28 de setembro de 2010

Fernanda Montenegro

Recentemente,expressei a minha opinião sobre a mistura de idioma estrangeiro numa novela.O horário é nobre - milhões de pessoas antenadas - esse passatempo, muitas das vezes,está a merecer críticas dentro um conceito construtivo.Não é a primeira vez ,e nem será a última , que os autores fabricam toscamente essa amálgama,essa liga idiomática de gosto discutível.Na novela anterior,cujo o tema se reportava a cultura indiana,o elenco utilizava expressões,tais como : Hare bába,nahid, e outros ! No momento,o autor se volta para os costumes itálicos,na novela Paixão,desculpa-me, Passione ! A cibernética,ou melhor, a informática,inundou o mundo com termos técnicos,e algumas inovações perfeitamente dispensáveis,tais como : inicializar o computador em vez de iniciar o computador ! Ora bolas ! Porque essa apelação linguística ? Já não bastam as traduções,vindas dos equipamentos importados,tipo scaner,que no ato, da sua utilização,virou o verbo escanear. Na Paixão,perdoem-me : Passione,os atores se fartam,interpretando num linguajar itálico-brasileiro,demonstrando claramente,sem nenhuma cerimônia,que não são italianos...poderiam ter visitado a ítalo-capixaba - Venda Nova do Imigrante - a mais original colonia itálica do Brasil.Lá eles aprenderiam como os patricios italianos verdadeiramente,carregam na pronúncia, o vernáculo brasileiro !
Pelos bastidores, o diretor,tentou que a distintíssima dama do teatro brasileiro – Fernanda Montenegro – dialogasse no estilo dos atores italianos,com esse palavrório,muitas das vezes não entendido pelos telespectadores ! A reação da atriz, foi um rotundo: não ! Fernanda Montenegro faz a diferença nessa Paixão,digo-lhes Passione.Seu desempenho bota prá fora as vísceras da dramaturgia,seu texto é firme,sua fala é cristalina,não deixa dúvidas a quem lhe assiste.O idioma de uma nação está possuido de robustos recheios de simbolismos,que se encontram na auto-estima,na cidadania e na cultura do povo.Uma novela,em média possue de oito a dez núcleos,alguns deles são dispensáveis,outros devem ser apreciados,mas o núcleo onde a protagonista, é essa maestrina do teatro, deve-se observar com a atenção redobrada.Se o fizerem,perceberão uma magistral representação.
Para ilustrar,a polemica dos estrangeirismos,os quais são usados e abusados pela mídia,chegou ao meu conhecimento,uma pequena história : Certa vez o Imperador de Roma – Tibério – usou no seu discurso uma palavra estrangeira e foi repreendido.O imperador aceitou a reprimenda,entretanto,afirmou que aquela palavra não latina faria parte do latim.Estando presente um atento auxiliar,disse a este César,de nome Tibério : Tu,Imperador,realmente,pode dar direito de cidadania aos homens,porém,às palavras,não !

Sempre mais

Gilberto Machado