25 de fevereiro de 2018

Teresa Fênix 41a.parte

O destino do  Chefe não estava escrito nas estrelas. Foi decretado pelo  Exu Caveira, entidade mais carregada de  maldade, no campo  primitivo, chamado de vingança, sob o manto da barbárie. As religiões  de matrizes africanas, são iguais a quaisquer outras místicas. Os cultos   de todos os continentes defendem que na existência  do bem, há a contrapartida do mal. Acrescento somente para ilustrar pois, na famosa ópera Il Trovatore de Giuseppe Verdi(1813/1901) no libreto eis o  Ato 1: " O irmão mais moço do Conde de Luna desapareceu há muitos  anos. Conta-se que uma feiticeira fez-lhe um feitiço antes de ser queimada, e que a filha dela raptou e matou a criança."     Há a possibilidade que a morte do Chefe tenha sido encomendada pelo antigo empregado - José do Egito -  que presenciou o assassinato  do patrão dele. Se tal ocorreu, as mães e filhas de santo, babalorixá, cambono e o orixá mais graduado,   e demais membros tenham acedido  a proposta de trabalharem a morte do Chefe. Os alquidares foram lavados em água corrente de cachoeira,  e preparados para receberem o  bode preto sacrificado, para se processar o despacho na lua cheia no dia 17 de  agosto, como recomenda a liturgia transmitida pelos sábios  Obás. O Chefe foi vítima de um forte quebranto. Negava a se alimentar, e foi tomado de um profundo  desânimo e dizia ouvir vozes do pai dele.  Diante do quadro agravando-se em progressão geométrica,  foi internado no hospital local e morreu em poucos dias, vítima da falência dos órgãos vitais. "Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay ". (*)

(*) "Eu não creio nas bruxas, mas que elas existem, existem"