4 de dezembro de 2012

Um quilo mais aquilo




Há tempo para tudo. Coexisto com as (in)certezas. Às vezes sinto um vazio "glauberiano" por dentro, que me entorpece. Sabidamente, a lucidez faz sofrer mais. Retirando as viciadas lentes de aumento, o fantasma parece menos assustador. Na fase atual, no balancete da vida, viver é um premio. Melhor viver no Leblon? A conferir. Tive filhos, e não os tenho... pertencimento deles não é meu, como Khalil Gibran vaticina nos seus aforismas, que os filhos são do mundo. Há seriíssimas controvérsias. Distanciei-me pela dor... e aqui não se dá o (des)encontro das águas, Não importa onde estou, pode ser nas margens do rio Itabapoana, Ipanema ou na Croácia. Onde estou há escassos episódios indicativos, de que é possível estabelecer fluídas relações, e algumas conversas-fiadas com os moradores, e também com os frequentes ciganos, que faz-me lembrar da infancia. Dentro das reminiscências, vem-me o som do violão de Django - Reinhardt, Jean Baptiste (1910/1953) - guitarrista cigano-belga, tido como um dos virtuoses desse instrumento, e lhe faltava um dedo. Jamais havia ouvido falar de Django. E o mestre da música erudita, Artur da Távola também, o que é compreensível. Fiquei intrigado, pois achei que Django era uma farsa, enfim, um "fake". E fui à cata de um disco de Django. E fui na então loja, Modern Sound em Copacabana. E lá encontrei alguns discos. Numa zona de (des)confortável, para compensar, parece que há algo leve no ar, feito um falcão planando dentro de uma providencial corrente de ar. E viajo silente junto ao falcão, igual aos passarins, que na "muda", não cantam, contudo pelas plumagens, encantam. O existencial ermitão declarou que só acontece "o agora", e só. E nada mais. Então, pode ser uma pintura que só o autor identifica. Uma obra-cabeça. No mais, pode ser "um quilo mais aquilo, não é nada disso...eu quero é, botar o meu bloco na rua", como versejou e cantou o poeta Sergio Sampaio.

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