20 de outubro de 2013
O solista
Solo quer dizer só, e na arte da música é o solista, que emoldura a obra musical, e dá-lhe voz e estética.
A arte, ainda pouco descortinada, habita os cérebros iluminados, onde quer que eles estejam. A arte é um mistério, também magia. Ainda dentro do contexto, um amigo brindou-me com um presente, deu-me um filme, cujo o título é " O solista". E se trata de uma história real, que se passou em Los Angeles na América do Norte.
A película, o "Solista, de certa forma busca humanizar os problemas sociais que o cidadão norte-americano, tende a ignorar. E nós, herdeiros da sífilis lusitana e do pecado original, até certo ponto a carapuça também nos serve. Dentro da máxima popular - quem não vive para servir, não serve para viver - eis que na rica e poderosa Los Angeles, registra-se, que cerca de noventa mil pessoas dormem ao relento todos as noites, e há anos. Daí a supimpa inspiração de se rodar um documentário, baseado na rotina de vida de um sem-teto, que solitariamente tocava o seu violoncelo, e vivia entre mendigos, ladrões e prostitutas. Trata-se de Nathaniel Ayers Jr. Ele estudou na Julliard School, a meca das escolas de música do mundo, e o seu contemporâneo, foi Yo-Yo Ma, de origem chinesa, todavia, nasceu em Paris, e atualmente é considerado um dos virtuoses do cello. Respeitando o tempo, espaço e estilo, traz-me a recordação de outro virtuose do mesmo instrumento, o ibérico Pablo Casals. Nathaniel, assim o tratarei na narrativa, sem digressões, com a dignidade que lhe é legítima. Ele é americano, porém, é afrodescendente, assim os americanos tratam àqueles que não são genuinamente do núcleo das suas origens. Nathaniel é vítima do descaso das autoridades daquele país. Carrega uma conhecida doença mental, a esquizofrenia, que em grego significa : skizo = separação e phrenos = espírito. Ou seja a esquizofrenia, é a separação do espírito ou da mente. A esquizofrenia é uma condição mental, onde o consciente e o inconsciente, não sabem exatamente, onde começa um, e termina o outro. É como partir uma maçã em dois pedaços e colocá-las em lados opostos, ou seja, nessa posição as metades não se encaixam. Assim ensina a douta psicóloga carioca Márcia Mendonça. O roteiro cinematográfico trata-o com dignidade e respeito. É como se fosse uma oportunidade para Nathaniel, se erguer com uma força imaginária pelo viés da amizade, e da arte, ambas como mecanismo de cura. Acredita-se que, o simples fato de ser amigo de alguém, isso poderá mudar a química do cérebro de um esquizoide. Acredita-se melhorar a funcionalidade das suas faculdades mentais. Nathaniel foi encontrado pela primeira vez, pelo jornalista - Steve Lopez - numa Praça de Los Angeles, diante da estátua de Beethoven, de quem é um ardoroso admirador, desse falcão da música erudita. O jornalista impressionou-se, e tentou ajudá-lo de todas as formas que lhe foram possíveis.
Certa vez, Yo-Yo-Ma, foi convidado a se apresentar como solista, com a Filarmônica de Los Angeles. O jornalista Steve Lopes, proativo, acionou contatos com a direção da Sinfônica, e o levou na apresentação. No final, foi convidado a ir ao camarim se encontrar com o mago do violoncelo. Nessa ocasião Yo-Yo-Ma, o reconheceu e pediu-lhe que tocasse seu instrumento, que o fez.
Em seguida o abraçou e disse-lhe : Você e eu dividimos algo mágico. Somos irmãos, e também na música. Sabemos a verdade que ninguém mais sabe. E as lágrimas rolaram em ambos.
Os esquizofrênicos possuem muita intimidade com as artes, tais como : a pintura abstrata, música, artes plásticas e etc. Eles desejam ser como o são, pois, a esquizofrenia mesmo em alto grau, mantém as suas capacidades intelectuais sadias e, são capazes de sentirem os estímulos diferenciados, como também, ao contrário, é possível também encontrar algo de esquizofrênico, na vida espiritual em pessoas com boas condições mentais. A coragem de Nathanael, aliada a sua humildade e fé no poder da sua arte, é possível aprender com ele a ideia central de ser leal a algo que você acredita, e acima de tudo manter essa inabalável determinação, que poderá levá-lo um dia, quiçá, para casa dele.
Nathaniel continua morando em Los Angeles, sob os viadutos, e as vezes num abrigo que o acolhe. Certa vez foi lhe perguntado - que ao executar o seu violoncelo, sob os viadutos - como consegue ouvir a sua música, com tanto barulho provocado pelos carros. E Nathaniel respondeu : as únicas coisas que escuto, além da música, são os aplausos dos pombos, quando batem as asas.
15 de outubro de 2013
Dia mundial da alimentação
Em
1981, a ONU, criou o dezesseis de outubro como o dia "mundial da
alimentação" A fome no mundo atinge 850 milhões de pessoas. A causa
principal é a desigual distribuição da riqueza do planeta. No Brasil
cerca de treze milhões de despossuidos, passam
por gravíssimas necessidades alimentícias, e coincidentemente o mesmo
quantitativo de analfabetos, ou de indivíduos com dificuldades de ler
e/ou de escrever. Ressalta-se também a imensa quantidade do desperdício
dos alimentos, destaque para as hortaliças,
frutas e legumes. Perdem-se alimentos na colheita, armazenamento,
resfriamento/conservação, transporte, restaurantes e nos lares...No
mundo o desperdício chega ao astronômico volume de um bilhão e
trezentas toneladas de alimentação, isto posto, equivale
a 250 m3 de água, o que é igual ao volume de água do rio Volga na
Russia, que corre por 3700 km de extensão. Pense nisso...Daqui há 50
anos, teremos nove bilhões de habitantes. Como será o sistema produtivo
na agricultura no Brasil? A população no campo contabiliza-se
somente vinte por cento do povo brasileiro. O preço muito baixo do café por
exemplo, está a provocar o êxodo rural, que sangra desde o governo da
ditadura militar. Se faz necessário o subsídio para o café e o leite,
para começar... essa práxis, é velha conhecida no primeiro mundo.
6 de outubro de 2013
Premio Nobel
Esse prêmio existe há mais de um século. Quem o conquista
recebe 1,2 milhão de dólares, da coroa norueguesa,
e por aqui nós do continente americano do sul
colecionamos meia dúzia de prêmios Nobel, e o Brasil, “neca-de-pitibiriba”. Há algo de “podre no reino da Noruega”
parafraseando W. Shakespeare, mesmo
sendo como referência a Dinamarca. São todos vikings. As instituições como os congressos de parlamentares, reitores de universidades, cortes internacionais e
outras entidades, estão autorizadas a indicarem personalidades para concorrerem as
diversas premiações, física, química, literatura e o disputado premio Nobel da
Paz. O líder pacifista Mahatma Ghandi foi
indicado por cinco vezes seguidas, até ser assassinado. A Academia não aprovou o nome do indiano. O
poeta Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Jorge de Lima, Carlos Chagas,
Adolfo Lutz e outros brasileiros foram cogitados,
mas por alguma razão, não lograram êxito.
Drummond é um caso isolado, pois não autorizou o seu tradutor sueco, a submeter a obra dele ao julgamento, igual tratamento foi dado a Academia Brasileira de Letras. O baiano Jorge
Amado, suspeita que o veto se efetivou por conta dele ser do partido comunista,
conforme a narrativa no seu livro – Navegação
de Cabotagem – enfim, há uma nuvem cinzenta e densa nas negativas supracitadas. Um exemplo surreal, foi a teoria da relatividade, descoberta revolucionária de
Albert Einstein, que obteve a mesma resposta da comissão julgadora do Nobel, ou seja, não. Einstein era judeu. A (im)parcialidade entre os luminares, que ungem os premiados, é de difícil compreensão.
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