10 de julho de 2012

A flauta do Alvorada


A música carrega uma intimidade harmonica com as constelações estelares. Elas são também; a morada daqueles que de lá saíram para tocá-la; e depois num passe de mágica, retornam ao tugúrio do espaço sideral. E eles estão à direita e/ou a esquerda de J.S.Bach, ou em algures. Os instrumentos musicais das culturas da Antiguidade, foram herdados em sua maioria do Oriente. O instrumento melódico de sopro mais antigo, é a flauta. Eram imputados à flauta, poderes mágicos e encantadores. Na mística islâmica, o seu tom lamentoso é explicado segunda a lenda, pela saudade que a madeira tem do pé do junco, do qual foi cortado. Isto é, a origem de Deus. A flauta, enquanto instrumento, inspirou o mundo da arte musical, sendo que uma das óperas mais encenadas no mundo ocidental, é a Flauta Mágica de Mozart, onde o genialidade do autor redescobre contos orientais, e produz os contrapontos do bem versus o mal, e a sabedoria contra a escuridão da ignorância. Uma verdadeira lição de felicidade, tal qual o personagem, conhecido pela alcunha de Alvorada, que residia num prédio antigo na rua do Catete, e no térreo uma cabeça-de-porco, e na parte de cima funcionava um modesto clube de forró, onde se apresentava, o maranhense João do Vale, uma referencia da cultura musical brasileira. Alvorada empunhava cotidianamente seu canhenho,(onde se lia na pule: vale o escrito), para anotar as apostas do “jogo do bicho”. Tal jogo, é considerado contravenção penal, e foi uma criatividade que chegou aos brasileiros, fruto do ócio (im)produtivo do Barão de Drummond, que listou vários bichos, e deu-lhes numerologia. Alvorada, tradicional apontador do “jogo”, carregava no seu bornal a sua inseparável flauta. E se algum dos seus clientes acertava no milhar, centena ou quaisquer outros prêmios, ele ia ao encontro do ganhador tocando a sua flauta. Era um original anúncio, através da suave sonoridade do junco.

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