23 de abril de 2014

São Pedro - Primeira parte





Ensina-nos o escritor e poeta sãopedrense Grinalson Medina, no livro " Páginas da nossa terra" que o primeiro posseiro aportou em 1837,  nas alterosas de São Pedro do Itabapoana, e as primeiras familias oriundas das Minas Gerais e do Vale do Paraiba, chegaram em 1850. Consequentemente São Pedro vivenciou meio século de escravatura, o qual é considerado o maior trauma da história do país, e curiosamente o médico José Coelho dos Santos, filho do Mestre Silvestre - escravo alforriado - por duas vezes Deputado Estadual, e na condição de Presidente da Casa Legislativa, de acordo com a   Loja Maçonica Ordem e Progresso de Campos dos Goitacazes, onde foi membro, assumiu interinamente  Presidência do Estado do Espirito Santo, durante a República Velha. Ao se confirmar tal afirmativa, Mimoso do Sul, além de Rubens Rangel, poder-se-ia acrescentar Dr.José Coelho dos Santos, como governador oriundo de São Pedro, na época,  sede de Mimoso do Sul. A região de São Pedro está a 500(quinhentos) metros acima do nível marítimo, por isso vocacionada para a cultura cafeeira, e " São Pedro foi nos alvores do século XIX, uma das mais importantes cidades do Espirito Santo"  conforme declarou  José Olympio de Abreu, então Secretário de Cultura do governo Carlos Lindenbergh. E para acrescentar, se faz necessário ratificar as assertivas acima citadas, pois em 1929, ano crack da Bolsa de Nova York, eis o censo polulacional do Espirito Santo: São Pedro 44.054 habitantes, Cachoeiro do Itapemirim 36.541 e Vitória 28.828. É inequívoca a importância histórica de São Pedro do Itabapoana até o dia 02 de novembro de 1930, quando 13(treze) caminhões com soldados armados, num golpe militar, incineraram documentos oficais em praça pública, e transportaram os livros do notário público para a Mimoso, cujo o toponômio na época, mudou-se para João Pessoa. Se faz supor que tal golpe estava respaldado na deposição de Washinton Luiz, por Getulio Vargas, que tomou posse no dia 03 de novembro de 1930. Essa manobra golpista provocou uma autêntica diáspora, guardadas as proporções,  tal qual o povo judeu foi vítima na Segunda Grande Mundial. 

São Pedro do Itabapoana / última parte



Segunda Parte (última)

O Sitio Histórico de São Pedro do Itabapoana, possui o seguinte acervo:  41 (quarenta e um) imóveis residenciais, o prédio "Câmara e Cadeia", igreja católica e o calçamento central em "pé-de-moleque"  que pela importância histórica,  foram tombados pelo Conselho Estadual de Cultura, em 17 de fevereiro de 1987. O Sítio ora em tela, tem no seu casario o registro sociossemiótico do poder econômico da segunda metade do século 19, em diante. Nas fachadas dos casarios, de plantas retangulares, se observa que as portas mantém a nobreza de suas ombreiras de madeira, sendo que algumas com soleira em pedra. Os primeiros onze anos do tombamento "nada aconteceu" até o surgimento do Primeiro Festival de Inverno da Sanfona e Viola, em 1998, no interior do Sitio Histórico, tendo sido a primeira ação impactante. Foi uma iniciativa de alto valor para a comunidade,  no viés da autoestima dos moradores. A partir de 2005, o governo municipal local, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, implanta uma política de desenvolvimento sustentável calcada na na valoração e no acolhimento às características de um Sitio Histórico, interpretando-o,  a imperiosa necessidade e a possibilidade do desenvolvimento a partir da semiótica que contextualizado nas suas originalidades, demonstrem inequivocamente a  diferença cultural. E no arquétipo emoldurado pela iconografia do Sitio Histórico, se consolida também como um bem turístico, e vaticina-se um futuro desenvolvimentista, desde que se preserve a sua identidade. Dessa maneira que nasce o Núcleo de Música da Sanfona e da Viola, fundado em 29 de julho de 2005, durante o III Festival de Inverno e Sanfona, com parte do Projeto de Desenvolvimento Sustentável, através do resgate da arte musical da viola  e da sanfona, que deu inicio pelas Oficinas Musicais", que na atualidade já se tornou um processo cultural permanente,  tanto o Festival quanto a Orquestra de Sanfona e Viola,  ambos repercutem em todo o Brasil e no exterior.