérica deste numeral, de inicio corresponde aos sete dias da semana, aos sete planetas, aos sete graus da perfeição, às sete esferas celestiais, as sete pétalas da rosa e mais alguns setenários , que para os egípcios é o símbolo da vida eterna. Cada período lunar dura sete dias, os quatros (número 4, também perfeito) períodos do ciclo, que é igual a 4 X 7, fechando o processo.. Filon, filósofo judeu, no séc. I dC, observa que a soma dos sete primeiros números (1+2+3+4+5+6+7) = a 28, ou seja, ao mesmo resultado . As voltas praticadas pelos muçulmanos, em torno da Meca, são sete. Na lenda antiga, o céu tem seis planetas, e o sol é o sétimo, e está no centro. O setenário resume igualmente a totalidade da vida moral, acrescentando as três virtudes teologais – fé, esperança e caridade –  mais as  quatro virtudes cardeais: prudência, temperança, justiça e a força, num somatório de sete. O arco-iris, é composto de sete cores, sendo o branco a síntese de todas as demais.  E  as sete notas musicais. Sete é a chave do apocalipse, onde aparece quarenta vezes: sete igrejas, sete estrelas, sete espíritos de Deus, sete selos, sete trombetas, sete trovões, sete cabeças, sete pestes, sete reis. Sete é o número dos céus búdicos, de Sidarta Gauthama. O árabe Ibn Sina ( Avicena, 980/1036) descreve os “sete arcanjos príncipes dos sete céus”, que são os guardiães de Henoc e remetem aos sete Rishi védicos(indianos). Eles habitam as sete estrelas da Grande Ursa(deusa mãe), com as quais os chineses relacionam as sete aberturas do corpo humano, as sete aberturas do coração. Observe que o Ioga, conhece os sete centros sutis, a saber, seis chakras e o sahasrârapadma. Quarenta e nove ( 7X7) é o número do Bardo, ou poeta. O estado intermediário, que se segue a morte, entre os tibetanos, dura quarenta e nove dias, dividido em sete períodos de sete dias. Acredita-se que as almas japonesas permanecem quarenta e nove dias sobre o teto das casas. A Bíblia cita o número sete em diversas ocasiões. No Velho Testamento aparece setenta vezes, o que passa ser um número mágico. Sete são os céus onde habitam as ordens angelicais, castiçais de sete braços, sete espíritos que repousam sobre o tronco de Jessé. Salomão construiu o templo em sete anos ( 1Rs 4,35). Os minaretes da Meca de Maomé são sete.Pela própria transformação que inaugura, o número sete passa a ter um poder extraordinário: quando da tomada de Jericó, sete sacerdotes, que levavam sete trombetas, deviam no sétimo dia, dar sete voltas em torno da cidade; Eliseu espirrou sete vezes, e a criança ressuscitou (2Rs 4,35). Um hanseniano se banhou sete vezes no rio Jordão e saiu curado ( Rs 5,14). O justo cairá sete vezes e se levantará ( Pr 24,16). Sete animais puros de cada espécie serão salvos do dilúvio. José interpretou o sonho, de sete vacas magras e sete vacas gordas, como sete anos de fatura e sete anos de dificuldades.  Sete é um numeral querido pela aritmética bíblica. Sete significa sempre a perfeição, o que a gnose denomina a pléroma, como “o que está completo”. No apocalipse 5,5, Cristo é o Leão de Judá, que venceu de tal maneira, que pode abrir o livro e desatar os sete selos. Sete configura a conclusão do mundo, e a plenitude dos tempos. Santo Agostinho, filho de Santa Mônica, indica ser o sete, medidor do tempo da história, que é o tempo da peregrinação terrestre do homem. O castelo de "Barba Azul", no corpo do texto  da ópera húngara de Béla Bartok,  existem sete quartos. E numa  outra ópera de Wagner - O Navio Fantasma - o comandante norueguês Daland, a cada sete anos ele desembarca em terra, para encontrar uma mulher para  ser-lhe fiel até a morte. A missa de sétimo dia vigorou até recentemente.  Eis outra curiosidade: sete vezes fui casada/ sete homens conheci/ E juro por fé de Cristo/ Inda estou como nasci. Essa quadra de origem nordestina, remete  a sagrada escritura, a seguinte história: Sara filha de Ragüel, se casara sete vezes, e seus maridos foram mortos por amodeu (diabo) nas noites nupciais. Exorcizado por Tobias, que em seguida a desposou. Isso aconteceu há sete séculos antes de Cristo.

Referências: Guia da Ópera, Jeanne Suhamy, p.198,Ed.L&PM Pocket, Dicionário de Simbologia, Manfred Lurker,Ed. Martins Fontes.