30 de junho de 2011

Arcanjos

Na simbologia místico-religiosa, os arcanjos estão acima dos anjos, ditos comuns. Nos escritos apócrifos, há sete espíritos diante do trono de Deus. Aliás o número sete, convive entre as seitas, doutrinas e congêneres. Os anjos seguem uma hierarquia na simbologia. Os serafins e querubins povoam o imaginário popular. Na arte bizantina, período de 330 a 1453, do império romano no oriente, distinguem-se os anjos somente pelos nomes, e os caracterizam como soberanos, e são vestidos de túnicas, faixas e sandálias vermelhas, e muitas das vezes, com o globo imperial.Pelo lado ocidental, os arcanjos, se apresentam com uma diferenciação. Miguel portando uma lança, e Gabriel um espelho, através do qual, interpreta as ordens divinas. Rafael, com uma caixa de medicamentos. Uriel, com espada e fogo. Salatiel representado numa oração. Barachiel com uma rosa, como símbolo da benção divina. Jehudiel, coroa e chicote. No sínodo de Laodiceia, na segunda metade do século IV, o Vaticano, reconheceu somente, Miguel,Rafael e Gabriel, e posteriormente inclui-se Uriel. Os mais importantes são: Miguel e Gabriel, esse último carrega um bastão como atributo, que é uma  referencia, a função de mensageiro  de Deus. Gabriel é visto nas imagens e gravuras, com um bouquet de lírios, como o porta-voz da anunciação. A presença de Miguel e Gabriel ao lado do trono de Maria, significa o principio e o fim da Salvação. Segunda a tradição judaica, Gabriel é associado ao fogo, e Miguel a água. Miguel,que é de altíssima patente cristã, pois,seu nome quer dizer: “Aquele, como Deus”, é defensor do povo em tempos de angústia. E Rafael, que em hebraico quer dizer, cura divina, é o anjo protetor por excelencia. Rafael era um  andarilho, sempre com o seu cajado, e carregava  no seu bornal, o fel de peixe, com o qual  curou a cegueira de Tobias. Por isso é patrono dos médicos. Gabriel ditou as récitas para o profeta Maomé no ano 610 dC., e daí  originou-se o Alcorão, a biblia muçulmana, e que  junto com os judeus e cristãos, são considerados os “povos  do livro”, pela vinculação histórico-religiosa entre eles, quer no velho ,quer  e no novo testamento.

19 de junho de 2011

Vox populi,vox Dei !

Há antanhos, no inicio da década de sessenta, por aqui passou, um padre de origem tcheca, e se chamava Franz Victor Rudio. As suas características enguanto pregador do evangelho, eram diferenciadas das demais...pois, caminhava pelas ruas à noite, procurando "ovelhas desgarradas", que eram facilmente encontradas nas mesas de sinuca, nos botequins da vida e na "zona", também conhecida como baixo-meretrício. Era um incansável peregrino, falando sempre as palavras da esperança e do perdão; dirigida aos mais carentes da fé cristã. Ele se foi, e nunca mais retornou, por essas plaga. A igreja tem a sua estrutura, similar a burocracia do poder público. Quando o servidor começa assimilar o arquétipo de uma comunidade, faz-se a sua transferencia, e de forma coercitiva, sob o manto de uma inócua justificativa. Franz Victor Rudio, deixou-nos esse exemplo: que o pastor vai encontro do povo. Similar aos versos de Fernando Brant: ...Todo artista tem de ir, onde o povo está. E por essas paragens, no extremo sul espirissantense, onde próximo daqui, caminhou o jesuita José de Anchieta, de ascendencia hispanica-judaica, surgiu uma espécie de reencarnação do Padre Franz, se me permitem os teólogos conservadores, através do missionário Haroldo Carneiro, nordestino, religioso-andarilho, exímio orador da inabalável fé messiânica, direcionada aos despossuidos, e a impetuosidade da juventude. Esse baiano vindo de Feira de Santana, terra de um arraigado e histórico sincretismo afro-religioso, não se deixou seduzir por essa alternativa e mergulhou na teologia de Santo Agostinho, o doutor da Igreja Católica. O prelado baiano conquista, e convence com argumentos bíblicos. Ele amalgama os fatos da atualidade, com passagens nas escrituras, e conclui numa intelegível linguagem popular.Sua praxis religiosa, está produzindo um tremendo sucesso entre os fiéis. Isto posto, sou remetido ao surrado, contudo ainda na validade,do aforisma em latim : Vox populi,vox Dei. “A voz do povo é a voz de Deus". Dom Helder Câmara, no passado foi arcebispo no Rio de Janeiro e depois de Recife e Olinda, em certa ocasião afirmou, como relembrou, o Padre Haroldo Carneiro:o pastor moderno deve pregar com Bíblia numa mão; e na outra o jornal do dia. Assim é esse abnegado sacerdote, proativo e pós-moderno. O discurso que profere no púlpito, que o rito litúrgico o chama de homilia, está sempre eivado de paradígmas da vida cotidian. A mim não me cabe nenhuma carapuça, pois continuo com o postulado ecumênico, e o respeito constitucional, ser o estado brasileiro legalmente laico.

17 de junho de 2011

Fragmentos da história de Muqui

Recolhi com dificuldade, alguns fragmentos históricos sobre a altiva cidade de São João do Muqui. Infortunadamente o poder público, não alcançou a importancia de se registrar, de se preservar a memória atávica de um povo. Em tempos pretéritos, foi alçada a Município em 1912, e seu primeiro interventor foi Arquimino José de Mattos, que era também um pesquisador cultural, um folclorista que observou, traços nordestinos nas manifestações culturais da região. No Brasil colonial, o então Ceará foi acometido por uma severa seca, e oitenta mil cearenses migraram para todas as províncias do Império. E para o Espírito Santo, eles aportaram em São Mateus, Sta.Cruz,Viana e Itapemirim. Por capilaridade, refluiram pelas terras dos Vieira Machado e alhures. A existencia de famílias de origem cearense nesse condado, é provável se supor, que tanto o encantador Boi Pintadinho e a mística e colorida Folia de Reis, sejam processos culturais, cuja a gênese ocorreu na terra do Padim Padre Cícero Romão Batista. E para ratificar que Muqui está acima do seu tempo, em 1937, elegeu a primeira vereadora do Brasil, a então jovem Maria Felizarda de Paiva Monteiro da Silva. A edil era mais conhecida como Neném Paiva, que por ser amante da arte musical, doou terreno para se construir uma escola de música. E tal aconteceu,contudo num modernoso aproveitamento nessa pequena gleba, edificou-se uma casa da dramaturgia.Um teatro multiuso, moderno e aconchegante.
E para pós-graduar-se, em 1933, se levanta um importante aparelho educacional,uma casa do saber: o legendário Colégio de Muqui.Que poderia se equipar ao Colégio Santo Inácio ou ao Colégio N.S. do Carmo de Vitória, sendo a primeira citação , localizado, no Rio de Janeiro,então capital federal.Essa modelar escola, foi criada pelo ex-senador Dirceu Cardoso. E para se saber mais e mais, sobre São João do Muqui, nada melhor do que se debruçar sobre o livro da imortal Ester de Abreu - Recordações de Muqui - Cidade-Menina - Em prosas e versos.Recentemente Ester de Abreu, deixou esse aforismo borgeano : "Eu vivo o presente e lembro do passado ".E caminha na sua viagem literária,e com sabedoria. Nos faz supor exêgeses e analogias, quando constroi num binomio, trem-rio, que ambos correm implacavelmente, tal como a vida ...