18 de dezembro de 2013
Rua da Serra ou Hill's Street III
Na última parte, da Rua da Serra, toquei Carlos Alberto, cantor romântico. Viajei pela década de 1960. Sucesso na ZYO-26 – Rádio Difusora de Mimoso do Sul, sob a locução de Hilton Abi-Rihan, ícone da radiodifusão brasileira. Hilton Abi-Rhian e o rádio brasileiro se confundem. Hilton, é parte integrante do rádio brasileiro, do Oiapoque ao Chui. Esse mesmo personagem midiático, foi frequentador assíduo do butiquim do João da Biquinha, tendo seu filho, o então jovem Clever como cantor. Outro amigo, era o Boa Alma – Ítalo Alves Ferreira, agraciado com o raríssimo premio Belfort Duarte, outorgado pelo Desporto Brasileiro - Chico Bucheiro, personagem ímpar nesse contexto lúdico e histórico, e o Ary de Souza Pinto, animador cultural dos melhores, com o seu açougue, a fornecer acepipes para acompanhar os aperitivos diários. Melhor dizendo segundo o "indelével" Boa Alma: acessórios de porco e outros. Ao derredor o sirio-libanes Teodoro Kalil, poderoso comprador de café, e em frente José Canarinho, barbeiro de categoria. O “point” era o butiquim acima citado, onde formaram o “regional” conhecido como - Prata da Casa – que tocava no local. João da Biquinha era o promoter de alta patente cultural, pois criou um time de futebol, gerenciava o Boi Pintadinho, isso tudo acontecia na Rua da Serra ou na Hill’s Street. A rua era alegre, pois o lúdico era uma constante. O Ari, proprietário do Açougue Nossa Senhora das Graças, era por demais participativo na comunidade. Nas horas vagas era um entusiasmado leiloeiro para ajudar as obras da Igreja de iSão José, e de quebra, colaborava com o Independente Atlético Clube, mesmo sendo sócio e torcedor do adversário Sport Club Ypiranga. Ele foi um autêntico desportista. Hilton conta uma curiosidade sobre o Chico, que ganhava a buchada dos bois, e a comercializava. Uma generosidade do Ary, daí o apelido de Chico Bucheiro. Chico em todas as vezes que bebia, após os primeiros tragos, chorava copiosamente. O Seu Antonio, de origem mineira, era cego e flamenguista roxo. Não era afeito a intimidades, pois se sabia que na cinta, um Smith Wesson do calibre 38. Ele possuía um movimento com boca e a língua, que parecia ter algum corpo estranho na boca. Através da oralidade, há quem afirme, que em certa ocasião, caiu na sua boca, (ou lançaram) quando cochilava, um punhado de trigo, e daí, ele desenvolveu esse trejeito, de pipocos bucais. A conferir. Em frente ao Ary, o “Mercadão” um imponente imóvel, que pelos traços arquitetônicos remetia a pujança econômica de uma época. A cultura de uma comunidade, está na sua semiologia, ou seja nos sinais, nos signos, quer através da linguagem, costumes, construções e sambaquis, e todas as demais “marcas”, que traduzem a história ou a historicidade de uma região. Se esses traços não forem preservados, e ou sinais de uma cultura, ela desaparecerá, e o condado ficará sem referência, e sem indicativos sócos e culturais, perderemos a identidade cultural. Salve a Rua da Serra, e os seus históricos fundadores.
17 de dezembro de 2013
Rua da Serra Parte II
Porque Plínio Roberto Menditi se tornou botafoguense? A calle de la Sierra, é legitimamente antológica, com gente de ascendência estrangeira, e eles foram fundadores da cidade, como Chakibe Said Tomé, enquanto em vida, foi um abnegado torcedor do Botafogo, e frequentador das matinées do então Cine São José, fundado em 1953, tendo a frente o inesquecível diretor/empreendedor - José Maria de Oliveira -. Chakibe era vizinho do Seu Carlindo pai de Plínio, que lhe presenteou com uma linda camisa do Glorioso, e desde então, um torcedor alvi-negro de carteirinha. Cirilo, católico praticante por demais, era também sirio-libanes e primo de Chakibe, e foi dono de uma casa de tecidos. Dos seus rebentos: Eudes, Antonio e Gonzaga. Ao lado o elegante Jaildo, então agente ferroviário, e usuário de ternos de um tecido da moda conhecido como Panamá, todos bem cortados, quase sempre na cor branca. E não tem como esquecer do ex-prefeito Darcy Francisco Pires e e filhos, tal como Paulinho, Getulio, Volmar, Marisa, Cacau e Helenice. Ele foi um prefeito de todos, como recomenda a práxis democrática. Antonio Coquinho, o terceiro mestre da alfaiataria dentre os demais. . Enedino Glória, e tio da atriz Darlene, a qual dispensa comentários, e que passava as férias na casa dos tios dela. Enedino Glória pai de Antero e José Glória, eram ambos evangélicos, com o templo ao lado. O sereno Paissanti tocava uma loja de móveis, sua filha se chama Itajaci. E os Belotti? O patriarca Alexandre, com o seu inseparável cigarro-de-palha. Silvio, Lourdes, e Silvia uma doce de pessoa, e minha mãe de leite....e tantos outros. Certa ocasião no Rio de Janeiro, numa reunião, abordei o então presidente da Petrobras - Paulo Belloti - e resolvi inquirir-lhe sobre os Belotti, e ele respondeu-me assim: Como vai o meu primo Alexandre? De frente a casa do João da Biquinha, residia o José, gerente da legendária Casas Franklin, com os filhos José Maria, José Antonio e Plininho e Zezé casada com o Carlito Velasque, outrora grande craque do Independente Atlético Clube. José Antonio participou do encontro dos mimosenses na Estação do Largo do Machado. Quase na esquina, Braulio Luciano, professor dos mais inteligentes, casado com Amélia Braga, e filhos, a saber: Rosali, Batista, Ademir e Rosilea... a sua casa, era frequentada pela Gimiana, afrodescendente, forte feito um mourão. Na esquina, Lilico( Hércules Paiva) e Juraci Luciano Paiva, irmã de Braulio Luciano, e filhos, como Chiquinho, Leninha, Zezé Tachinha ( fazia "contas de cabeça", igual a um computador) e Fernando Pirata. . Na outra esquina Valdemiro Itaborai, que dificilmente sorria, com sua padaria. Outra barbearia era da dupla Pianti e Almeral, e de parede-meia, Valadão com uma fita métrica entrelaçada no pescoço, era mais oficial da indumnetária. Eis os irmãos Venturini, sendo a primeira casa, era o sobrado do Valério, e embaixo a oficina de bicicleta do José Guedes. Em seguida Antenor, José, Maria e Dona Catarina, matriarca da família de origem sanmarinense, e por último chegou o Mário Venturini, creio ter sido, o mais velho, dentre todos. Ao lado da casa do Clarindo Vivas era a Sapataria do Machado, meu querido pai, que tocou saxofone na Corporação Musical Lira de São José. E seus amigos, que foram seus auxiliares: Adelton, André Porto, Celino, Marino, Batista(Piaba) e outros bardos, e as vezes aparecia o craque Heraldo, retornando das costumeiras viagens. Alipio Barcelos era lusitano, ora pois, pois e sua esposa Carmem veio da Espanha de Pablo Picasso. (Permissão para uma pequena estória: Na perua-van, estavam Lars Gräel, e o Geraldo Alckmin, e outros num traslado do Santos Dumont ate ao centro do Rio de Janeiro. Em dado momento perguntei ao Lars Gräel, se já tinha ouvido alguém falar sobre Mimosodo Sul. Então, respondeu-me , suavemente que não. Dando prosseguimento ao diálogo, disse-lhe que João Alipio, havia nascido nessa cidade. E de pronto afirmou, que João Alipio salvou-lhe a vida, quando sofreu um grave acidente em Vitória. Ele é neto do lusitano acima citado). A pensão Rex, do Fefeu e Iracema, e seu filho José...ou Zezé Fragosa, e um pequeno chimpanzé fazia um imenso sucesso. Dedé Guarçoni, cujo o nome de batismo era João Nicolau, casado com Altina, e os filhos, Zezito, Aparecida e Otávio. Jerônimo Abreu Oliveira, filho do Otávio, com o seu delicioso sorvete de côco, era casado com Creuza Abreu, de origem sãopedrense. No meu sonho de juventude, imaginava ser esse Jerônimo, próximo ou igual, ao Jerônimo, "o heroi do sertão", que foi uma radionovela, tipo faroeste transmitido pela legendária Rádio Nacional. E Alberto, que consertava sombrinhas e guarda-chuvas, e vendia bananas, eram muitas bananas... ele estava sempre a assoviar acordes inteligíveis. E ao lado, o hermético Samuel, de origem judaica, que na sua perua preta transportava as joias de puro ouro e as vendia. Soube, por uma coincidência, que ao falar com o amigo José Frejat (pai do músico dos Titãs) numa solta conversa, lhe informei ser de Mimoso do Sul, então ele comentou que tinha sido advogado do espólio do mesmo Samuel, que legou seus bens para uma sobrinha dele, operária numa fábrica, nos Estados Unidos.
16 de dezembro de 2013
Rua da Serra, parte I
Na pacata cidade, o som do tropel dos muares reverberava até a oficina do schumacher Machado, meu pai. Ao ouvir me colocava na calçada para ver a tropa passar, tal como a banda. Na vanguarda uma mula rainha ricamente paramentada, portando no peitoril uma campana a tilintar, cuja a carga era a rubiacea canephora, ou o apreciado café, que seria embarcado nos vagões do trem da Leopoldina Railway (1896), para o Rio de Janeiro. Na condução da tropa, o experiente Adão, forte feito um mouro, que com uma batida seca de porrete, (extraído do arbusto conhecido como óleo vermelho), no saco de couro cru, a tropa virava-se à esquerda, e com duas porretadas, virava-se à direita. Ele era o maestro. Cenas estão gravadas no hardware do subconsciente. Por isso esse ensaio memorial a nomear alguns moradores, fatos e seus parcos perfis. É a rua da Serra o ponto zero do condado situado no extremo sul capixaba. E na época, quais eram seus ilustres residentes em tempos pretéritos. A rua da Serra, não é nenhuma Hill's Street de Nova York, ou a famosa Abbey Road, onde os Beatles atravessam-na, pela última. A rua da Serra, não está também localizada no Quartier Latin na iluminada Paris. Aqui é outra luz, de tão plena clareia a caminhada dos passos da memória inclemente, a viajar através do binômio: recordar é viver, e nada mais do que isso. Para indicar a temporalidade da narrativa, é a década de 1960. É a culminância dos anos dourados de Mimoso do Sul , que iniciam-se na segunda metade da década de 1940 - sendo que em 1949, o município foi o maior produtor de café do Brasil - e se sustentou nessa condição até aos anos 1960, quando os cafezais (a mais importante fonte de renda) foram erradicados, pois, foram considerados antieconômicos, e se processa a segunda grande diáspora na região, e a preferência majoritária migratória se direciona para o Rio de Janeiro. Com certeza, falhas memoriais - inexoravelmente - serão cometidas - e os contemporâneos estarão presentes nessa viagem, à bordo do trem Cacique no vagão-restaurante, com destino ao Rio de Janeiro. Eis o cardápio: bife à cavalo, com arroz e fritas, e a uma cerveja casco escuro, estupidamente gelada. Perdoem-me a arrogância, pois, "O Cacique" era o imagético, a réplica do trem do filme Orient Express, baseado no livro da escritora Agatha Christie.
O início da pequena cidade era a venda de secos e molhados do discreto ítalo-brasileiro Guido Marelli. Na época era uma distância razoável, e eram próximos o nipo-brasileiro, Mário Miashiro, exímio agricultor de tomate, e quase ao lado, os íbero-brasileiros da família Torres, representados pelos gentis irmãos, Adalício e Alvino. O vizinho deles, se chamava João Francelino, que pela estatura, carregava o apelido de João-perna-longa. Um apaixonado pelo IAC - Independente Atlético Clube, tendo sido seu presidente por longos anos, e o seu filho Valter Borracha, foi o melhor goleiro reserva do grande " goalkeeper" Totonho Moloquête . Independente, foi em homenagem ao famoso time portenho, Independiente. Aurélio um exímio lanterneiro, no final do expediente apreciava uma cerveja, pai do Marcão residente em Vitória. O vizinho ao lado era João Bolinha, vis-à-vis, a padaria de Israel Itaboraí, tio do Getúlio Campos, um bom amigo. João Guedes dos Santos, sempre o via de óculos escuros, e uma corrente num desenho elíptico, conectado ao relógio de bolso. E do seu caminhar com as pernas semi-arcadas. De família numerosa, e de origem portuguesa, talvez seja o mais numeroso de todos os clãs familiares. Ele morava numa ampla casa, com uma extensa varanda. (Câmara Cascudo, notável folclorista brasileiro, informa que a varanda é uma invenção moura, para impedir que a visita adentrasse na casa) Sadi, comerciante "controlado" tocava seu empório, vizinho de Medeirinho e Zezita, sendo que ela migrou-se para o Rio de Janeiro. Raul era barbeiro, profissão universal, pai da Vilma. João Guedes e Antonieta Cerri, ela irmã de Pedro Cerri, remember os saborosos doces de leite, no Alto San Sebastian. Em frente os Frigeri, o sisudo José e a fervorosa Diva, e seus rebentos, destaque para Edna Frigeri que desfilou no Municipal Lítero Clube, e conquistou pela estética, o título de Miss Bangu ( por causa da patrocinadora - Fábrica de Tecidos Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro). O estádio Roberto Calmon, (em homenagem a um médico desportista en passant pela cidade ) é o nome do campo do IAC, palco de grandes vitórias. Na pequena rua ao lado, morava Alcir Rodrigues, herói da Segunda Guerra Mundial, tendo atuado no front. Eram vários os rebentos, Ronaldo e Rômulo e Maria Lucia, residem na mesma casa, e torcem pelo glorioso. Em frente à direita o destemido José Coimbra, vindo de Faria Lemos(MG), tendo os filhos Ailton, Elcio e Nilton e as filhas. Em frente aos Coimbra, residia o simpático João Nicolau, pai de Messias ( que se tornou oficial de chancelaria e singrou os sete mares) O afrodescendente João Nicolau, foi presidente do Clube Rural Classista, junto com Adão Só, nome surreal, o qual nunca me esqueci. Bianchini, da familia Meirelles, foi amigo de João Bastos, ferroviário e líder político de pureza socialista, e o carpenter José Zolli. E a Brígida Ramos Pinto Brochado? Concorridos eram os doces conhecidos, dentre eles, o "olho de sogra" algo caricato, uma anti-homenagem as sogras. E a maçãzinha. Foi melhor doceira do Brasil, casada com Virgílio Brochado. Zildo dos Correios, lépido e expedito, e nas horas vagas atuava como instrutor aos postulantes da carta (como dizem os paulistas) de motorista. Euclides Mello dos Santos, comerciante, morreu precocemente, e deixou viúva, a Professora. Maria José Paiva Mello, a cuidar de vários pequeninos. Essa mestra foi exemplo moral e ético. O discreto casal, Carlindo Menditi e Gloria, chegaram da zona rural em 1953. A horta dos Rodrigues, regada à mão, era um sucesso. E Valentina de ascendência italiana acolhia os netos que vinham estudar no Mosenhor Elias Tommasi. Uma curiosidade: quem viveu nessa época, ou por oralidade, talvez saiba porque Plinio Roberto Menditi se tornou um grande torcedor alvi-negro? Eis uma pista: o imigrante Sírio-Libanês Chakib Said Tomé foi seu vizinho. E por citar Chakib, e os inúmeros patrícios dele, que cooperaram na fundação da cidade, é que se introduziu na gastronomia local, os quibes, kaftas, merches, homus terrines, tabulis, quibes-cru, arroz com lentilhas, esfihas e outras iguarias, cuja a origem, remete as longínquas terras maometanas. Afirmo calcado na sociologia e na histórica, que foi uma honraria ter convivido com a generosidade sírio-libanêsa. Saudando Nazle Acha, estendo os cumprimentos místicos, esotéricos, e ou transcendentais aos demais, quer estejam no zênite ou não.
15 de dezembro de 2013
Nelson Mandela, ou Madiba
No último sábado que passou, dia 13de dezembro, foi enterrado o Premio Nobel da Paz - Nelson Mandela, ou Madiba - para os sul africanos. Foi enterrado em Qunu, onde passou boa parte da sua infância. A cultura da tribo Thembu - cuja a etnia Xhosa, é parte dessa origem - determina que ele seja enterrado ao lado da casa onde viveu, e também acontecerá o sacrificio de um boi. Os sacrificios dos animais não é um costume dos povos africanos, na Europa, na Grecia antiga já se sacrificavam animais, como na Roma dos césares. Está se descobrindo aos poucos, nas reflexões dos historiadores e cientistas sociais internacionais, que Nelson Mandela, está despontando como uma figura histórica impar, com escassos concorrentes no plano universal. Paradigma de homem no espaço e no tempo, e também como ser político e social. Um homem que passa vinte e sete anos na prisão, e grande parte desse tempo, numa cela solitária, por ter combatido a perversa prática racista imposta aos negros sul africanos. E ao ser libertado, iluminado, exerce na prática a virtude do perdão àqueles que foram seus algozes. Coordena a transição política sem derramamento de sangue. E depois conquista a presidência da Africa do Sul, por um único mandato, e deixa a vida política, e se recolhe em casa, sendo que poderia ter continuado como "ditador", conforme ocorre em grande parte do continente africano. Madiba se envolve na campanha de combate da Aids, no seu país, com índices elevados de contaminações. Nelson Mandela está na galeria de poucos, com altíssima moral, ao lado de Mahatma Ghandi, Tereza de Calcutá e Martin Luther King. O estadista Nelson Mandela, deixou a maior lição que qualquer cidadão deveria abraçar: o perdão. Nelson Mandela, entra para a história, e que por certo terá a sua biografia apreciada nas escolas do mundo.
11 de dezembro de 2013
Vissi d'arte, vissi d'amore
Tosca, é a mulher-personagem
da ópera que leva o mesmo nome, cujo o autor é
Puccini, e tal obra, teve a sua estréia em 1900, na Roma dos césares. Em
suma, Tosca tem maioridade, pois é sucesso há mais um século. É uma das óperas mais apresentadas e gravadas no
mundo operístico. A dramaturgia está
para o teatro, assim como a paciência está para o monge tibetano. Desde as tragédias
gregas – Édipo rei - passando pelo bardo inglês Sir William Shakespeare, quer na
ópera ou na antiga e tradicional representação
teatral, o drama humano está presente com o seu “verissimo”, tramas ardilosas e tragédias
febris e ferozes, o desejo desenfreado ao poder, corrupção, paixões
individuais, e as mais ignóbeis chantagens
levadas à cabo pelas mentes humanas.
Todas convergentes ao binômio, amor e poder, creio ser oportuno, remeter ao “affair” do
general romano Marco Antonio, com a
rainha egípcia – Cleópatra – e depois com Julio Cesar, que mereceu uma peça de
Shakespeare. Essas torrentes de emoções, que originaram tantas peças de arte,
se repetem no dia a dia, no tempo e no espaço diverso, com tinturas da modernidade ou da
pós-modernidade, de acordo com o gosto do freguês. E no vetor midiático, se
colhe em profusão tais eventos metamorfoseados com indumentária metafórica. Esse viés, não se repete, contudo, a verossimilhança
é inconteste, até porque, parece que os autores acima citados, e mais meia dúzia deles, passados mais de dois mil anos, nada se apresentou,
para sobrepor aos temas “esgotados” pelos gregos e seus seguidores, há quase
cinco séculos. A ênfase não é para essa
possível ausência de uma nova temática, e/ou
desdobramentos. Ressalta-se, é a presença inequívoca (enquanto voz) a denunciar, “o quase igual nos tempos modernos”, a
ferocidade das paixões, a tortura moral,
o diálogo feito a uma luta de feras, com urros, soluços e invectivas. Tosca, antes de matar o assassino do seu amor, refletiu : "vivi da arte, vivi do amor". Em seguida, suicida-se.
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