3 de setembro de 2016

Teresa Fênix (quinta parte)

Após sete meses o delegado intimou via oficial de justiça (sempre sisudos e nada gentis), Teresa Fênix recebeu a intimação para depor  no departamento da "puliça", como consequência do questionamento "moral" da Maga Psicológica. Diante do Chefe da  "Puliça", que após os cumprimentos de praxe, onde a autoridade somente murmura um bom dia emprenhado de má vontade. E deu início ao interrogatório: A senhora está sendo acusada de manter relacionamento, digo namoro, com o seu vizinho? Sim, respondeu Teresa Fênix. E continuou a autoridade: A senhora tem tido comportamento não recomendável,  quando está com o seu namorado diante do seu filho? A interrogada respondeu-lhe: não. Qual a profissão e nome do seu namorado? Retrucou-lhe dizendo ser o namorado um ex-capitão de longo curso da Marinha Mercante grega, e informou tratar-se do Comte. Pitacus Theodorakys, da Ilha de Delos (até hoje é proibido nascer ou ser enterrado na sagrada Delos, onde nasceram Apolo e Ártemis, ambos filhos de Zeus, segundo a mitologia grega) e naturalizado brasileiro. Adiantou que nas horas vagas ele ensina ao meu filho a jogar xadrez, o idioma helênico e traços da cultura da Grécia de Homero. A autoridade encerrou o depoimento com a seguinte narrativa: "Vou arquivar o processo, pois não há  como imputar-lhe culpabilidade face ao seu depoimento". A sogra ouviu todo o depoimento em silêncio. Entrou emudecida e saiu calada. Num outro momento, Teresa Fênix comentou para a professora particular de Ulisses, sobre a decisão do delegado. A mestra era tratada pelo carinhoso apelido de Professora Candinha, que  não acreditou de imediato nas informações da mãe de Ulisses, pela dificuldade do entendimento  dos agentes da lei, que por carência do conhecimento da  ontologia, antropologia e sociologia, não conseguem perceber os dramas do cotidiano da vida.  Maga Psicológica desapareceu do dia a dia na vida de Teresa Fênix e do neto. Até ouvir no noticiário que o Chefe estava na cúpula de uma imensa rebelião no Monte Líbano. Foram inevitáveis os  confrontos entre os militares e os rebelados.  O Chefe aproveitou a confusão e fugiu. Teresa Fênix enfrentou discussões intermináveis sobre religião, com o comandante Pitacus. Ele era agnóstico e dizia que o deus existia dentro de cada um ou não. Que no templo, os mercadores da fé, pregavam sem conhecerem teologia(pode ser possível). Teresa Fênix, não sustentava o diálogo, pela ausência de conhecimento. E perdia a compostura.

Teresa Fênix (quarta parte)

Maga Psicológica saiu encucada da última visita feita ao filho. E resolveu visitar um sobrinho dela, ex-agente dos cárceres mineiros, para saber a opinião dele a respeito das prisões. O sobrinho se chamava Ediel dos Anzóis, e relatou a tia serem as prisões barra pesada. Aconselhou-a  ter cuidados com as amizades que o Chefe poderia ter no Monte Líbano. O Chefe sempre está a mandar recado a mãe dele, pelos pombos-correio,  solicitando mais e mais dinheiro, para resgatar despesas assumidas. Ulisses visitou a avó paterna. Tal foi a surpresa, pois ela quer levar Ulisses para visitar o Chefe. Teresa Fênix argumentou não concordar em permitir o filho ir a uma penitenciária. E ponto final. O advogado do Chefe resolveu a pedido do cliente,  solicitar a justiça a autorização do menor visitar o pai. O juiz  em tempo hábil vetou a pretensão do Chefe. A sogra foi a casa da nora,  e verbalizou muitos impropérios impublicáveis. Tereza Fênix, não titubeou e registrou queixa na puliça. Depois retirou-a pedido do Ulisses. Mas a sogra, barraquera de plantão foi a chefatura de puliça e acusou a nora de não ter vida digna, pois está namorando o vizinho. Isso não é um bom paradigma familiar para o Ulisses, vaticinou a sogrinha. Esses expedientes usados para fazer valer essa ou aquela opinião, ou o direito de ser ou de ter, em todos habitam controvérsias. A prisão são espaços próprios reservados pelo Estado, para recolher  indivíduos  que esperam julgamento, condenados ou inocentes(a justiça é passiva de erros). O que ocorre nos seus interiores são um mistério ou não. O interno deveria trabalhar e descontar o tempo na penalização. 

Teresa Fênix (terceira parte)

Tereza Fênix recebeu inesperadamente a  visita de Maga Psicológica, na função de relatora do preocupante  estado do filho, inspirador de cuidado médico, pois estava na unidade de tratamento dito intensivo. A sogra começou a proferir insultos dirigidos a nora, a qual não aguentando pediu-lhe que se retirasse. Tereza Fênix chorou. Chorou copiosamente, lamentando ter escolhido o Chefe como marido. Mas nesse momento egípcio, era melhor, levantar sacudir a poeira,  e dar a volta por cima. A luta é contínua.  Buscou   uma explicadora para o pequeno Ulisses,  era  bom aluno em matemática, no entanto  em português, geografia, biologia  e história, grafava expontâneo, o Nilo nasce na Amazônia, pistilo era um pássaro, e os vikings descobriram o Brasil(pode ser, mas não é oficial). Teresa Fênix foi  na casa da  professora aposentada, que ouvia o Bolero de Ravel, e na  parte musical  mais agudizada, onde a orquestra tocava na plenitude todos os instrumentos, e   a professora não ouvia o chamamento. Tereza Fênix acostumada com o som  caipira, dito universitário, com pitadas do  rock and roll, se encantou com Maurice Ravel(1875-1937) e ouviu toda a obra desse francês, imortalizado pela arte da música erudita. Ao término,  foi recebida pela mestra e combinaram, preço, dia e hora para ministrar as  aulas particulares. Tereza Fênix acreditava na mística da fé, e por isso se entregou as mantras, com a esperança de maior conforto interior. O Chefe saiu do estaleiro, e costurado retornou ao Monte Líbano. Foi para uma cela, cujo os internos eram menos agressivos. Maga Psicológica foi visitar o filho num domingo. As filas eram imensas, e mãe do recalcitrante bebeu todas no dia anterior, de ressaca,   acordou fora do horário. Ela foi ao início da fila indiana, e tentou subornar uma mulher. A desconhecida denunciou em voz alta, a intenção da Maga Psicológica, que foi chamada atenção  pela agente carcerária. E a mãe do Chefe foi a última e entrar no Monte Líbano. A genitora encontrou o filho corado e bem humorado. Assim pensou a mãe: tão efusivo ele está, será que tem entorpecente na prisão?  O Chefe apresentou alguns companheiros, como se fossem velhos amigos. Dois deles eram estelionatários, gentis, como se fossem alunos do Instituto Rio Branco. Eram autodidatas na interpretação do cipoal das leis do Código Penal. Na ocasião, disse a  mãe dele que o causídico do Chefe deveria ajuizar recurso assim e/ou assado. A mãe deu-lhe um bom dinheiro, todavia o Chefe disse ser insuficiente para quitar compromissos assumidos, senão poderia ser  maltratado como da primeira vez, ou o pior poderia acontecer.