27 de outubro de 2014

Nas areias do deserto



 Ponte para atravessar
um cortejo fúnebre...
Da juventude na luta dos abássidas e outros  bérberes,
mata-se...também a mãe (im)potente
Chora  por aquele que carregou nos braços
Uma perda para sempre e diferente,
Quem poderia intuir entrar pelo cano,
no longínquo mundo muçulmano?
A dor é geral
A dor nem sempre é igual.
Lamenta Kalil Gibran pelo sangue esvaído dos filhos
 Nas areias quentes do deserto,
Pelas causas, que por certo
 Nessa  contenda insana,
ausente o profeta Mohammad,
ouvidor  do arcanjo Gabriel,
em todas as récitas um eterno  fiel
A dor não é igual,
a dor nem sempre é geral.

18 de outubro de 2014

Se o diabo me levar



Meu pai teve a data de nascimento adulterada  para se incorporar às forças armadas. Imagino que meus avós paternos,  por terem inúmeros  filhos as dificuldades financeiras eram presentes, agravando o sustento deles. Creio, ser o artifício  de antecipar a maioridade uma das alternativas para abrandar  a fome.   Ele possuía duas certidões datadas respectivamente de 1911/1913. Natural do Alegre(ES), foi  ao quartel militar no Rio de Janeiro e lá aprendeu a tocar saxofone, na banda daquela unidade castrense. Após a baixa, residiu  numa pensão no  bairro do legendário  Paulo da Portela,  - Madureira chorou de dor -  e acabou tomando diversas direções pela vida afora. Com a embocadura em dia, empunhou o sax-alto pelas casas noturnas, (era irmão de instrumento de John Coltrane)  - da Praça Mauá, e nas gafieiras Estudantina e Elite, até hoje a primeira,  na  Praça Tiradentes e a segunda na Praça da  República. Por razões  de foro íntimo ou não,  acompanhou por longos  anos o circo, cujo a razão social era Companhia de Circo e Teatro-Irmãos Temperani de bandeira húngara. Conheceu diversas cidades do Brasil, como circense. O circo apresenta um caleidoscópio cultural, contudo ele me alertava para as peças  de teatro encenadas no  circo. Infortunadamente  o circo está derretendo, esse é o mesmo circo que polvilhou o imaginário popular nesse país,   por um longo período. Contou-me certa vez que na ausência do palhaço, o substituía. Era um fac-totum. E o mais surreal, ele disse a um amigo - Hudson Festa -  que numa ocasião, na falta do pagamento a  ele devido, recebeu como indenização trabalhista um paquiderme, representado por robusto elefante. O gran-finale dessa estória, não sei. E depois de dez anos,  quando a internacional Companhia retornou ao leste europeu, ele foi convidado a seguir com os húngaros, mas  declinou o convite e por aqui permaneceu
 na terra brasilis. Numa tarde morna acusou uma severa dor, tendo adoecido, que é o prenúncio do final  de quase todos mortais. Internou  na  secular Santa Casa da  Misericórdia na rua Santa Luzia, no centro do  Rio de Janeiro. Antes do mágico efeito do anestésico, para em seguida "entrar" na adaga cirúrgica ( dessa vez saiu ileso), confidenciou-me assim: se o diabo me levar, quero lhe dizer (a mim, filho dele): confesso que vivi intensamente.

11 de outubro de 2014

Malála Yousafzai

A paquistanesa Malala Yousafzai, cujo o país é islâmico e se localiza no no sul Ásia, conquistou o Premio Nobel da Paz. Esse famoso prêmio existe há mais de cem anos, e foi criado pelo sueco Alfredo Bernardo Nobel, inventor da dinamite. Há dois anos no seu país, Malala Yousafzai desafiou os talibãs – facção radical do islamismo – que proibia as meninas paquistanesas de frequentarem as aulas regulares. Pela bravura da atitude, Malala Yousafzai levou um tiro na cabeça, e esteve entre a vida e a morte. Foi levada para o University Hospitals de Birmingham, na Inglaterra e sobreviveu, onde atualmente reside. Nessa última sexta-feira dividiu o prêmio, com o indiano Kailash Satyarthi, incansável defensor das crianças envolvidas no trabalho infantil. Malala Yousafzai aos dezessete anos, está na mesma galeria ombreada com Nelson Mandela, Madre Tereza de Calcutá, Martin Luther King, Mahatma Ghandi e outros, de altíssima moral e ética exemplar.