Ensina-nos
o escritor e poeta sãopedrense Grinalson Medina, no livro " Páginas da
nossa terra" que o primeiro posseiro aportou em 1837, nas alterosas
de São Pedro do Itabapoana, e as primeiras familias oriundas das Minas Gerais e
do Vale do Paraiba, chegaram em 1850. Consequentemente São Pedro vivenciou meio
século de escravatura, o qual é considerado o maior trauma da história do país,
e curiosamente o médico José Coelho dos Santos, filho do Mestre Silvestre -
escravo alforriado - por duas vezes Deputado Estadual, e na condição de
Presidente da Casa Legislativa, de acordo com a Loja Maçonica Ordem e
Progresso de Campos dos Goitacazes, onde foi membro, assumiu interinamente
Presidência do Estado do Espirito Santo, durante a República Velha. Ao se
confirmar tal afirmativa, Mimoso do Sul, além de Rubens Rangel, poder-se-ia
acrescentar Dr.José Coelho dos Santos, como governador oriundo de São Pedro, na
época, sede de Mimoso do Sul. A região de São Pedro está a 500(quinhentos)
metros acima do nível marítimo, por isso vocacionada para a cultura cafeeira, e
" São Pedro foi nos alvores do século XIX, uma das mais importantes
cidades do Espirito Santo" conforme declarou José Olympio de
Abreu, então Secretário de Cultura do governo Carlos Lindenbergh. E para
acrescentar, se faz necessário ratificar as assertivas acima citadas, pois em
1929, ano crack da Bolsa de Nova York, eis o censo polulacional do Espirito
Santo: São Pedro 44.054 habitantes, Cachoeiro do Itapemirim 36.541 e Vitória
28.828. É inequívoca a importância histórica de São Pedro do Itabapoana até o
dia 02 de novembro de 1930, quando 13(treze) caminhões com soldados armados,
num golpe militar, incineraram documentos oficais em praça pública, e
transportaram os livros do notário público para a Mimoso, cujo o toponômio na
época, mudou-se para João Pessoa. Se faz supor que tal golpe estava respaldado
na deposição de Washinton Luiz, por Getulio Vargas, que tomou posse no dia 03
de novembro de 1930. Essa manobra golpista provocou uma autêntica
diáspora, guardadas as proporções, tal qual o povo judeu foi
vítima na Segunda Grande Mundial.
23 de abril de 2014
São Pedro do Itabapoana / última parte
Segunda
Parte (última)
O Sitio
Histórico de São Pedro do Itabapoana, possui o seguinte acervo: 41
(quarenta e um) imóveis residenciais, o prédio "Câmara e Cadeia",
igreja católica e o calçamento central em "pé-de-moleque" que
pela importância histórica, foram tombados pelo Conselho Estadual de Cultura,
em 17 de fevereiro de 1987. O Sítio ora em tela, tem no seu casario o registro
sociossemiótico do poder econômico da segunda metade do século 19, em diante.
Nas fachadas dos casarios, de plantas retangulares, se observa que as portas
mantém a nobreza de suas ombreiras de madeira, sendo que algumas com soleira em
pedra. Os primeiros onze anos do tombamento "nada aconteceu" até o
surgimento do Primeiro Festival de Inverno da Sanfona e Viola, em 1998, no
interior do Sitio Histórico, tendo sido a primeira ação impactante. Foi uma
iniciativa de alto valor para a comunidade, no viés da autoestima dos
moradores. A partir de 2005, o governo municipal local, com o apoio da
Secretaria de Estado da Cultura, implanta uma política de desenvolvimento sustentável
calcada na na valoração e no acolhimento às características de um Sitio
Histórico, interpretando-o, a imperiosa necessidade e a possibilidade do
desenvolvimento a partir da semiótica que contextualizado nas suas
originalidades, demonstrem inequivocamente a diferença cultural. E no
arquétipo emoldurado pela iconografia do Sitio Histórico, se consolida também
como um bem turístico, e vaticina-se um futuro desenvolvimentista, desde que se
preserve a sua identidade. Dessa maneira que nasce o Núcleo de Música da
Sanfona e da Viola, fundado em 29 de julho de 2005, durante o III Festival de
Inverno e Sanfona, com parte do Projeto de Desenvolvimento Sustentável, através
do resgate da arte musical da viola e da sanfona, que deu inicio pelas
Oficinas Musicais", que na atualidade já se tornou um processo cultural
permanente, tanto o Festival quanto a Orquestra de Sanfona e Viola,
ambos repercutem em todo o Brasil e no exterior.
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