10 de dezembro de 2015

Sanhaço Azul ou thraupis sayaca






Onde morei, e  estou a morar, existe uma mangueira no quintal com mais de meio século, sombreando e doando mangas espadas anualmente. E que mangas. Estou sempre as colhendo nas manhãs dos outonos. Segundo o médico ortomolecular Helion Póvoa o organismo precisa de açúcares como primeira refeição, exceto os diabéticos. E ele recomenda a frutose, sendo que as mangas, pitangas ou amoras,  as minhas preferidas. Outro dia, reservei quatro manguitas numa tigela, e as coloquei na lateral do tanque de roupas.  Em seguida  fui comprar alguns pães, o que raramente o faço. E no retorno, as mangas estavam sendo bicadas por dois sanhaços, ambos azulados. Um casal? Talvez. Os sanhaços não são dissimulados. Assumidamente ariscos e vigilantes. E o instinto do pássaro conectou a minha intenção, pois passei a deixar as mangas na tigela, e transformaram-se em comensais cotidianos. O habitat dessas aves não são tão somente,  as combalidas matas secundárias.   Os sanhaços são antrópicos, quer dizer, vítimas das modificações provocadas pelo homem no meio ambiente,  os tornaram adaptáveis aos espaços urbanos. Essas aves  põem três ovos brancos, meio esverdeados, com pintas e traços marrons. Incubados pela fêmea por doze a catorze dias, e com vinte dias começam a ensaiar os primeiros voos. 




 

7 de dezembro de 2015

Pano de fundo



Escrever não é algo fácil. Narrar para muitos, então é mais difícil ainda. Os corações e mentes são diferenciados, pois a humanidade é plural, e assim deve ser. A herança helênica, que é a democracia -  significa governo do povo, e para o povo -  essa presunção deságua na pluralidade universal. Essa é a convicção. Funcionando ou não, a democracia é a máxima utilizada pelo mundo ocidentalizado. No mais, é o império das abjetas  ditaduras.  No momento surgem a veloz proliferação das  religiões, seitas e doutrinas. Inúmeras, e todas inexoravelmente dogmáticas. No Oriente Médio, Paris, California e n’África, matam e morrem sob o manto da mística, como pano de fundo. A lição da Segunda Guerra Mundial, ainda não foi  apreendida.  Claudicando, caminhamos.

14 de novembro de 2015

Banho de sangue



Na sexta-feira treze de novembro de 2015,  na luminosa Paris   foram  assassinadas mais de uma centena de inocentes em  lugares diferentes, e mais de  trezentos nos hospitais, foram alvos bem próximos um do outro. Há  suspeitas que os autores sejam dos movimentos radicais, tais como o Exército Islâmico, que degola indivíduos e publica nas  redes sociais para o mundo tomar conhecimento da barbárie. O governo francês declarou que vai dar combate sem piedade,  aos responsáveis pela carnificina. Injustificável a conduta nefasta dos extremistas, pois escolheram como estratégia usar homens-bomba e  fuzis-metralhadoras kalashnikovs   para matarem gente do povo. Não há clareza, há camuflagem para se esconderem na prática de atos ignóbeis contra população civil. Não dar chance a defesa, é assassinato. O Daesh (como é conhecido o Estado Islâmico) acordou a União Europeia, OTAN e outros aliados. A expressão "sem piedade " é forte demais, pois remete a antiga lei de Talião - dente por dente, olho por olho". O discurso proferido pelo Presidente François Hollande estava sob forte impacto emocional, diante da tragédia por saber das centenas de patrícios  mortos covardemente pelo terrorismo. Com certeza, quando os ânimos arrefecerem e os  responsáveis forem  julgados,  a justiça se fará sob o manto da civilidade. Não há outra alternativa  que não seja pela legalidade. Caso contrário, a França não seria  a França  de Jean Jacques Rosseau.

8 de novembro de 2015

Alguma coisa




Quando Frank Sinatra gravou – Something – do Beatle George Harrison, afirmou para a imprensa internacional que Something é  a mais bela música romântica  dos últimos cinquenta anos. Ele tinha autoridade para declarar algo igual ou próximo disso. Trata-se de uma canção de amor,  e os versos que a acompanham, confirmam par e passo.O consagrado compositor e intérprete o inglês Eric Clapton fez um show póstumo para o autor George Harrison, disponibilizado no You Tube. O poeta escreveu: Alguma coisa em seu sorriso/ ela sabe/ ela  sabe o quanto eu acredito/ que eu não preciso de outro amor. A introdução é limpa, apresentada pela  guitarra desse roqueiro ainda pouco reconhecido pela mídia. As vozes dos outros companheiros da banda formaram  um belo coral. E finaliza numa tradução livre,  como o (im)ponderável: você me pergunta se isso irá tornar-se amor,  eu não sei, eu não sei, vendo de perto pode ser mesmo,  eu não sei, eu não sei.

Uma pequena ajuda dos amigos



Os Beatles marcaram para sempre a geração na qual estava inserido cronologicamente. O Long Play – Sargento Pimenta – tem algumas faixas como a A little help from my friends, que com atenção pode-se apreciar o som do contrabaixo empunhado por Paul MacCartney. O ritmo é marcado com brevíssimos gaps, e o andamento é dado pela percussão – Ringo Starr - e os floreados através das guitarras do John e George (não entendo, eles poderiam estar por aí, e não por lá). A poesia é simples, na tradução livre: Uma pequena ajuda dos meus amigos. A voz nessa canção é do baterista e sobrevivente Ringo Starr.  O tema se inicia assim: O que você faria se eu desafinasse?  Empreste-me seus ouvidos, e tentarei não desafinar... com uma pequena ajuda dos meus amigos. O que fazer quanto o amor está longe?  E na sequência os versos  da  mesma magnitude. Aliás, os amigos são para sempre.

4 de novembro de 2015

Andorinhas


Alguns pesquisadores classificam as andorinhas como – aves dos céus – pois voam longas distâncias. Foram batizadas na família dos  hidrobatídeos. Voam sobre os oceanos  Pacífico e Atlântico, visitam a Patagônia (sul da Argentina)   e as alterosas andinas.  Há aquelas apelidadas de andorinhas do mar, essas também empreendem viagens intercontinentais. Há pesquisas,  que a navegação de bordo das andorinhas  se  atras das  estrelas. Quando chove, o teto estelar se encobre então elas devem apresenta dificuldades na travessia dos mares. Os pesquisadores suspeitam que as aves  migratórias em geral, utilizam  também o eixo eletro-magnético da terra na  direção norte e sul, as luzes e celulares interferem no voo. O relevo da terra é também outro orientador.  Chegam ao destino, com inevitáveis perdas  pelo espaço aéreo. O retorno se faz misteriosamente para o ninho original. Elegantes pelas  combinações cromáticas, na maioria das vezes o  preto e branco, dando-lhes sobriedade. Elas apresentam alguns modelitos como a Andorinha-de-cauda-tesoura, de coleira, do rio, do campo, e do  peito vermelho ( essas viajam do hemisfério norte entre setembro e março). As andorinhas por conta do imponderável, enfeitam as poesias de algumas canções, desde Altemar Dutra cantor romântico dos anos 1970, com a canção "Vai andorinha" até a italiana  Gigliola Cinquetti, – na letra da canção “ Dio como ti amo” com os versos  le rondini nel cielo  na tradução livre as andorinhas do céu,  e tantas outras odes reverenciadas a esse pequeno e valente pássaro migratório. A de cauda-tesoura constrói os ninhos utilizando secreção salivar, além da paina e penas macias. Na Europa os ninhos ficam nas escarpas íngremes. Os ninhos das andorinhas feitos somente com a secreção dessas avezitas, é considerado uma iguaria gastronômica. Não emitem os cânticos tradicionais da passarinhada, elas chilreiam, gazeiam ou arrulham.   Eis o ditado popular andorinha sozinha não faz verão.




 

 Andorinha de cauda tesoura