Compartia  algumas vezes com Olimpio José de Abreu, a mesma mesa do bar que pertencia ao  Hotel Argentina, que fica no Flamengo - Rio de Janeiro, e faziam companhia, Heitor Polo, George Pires Chaves,  Moniz
Aragão pai do Jimmy,  Vilmar Soter  e  outros. 
Eram tertúlias de agradáveis diálogos. 
Numa ocasião Olimpio contou-me que uma cigana quiromante  abordou-lhe no Largo do Machado, e ofereceu-lhe
“serviços místicos” para ler a mão dele. Ele perguntou  a “sacerdotisa da quiromancia “ se poderia ler a mão esquerda . A
quiromante respondeu-lhe, que a mão esquerda não se lê. Essa narrativa do amigo
foi armazenada no -  arquivo implacável
da modesta memória desse cronista que lhes escreve – até que deparei-me com uma
cigana no mesmo Largo do Machado, reduto de um dos segmentos desses  nômades, que interrompeu meus passos,
e de chofre disse-me: posso ler a sua mão? O relato do amigo Olímpio,  como num  apertar de uma tecla imaginária, veio-me a mente
a estória da “ sacerdotisa da quiromancia”. Disse a cigana que a mão esquerda
estava disponível para ser lida. Ela afirmou que não se lê a mão esquerda. Insisti
para saber a razão, em se negar ler mão canhota.  Emudecida se afastou dando por encerrado o
diálogo. Perseverei indo atrás dela, para dirimir a dúvida, foi quando num sussurro quase inaudível, disse-me:  a mão esquerda,
é a do diabo.
 

