14 de dezembro de 2012

O jongo - parte 2

Há uma interação interdependente entre o lúdico e o místico, em se tratando do jongo. No lado místico, conta-se que aquele que tem "vista forte", ou seja; um iniciado com a patente próxima de um Obá (sábio em Iorubá); dizem que durante uma roda de jongo, é possível plantar à meia-noite no terreiro uma muda de bananeira. E durante a madrugada, ela cresce e produz frutos que eram distribuidos entre os presentes. A festa-mística dos jongueiros, é composta por uma fogueira e diversas tochas espalhadas. Ao lado, ergue-se uma barraca de bambu para a dança dos casais, ao rítmo do calango; e ao som de uma sanfona de oito baixos e pandeiro. Silenciosamente, à meia noite a negra mais velha, talvez a mais sábia, sai da barraca e caminha lentamente em direção ao terreiro de "terra batida". É o momento solene, de acender a fogueira e formar a roda. Ela se benze entre os tambores sagrados, e pede licença aos pretos velhos que já se foram rumo ao zênite, para iniciar os trabalhos. Canta o primeiro ponto, que é o de abertura. Todos respondem, cantando alto e batendo palmas num clima de alegria. Os tambores rufam. Nas fogueiras, assam-se na brasa a batata doce, milho verde e amendoim. Bebem cachaça, caldo de cana quente ou café, nas noites de frio intenso. O jongo é também uma festa, sobremaneira animado e só termina ao raiar do dia. No amanhecer saudam o dia, com um "saravá a barra do dia". Dia 13 de maio é uma data consagrada dos pretos-velhos. Os jongueiros dançam descalços, vestidos com roupas do dia a dia. É uma dança de roda e de umbigada. A umbigada se dá de longe. No jongo da Serrinha existe um passo que se chama "tabiá", que é uma pisada forte com o pé direito, curiosamente, tal qual os indios da região do Xingu, na festa do Quarup.

10 de dezembro de 2012

O Jongo - parte 1

É muito provável que o samba tenha a sua paternidade creditada ao jongo. A dança do jongo se concentrou nos morros cariocas antes do surgimento do samba, porque na abolição da escravatura, a colonia não reservou sequer pequenas glebas para os ex-escravos. Em nome da preservação desse patrimonio cultural, em 1960 foi criado o Jongo da Serrinha, em Madureira no Rio de Janeiro. Seu incentivador, foi o mestre Darcy Monteiro, profundo conhecedor da prática dessa dança, carregada com fortes tinturas místicas e respeitáveis mistérios. Criou-se uma Escola de Jongo, que inicialmente foram matriculadas 500 crianças, e jovens de diversas idades até o limite de 21 anos. Além das aulas de dança e da música do jongo, há do estudo do afro-primitivo, se ensina capoeira angolana, maculelê, teatro, artes plásticas e cidadania. O jongo, conhecido também como caxambu, veio do Congo e de Angola. Eles eram bantos, que são membros do grupo linguístico nígero-congolês oriental. Esses escravos foram enviados para as fazendas de café no Vale do Paraiba(RJ), Minas Gerais e São Paulo. Há informações que o jongo se estendeu até ao Espirito Santo. No passado somente os mais velhos podiam entrar na roda para dançarem. Os líderes eram necessariamente rígidos, por exemplo: na passagem das "mirongas" (segredos) e ao informar os fundamentos dos pontos. Os cânticos do jongo são simbólicos, pois é uma linguagem cifrada, exigindo uma boa experiencia para decodificá-los. Os jongueiros são verdadeiros poetas-feiticeiros, que se desafiam na roda do jongo. É a disputa das sabedorias entre as duplas. Com o poder das palavras e uma forte concentração, buscavam encantar o outro, por meio da poesia dos seus pontos. Aquele que recebesse um ponto enigmático, deveria decifrá-lo na hora e respondê-lo imediatamente( a esse fato dá-se o jargão: desacatar o ponto). Caso não consiga responder "a tempo e a hora", ficará enfeitiçado, "amarrado", podendo desmaiar, e a perdre a voz. E para agravar, se embrenhará na mata, e não saberá como retornar. Até vir a morrer. Há quem sustente, que atualmente esses fatos não se repetem. A conferir. O jongo é uma dança atávica. Pertence aos pretos velhos escravos, do povo da cativeiro, e por conseguinte pertence a " linha das almas".

aguardem: O Jongo (2)

4 de dezembro de 2012

Um quilo mais aquilo




Há tempo para tudo. Coexisto com as (in)certezas. Às vezes sinto um vazio "glauberiano" por dentro, que me entorpece. Sabidamente, a lucidez faz sofrer mais. Retirando as viciadas lentes de aumento, o fantasma parece menos assustador. Na fase atual, no balancete da vida, viver é um premio. Melhor viver no Leblon? A conferir. Tive filhos, e não os tenho... pertencimento deles não é meu, como Khalil Gibran vaticina nos seus aforismas, que os filhos são do mundo. Há seriíssimas controvérsias. Distanciei-me pela dor... e aqui não se dá o (des)encontro das águas, Não importa onde estou, pode ser nas margens do rio Itabapoana, Ipanema ou na Croácia. Onde estou há escassos episódios indicativos, de que é possível estabelecer fluídas relações, e algumas conversas-fiadas com os moradores, e também com os frequentes ciganos, que faz-me lembrar da infancia. Dentro das reminiscências, vem-me o som do violão de Django - Reinhardt, Jean Baptiste (1910/1953) - guitarrista cigano-belga, tido como um dos virtuoses desse instrumento, e lhe faltava um dedo. Jamais havia ouvido falar de Django. E o mestre da música erudita, Artur da Távola também, o que é compreensível. Fiquei intrigado, pois achei que Django era uma farsa, enfim, um "fake". E fui à cata de um disco de Django. E fui na então loja, Modern Sound em Copacabana. E lá encontrei alguns discos. Numa zona de (des)confortável, para compensar, parece que há algo leve no ar, feito um falcão planando dentro de uma providencial corrente de ar. E viajo silente junto ao falcão, igual aos passarins, que na "muda", não cantam, contudo pelas plumagens, encantam. O existencial ermitão declarou que só acontece "o agora", e só. E nada mais. Então, pode ser uma pintura que só o autor identifica. Uma obra-cabeça. No mais, pode ser "um quilo mais aquilo, não é nada disso...eu quero é, botar o meu bloco na rua", como versejou e cantou o poeta Sergio Sampaio.

5 de novembro de 2012

A conferir

As definições de cultura são tantas e infinitas, mas uma delas, se sobressai: cultura é um conjunto de realidades regionais. Faz tempo que os arqueólogos chamam de Tupiguarani a um determinado modo de fazer e ornamentar cerâmica, atribuindo essa atividade aos falantes da lingua da família com o mesmo nome. Alguns historiadores sugerem que os colonizadores ibéricos, quer os espanhóis quanto os portugueses, chamavam de índios, os habitantes das terras descobertas, pois julgavam que estavam na India. Na época, os que não fossem europeus, eram nominados de índios, se reportando equivocadamente a India de Mahatma Ghandi. A cultura brasileira tem a sua gênese no encontro das três etnias: Os troncos tribais, Taquará-Itararé vinculada aos jês do sul, centrais e macro-jês. Aos históricos Puris e Cataguás, e outros. O toponômio Cataguases(MG), tem a sua origem na tribo Cataguás. E o colonizador, de ascendência moçárabe,( que eram os cristãos que viviam na península ibérica, leia-se, Portugal e Espanha, ocupada pelos árabes e judeus durante oito séculos, e de convivência pacífica com os católicos até 1492, ano em que foram inexplicavelmente expulsos por Isabel e Fernando, reis de Espanha) o colonizador, e os escravos vindos da mãe África, sendo a escravatura, o período mais traumático e vergonhoso da história do Brasil. É o único pais do mundo com essa formação racial daí a sua riquíssima diversidade cultural. Para ratificar essa prática cultural, contextualiza-se: “ Deve-se lembrar que existem dois modos pelos quais os homens transmitem suas características a seus descendentes : há aquelas cuja a transmissão é regulada pelas leis da genética; há outras como a língua, costumes, crenças, hábitos, que o individuo vai recebendo pouco a pouco pelo aprendizado, formal ou informal, intencional ou não, com os outros membros da sua sociedade. Ao conjunto desses elementos que não são transmitidos de modo biológico, dá-se o nome de cultura.” (Melatti, Julio Cezar, pág.33). Por aqui, nesse sudeste, quase nordeste, nas paragens da tribo dos Puris, se herdou o uso do “urucum” como ingrediente em diversos pratos da culinária brasileira, desde o arroz, e inexoravelmente na moqueca da terra de Rubem Braga. Há quem afirme que na então Sesmaria do Barão do Itapemirim, o peixe-moqueca, desde antanho era acompanhado de banana-da-terra. De usn tempos pra cá, proliferou-se o uso banana. Outro processo cultural, refere-se aos reis magos, os astrônomos que seguiram a estrela até a Jesus Cristo, e lhe ofereceram presentes. Eles são inspiradores da Folia de Reis. É uma tradição oriunda da península ibérica. O palhaço, o grande protagonista, nas comemorações declama os versos, em grande parte do tempo, incluindo algumas passagens da Biblia. Na vizinha e simpática Muqui, essa manifestação cultural existe desde 1950. A colônia sírio-libanesa contribuiu ricamente para gastronomia local, desde os merches, quibes e humus terrine, e até na práxis da ética e do respeito ao próximo. Nos anos dourados desse condado, dos anos 40 até o final dos anos 60, inaugurou-se em 1953, o cine teatro S.José, e a trouppé da Rádio Nacional desembarcou por aqui, e a tira-colo, o Renato Murce, mal comparando era o Pedro Bial, o acompanhava - Baden Powell de Aquino - um dos maiores violonistas mundo. Certa vez, a pedido do Palácio Buckingham, onde reside a Rainha Elizabeth, ele compôs uma peça musical para violão e orquestra, e foi o solista, quando da apresentação, para a realeza. Outras bandas famosas se apresentaram no Municipal Litero Clube, tais como Waldir Calmon, Cassino de Sevilha, Windsor e outras. Essa cidade é musical, pode ser um lastro deixado por aqueles que antecederam. A conferir.

2 de novembro de 2012

São Jorge



Na época traumática da escravatura brasileira; não era permitido professar quaisquer crenças que não fosse a católica, religião oficial do colonizador. Consequentemente a prática do sincretismo afro-religioso era proibido, e diante do veto imperial, os escravos rebatizaram seus ícones místicos; escamoteados sob o manto dos santos da época.
Ogum, entidade da Umbanda e do Candomblé, diante da rigorosa proibição, passou a ser cognominado no Rio de Janeiro de São Jorge, sendo que na Bahia é Santo Antonio, e curiosamente em Cuba, é São Pedro. A história remete à existência de São Jorge, na Turquia, na região da Capadócia, onde ele teria vivido e praticado um ato heróico e milagroso: o resgate de uma mulher das garras de um dragão.
No centro do Rio de Janeiro a igreja de São Jorge, no Campo de Santana, é sobremaneira concorrida, principalmente em 23 de abril, data santificada e feriado municipal na Cidade Maravilhosa. Jorge foi decapitado na cidade de Lida, Palestina por volta do ano de 303 dC. O seu feito correu o mundo, e desde então, a sua popularidade é alta. É aclamado nas liturgias católica, anglicana e ortodoxa. É "santo protetor" na Inglaterra, Portugal, Georgia, Catalunha e Lituania. Em sua homenagem, eis alguns homônimos: Jorge Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos, e os escritores: o inglês Jorge Orwell, e o saudoso baiano Jorge Amado, um "Obá", iniciado nos terreiros de Menininha do Gantois. É um profundo conhecer da cultura e dos mistérios da Bahia. Para acrescentar, São Jorge é patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro. Por ausência de provas o Santo Ofício ressuscitado, leia-se a Santa Sé, "cassou-lhe" a patente de santo. Contudo no imaginário coletivo, continua "vivo" para multidões que acreditam no seu poder milagreiro.

Pesquisa:
Os santos de cada dia - J.Alves - Ed.Paulinas
São Jorge - Rizzardo da Camino - Ed.Eco

19 de outubro de 2012

Mares das (in)certezas




Com o advento da internet, uma parte da sociedade do espetáculo se torna cosmopolita, e uma fração dessa mesma sociedade, conhecida pelos cientistas sociais, como "pequena burguesia" cuja a origem é judaico-cristã-ocidental, compõe esse arquétipo. A culpa, subjacente do pecado original, promove "caravanas da caridade" para a África, onde morrem milhares de crianças de fome endêmica, citando-a, creio, dar-se-á um cunho universalizado a narrativa.. A realização do individuo, se dá por diversos atalhos. O viés da solidariedade é um indicativo do “homo sapiens”. É essa a práxis, o paradígma que o homem deveria se comprazer consigo mesmo. A mística religiosa, hoje avaliada por aproximação, em dez milhões ou mais de religiões, dogmas e ou seitas espalhadas pelo planeta, tem a China de Confúcio ( 551/479 a.C) com um bilhão e trezentos milhões de habitantes, e a India de Mahatma Ghandi ( 1969/1948), com somente duzentos milhões a menos do que a China. Esses países com mais de cinco mil anos, são também recordistas de um politeísmo caleidoscópico. Lamentavelmente, essas regiões amargam altos índices de mortalidade de crianças. Talvez se couber uma reflexão, arriscar-se-ia o seguinte: o misticismo resolve a problemática da miséria humana? Todos sabemos da resposta. A busca da humanização das relações, é um tema em voga. Contudo, encontra uma abissal dificuldade para se tornar eficiente e eficaz, pelo contraponto exercido pelo sistema. Aplicam-se e/ou despertam sonhos humanísticos, alguns capitaneados por organismos internacionais, como a FAO, ONGS, Clube de Roma e outros. As teorias marxistas estão fora de moda, pois se mostraram improdutivas ao mundo contemporâneo. Há controvérsias. Todavia o marxismo continua eclipsado pelas macro-forças do capitalismo. O homem está condenado a lutar pela liberdade, como a sua mais importante reivindicação, que é própria razão da existência humana, mesmo navegando os mares das (in)certezas.

29 de setembro de 2012

Distritos "from" Mimoso do Sul



Conceição do Muqui

A comarca de Mimoso do Sul possui uma área aproximada de 867 000 km2. É o terceiro nessa categoria, no sul do estado do Espirito Santo. Seus distritos, vilas e recantos, carregam nomes bucólicos, poéticos, religiosos e populares. Conceição, homenageia a concepção; o acolhimento, a geração e o nascimento de Jesus Cristo. A igreja local nas alterosas, é a mais antiga da região,  datada de 1868. No Oriente, ao norte de Conceição, localizam-se os mananciais que dão corpo ao leito do rio Muqui do Sul. Os Pontões com os seus imponentes 1.438 m de altitude, outrora, serviram de farol para guiarem os capitães-de-longo-curso nas suas rudimentares embarcações. N'Oriente nascem os mananciais que formam o Rio Muqui so Sul, que banha a cidade de Mimoso do Sul. Os primeiros ítalos-sanmarinenses desembarcaram na "Terra fria", apelida de Conceição do Muqui, por volta de 1920.  A população está em torno de 4400 habitantes, e a predominância étnica, tem origem italiana. Pela sua importância na cultura cafeeira, que perdura até aos dias atuais, em 1890, recebeu a visita do então governador, Afonso Claudio, e a cerimônia ocorreu no Clube Republicano " Saldanha Marinho".

Gentílico: Conceiçuense

Santo Antonio do Muqui

De São Pedro do Itabapoana descendo no sentido sul/sudeste, encontramos Santo Antonio de Pádua, ou de Padova, em consonância com o santo italiano, também pela influencia da imigração sanmarinense. Hoje, esse distrito é oficialmente conhecido como Santo Antonio do Muqui, por ser banhado pelo rio Muqui do sul. E foi fundado como distrito, em janeiro de 1930, antes da revolução, iniciada em 28 de outubro no mesmo ano. Eis uma curiosidade: a numerosa familia do rei Roberto Carlos, residiu por muitos anos nesse condado, e Lady Laura Moreira casou-se com Robertino Braga, na capela local.

Gentílico: santoantoniense

São Pedro do Itabapoana

São Pedro já foi cantado em versos e prosas, quer pela poetisa Antonieta Tatagiba, quer pelo historiador, poeta e escritor , Grinalson Medina, tal qual o chileno Pablo Neruda.
São Pedro de “Alcântara”, foi um exagero para agradar ao imperador Pedro de Alcântara, melhor dizer, São Pedro do Itabapoana, pois todos os seus afluentes deságuam na sua majestade o rio Itabapoana. Segundo historiador Grinalson Medina, no seu livro - Páginas da nossa terra - o primeiro posseiro chegou em 1 de setembro de 1837.
E se chamava Francisco José Lopes da Rocha. Por ter invadido as terras indígenas, foi flechado pelos indios puris. Em estado grave, foi transportado nos lombos dos burregos, e cumpriu o seguinte itinerário: Porto da Pratinha/Porto da Limeira/Barra de São João/Campos dos Goytacazes, na busca de um tratamento avançado.
Na bucólica e aprazível São Pedro, conviviam os três poderes constituídos e harmônicos entre si. Nesse condado floresceu uma rica cultura, com a sua diversidade, tais como, fábricas de seda, serviço militar, teatros, jornais e revistas e escolas regulares e da arte musical. E seus filhos, ao conquistarem saberes além fronteiras, muitos deles retornavam ao torrão natal, para prestarem serviços aos seus conterrâneos, nos diversos setores sociais. Entretanto, no dia de finados, de 1930, desembarcaram 13 caminhões com soldados armados, e portavam no pescoço, lenços da cor vermelha (identificando-se com os golpistas de 1930).
A força militar invadiu o pequeno São Pedro, e saqueou a prefeitura, incinerou documentos oficiais em praça pública, retirou os livros do notário público, e levou os lustres da Câmara Municipal, e tudo o mais. E “transferiram” em nome da “legalidade”, a sede para Mimoso do Sul. E complementou o ato de subserviência, e o seu topônimo passou a ser João Pessoa.
O sonho não acabou. Esse flagrante estupro guerilheiro, sob o manto protetor do golpe militar de 1930, se relatado a Corte de Haia, no mínimo, caberia por parte da União, uma indenização pecuniária e a reemancipação. Há uma similitude, com a perseguição empreendida por Hitler aos judeus, na mesma época. Tiraram pelas armas o chão dos sãopedrenses, e esse fato impôs uma triste diáspora ao seu povo. Eis uma questão injusta, irrefutável e imprescritível.

Gentílico: sãopedrense

Dona América

É uma singela homenagem a América Angélica de Azevedo Lima, doadora das terras, por onde se fez necessário, para a implantação da estrada de ferro. A estação teve seu telefone inaugurado em 1893, o primeiro do municipio. A linha férrea chegou primeiro, trazendo o progresso. Porém, oficialmente Dona América foi criada em 1921, e pertenceu inicialmente a Ponte do Itabapoana. Há quem afirme, ter existido um quilombola na sua área circunscrita. O distrito de Dona América é banhado também pelo rio Itabapoana;
Ponte do Itabapoana
Nesse distrito é a origem de toda a região, através da Vila da da Limeira ou Aldeia de Camapuana(depois passou a ser Itabapoana *) , e seu porto fluvial. Esse povoamento foi criado em 14 de agosto de 1539; consequentemente, antecede a São Pedro do Itabapoana. A Vila de Limeira era dotada de uma básica infraestrutura, como escola e atendimento médico. Por lá estudou o Doutor José Coelho dos Santos, filho de pai escravo e alforriado, e que se tornou médico e deputado distrital por duas vezes. Na ausência do vice-presidente, chegou a ocupar a presidencia do estado do Espirito Santo, como presidente da Assembleia Legislativa. Na República Velha, que durou até a revolução varguista de 1930, os governadores eram chamados de presidentes. Em primeiro de fevereiro de 1894, é inaugurada a estação ferroviária, com a denominação do ramal de " Santo Eduardo/Cachoeiro do Itapemirim".
(*) em tupi-guarani: ita= pedra / poan=barulho das águas sobre as pedras

Gentílico: americano e/ou americano espiritossantense

São José das Torres

Torres, São José das Torres; foi criado em 1901 e a sua capela inaugurada em 1900.Torres, são as montanhas que apontam para o espaço celestial, e foram batizadas com nomes poéticos, como a Estrela Dalva, Peito de Moça, Candura e Pico do Farol. E para complementar, eis as Flores no Alto da Serra e na Cachoeira Alta, ladeadas pelas Santas: Rosa e Cruz, e se assenta nas rochosas do Marmorite. E para finalizar, uma parte do Rio Preto não poderia estar ausente. No sopé das serras, é o ventre do Rio Preto; que desemboca no rio Itabapoana. Depois da sede do município, o distrito de Torres é o maior arrecadador de impostos, e também em área territorial. Fica à margem da BR-101, importante artéria escoadoura dos bens produzidos no eixo Rio/São Paulo, em direção as regiões setentrionais do país. No passado longínquo, os holandeses chegavam em Torres, e colhiam trufas, um tubérculo, sendo considerado uma iguaria apreciadíssima na Europa. Foram esses holandeses; que primeiro trouxeram a bola de futebol para a região em tela.

Gentílico: sãotorrense e/ou são torreano













2 de setembro de 2012

São Pedro e o tribunal de Haia


São Pedro já foi cantado em versos e prosas, quer pela poetisa Antonieta Tatagiba, quer pelo historiador, poeta e escritor , Grinalson Medina, tal qual   Pablo Neruda, versejou sobre a pátria chilena. São Pedro de Alcântara,  é um personagem de origem espanhola, da ordem dos franciscanos, que se tornou santo, daí a homenagem. Com o tempo, simplificou-se,  e o topônimo definitivo passou a ser :  São Pedro do Itabapoana, pois todos os seus córrregos deságuam na  majestade do rio Itabapoana. Segundo historiador Grinalson Medina, no seu livro - Páginas da nossa terra - o primeiro posseiro chegou em 1 de setembro de 1837. E se chamava Francisco José Lopes da Rocha. Por ter invadido as terras indígenas, foi flechado pelos indios puris. Em estado grave, foi transportado nos lombos dos burregos, e cumpriu o seguinte itinerário: Porto da Pratinha/Porto da Limeira/Barra de São João/Campos dos Goytacazes, na busca de um tratamento avançado. No bucólico e aprazível São Pedro, floresceu uma rica cultura, pela sua diversidade, com fábricas de seda, teatros, jornais e revistas e escolas regulares e da arte musical. E seus filhos, ganharam saberes além fronteiras, e muitos retornavam ao torrão natal, para prestarem serviços aos seus conterrâneos. Entretanto, no dia de finados, de 1930, desembarcaram 13 caminhões com soldados  armados, e num golpe de guerrilha, e saquearam a prefeitura, incineraram documentos em praça pública, surrupiaram os livros cartoriais, lustres e tudo o mais. E “transferiram” nessa ilegal e amoral operação, a sede para Mimoso do Sul, então distrito de São Pedro. E o sonho não acabou. Esse histórico golpe político, estava sob o manto protetor do golpe militar de 1930. Se o fato em tela, se bem fundamentado o processo,  e submetido à  Corte de Haia, braço jurídico da ONU, no papel de reparador de injustiças ocorridas no mundo,   inexoravelmente  será pautado e no caput,  a reivindicação à   União, de  indenização pecuniária por danos a uma indefesa população civil. Há uma similude, com a perseguição empreendida pelos alemães aos judeus na mesma época. Por terem retirado pelas armas, o chão dos sãopedrenses, esse fato, impôs uma perversa diáspora.. Eis uma reivindicação justa e imprescritível.

1 de setembro de 2012

Confeitaria Colombo




Num passado recente, existiu um órgão federal que se chamava Instituto do Açucar e do Alcool(IAA). E sua sede era no Rio de Janeiro; e nessa empresa estatal, o casal Maurino e Wilma prestaram relevantes serviços por mais de três décadas. Ele nasceu em Santa Maria Madalena, contudo no inicio da infância se mudou para a fazenda do Recreio, onde seu pai passou a ser o administrador. Após longos anos no bairro de Jacarepaguá, zona oeste da Cidade Maravilhosa, o casal resolveu se mudar para a histórica e pacata São Pedro do Itabapoana, situada no extremo sul do Espirito Santo. Adquiriram a casa que pertenceu ao Comendador Castanheira. E tal fato ocorreu há dezessete anos. Wilma, carioca e ex-residente por vários anos na cosmopolita São Paulo, não titubeou; e com armas, bagagens e cachorros, estabeleceu-se no condado de São Pedro. Wilma diz que a lua cheia das alterosas sãopedrendes; é a mais bonita de todas as luas, que ela já viu...chega a iluminar parte da casa. Afirmam ser o povo sãopedrense amigo, e hospitaleiro. Coexistem fraternalmente; igual a uma família ajustada e feliz. No festival de Sanfona e Viola, o lar do casal fica concorrido com as visitas dos filhos, netos, amigos e parentes. Maurino, quando no Rio, visita e degusta os petiscos da resistente e bonita, Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias, no centro da cidade. E em três ou quatro dias, quer retornar ao ar puro, desfrutado a 500 metros de altitude. O casal, são os “embaixadores plenipotenciários” desse prazeroso condado. Maurino conserva o esmero no trajar, desde quando era chefe dos “Recursos humanos” do Instituto. Diariamente lhe chega às mãos, o jornal “O Globo”. Pela TV, assiste o noticário, e às vezes dá uma olhadela na novela das seis. Ou seja, o casal está “linkado” nos fatos do país, e do mundo dito globalizado. Há uma migração, ainda que silenciosa; de pessoas de cidadania urbana, que estão deixando os grandes centros, na busca de uma melhor qualidade de vida. Algumas ao(re)encontro com as raízes culturais, para resgatar e garimpar a história familiar, ou não. A apatia está ausente, pois o casal participa dos movimentos comunitários, para preservar as tradições, as quais garantem a paz e a recomendável tranquilidade.

27 de agosto de 2012

Eros não brinca em serviço

Ouso a discorrer sobre o Amor, enigma (in)decifrável. A sensibilidade de cada um, lhe canta em prosas, e em todos os versos, desde a paciencia paradigmática de Penélope na Odisséia, quando esperou Ulisses, até a dramaturgia shakespiriana, representada na história de Romeu & Julieta. Isso torna o tema indicado para ser compartido, como tem sido feito, quase que universalmente. Conjectura-se, de que a origem do mundo está na Noite e no Vazio. A Noite engendra um ovo, do qual sai o Amor, ao passo que a Terra e o Céu são formados das metades da casca partida. Na mitologia grega, Eros deus do Amor, tem muitas genealogias, contudo mais frequentemente é considerado filho de Afrodite e Hermes. Segundo Platão, n’O Banquete, Eros possui uma natureza dupla, podendo ser filho de Afrodite Pandêmia, deusa do desejo brutal, e de Afrodite Urânia; que é a deusa dos amores etéreos. Esse mais acolhido na sociedade judaico-cristã-ocidental. Num outro sentido simbólico, Eros, pode ter nascido da união de Poros(Recurso) e de Pênia( Pobreza, penúria), porquanto ele está a um só tempo, sempre insatisfeito à procura do seu objetivo, e eivado de malícias para alcançá-lo. Muitas das vezes, está representado como uma criança ou um adolescente alado, nu porque encarna um desejo que dispensa intermediários, e não saberia se esconder. O fato do Amor ser uma criança, simboliza inexorávelmente a eterna juventude de todo o amor profundo, todavia, também sua irresponsabilidade poderá se fazer presente. Essa, e outras interpretações míticas e/ou místicas atravessam séculos até aos dias atuais, e segundo o poeta Vinicius de Moraes... “ o amor posto que é chama é infinito enquanto dura... “ Uns clamam, outros declamam a ausência do amor, em todas as artes. Há àqueles que escamoteiam desistir, mas estão atentos as manobras do filho de Afrodite. Sei de um; que resistiu até quando pôde...e se retirou para as montanhas, e se internou num monastério budista. E por lá se hospedou por longos dez anos; aproximadamente. Até o dia em que o “dalai lama” local , o escalou para uma viagem ao Tibete. O gajo, aceitou a missão em respeito aos rigorosos dogmas da filosofia zen-budista. Com trajes típicos da tradição herdada do seu líder Sidartha Gauthama, ou seja; estava de túnica-laranja, cabeça raspada, e uma minúscula mecha de cabelo, e assim embarcou no aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro, numa aeronave de bandeira marroquina. Durante parte do vôo, o avião balançou bastante, ao encontrar-se com pesadas nuvens acumuladas de chuvas, que o comandante pelo serviço de alto-falantes, as chamou de c.b, ou cumulus nimbus. O jovem monge não se abalou com a turbulência. Manteve a serenidade de um Hare Krishna. A muçulmana comissária de bordo, com elegância, inquiriu-lhe se poderia sentar-se ao seu lado; pois estava trêmula de medo. O monge prontamente aquiesceu o pedido e entabularam um diálogo. Anos mais tarde, tomei conhecimento da união de ambos. Até onde fiquei sabendo; o casal teve dois filhos, e residiam numa paradisíaca praia nordestina do Brasil. Ele é professor de Tai-Chi-Chuan; ela ensina dança árabe. Eros não brinca em serviço. Eis uma das odes atribuídas ao grande poeta lírico grego do século IV a.C., Anacreonte:

Um dia, lá pela meia-noite,
Quando a Ursa se deita nos braços de Boieiro,
E a raça dos mortais, toda ela, jaz, domadas pelo sono,
Foi que Eros apareceu e bateu à minha porta.
"Quem bate a minha porta,
E rasga meus sonhos?"
Respondeu Eros: "Abre", ordenou ele;
"Eu sou uma criancinha, não tenhas medo.
Estou encharcado, errante
Numa noite sem lua."
Ouvindo-o, tive pena.
De imediato, acendendo o candieiro,
Abri a porta e vi um garotinho;
Tinha um arco, asas e uma aljava.(*)
Coloqueio-o junto ao fogo
E suas mãos nas minhas aqueci-o,
Espremendo a água úmida que lhe escorria pelos cabelos.
Eros, depois que se libertou do frio,
"Vamos" disse ele, " experimentemos este arco,
Vejamos se a corda molhada não sofreu prejuizo".
Retesa o arco e fere-me no fígado,
Bem no meio, como se fora um aguilhão.(**)
Depois, começa a saltar, às gargalhadas:
"Hospedeiro", acrescentou, " alegra-te
Meu arco está inteiro, teu coração, porém, ficará partido".

(*)estojo das flechas
(**) ponta de ferro perfurante









13 de agosto de 2012

Il capo

A Fiesp – a poderosa Federação das Industrias de São Paulo, calculou entre cinqüenta e oitenta e cinco bilhões de reais, que são as perdas anuais no Brasil. Há no ar um índice de percepção da corrupção. Inclui-se nesse ralo as sonegações de impostos. O Brasil é o quarto em volume de dinheiro depositado nos paraísos fiscais espalhados pelo mundo afora. Carlinhos Cachoeira, comanda a sua máfia há dezessete anos, impunemente. E corrompeu trinta e oito autoridades, de todos os níveis. O mensalão, pelo número de envolvidos, num total de trinta e oito suspeitos, só tem similitude com o julgamento de Nuremberg. O procurador geral da república, os acusa de terem desviados, cerca de cem milhões de reais dos cofres públicos, para persuadir os parlamentares a votarem a favor das matérias do executivo federal. Esses atos ilícitos acontecem em todo o mundo. Os asiáticos, quando surrupiam verba pública, praticam o suicídio, ou suas mãos amputadas, ou fuzilados. No ocidente, a pena de morte não existe para àqueles que enveredam para essa tipicidade de crime. Somente morrem na cadeira elétrica, ou com uma dose letal de veneno direto na veia, àqueles culpados de crimes de morte, genocídios e outros. O crime do “colarinho branco” é poupado da pena de morte. Os países abaixo da linha do Equador, pelas diversas razões antropológicas, e ou sociológicas e mais outros “leitmotivs” indicam uma larga ausência de punição. Destaque para os criminosos mais abastados que contratam luminares da “advocacia de plantão” para defendê-los. Há severas suspeitas, de que esses causídicos percebam seus honorários da cornucópia adquirida, na malversação dos recursos do erário público, pelos seus próprios clientes. A "ética" não lhes permitem a questionar a origem do vil metal. Há no ar uma pergunta, que não quer se calar: Quem é “il capo" de Carlinhos Cachoeira?

1 de agosto de 2012

Grinalson, Inglaterra e as Gerais



Apreende-se com o mestre e escritor Grinalson Medina, no seu livro “Páginas da nossa terra” que o primeiro posseiro, com ar de feudalidade, a se assentar nas alterosas de São Pedro do Itabapoana, no sul capixaba, foi o mineiro Francisco José Lopes da Rocha. Ele aportou na região no dia primeiro de setembro de 1837. Tomou posse desde a fazenda da Barra, Altos de São Bento, Altos de Conceição de Muqui, e fixou sua residência, num lugar conhecido como Santa Cruz. Os índios não o aceitaram de bom grado. E uma comissão formada de índios já aculturados, liderados por Venancio, tendo com seus lugares-tenente os puris João e Natividade; intimaram-no a escafeder-se do local, pois estava alterando os costumes nas terras indígenas. Eis uma justificativa modernosa, ainda no Brasil-colonia. Francisco José Lopes da Rocha era um individuo corajoso, e resolveu partir para o enfrentamento. Alegou que havia requerido as terras dessa sesmaria na Corte. Não houve saída e o conflito foi inevitável. O posseiro foi ferido com uma flechada, e se tratou com toucinho cozido, colocado sobre o ferimento. Depois foi se curar em Campos dos Goytacazes, viajando em lombo de burro até o Porto da Prata, e atingiu o Porto de Limeira e em seguida Barra do Itabapoana e finalmente ao seu destino. Em 1850, chegaram outras famílias, e foram povoando São Pedro do Itabapoana. A esmagadora maioria das famílias, são oriundas do estado fronteiriço das Minas Gerais. Naquele tempo, o império português retirava todo o ouro, e enviava para Portugal, era a “colonização da exploração”, a qual repassava aos ingleses, a quem os portugueses sempre beijaram as suas botas. Alguns historiadores sustentam, que a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra no sec.18, foi financiada com o ouro brasileiro. Em Minas Gerais, se pagava com a vida, àquele que adentrasse nas florestas mineiras. Era proibido desmatar para morar ou plantar. Nas matas estavam localizadas as jazidas do metal mais valorizado do mundo. Os mineiros, engessados pela proibição, deram início à procura, de uma alternativa para migrarem para outra região. O café viscejava na capitania do Espirito Santo. E escolheram no estado vizinho, a Vila de São Pedro, que pela altitude indicava o plantio da rubiaceae canephora. E por lá se estabeleceram até 1930, quando numa operação relâmpago de guerrilha, apoiada pelo golpe de estado em 1930, mudou-se a sede para João Pessoa, que assim permaneceu por mais de dez anos, e finalmente Mimoso do Sul, para diferenciar de Mimoso, uma cidade no estado de Goiás. Há quem afirme, que esse toponômio (mimoso) foi em "homenagem" a um touro, da fazenda do Capitán José Ferreira, então proprietário de todas essas glebas...

30 de julho de 2012

Ulisses Guimarães (1916/1992)

Liderou o enfrentamento contra a ditadura militar, instalada no poder a partir do dia primeiro de abril de 1964. Na ocasião, os militares depuseram pelas armas, João Belchior Goulart presidente eleito pelo voto popular e universal. O deputado Ulisses Guimarães, que guardadas as circunstâncias no tempo e no espaço, lutou durante quase vinte anos, com os mesmos ciclopes imaginados na Odisseia de Homero. Os daqui eram diferentes, pois envergavam fuzis e uniformes verde-oliva, e eclipsaram a democracia. Depois de lutar bravamente, pela normalização democrática da nação, teve seu nome preterido para concorrer na eleição indireta no Congresso Nacional. Em seu lugar, articulou-se “nas caladas das noites” na pessoa do ex-governador de Minas Gerais - Tancredo de Almeida Neves (1910/1985) - como candidato a presidente, que disputou e venceu Paulo Salim Maluf. Eleito presidente do Brasil, não logrou êxito, pois morreu antes de assumir o mais alto posto do país. Inspirado pelo infortúnio, gestou essa bela peça literária, contextualizada nas vísceras das lides políticas. Eí-la: “ Tancredo era um sábio. Sabia conversar, sabia ler, sabia rezar, sabia comer e beber, sabia rir, sabia ironizar, sabia não ter medo, sabia ser Cirineu para os amigos amargurados, sabia ver o mar, ouvir os passarinhos, imaginar com o vento, namorar as estrelas, sábio para ser suave na forma e forte na ação. Forte como a linha reta, e doce como a curva do rio. Pelo bem e pela verdade, foi implacável no cumprimento da terrível sentença: não se faz política, sem fazer vítimas “ E a vítima dessa maquinação, foi o próprio.

17 de julho de 2012

Benjamin Franklin


A ONG, Transparencia Brasil; recentemente divulgou, que a Camara dos Vereadores do Rio de Janeiro; custa aos cofres públicos; sete milhões e oitocentos mil reais, anualmente, ou seja cada vereador carioca custa Us$ 325,000.00 por mês, dinheiro vindo dos impostos arrecadados do povo em geral. Na pequena ilha de Vitória, o mesmo edil, onera ao erário público, com a quantia de R$ 133.000,00 mensalmente. Quiçá um sonho pudesse se realizar. Creio que se poderia obter um menor dispêndio, se os homens bem conceituados; saíssem da sua “zona de conforto” e se lançassem a vida pública. Pois a crítica pela crítica, é nihil. É preciso tomar conhecimento do destino dessa verba, e se esses vultosos valores, se justificam. E pesquisar, como são remunerados os homens públicos nos paises abaixo da linha do Equador, principalmente. Não há como abrir mão do parlamento. Pois, o legislativo é o maior símbolo da democracia. Lutamos e lutaremos para manter as instituições na sua plenitude. Tal como, a liberdade da imprensa. O pensador norte-americano, Benjamin Franklin (1706/1790), assim vaticinou: O que me preocupa, não são as bravatas dos maus, o que me preocupa, é o silencio dos homens de bem”. Eis a questão.

10 de julho de 2012

A flauta do Alvorada


A música carrega uma intimidade harmonica com as constelações estelares. Elas são também; a morada daqueles que de lá saíram para tocá-la; e depois num passe de mágica, retornam ao tugúrio do espaço sideral. E eles estão à direita e/ou a esquerda de J.S.Bach, ou em algures. Os instrumentos musicais das culturas da Antiguidade, foram herdados em sua maioria do Oriente. O instrumento melódico de sopro mais antigo, é a flauta. Eram imputados à flauta, poderes mágicos e encantadores. Na mística islâmica, o seu tom lamentoso é explicado segunda a lenda, pela saudade que a madeira tem do pé do junco, do qual foi cortado. Isto é, a origem de Deus. A flauta, enquanto instrumento, inspirou o mundo da arte musical, sendo que uma das óperas mais encenadas no mundo ocidental, é a Flauta Mágica de Mozart, onde o genialidade do autor redescobre contos orientais, e produz os contrapontos do bem versus o mal, e a sabedoria contra a escuridão da ignorância. Uma verdadeira lição de felicidade, tal qual o personagem, conhecido pela alcunha de Alvorada, que residia num prédio antigo na rua do Catete, e no térreo uma cabeça-de-porco, e na parte de cima funcionava um modesto clube de forró, onde se apresentava, o maranhense João do Vale, uma referencia da cultura musical brasileira. Alvorada empunhava cotidianamente seu canhenho,(onde se lia na pule: vale o escrito), para anotar as apostas do “jogo do bicho”. Tal jogo, é considerado contravenção penal, e foi uma criatividade que chegou aos brasileiros, fruto do ócio (im)produtivo do Barão de Drummond, que listou vários bichos, e deu-lhes numerologia. Alvorada, tradicional apontador do “jogo”, carregava no seu bornal a sua inseparável flauta. E se algum dos seus clientes acertava no milhar, centena ou quaisquer outros prêmios, ele ia ao encontro do ganhador tocando a sua flauta. Era um original anúncio, através da suave sonoridade do junco.

26 de junho de 2012

Paraguai

O escandalo sexual de Fernando Lugo, ex-bispo da igreja católica, que já reconheceu dois dos seus quatro supostos filhos, contudo, isso não foi o suficiente para afastá-lo do cargo. Mas quando morreram onze pessoas num conflito de terras, entre militares e camponeses, o senado paraguaio com maioria folgada, votou a favor da deposição de Fernando Lugo da presidência do Paraguai. É legítima essa deposição, pois tem amparo constitucional. Os países vizinhos condenaram a ausência do direito amplo de defesa do presidente deposto. Porém, é sempre bom lembrar que o ex-presidente Fernando Lugo, foi eleito sem maioria no parlamento paraguaio, igual ao outro Fernando, que é o ex-presidente Collor de Mello, que foi cassado pelo parlamento, e absolvido pelo Supremo Tribunal Federal. E numa entrevista, o ex-presidente brasileiro, levantou a hipótese de ser reconduzindo a presidência. O partido principal, que atualmente governa a nação brasileira, comandou a campanha de cassação dele. E na condição de senador por Alagoas, compõe a bancada de apoio as propostas do governo em exercício. Ou seja, todos foram banhados pelo rio Jordão. Pressionar o governo paraguaio nesse momento, poderá ser considerado pelos tribunais internacionais, como uma flagrante ingerencia nos assuntos internos de uma nação soberana. É um assunto "interna corporis" de acordo com os doutos jurisconsultos de plantão. Eis a questão.

24 de junho de 2012

Vladivostok a Xique-Xique


Escrever é uma atividade (ir)reconhecida, como coadjuvante para aprimorar o viés cognitivo dos indivíduos. Navegar é preciso, escrever também o é. O oficio de rabiscar e/ou rasurar papeis, se hospeda na contradição, e tem com foco, através da leitura metacognitiva. Repassar a outrem, o modesto saber, que lhe é permitido apreender, é uma tarefa complexa. Nem sempre se sabe, se o outro apreendeu, ou se lhe é estimulante tomar conhecimento. É um conjunto de atores e fatores que compõem esse mosaico enigmático, desafiador e sedutor, que é o aprendizado. Há uma transição no ar, meio que escamoteada pela escuridão da ignorância e iluminada pela ciência da cibernética. Essa “cyber science”, como a nominaram os seus inventores, por um lado é um ferramental facilitador nas tratativas do homem pós-moderno. Não há sombras de dúvidas sobre essa performance. A parafernália concebida é de uma magnitude tal, ou maior do que a revolução industrial, financiada em grande parte pelo dinheiro lusitano, passado aos ingleses, e surrupiado do Brasil-colonia. Pelo menos isso se supõe, segundo alguns historiadores. As redes sociais são rápidas e eficientes, dentro do tempo real, desde a Vladivostok até Xique-Xique, na Bahia de Jorge Amado. Isso é “absurdamente” verdadeiro e revolucionário no campo da ciência. A realidade e a ficção se imbricam uma na outra. Isso ocorre no interior do modelo de economia de mercado, que tem como pressuposto ideológico que o mercado resolve todos os problemas, inclusive, curar as chagas da miséria humana, e africana. Essa ciência, promove a descoberta de uma forma de escrevinhar própria e peculiar, praticada entre os usuários, destaque para os mais jovens. E la nave va. E se prolifera em proporções geométricas, iguais as redes, ou “networks”. E enquanto isso na Rio+20, encerrada recentemente, com uma mensagem patética, na qual protela as decisões pré-acordadas. E a Senhora Clinton, anunciou a doação de vinte milhões de dólares para o continente africano, cuja a população é de seiscentos milhões de habitantes. E o "Air Force One", avião presidencial que lhe trouxe, está avaliado em torno de oitenta milhões de dólares...

11 de junho de 2012

Rio+20


O mundo está adoentado, e o causador dessa enfermidade é o seu inquilino, conhecido como homus sapiens, ou o homem sábio. Nem tanto, as fotos não mentem, e a poluição vai desde o espaço sideral, com suas parafernálias abandonadas, até a baia da Guanabara, bela e poluída, que necessitará de uns trinta anos para se tornar limpa, conforme nos entregou a natureza. A Rio+20, é sucessora da ECO-92, que tem como meta o desenvolvimento sustentável, como saída para diminuir o lixo, em todos os quadrantes. Os sólidos são depositados no universo, na terra, no ar e no mar. Há quem afirme, que os mandatários mais poderosos, tendem a não estarem presentes, tomando como exemplos, a chefe do governo alemão - Angela Merkell, Barack Hussein Obama. A primeira envolvida com a crise européia, e o segundo; bastante preocupado com a reeleição. Há um cheiro de fracasso no ar da Rio+20. Pois, em momentos bicudos - leia-se crise financeira - a questão ambiental certamente ficará em segundo plano, igual tratamento, se dá aos processos culturais. Esses huguenotes, francos, anglos, germânicos e outros, não cuidaram das suas matas, e muito menos dos seus mananciais. Não há registro, de uma campanha por parte deles, na direção de (re)florestar ou acabar com o lixo “sanitário”, contaminador dos lençois freáticos. É sempre bom lembrar a “Carta do Cacique Seattle”, que é conseqüente e atemporal.

31 de maio de 2012

Beethoven

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Eis um adágio popular cujo o remetente é a dramaticidade da (in)decisão; em quaisquer setores da atividade humana. A dúvida nem sempre é uma madrasta, poderá ser atitudinalmente acertada. A sabedoria poderá se hospedar na descrença, ou não. Não se conhece a cronologia, muito menos a validade dessa permanencia. Tal qual um castelo de areia, que se esvai por uma (in)esperada onda do mar. Alguns sábios dizem que o “cavalo só passa uma única vez encilhado” , caso não o cavalgue, ele vai embora. O estado d’alma de quem “perdeu o único corcel”, não é dos mais confortáveis, mas o tempo, eficaz antídoto faz milagre. No contraponto, as culpas purgam incessantemente, daí o purgatório. No andar de baixo, a geena aguarda as almas que desembarcam aos borbotões, combustível indispensável para manter acesa a fogueira. Nesse contexto, o compositor Beethoven(1770/1827), já totalmente surdo, versejou, no quarto e último movimento - Ode a alegria - em sua derradeira nona sinfonia - ele assim vaticinou: “ Quem já conseguiu o maior tesouro/ De ser amigo de um amigo/ Quem já conquistou uma mulher amável/ Rejubile-se conosco/ Mesmo se alguém conquistar apenas uma alma/ Uma única em todo o mundo./ Mas aquele que falhou nisso/ Que fique chorando sozinho " Há um indicativo no ar, que desenha um esboço na construção do (des)encontro - igual ao vôo cego de um falcão - para não se escutar, o silencio da solidão, de quem nunca o desejou. O destino é arrebatador, mesmo num viver modorrento; ele atua feito uma febre rotineira; que arde todas as tardes - quando os pássaros se recolhem aos seus ninhos - como uma irrevogável punição.

27 de maio de 2012

Frederico Chopin


Ele nasceu em 1810, na Polonia de Karol Wotyla, ou do inolvidável João Paulo II. Morreu precocemente aos trinta e nove anos, de tuberculose. Enquanto viveu, compôs obras que se eternizaram no tempo. A familia dêle fugiu da perseguição política, e se instalou em Paris. Chopin, pelo amor demonstrado ao país que o acolheu, foi adotado pela França, tal qual o compositor germânico Jorge Häendel (1686/1759) foi pela Inglaterra. A mãe dele era culta, e o encaminhou desde cedo, a estudar as partituras de Bach, e os clássicos vienenses. Em Paris recebeu elogios de Franz Liszt e Roberto Schumann, e logo se estabeleceu como professor. Teve vários romances, dos quais o mais longo, foi com a irrequieta escritora George Sand, pseudônimo de Aurora Dupin. Sua música repercutiu nos grandes centros urbanos de então - Londres e Leipzig – e em Paris, certamente. Segundo os estudiosos, ninguém se dedicou tanto ao piano, igual a êle. As suas composições são variadas, desde as valsas, baladas, impromptus(improvisações), as polonaises, rondós, mazurcas, até as composições para piano e orquestra. Foi admirado pelo ineditismo, na exploração dos recursos do teclado do seu instrumento preferido. Eis a declaração do Jornal La France Musicale “.... as obras dele são sutis e de textura simples, e repletas de suavidade e leveza, quando preludia o piano...” Sua harmonia musical, faz bem a alma de quem o escuta, desde as baladas, até os concertos. As mãos de Chopin eram mágicas, e estão reproduzidas sobre a lápide, em Paris onde repousa para sempre.

25 de maio de 2012

I hope so





Os eqüinos pastam solenemente nos gramados das praças, e em outros logradouros públicos. Revelar-se-á uma fotografia instigante, se se acionar a imaginária máquina-do-tempo. A surpreendente foto, remete ao inicio dos anos 406, na Idade Antiga, no tempo de Átila, rei dos hunos. Diz a lenda que por onde o seu cavalo pasava não nascia nenhuma vegetação. Mas os cavalos daqui, não são os mesmos de Átila. Os daqui, depositam seus dejetos no passeio público, e de tanto repetirem a mesma coisa, poderão se tornar patrimonio público. Para complementar, eles desfrutam de palatáveis gramíneas plantadas na Praça das (ex)Mangueiras, que podem ser de diversos tipos: esmeralda, Sto.Agostinho e outras. Um descaso que poderia ser sanado, junto com as matilhas nômades de cães vira-latas. Eles vagam, e infectam as ruas, "esvaziando seus intestinos" nas vias públicas. Não há mistério para promover a proteção dos cidadãos, e nem dos animais. “I hope so”

19 de maio de 2012

A França xenófoba

A França é a quinta economia do mundo, e a segunda da Europa. Nas eleições realizadas recentemente, os franceses elegeram François Hollande como seu presidente, pelos próximos cinco anos. O partido socialista venceu o conservador Nicolas Sarkozy por uma pequena margem de votos. A crise do euro,  nada mais é, do que uma conhecida especulação financeira. Os títulos em geral, não correspondem o equivalente em moeda corrente. A Itália, Grécia, Espanha e agora a França votam contra os dirigentes atuais, que no entendimento popular são os responsáveis pela crise. Nikolas Sarkozy foi acusado durante a campanha eleitoral, de ter sido subordinado a Angela Merkell,  chefe do governo alemão. Também pesou a suspeita, de que no último pleito tenha recebido robusta ajuda financeira  do bérbere Muahmar Al Khadafi, na época, ditador da Libia. Segundo alguns analistas do matutino Paris Match, o ex-presidente, não desenvolveu  uma política econômica para atender os interesses dos franceses. Tratou os patricios de origem argelina como franceses de segunda categoria. O resultado, não tardou: ele foi derrotado  nas eleições. A França, como todos sabem, tem na sua gênese um nacionalismo, que beira ao “fundamentalismo pós-moderno“, em contraponto ao  registro da história, que revela as invasões exploradoras das riquezas, e do povo das nações africanas. E o neocolonialismo europeu, continua ativo na África. A França foi a maior potência estrangeira no continente africano, tendo espoliado os seguintes países: Argelia, Marrocos, Tunisia, Mauritania, Mali e mais oito nações co-irmãs. Esse é o retrato, da atual França xenófoba, que é a mesma que asilou Pablo Picasso, por ocasião da guerra civil espanhola(1936/39)

torre eiffel
Imagem: randy_harris via Photopin CC

27 de abril de 2012

Roberto Carlos, settanta uno


No dia 15 de julho de 1953, aconteceu uma das festas magnas da cidade de Mimoso do Sul, localizada no extremo-sul espiritossantense. Após dezessete anos, inspirado, assim versejou o poeta Orlando Martins:

Salve Mimoso do Sul,
Cidade-mulher,
Eterno amor
De quem aqui vier!

roberto carlos
Imagem: jocluis via Photopin CC

E dessa quadra se originou o hino oficial da cidade. No dia acima citado, o rei Roberto Carlos cantou e encantou a todos que o assistiram. Ele estava com doze anos, e infelizmente a sua perna direita já tinha sido amputada pelo trem em Cachoeiro do Itapemirim, quase em frente ao inesquecível cinema Broadway, numa manhã de domingo do dia 29 de junho de 1947 – dia de São Pedro. Era de costume Roberto Carlos passar as férias escolares na modesta – Mimosa, salve Mimoso do Sul – com a sua bem-aventurada tia – Antonica Moreira Luz – irmã da sua mãe, Lady Laura. No tempo e no espaço, há quem afirme, contudo, ainda carecendo de documentação comprobatória, que o rei tenha nascido em Santo Antônio, distrito desse condado. Os pais do rei casaram-se no distrito supracitado, de acordo com a certidão do cartório local. Há verdadeiras chances de ele ter vindo ao mundo nas terras do bucólico Santo Antônio, até porque Lady Laura e seus numerosos familiares são todos da região. Cachoeiro do Itapemirim,tornou-se a segunda alternativa, quando ela casou-se com o relojoeiro Robertino Braga. Aguardamos uma outra versão à moda "Dan Brown", para esclarecer o fato, ou não. Quem poderia colaborar na elucidação desse "imbróglio" teria sido a sua mãe, que viajou ao zênite, e, em vida, nunca foi questionada sobre o assunto. Enquanto isso, por serem tantas as emoções, ainda na validade, o mais popular cantor brasileiro, comemora, as suas, setenta e uma primaveras. Parabéns Roberto Carlos!

17 de abril de 2012

Moral pública

O poder judiciário começa a dar sinais  sobre o julgamento do "mensalão".  Pois se pretende julgar esse volumoso processo,  antes do início das tratativas oficiais para as eleições,   para se escolher prefeitos e vereadores em todo o país. A informação veio do ministro Ayres de Brito,  de acordo com a sua entrevista, num importante matutino carioca.  Na próximo dia dezenove do corrente, o ministro será empossado como presidente  da mais alta corte de justiça do Brasil.  O Supremo tem demonstrado sintonia com a sociedade, quando  acatou a Lei da Ficha Limpa,  uma iniciativa - genuinamente popular.  Esse comportamento do Judiciario, em atender as reivindicações da sociedade civil,  é fruto da democracia na sua plenitude,  e que foi   conquistada pelo povo brasileiro.  É preciso fazer justiça ,  pois o mensalão, foi uma manobra inescrupulosa,  na compra dos votos de alguns parlamentares, com o dinheiro público, para votarem matérias de interesse do então governo. Confia-se na imparcialidade dos magistrados, pois no imaginário popular, esse segmento simboliza os bons costumes e a moral pública.

6 de abril de 2012

O numeral sete


O poeta Vinicius de Moraes, demonstra ser simpático ao setenarismo, no seu poema: A mulher que passa: tem sete cores nos seus cabelos/sete esperanças na boca fresca. Os números carregam desde a antiguidade, enígmas  e misticismos. Para dar partida a importância esotérica deste numeral, de inicio corresponde aos sete dias da semana, aos sete planetas, aos sete graus da perfeição, às sete esferas celestiais, as sete pétalas da rosa e mais alguns setenários , que para os egípcios é o símbolo da vida eterna. Cada período lunar dura sete dias, os quatros (número 4, também perfeito) períodos do ciclo, que é igual a 4 X 7, fechando o processo.. Filon, filósofo judeu, no séc. I dC, observa que a soma dos sete primeiros números (1+2+3+4+5+6+7) = a 28, ou seja, ao mesmo resultado . As voltas praticadas pelos muçulmanos, em torno da Meca, são sete. Na lenda antiga, o céu tem seis planetas, e o sol é o sétimo, e está no centro. O setenário resume igualmente a totalidade da vida moral, acrescentando as três virtudes teologais – fé, esperança e caridade –  mais as  quatro virtudes cardeais: prudência, temperança, justiça e a força, num somatório de sete. O arco-iris, é composto de sete cores, sendo o branco a síntese de todas as demais.  E  as sete notas musicais. Sete é a chave do apocalipse, onde aparece quarenta vezes: sete igrejas, sete estrelas, sete espíritos de Deus, sete selos, sete trombetas, sete trovões, sete cabeças, sete pestes, sete reis. Sete é o número dos céus búdicos, de Sidarta Gauthama. O árabe Ibn Sina ( Avicena, 980/1036) descreve os “sete arcanjos príncipes dos sete céus”, que são os guardiães de Henoc e remetem aos sete Rishi védicos(indianos). Eles habitam as sete estrelas da Grande Ursa(deusa mãe), com as quais os chineses relacionam as sete aberturas do corpo humano, as sete aberturas do coração. Observe que o Ioga, conhece os sete centros sutis, a saber, seis chakras e o sahasrârapadma. Quarenta e nove ( 7X7) é o número do Bardo, ou poeta. O estado intermediário, que se segue a morte, entre os tibetanos, dura quarenta e nove dias, dividido em sete períodos de sete dias. Acredita-se que as almas japonesas permanecem quarenta e nove dias sobre o teto das casas. A Bíblia cita o número sete em diversas ocasiões. No Velho Testamento aparece setenta vezes, o que passa ser um número mágico. Sete são os céus onde habitam as ordens angelicais, castiçais de sete braços, sete espíritos que repousam sobre o tronco de Jessé. Salomão construiu o templo em sete anos ( 1Rs 4,35). Os minaretes da Meca de Maomé são sete.Pela própria transformação que inaugura, o número sete passa a ter um poder extraordinário: quando da tomada de Jericó, sete sacerdotes, que levavam sete trombetas, deviam no sétimo dia, dar sete voltas em torno da cidade; Eliseu espirrou sete vezes, e a criança ressuscitou (2Rs 4,35). Um hanseniano se banhou sete vezes no rio Jordão e saiu curado ( Rs 5,14). O justo cairá sete vezes e se levantará ( Pr 24,16). Sete animais puros de cada espécie serão salvos do dilúvio. José interpretou o sonho, de sete vacas magras e sete vacas gordas, como sete anos de fatura e sete anos de dificuldades.  Sete é um numeral querido pela aritmética bíblica. Sete significa sempre a perfeição, o que a gnose denomina a pléroma, como “o que está completo”. No apocalipse 5,5, Cristo é o Leão de Judá, que venceu de tal maneira, que pode abrir o livro e desatar os sete selos. Sete configura a conclusão do mundo, e a plenitude dos tempos. Santo Agostinho, filho de Santa Mônica, indica ser o sete, medidor do tempo da história, que é o tempo da peregrinação terrestre do homem. O castelo de "Barba Azul", no corpo do texto  da ópera húngara de Béla Bartok,  existem sete quartos. E numa  outra ópera de Wagner - O Navio Fantasma - o comandante norueguês Daland, a cada sete anos ele desembarca em terra, para encontrar uma mulher para  ser-lhe fiel até a morte. A missa de sétimo dia vigorou até recentemente.  Eis outra curiosidade: sete vezes fui casada/ sete homens conheci/ E juro por fé de Cristo/ Inda estou como nasci. Essa quadra de origem nordestina, remete  a sagrada escritura, a seguinte história: Sara filha de Ragüel, se casara sete vezes, e seus maridos foram mortos por amodeu (diabo) nas noites nupciais. Exorcizado por Tobias, que em seguida a desposou. Isso aconteceu há sete séculos antes de Cristo.

Referências: Guia da Ópera, Jeanne Suhamy, p.198,Ed.L&PM Pocket, Dicionário de Simbologia, Manfred Lurker,Ed. Martins Fontes.


26 de março de 2012

Rio+20

Em 1992, o Brasil sediou a maior cúpula mundial sobre o meio ambiente. Daqui a dois meses  se inaugura, após 20 anos, da conhecida Eco-92, a Rio+20, patrocinado pela ONU, Organização das Nações Unidas. A finalidade é discutir e propor soluções diante das grandes chagas mundiais,  a saber: a erradicação da miséria,  a defesa do meio-ambiente,  segurança alimentar,  escassez da água, saude pública, e saneamento básico.  Esse debate se dará com oitenta chefes-de-estado,  120 delegações e ONGS.  Isso totaliza aproximadamente,  cerca de 50.000 visitantes,  na busca de despertar   uma cultura empresarial sustentável.  As pesquisas indicam que cada individuo produz em média  um quilo de lixo/dia . O lixo, incorporou uma nova nomenclatura, e se convencionou a chamá-lo de residuos sólidos . E a prática da separação e reciclagem desses resíduos, por aqui,  infelizmente é quase zero . Diante do fato,  eis um bom exemplo:/ Na Alemanha de Wolfgang Goëthe, se reaproveita quarenta por cento dos resíduos sólidos. E uma certa empresa germanica, registrou o espetacular movimento de 13,3 milhões de euros, reciclando resíduos . Esse é um bom filão de negócios ainda adormecido, e que a classe empresarial desconhece. É  também necessário que cada cidadão e cidadã, conscientes, não colabore com a poluição. As futuras gerações certamente agradecerão . Pense nisso !

19 de março de 2012

Desastres ecológicos.

Em novembro de 2011, houve um gravíssimo  derramamento de óleo na Bacia de Campos. Foram despejados em alto mar, cerca de dois mil barris de óleo. Esse acidente foi provocado pela americana Chevron, batizada anteriormente como: "Standart Oil of California", conhecida com uma das 7 irmãs -  as maiores   exploradoras -  de petróleo no mundo. Em 1938, descobriu a maior reserva de petróleo do mundo na Arabia Saudita. Mais à frente, fundiu-se com a  Texaco. É  considerada a maior pesquisadora em energia geotérmica do mundo. Um novo vazamento ocorreu, no dia quatro de março, do ano em curso. Há uma pergunta no ar : má fé ou incompetencia ? A empresa adiantou que foram somente cinco litros de óleo derramados. O contraponto,  veio através da  vistoria executada pela Marinha de Guerra, que calculou, cerca de 1 km, de óleo espalhados no oceano. Diante da gravidade, os diretores da empresa estão proibidos de deixarem o país.  Algumas ações  foram ajuizadas pelo poder público.   Os técnicos suspeitam que na exploração, se produziu uma pressão bem maior, do que a área poderia suportar. E eles não possuem tecnologia disponível, para conter vazamentos. As autoridades brasileiras, no primeiro acidente, deveriam ter procedido uma severa varredura na Chevron. Eis a praxis, há muito vigente nas hostes governamentais: depois da  porta arrombada, se providencia o cadeado !  E vai mais além: afirmaram os especialistas, que esse segundo vazamento, poderá ter sido uma conseqüência do primeiro, que não foi cimentado corretamente. Mais uma razão, para o governo federal se empenhar , que os royalties do petróleo, não podem ser repartidos igualmente aos estados. Pois, nos momentos dos acidentes, infelizmente, não acontecerá nenhuma solidariedade.  Os ônus dos desastres ecológicos, caberão tão somente, aos estados produtores de petróleo.




12 de março de 2012

Nepotismo à vista

Novamente o poder legislativo na berlinda.  Mais uma vez, a imprensa recentemente apurou, que cerca de treze  senadores, empregam parentes e, ou amigos nos seus gabinetes.  São  considerados funcionários-fantasmas, pois lá no Senado federal não aparecem para trabalhar. Curiosamente,  um deles estava se aprimorando, os seus saberes,  num curso de extensão na Espanha.  É o conhecido nepotismo, que em latim, nepotis, nepto significa, “sobrinho filho de sobrinho”.  E tem mais:  oito desses sanguessugas, estão sendo investigados, e outros já foram condenados pelos tribunais,  a devolverem verbas publicas, quando exerceram cargos públicos. Não há critérios por parte do poder público, quando preenche esses cargos de confiança. Infelizmente, isso ocorre nos três poderes, no  legislativo, judiciário e executivo. Numa democracia, ressalta-se  a importância da  liberdade de imprensa,  e a sua   responsabilidade, quando apura os fatos que envolvem os desvios das verbas publicas,  e a postura ética dos seus agentes.  É preciso que cada cidadão,  se organize nas suas associações de moradores,  entidades de classe, ou em outras  instancias legais,  para reivindicar uma melhor qualidade de vida,  e cobrar dos seus representantes a prestarem contas das suas atividades. Certamente, dias melhores virão...

8 de março de 2012

Mulher: todos os dias

As mulheres, congratulo-as, pelo dia de hoje e todos os demais. Pelo encontro das águas que provocam, e todas  desaguam nos sete mares. A água, irmanada à terra, é feminina.  Pela capacidade do milagre de dar a luz, e criar seus rebentos com o amor incomparável da mãe... e isso ocorre com todas as marias, de todos os continentes. Ser mulher, é armazenar a intensa energia do afeto, e  pois só ela ilumina os labirintos da vida, e decifra os enígmas  das paixões (in)contidas. A mulher é a caverna, a casa que acolhe o guerreiro exangue, é a rainha das anfitriãs. A casa é o colo materno. Ela proporciona o calor e a proteção nas intempéries. É o côncavo, vaticinando  o  convexo.  Michelangelo personificava a noite por meio de uma mulher ( Capela do túmulo dos Médicis, Florença). É a mãe, a terra que fertilizada pelo orvalho e pela chuva, lhe gera frutos.   Há uma tradição nômade a vigorar até aos nossos dias, assim: " é a única ponte segura e reconhecida para os seus descendentes". Na morte, o ser humano retorna segunda a lenda, à sua mãe. A lua é a contrapartida celeste da mãe terra . A mulher é par, o céu, a luz e a vida.

6 de março de 2012

As Malvinas


O arquipélago das Malvinas, para os argentinos e Falklands para os ingleses. Essas ilhas são reclamadas pela Argentina, por se considerar herdeira, das colônias da coroa espanhola. Estão localizadas na parte austral desse país. Há controvérsias.  A Inglaterra ocupa essas ilhas desde 1833. Num conflito armado em 1982,  a marinha inglesa derrotou as forças navais argentinas,  afundando o cruzador General Belgrano,  e o saldo foi de, 649 soldados argentinos mortos, contra 255 britanicos. Há quem afirme haver combustíveis fósseis,  leia-se petróleo na região . Os historiadores,  sempre afirmam que toda guerra tem motivações econômicas.  A presidente Cristina Kirchner,  do pais vizinho  insiste em invadir militarmente  essas ilhas. E tenta envolver os paises do Mercosul, em especial o Brasil. Há quem afirme, que o povo argentino somente se une, em função de atos viris de civismo. E por isso,   se provoca outro conflito.  Se tal intenção for verdadeira,  repetirá o fiasco , empreendido por um "alcoolizado"  general portenho,  que logo após o conflito bélico,  foi preso e condenado . É preciso bom senso,  nesses momentos delicados,  pois a guerra só produz  sofrimentos, e em seguida,  lágrimas em profusão.

5 de março de 2012

CINEMA PARADISO E JOSÉ MARIA DE OLIVEIRA


O cinema é um marco no processo de vida daqueles que vivenciaram Mimoso do Sul de 1953, data da inauguração do Cine Teatro São José, até ao final da década de 60, aproximadamente, quando se inicia a primeira diáspora. A maioria foi em direção ao Rio de Janeiro, depois alhures. A ausencia de perspectivas começa a cortar a própria carne. A cidade começa a perder os seus valores, incorporados em personagens  paradigmáticas, tal como José Maria de Oliveira entre outros, que em 1953 com uma visão de modernidade inaugura o Cine Teatro São José, tal qual o Cinema Paradiso, localizado numa pequena cidadezinha - Giancaldo - no interior da Itália, que foi tema de um belíssimo filme, dirigido por Giuseppe Tornatore. Tal fita conquistou o Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro em 1989. José Maria é Giuseppe Tornatore, foi o diretor de um profícuo processo cultural, até quando pode resistir. Foi generoso e intrépido, sonhou e tornou realidade,  numa pequena cidade, um cinema e teatro para um povo, que pela proximidade, respirava os ares culturais bafejados pela então capital federal, Rio de Janeiro. Era  um momento impar, para  a região nesse período, uma respeitável produtora de café. Ele foi um  "apoena"  (em tupi-guarani, é aquele que enxerga ao longe )...Cultura não é saber quem foi Max Weber, ou Karl Marx ou qual a diferença entre josé germano e/ou gênero humano. Essa correlação é inócua. A sua Paris, poderá ser em São Pedro do Itabapoana, depende de você e das suas circunstâncias.  Isso não é uma apologia ao hermetismo, muito pelo contrário. De todas as definições sobre cultura, eis uma muito interessante : " ...é um conjunto de realidades regionais, que incorporadas, são importantes coadjuvantes na formatação da cidadania dos indivíduos. "  Ele sem saber vaticinou, pois estava ungido do  empreendedorismo em 1953. Participativo na atividade esportiva, entusiasta do esporte, destaque para o futebol.  Foi um abnegado desportista, e presidente do Independente Atlético Clube.  Ele ousou e chegou ao podium. A Rádio Nacional, era o must naqueles tempos, e única midia. Seus artistas eram a maximização do sucesso. A TV Tupi estava recém nascida em 1950. Em dado instante, resolveu contratar o mais famoso âncora dessa dessa emissora - Renato Murce - considerado hoje, legenda da radio-difusão brasileira. Para os mais jovens, mal comparando, o similar atual, talvez Pedro Bial, com severas restrições. Renato Murce, acumulava a função de apresentador e seu diretor. De eclética criatividade, o seu primeiro programa de calouros, era conhecido como "Papel Carbono ". A "entourage" desembarcou em Mimoso do Sul, para abrilhantar a inauguração do Cine e Teatro São José. E quem eram esses  ilustres artistas ? Um deles, talvez não soubesse, que carregava uma imensa  responsabilidade artística aos 16 anos de idade . Anos se passaram, e ele foi convidado, visitou a Rainha Elizabeth no Palácio Buckingham, e para a realeza compôs uma peça musical para violão e orquestra. Chamava-se Baden Powell de Aquino, violonista de sucesso internacional, que morou na França durante vários anos, tendo nascido na quase vizinha  Varre-e-Sai. Outra grande estrela de sucesso, foi a cantora Carminha Mascarenhas, junto com o ator Pato Preto da Rádio Tupi, e a intérprete Eliana, entre outros. José Maria foi para o zênite. Era riquíssimo de  filhos e de espírito, morreu pobre. Legou-nos bons exemplos, tendo sido coadjuvante na educação daqueles que respiraram cultura por ele veiculada. Sem medo de errar,  a fase de ouro de uma vida, é a infanto-juvenil. É nela que   mais se apreende. Foi-nos  proporcionado  desde a aventura-drama do inesquecível filme Ben-Hur,  até o espetacular suspense de Psicose. Dirigido pelo mestre Alfred Hitchcock, com  Anthony Perkins. Alguém disse: ..."quem não conhecer a sua história, estará obrigado a repetí-la, e se tal ocorrer será uma farsa "


4 de março de 2012

A queridinha ( segunda parte )

Eremildo, era o marido de Joana D'Arc. Não tinha profissão definida, e os familiares dela montaram-lhe uma quitanda, para ganhar o pão-de-cada-dia. O casal não pagava aluguel, pois morava de  favor na casa da sogra, num "puxadinho" construido pelos cunhados, que pela responsabilidade, conquistaram uma melhor posição na comunidade.  A quitanda não tinha horário para abrir. Eremildo assistia filmes até altas horas da madrugada. Gostava das películas picantes, melhor dizendo, eram fitas pornôs. Para acordar de manhã, era um suplicio. Alguns fregueses  reclamavam, pois abria o seu negócio muito tardiamente.  Eremildo começou a se interessar por Gracinha - babá da filha do seu  cunhado -   ela era graciosa e muito jovem. Começou a cortejá-la, contudo não recebia nenhuma contrapartida positiva, por parte dela. O assédio continuou, e por diversas  vezes abordou a jovem pájem. Certo dia, Eremildo encheu-se de coragem, e agarrou-lhe à força, tentando violentá-la.   Gracinha, desvencilhou-se do agressor, e em seguida denunciou-o junto a familia de Joana D'Arc. De nada adiantou.  A reclamação, foi considerada   uma denúncia vazia. Imediatamente "panos quentes"  foram colocados pela Eleutéria, e filhos. Estarrecidas, as noras assistiam a farsa.   A serviçal, foi estereotipada de mentirosa, oportunista e invejosa. E o prestigio dele  sequer foi arranhado,  por ter assediado uma menina de menor idade. E a vida transcorria sem intercorrencias, como se fosse um capitão-de-longo-curso, num mar de almirante. E para o coroamento desse união, a sua mulher engravida-se. Hosana, glória e júbilo. Todavia, ele não desistiu da prática  de seduzir. E numa tarde de um inverno rigoroso, na boca da noite, eis que  uma retardatária freguesa, foi em busca de  temperos básicos.  A cliente ao  entrar na birosca de Eremildo, num  ato repentino agarrou-a agressivamente. A vítima, se chamava Luanda, que lutou bravamente. Todavia,  não resistindo a  força dele,  foi  vencida   caindo por terra,  sem sentidos. Ele a possuiu sexualmente, se revelando um abjeto  necrófilo. O farsante foi  à rua e pediu por socorro, no qual  foi prontamente atendido. Moradores afluiram e aplicaram à vítima alcool canforado, friccionando-lhes os pulsos. O efeito foi imediato. Luanda recobrou os sentidos e foi-se embora.  Por se sentir envergonhada, e aviltada, resolveu guardar a sete chaves a ocorrencia. O tempo, relógio  implacável da vida, indicou que Luanda estava grávida. Não existia  exame de DNA na época. Luanda, reuniu suas forças e relatou tudo para Eleutéria, que  não acreditou na versão da mesma.  Igual  expediente  usado com a Gracinha.  Joana D'Arc vociferou, dizendo que existia uma perseguição ao marido dela.  E os irmãos apoiaram-na.  Mais uma vez, ele safou-se, e passou a se  sentir    acima do bem do mal. Um verdadeiro semi-deus  no Olimpo. E para atenuar a sua culpa, foi visitar um pastor, casado com uma das suas tias,  no interior de Goiás. Luanda não se conformava, com o descaramento dele e dos familiares da  Joana D'Arc. A filha de Luanda nasceu, num parto normal, sem nenhum problema. Resignada, aceitou a sua missão em silêncio, como se esperasse o veredicto de um impossível julgamento. Após tres anos, numa tarde madorrenta de domingo, a pequena Chora Morena, foi sacudida  inesperadamente pelas sirenes da  ambulância e da viatura da polícia, ambas vindas da cidade vizinha. Os moradores viram saindo  da casa de Eleutéria, numa maca, um corpo de homem, coberto por um lençol branco  e tisnado de sangue. E uma mulher de cor caucasiana, exangue e  cabisbaixa,e amparada por policiais, caminhava lentamente, em direção ao autómovel  dos gendarmes.  Era Maria do Carmo, uma das   noras de Eleutéria. Tendo sido abordada pelo garanhão, travou uma  ferrenha batalha física, e levou a melhor, ferindo-lhe de morte com uma faca de cozinha. Joana D'Arc a queridinha, desesperada avançava sobre Maria do Carmo, chamando-lhe de assassina. Maria do Carmo, foi absolvida pela unimidade dos jurados. Antes do julgamento, o marido dela pediu o divórcio. Maria do Carmo é zeladora numa escola de monges zen-budistas. A filha, cujo o nome é Esperança, vive com a avó materna.
" Qualquer semelhança , é mera coincidencia "
"
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A queridinha (primeira parte)

Joana D’Arc, assim se chamava a moçoila. Uma  das protagonista de uma dramaturgia de inspiração ítalo-tupiniquim, ocorrida há décadas, próximo a Açucena-Branca, uma pequena vila pertencente as alterosas mineiras, onde se registrava baixíssimas temperaturas. O local é conhecido pelo simplório topônimo de Chapéu de Palha. A grafia correta do seu nome, se baseia na leitura quase compulsória, nos antigos almanaques da Capivarol ou do fortificante Biotonico Fontoura. Essas publicações existiram há quase cinqüenta anos, e chegavam nos mais longínquos rincões desse Brasil continental. Era uma espécie de enciclopédia-guia, onde continham informações úteis a vida rural. Citava as fases da lua, para orientar algumas plantações, receitas fitoterápicas, dados biográficos de personagens históricos, anedotas e outras matérias. Numa casa modesta, morava Eleutéria, que durante a sua  gravidez,  leu no almanaque e admirou, ao saber da vida da heroina e santa,   Joana D’Arc(1412/1431). Após  dar a luz, e no ato do registro de nascimento da  filha,  levou pessoalmente o almanaque, para que o escrivão o copiasse “ipsis litteris”,  que passou a ser o  nome da menina recém-nascida. Joana D’Arc ao nascer, já tinha outros dois irmãos.  Eleutéria sempre foi  a maestrina desse pequeno clã familiar. O marido, era um homem pacato e passivamente aceitava as determinações autoritárias e dissimuladas da esposa. A matriarca, com sua mão-de-ferro,  fez ver a toda a familia, que a filha seria sempre a preferida  de todos.  Claro que houve um consenso geral. Há mães e ou  pais, que instrumentalizam os filhos em geral, para serem ou fazerem coisas que os mesmos  não lograram  êxitos, durante seus trajetos de vida. Talvez fosse, o caso de Eleutéria. Os desejos de Joana D'Arc, dentro das (im)possibilidades eram atendidos através da sua mãe, poderosa e protetora. Os irmãos tornaram-se adultos, e em seguida começaram a trabalhar nas lavouras existentes na região. Partes das remunerações de ambos, eram prazerosamente doadas a mãe, que se destinava as despesas pessoais da irmã. Ela tinha um comportamento de "riquinha", e as tarefas iniciadas, desde a lavagem de louças, até roupas para serem  passadas, jamais eram conclusas. Os irmãos se casaram. E Joana D’Arc se sentiu no desejo de imitá-los. Estava cansada da donzelice. No amor, é preciso alguma sagacidade na escolha , diziam os antigos. Poderá ser uma falácia, enquanto receita de felicidade. Ou não. Há controvérsias. Ela não  titubeou,  e "providenciou" um namorado. E o período de relacionamento  foi curto, e num pequeno lapso de tempo, contrairam-se núpcias. Eleutéria apoiou incondicionalmente a decisão do enlace. A situação financeira era precária, pois um dos seus irmãos, tinha se submetido a uma delicada operação intestinal, na qual dispendeu toda a  pequena economia familiar. A solução foi a de vender os  suínos, e caprinos e uma mula de trabalho. A casa foi pintada, meio que reformada, e fez-se a quermesse do enlace. O marido escolhido por  Joana D’Arc, revelou-se imediatamente avesso ao trabalho, e periculosamente um   sedutor de plantão. Pois, era dono do seu tempo, para arquitetar seus planos.
Continua na segunda Parte de "A queiridnha"



6 de fevereiro de 2012

Greve.

É difícil, porém toda a  greve deveria estar temperada, de pouca emoção e muita razão.  Pois,  o mais difícil de uma greve não é deflagrá-la, é sair-se dela. As lideranças desejam ampliar a credibilidade da categoria. E se saírem de mãos vazias, significa,  que os líderes do movimento fracassaram no seu intento. Se faz  necessário habilidade na condução do processo, de uma paralização. E, em se tratando, de policiais-militares -  categoria essencial - e impedida por lei de fazer greve, a questão torna-se por demais   delicada. O Brasil recentemente, elegeu e reelegeu  um sindicalista, como presidente da república,  que liderou, e apoiou durante vários anos, diversas greves no país. Consequentemente, a  praxis da greve, não é desconhecida da sociedade brasileira. Há um cheiro de demagogia  no ar ! A direção sindical deve saber, que o primeiro “mandamento”, é  esclarecer a população os motivos da paralização, e se possível, conquistando a  simpatia pelo movimento. Em seguida, denunciar  as  velhas  promessas não cumpridas, pelo governo baiano.  O movimento paredista, deveria  ter realizado, preliminarmente, por exemplo: operação-tartaruga, diminuir o efetivo, do policiamento ostensivo e outros expedientes.  Contudo, jamais poderiam deixar, a população desprotegida, à mercê dos bandidos. A situação é muito desconfortável,  pois o  turismo na Bahia é mais intenso no verão. Com a ausência da segurança pública, se ausenta também o turista ! Isso vai gerar um prejuízo geral. No frigir dos ovos, quem paga a conta, é sempre o povo em geral. Que o Senhor do Bonfim,  ilumine, as partes envolvidas !

24 de janeiro de 2012

Túnel do tempo

Creio que o mundo todo, carrega no imaginário  popular, tipos interessantes, surrealistas e outros. No interior, esses personagens são mais presentes, pois, interagem de perto com  a comunidade. Os fatos e seus atores, habitam o insconsciente coletivo, tendo a memória ( que se perde ) como testemunha,  relatando aos descendentes, os contos  que se supõem, passam de geração a geração. Na década de 1960 em diante, uma personagem quase folclórica, de nome Etelvina, conviveu entre  essas terras, onde passou, presume-se,  o jesuita José de Anchieta em direção a Reritiba, hoje Guarapari. Daí, a vem a lembrança dos versos: Etelvina,  acertei no milhar, ganhei 500 contos, não vou mais trabalhar... como cantou Moreira da Silva. A Etelvina daqui, possuia um apelido, era conhecida jocosamente, como :  Kalil morreu, e urubu comeu. Kalil, era uma alusão a um imaginário “namorado”, que nunca existiu. Quando assim era chamada, em quaisquer ambientes, irritada dizia os palavrões mais arrepiantes possíveis. Hoje os ditos "palavrões" estão (des)moralizados, não produzem o efeito como no  passado, nem tão longínquo. Contemporaneo da Etelvina, foi o Puxavante, que claudicava da perna esquerda, e era da cor do ébano. De baixa estatura, possuia um porte físico atarracado e era quase corcunda. Nas noites, se abrigava sob as  largas portas da estação ferroviária. A sua cama era uma folha de jornal. Se alguém o provocasse, chamando-o, de Puxante ladrão de galinha. Ele não xingava, contudo, partia para cima, e com um mediano e roliço porrete para agredir o sujeito, que se não corresse, apanhava igual pandeiro na mão de Aleixo. O comunicador Hilton Abi-Rihan conta, que certa vez, Puxante  vagando pelas ruas, nas   altas horas da madrugada, falou para si mesmo : se eu achar uma moeda, prometo, doarei para a N.Senhora na gruta. Eis que de repente a encontrou depositada entre o meio-fio e o calçamento.  E retrucou : a gente não pode nem brincar.  No fim da sua vida, Puxavante, velho e adoentado, foi amparado pela generosa Nasle Acha, e sua filha Adélia e a governanta Leocádia. O  outro personagem , de fácil memória,  era o Sabugo Temperani, esquálido e de boa estatura, com algumas cicatrizes na face, parecendo serem sequelas de varicela ou catapora. A  mãe dele, atendia pelo bizarro apelido de Raposa, e morava no Alto San Sebastian. Sabugo possuía um olhar misterioso,  igual ao de Norman Bates  do filme – Psicose - película de terror, interpretado por Anthonny Perkins e dirigido pelo mestre da sétima arte - Alfred Hitchcock. Sabugo Temperani, andava noturnamente, e causava medo na molecada. As mães, diziam mais ou menos assim : meu filho,se você não se alimentar, vou chamar o Sabugo.  Nos dias atuais, não é uma  praxis educacional recomendada, mas era assim que funcionava. Curiosamente, chegou a trabalhar na construção da usina hidrelétrica local, pois sabia ler e uma invejável caligrafia. O canteiro de obras, ficava num lugar conhecido como "mata-fome", pela quantidade imensa de lambaris, que são as piabinhas, que fritas, e acompanhadas com angu mole, é uma iguaria da melhor qualidade e atual, dentro dos padrões dietéticos: uma proteina e um único carboidrato Certo dia Sabugo Temperani, que não dava  a mínima importancia para  dinheiro ( seu pagamento ficava na empresa, e não o recebia. Se alimentava e dormia no local do trabalho).  numa certa manhã, saiu com o seu bornal a tira-colo, e desapareceu nas estradas da vida, talvez sem destino. Ou foi para Katmandu.  E por último, nada melhor do que rememorar, outro tipo, cujo o apelido era  Papo Amarelo. Por ser beato, certa ocasião, acompanhando  uma procissão, na qual os fiés entoavam  cânticos litúrgicos. Eis que um gaiato, no  na pasagem do cortejo, o chamou em alto e bom som:  Papo Amarelo. Impávido, continuou caminhando, e o respondeu no mesmo tom do hino religioso, e sem desafinar, solfejou :” Bendito, louvado seja, Papo Amarelo, é a puta que pariu ...”



20 de janeiro de 2012

A minha rua

A rua onde morei, durante a minha infancia e parte da juventude, foi meu mundo mágico e particular.  É sabido que o interior, é o mais rico espaço para ter  uma divertida e bem vivenciada infancia.  Lá atrás, começaram os primeiros desenhos da  cidadania, na socialização, aprende-se o respeito ao outro. Nessa   fase, se dá    o surgimento das fantasias e descobertas surpreendentes. O lúdico, é o abre alas na escala de prioridades, a ser desfrutado intensamente.  Os mergulhos nos  rios, esses são inolvidáveis.  A retina arquivou muitos fatos interessantes, um deles era o Eca,  um apelido familiar.  Sujeito habilidoso, tomou a decisão de   passar  filmes à bordo de um cansado projetor, numa tela improvisada, num terreno desocupado. De pai lusitano, o qual vivia constantemente, assoviando canções  de Póvoa de Varzim, perto do Porto. Um portugues  de poucas palavras,  baixa estatura, e não abandonava  seu indefectível chapéu. Morreu sem saber que foi um artista-benfeitor. Salazarista convicto, Fernando Cardoso de Oliveira, por aqui arribou no Porto do Rio de Janeiro, no dia dois de maio de 1910, a bordo do vapor Barcelona. Os vizinhos o chamavam cerimoniosamente de "Seu Cardoso". Enfim, um doutor  "honoris causa”. Construia com engenho e  arte, a  maxambomba, ou carrosel, para a alegria da petizada. O espírito argentário não preponderava. Os ingressos eram baratíssimos. Tempos de ser, e não de ter. E para completar, na sua residencia, instalado na  parede frontal da sala, um curioso relógio cuco. Uma graça, pois, em diversas oportunidades esperava completar a hora-cheia, para ver a portinhola se abrir, e o pássaro- mecânico, emitir seu cântico. À direita de onde residia, morava um casal elegante. Ela, Elcir Bicudo, bonita, simpática e sempre trajada com esmero. Em contrapartida, ele Wilson Pessanha, seu marido, garboso, sempre com os sapatos engraxadíssimo e cabelo bem alinhado, e untado com a então famosa  brilhantina: madeiras do Oriente. Um verdadeiro dândi. E o caminhão da cor vermelha e marca Reo, para ganhar o pão de cada dia . Rogerinho, filho  manhoso, quase uma retrêta, reside há muito na Holanda, com Dona Isabel. É um violonista de alta categoria, pois estudou violão clássico na Espanha. E tem mais, a filha  Valéria, atualmente vivendo, na outrora terra dos ferozes indios goitacazes. Os piques-esconde eram noturnos, e se misturavam todos, meninos e meninas. A primeira e saborosa manteiga que degustei, era proveniente do leite das vaquinhas da Ilha de Jersey, e quem as processava era o casal Normanda e  Seu Doca. A poucos passos, a fábrica do gostoso guaraná Brotinho, o melhor refrigerante do mundo.  Alcebíades Gomes, era o seu diretor-presidente. Antes da fábrica do guaraná, uma casa se metamorfoseava  num pequeno clube doméstico. Na casa da Dona Ruth e Antoninho, haviam luvas de boxe, jogos de botões, ping-pong, xadrez, e um volei. E os meninos eram bons alunos, todos no dimunitivo, Marquinhos e Paulinho. O caçula dos homens, Carlos Alberto, depois, o  "rebatizaram" de  Beto Suê. Eram também frequentadores, Edson Yasegy, Miltinho,  Julio e muitos mais. Do outro lado, num quintal com muitas árvores frutíferas, destacava-se  o abio, de polpa muito doce e  ciquento.  Essa frutífera,  pertencia a Dona Mariinha, casada com o   Seu Raimundo, um experiente motorista, ou melhor dizendo: um chauffeur de praça. Vizinha da dona Mariinha, a professora Gilda Brandão,  foi uma das primeiras professoras desse condado, orientou  com têmpera e retidão as suas  filhas. No seu pequeno pomar,  um frondoso pé de pinha, ou fruta-do-conde, o qual  "visitava" com alguns amigos, nas noites iluminadas  da lua cheia! "Vis-à-vis" o Educandário Santa Isabel (externato e internato), por lá estudei por um curto lapso de  tempo, nele tive a grata satisfação de conviver com o Andiara Moreira Luz, Mandi e/ou Didi, Luis Carlos Pinto, entre outros contemporâneos. O Educandário era quase um quartel, sob o comando de uma madre, dita, superiora. As religiosas eram introspectivas e  feias. Eram da ordem do mal humor.  E a caridade, um dos pressupostos do santo e teólogo  Agostinho, nelas, certamente, não habitavam essa virtude. Todavia, o Educandário, movimentava o local, pois recebia jovens estudantes, que chegavam das cidades da circunvizinhança.  Elas causavam curiosidade nos rapazes da cidade, na esperança de um conhecimento e quiçá um futuro namoro. Desse cenário fazia parte um boiadeiro, que para ser notado, transformava essa via pública, numa praça de touros, como se fosse a Espanha de El Cordobés. O cavaleiro quase sempre estava entre os condutores do gado. E fazia malabarismos para sensibilizar o público feminino. Enfrentava as vacas bravias, e mordia-lhes o rabo, e outros sabidos truques quase o herói tropical.
Uma outra vizinha, com a  qual tive uma pequena, porém   prazerosa convivencia, possuia  uma  numerosa filharada, era a dos Fontanellas. A viuva Dona Margarida, lider natural, vinda de Marapé, os criou com denodo e amor. Um deles, José enquanto padre, pela vocação e sabedoria, prestou inestimáveis serviços ao Estado do Vaticano. Uma outra familia, tinha vindo de Belém do Pará,  com vários filhos.  Pela amizade travada com os filhos Paulo e Carlos, provei  uma guloseima industrializada, cujo o nome era mandiopã, por sinal, bem saborosos esses biscoitos  mandiopã, que pela fonética, poderá  ter fortes laços com a mandioca, que insistem em chamá-la de aipim. E os Monteiro de Barros? Que descendem do Barão de Paraopeba.  Chic hem ? Se transformaram em exímios doceiros, com destaque para a internacional Goiabada Vera.  Dona Zizi, lider inconteste dos Monteiro de Barros , está a merecer um capítulo à parte. Os  filhos gemeos,  José Cesário e Carlos Orlando, eram idênticos, e todos os confundiam. Inesperadamente, pela primeira vez surge uma camionete Studbaker, de cor preta. Pertencia a um agrônomo do então , Fomento agrícola, órgão do poder público.  Na década de 60, a modesta cidade,  foi seriamente castigada, por uma severa enchente. Foi a maior de todas as inundações, registradas na altiva Mimoso do Sul. As águas subiram silenciosas e rápidas. Apoplexia e impotencia geral, diante da imensa inundação. Os prejuízos foram incalculáveis, pois todos os moradores eram humildes, e viviam enganando as dificuldades. A enchente  penetrou no prédio do Fomento, e se misturou com os defensivos agrícolas, envenenando-a.  Existia um grande movimento, para se salvar  móveis e utensílios dos moradores. Usavam-se barcos, e homens que nadavam buscando ajudar àqueles mais necessitados.  E nessa manobra, um deles era o jovem estudante Ronaldo Silva, exímio nadador, que ao mergulhar, não voltou com vida. Pairou a suspeita, de que teria ingerido algumas golfadas, das águas contaminadas pelos agrotóxicos. Num gesto de solidariedade, os padres estrangeiros -  vindos da terra das mais belas tulipas negras -  abriram as portas da igreja para acolher os desabrigados. Outro fato marcante, foi quando o  do rio-Muqui do sul foi desviado, tirando-lhe uma curva, para aprimorar a fluencia do seu curso. Os caminhões começaram o aterramento. Os enormes GMC's, carregavam nas suas básculas, imensas quantidades de terra. E um deles era dirigido pelo Moacir Rangel recém chegado de Campos, e o seu auxiliar, Hélio Arara.  Participar desses eventos, foi um inenarrável privilégio, meio que, uma sonhadora filmagem, sob a direção do mestre  Federico Fellini.  Existiam dois  campinhos de futebol,  sendo um pequeno e o outro,  maior. As peladas eram diárias e imperdíveis. Os mais velhos sempre desvalorizando os jovens peladeiros. Contudo, a  vida era bela. Mangueiras seculares, em nome do progresso foram erradicadas impiedosamente. Nem o pé de  manga-rosa, foi poupado. A rua da qual estou  me referindo, se chama Doutor José Coelho dos Santos (1863/1923), negro, médico, filho do Mestre Silvestre - escravo alforriado - de São Pedro do Itabapoana. Deputado Estadual por duas vezes, tendo assumido o Governo do Estado na condição, de Presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo. Graduou-se na Universidade do Brasil, na capital, Rio de Janeiro. Foi o primeiro da turma, e conquistou o premio Torres Homem. Enguanto médico, lutou bravamente no combate a peste bubônica, que se alastrou em Campos(RJ) após a inundação do rio Paraíba, em 1903. Foi membro correspondente da Academia Francesa de Medicina. Pertenceu ao Grande Oriente do Brasil - Loja Maçonica Ordem e Progresso.  Iniciado tal qual, o genio da música erudita, Wolfgang Amadeus Mozart. Sinto-me honradíssimo de ter residido  numa rua, cujo o homenageado foi esse ínclito personagem, que infortunadamente continua anônimo nesse  Brasil de Machado de Assis. "Não digam que isso é passado. Passado é o que passou. Se não passou, foi o que ficou na memória ou no bronze da história " de Ulisses Guimarães.

11 de janeiro de 2012

E as enchentes se repetem

O mundo todo, é vítima das enchentes. Algumas são tão violentas, que destroem uma cidade, e apagam as memórias, documental e patrimonial e artística. Em  2011, morreram 918 pessoas, e 215 estão desaparecidas. Tudo  isso aconteceu na região serrana, no estado do Rio de Janeiro. Os rios e riachos, não possuem  mais, a vegetação ciliar nas suas margens, que é a sua natural proteção, infelizmente elas foram destruídas. É preciso de verdade, preservar a natureza. E uma maior consciência do destino do lixo, produzido por cada um de nós. É sabido que o lixo entope os bueiros, e polui os mananciais de água. O primeiro mundo, leia-se os  Estados Unidos e a Europa, dizimaram todas as suas florestas. Eles desmataram imensas  glebas de terras. E não se tem notícia, de que eles começaram uma campanha de reflorestamento. Os estudiosos afirmam,  que poderiam ter aproveitado  as planicies para a agricultura e pecuária, evitando esse retumbante desastre no meio-ambiente.  Assim sendo, não é difícil concluir,  que o segmento rural, é  muito maior do que o necessário,  para suprir o  fornecimento alimentício. Consequentemente, os governos subsidiam "a peso de ouro" todos os produtos e sucedaneos agro-pastoris.  Caso  não o façam, as propriedades rurais tornar-se-ão inadimplentes. Isto posto,  é bem provável   acontecer, um gigantesco êxodo rural, gerando desemprego e um robusto inchaço nas cidades. Com  poderes economicos-financeiros abastados,  há séculos, eles sustentam  essa fantasia construida pelo sistema.   Por aqui, as migrações  internas - verdadeiras diásporas -  fazem parte da sociologia brasileira, infortunadamente "subsidiada" pela  ausencia , de uma séria e responsável politica pública  rural. Esse erro histórico, remonta a abolição da escravatura, onde  o poder público  na época, não planejou uma  política para realocar um volumoso contingente de mão-de-obra que seria disponibilizado. O império preferiu, a emigração  dos ítalos-teutonicos de olhos azuis . Contudo, os escravos libertos, ficaram por aí ! E estão por aí, até hoje.
      Vira e mexe, eles são vítimas de imensas inundações, provocados por intensas chuvas, que não tem por onde escoarem, e nem as matas para mitigar, a fúria das águas. É sempre bom lembrar, que é  dever de cada cidadão, deixar um mundo melhor, para as futuras gerações. Pense nisso.