30 de janeiro de 2020

Teresa Fenix - 59a.parte

O dinheiro deixado  em testamento pelo Dmitri tio dele, daria para recomeçar a vida com algum conforto. Depois de uma intensa pesquisa, adquiriu uma simplória casa numa ilhota próxima de Lesbos. O mar era a sua grande paixão. Mas não apreciava  pescar, todavia  degustava com apetite  os peixes feitos no bom azeite grego. O tempo no mar é mais lento, dizem os mais experientes  marinheiros.Sentia falta das conversas com o Ulisses, transformado em cidadão panamenho. E professor de matemática, tendo  cursado mestrado no México. Sem contar os inúmeros títulos como enxadrista internacional. O grego não o procurou, pois entendia ser página virada a convivência de outrora. E se conscientizou que Teresa nunca conseguiu ser Fenix.  A memória registra, mas não toma decisão.  Na maré alta, o  mar  batia fortemente nas pedras, e ele dizia ser  o cântico da sereia. Se  transportava recordando as viagens empreendidas pelos oceanos do mundo, quer  dos perigos quer pela  sensação de vitória, quando atravessava  uma severa borrasca. Aos setenta anos, o comandante, resolveu rabiscar a  autobiografia dele. E  a bordo de um poderoso  Personal Computer, deu partida a narrar os fatos importantes. Como se fosse um quase réquiem literário, tais quais  os compositores de música erudita. A saúde do comandante sempre foi invejável.  Atribuia essa performance  ao cuidado alimentar, esse costume   teve desde sempre. Não se permitia  consumir alimentos transgênicos, temperos industrializados e outros.   Naquele momento mágico a ser vivido,  sentia a imperiosa vontade de um silente recolhimento.  Ouvindo "round midnight" do jazzista Telonius Monk, |tentaria escrever   garatujas,  e assim iniciou o primeiro capítulo.