30 de março de 2014
Pizindin
Eis a narrativa do paduense Altamiro Carrilho (1924/2012), um virtuose da flauta: em 1922, recém chegado de Paris, os jornalistas e admiradores - do ‘Chorinho” de Pizindim, Pixinguinha ou Alfredo da Rocha Vianna (1897/1973), e dos Oito Batutas, que na França virou "Les Batutas", e dentre eles, destaque para Donga ou Ernesto Joaquim Maria dos Santos (1890/1974) autor do primeiro samba-maxixe, "Pelo telefone" - resolveram homenagear no Copacabana Palace os músicos brasileiros pelo sucesso conquistado na terra de Victor Hugo. Contudo ao chegarem na portaria, o chefe da recepção, informou que pessoas de cor deveriam entrar no hotel pelas portas dos fundos. Dito e feito. E o altivo Pixinguinha atravessou a cozinha e outros compartimentos , e finalmente adentrou ao recinto do evento. O diretor-gerente ao saber da grave discriminação racial, fez o empregado que vetou a entrada dos Oito Batutas, a ajoelhar-se diante de Pixinguinha, e pedir-lhe perdão. Assim Pixinguinha falou: eu lamento o ocorrido. E não permitiu que o empregado fosse demitido. Além da genialidade musical, demonstrou uma modelar grandeza de alma. E daí compôs um dos mais bonitos chorinhos do cancioneiro popular, que foi "batizado" de Lamentos, em função do incidente. O acervo do maestro Pizindin, é respeitável pela qualidade do ritmo e harmonia das suas composições. Ele foi também um bamba, uma maestro como arranjador musical. Em tempo: o abolicionista Joaquim Nabuco (1891/1910), afirmou: " Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a sua obra"
27 de março de 2014
Hibisco
É
possível que imputem-nos manobras arriscadas, para escolhermos caminhos
a serem (per)seguidos ao longo de uma vida ... o famoso filósofo e ensaísta
espanhol, José Ortega y Gasset, cunhou a frase : eu sou eu, e minhas
circunstâncias. Em
suma, cada um deve saber de si. E cada qual usa as suas
defesas para preservar o status quo que conquistou durante a extensa caminhada
que o destino lhe reservou, ou não.
E outros
dizem ser assim: cada um colhe o fruto da semente plantada, aqui ou alhures. Os
embates da vida pressionam tomadas de difíceis posições. Tantas, e
inúmeras ocasiões, tal qual a misteriosa a esfinge, que se comporta friamente,
e corta na carne, mas não renuncia da sua tarefa mitológica, quando decreta:
decifra-me ou devoro-te.
Isso se
(des)encaixa noutro enigma – o do amor – e a sua (im)ponderável leveza ou a sua
peculiar (in)coerência, emoldurado pelo (in)visível. É assim mesmo...é
como as quatro notas iniciais da popular quinta sinfonia de Beethoven, que
certa vez, ele assim declarou : é a maneira, como o destino bate à sua porta:
(in)esperado, vigoroso e arrebatador. Outros desafios, são colocados na távola
redonda, onde pratica o jogo da vida. E o cacife é alto. Se aposta é o
ser versus o ter...o ser, é uma oração subordinada da sociedade do espetáculo.
Das claríssimas e imensas lâmpadas de néon...símbolizadas no ocidente pelas
luzes da Broadway. Contudo, existem outras luminosidades espalhadas em todo o
mundo...pois a globalização da economia, facilitou as sociedades a realizarem o
sonho do consumo, e para que isso ocorra, performaticamente, há que se ter um
viés ideológico muito nítido, o sistema vende inescrupulosamente, a idéia de
que a felicidade se encerra no ter...existe um indicativo de orgasmo no ar, no
ato de consumir bens e serviços, e as relações afetivas, se embutem nesse
espaço. É uma práxis alienante, pois idiotiza o indivíduo, que fixa o seu olhar
para o seu próprio umbigo. Acometido de um estrabismo sociológico, é o
individuo zarolho, que não consegue sensibilizar-se com o outro. Desenvolver o
ser emocional , é dinamizar atitudes e olhares mais profundos, desde a
observação, que a linda flor do hibisco, se recolhe para dormir e acorda com o
alvorecer... ser, é possuir sensores capazes de identificar que uma criança
chora. Ser, é estar alinhado com os pressupostos básicos da solidariedade, e
fazer a parte que lhe é reservada, sem tergiversações. Ser, é o comprometimento
com as causas mais nobres, na busca de amenizar as agruras dos despossuídos, onde
se ausenta, as mínimas condições
humanas. Ser é olhar detidamente o hibisco, e dizer-lhe baixinho: boa noite.
16 de março de 2014
Drones
Drones são aviões aéreos armados, e não tripulados, que são
catapultados para o mundo afora, de um
local “top secret” no território do Tio Sam. Essa parafernália, de longo alcance, é considerada a mais pós-moderna “high-tech,”
- serve para espionar e matar - pessoas reconhecidas no critério
americano, como terrorista, e às vezes os mísseis matam crianças e outros, além do alvo principal. No mundo as
crises se repetem em ciclos, e no momento
morrem nas manifestações na
Venezuela, e na longínqua Criméia - onde tropas militares russas foram mobilizadas - vota-se pela independência da
Ucrania. As motivações de todos os
conflitos belicosos são econômicas, desde o maior conquistador de todos os tempos - Genghis Khan - (sec.XIII) até a guerra do
Vietnam (1965/1975). E há uma semana, uma nova tensão internacional no ar (ou na terra), trata-se do
sumiço, nos radares, do avião Boeing 777, da Malásia,
um dos "tigres asiáticos" no plano econômico, que está
deixando as autoridades de “cabelos em pé”.
Na era da cibernética, “nada desaparece, quando se quer realmente encontrar”. Para descobrirem o paradeiro do jato 777 da Boeing, os submarinos de propulsão nuclear procederiam varreduras no fundo dos mares, e os drones poderiam praticar um serviço humanitário,
se fossem lançados para rastrear o voo 370 da Malasian Airlines, desaparecido, com 239 pessoas, nas florestas vietnamitas, Cazaquistão, Turcomenistão, Afeganistão e outros tãos...
Quem viver verá.
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