24 de novembro de 2014

O astro-rei se escondeu.



Nem sempre a orquestra de pássaros  se apresenta nas manhãs.  Quando se ausenta, poderá ser pela chuva, ou o impedimento do maestro em comparecer para reger imagéticamente a -  “ode a alegria” - último movimento da nona sinfonia de Beethoven. Mais dessa vez as  tratativas foram cumpridas, com os sabiás das laranjeiras, sanhaços, bem-te-vis e  o mais recente filhote do sabiá, debutando na orquestra das aves, que trauteava acordes matinais. Com o maestro presente  a cantata dos pássaros em alto e bom som, entoou cânticos alegres e cromáticos. E de repente, eis que surge o  som tonitruante do sino secular da igreja, a perturbar a orquestra, que por pouco não desafinou. Por fim os acordes se harmonizaram. A chuva fina do outono veio chegando sorrateiramente, e a passarada foi se dispersando ao recolhimento. O grande senhor, casado com lua, o poderoso dominador da luz e do calor, o sol desse mundo - olho e alma -   se escondeu. E com a chuva, não há concerto. Estarei  atento para escutar  mais uma obra  musical, gestada pela mãe natureza.