8 de novembro de 2014

A cigana e a mão esquerda




Compartia  algumas vezes com Olimpio José de Abreu, a mesma mesa do bar que pertencia ao  Hotel Argentina, que fica no Flamengo - Rio de Janeiro, e faziam companhia, Heitor Polo, George Pires Chaves,  Moniz Aragão pai do Jimmy,  Vilmar Soter  e  outros.  Eram tertúlias de agradáveis diálogos.  Numa ocasião Olimpio contou-me que uma cigana quiromante  abordou-lhe no Largo do Machado, e ofereceu-lhe “serviços místicos” para ler a mão dele. Ele perguntou  a “sacerdotisa da quiromancia “ se poderia ler a mão esquerda . A quiromante respondeu-lhe, que a mão esquerda não se lê. Essa narrativa do amigo foi armazenada no -  arquivo implacável da modesta memória desse cronista que lhes escreve – até que deparei-me com uma cigana no mesmo Largo do Machado, reduto de um dos segmentos desses  nômades, que interrompeu meus passos, e de chofre disse-me: posso ler a sua mão? O relato do amigo Olímpio,  como num  apertar de uma tecla imaginária, veio-me a mente a estória da “ sacerdotisa da quiromancia”. Disse a cigana que a mão esquerda estava disponível para ser lida. Ela afirmou que não se lê a mão esquerda. Insisti para saber a razão, em se negar ler mão canhota.  Emudecida se afastou dando por encerrado o diálogo. Perseverei indo atrás dela, para dirimir a dúvida, foi quando num sussurro quase inaudível, disse-me:  a mão esquerda, é a do diabo.

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