5 de março de 2012

CINEMA PARADISO E JOSÉ MARIA DE OLIVEIRA


O cinema é um marco no processo de vida daqueles que vivenciaram Mimoso do Sul de 1953, data da inauguração do Cine Teatro São José, até ao final da década de 60, aproximadamente, quando se inicia a primeira diáspora. A maioria foi em direção ao Rio de Janeiro, depois alhures. A ausencia de perspectivas começa a cortar a própria carne. A cidade começa a perder os seus valores, incorporados em personagens  paradigmáticas, tal como José Maria de Oliveira entre outros, que em 1953 com uma visão de modernidade inaugura o Cine Teatro São José, tal qual o Cinema Paradiso, localizado numa pequena cidadezinha - Giancaldo - no interior da Itália, que foi tema de um belíssimo filme, dirigido por Giuseppe Tornatore. Tal fita conquistou o Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro em 1989. José Maria é Giuseppe Tornatore, foi o diretor de um profícuo processo cultural, até quando pode resistir. Foi generoso e intrépido, sonhou e tornou realidade,  numa pequena cidade, um cinema e teatro para um povo, que pela proximidade, respirava os ares culturais bafejados pela então capital federal, Rio de Janeiro. Era  um momento impar, para  a região nesse período, uma respeitável produtora de café. Ele foi um  "apoena"  (em tupi-guarani, é aquele que enxerga ao longe )...Cultura não é saber quem foi Max Weber, ou Karl Marx ou qual a diferença entre josé germano e/ou gênero humano. Essa correlação é inócua. A sua Paris, poderá ser em São Pedro do Itabapoana, depende de você e das suas circunstâncias.  Isso não é uma apologia ao hermetismo, muito pelo contrário. De todas as definições sobre cultura, eis uma muito interessante : " ...é um conjunto de realidades regionais, que incorporadas, são importantes coadjuvantes na formatação da cidadania dos indivíduos. "  Ele sem saber vaticinou, pois estava ungido do  empreendedorismo em 1953. Participativo na atividade esportiva, entusiasta do esporte, destaque para o futebol.  Foi um abnegado desportista, e presidente do Independente Atlético Clube.  Ele ousou e chegou ao podium. A Rádio Nacional, era o must naqueles tempos, e única midia. Seus artistas eram a maximização do sucesso. A TV Tupi estava recém nascida em 1950. Em dado instante, resolveu contratar o mais famoso âncora dessa dessa emissora - Renato Murce - considerado hoje, legenda da radio-difusão brasileira. Para os mais jovens, mal comparando, o similar atual, talvez Pedro Bial, com severas restrições. Renato Murce, acumulava a função de apresentador e seu diretor. De eclética criatividade, o seu primeiro programa de calouros, era conhecido como "Papel Carbono ". A "entourage" desembarcou em Mimoso do Sul, para abrilhantar a inauguração do Cine e Teatro São José. E quem eram esses  ilustres artistas ? Um deles, talvez não soubesse, que carregava uma imensa  responsabilidade artística aos 16 anos de idade . Anos se passaram, e ele foi convidado, visitou a Rainha Elizabeth no Palácio Buckingham, e para a realeza compôs uma peça musical para violão e orquestra. Chamava-se Baden Powell de Aquino, violonista de sucesso internacional, que morou na França durante vários anos, tendo nascido na quase vizinha  Varre-e-Sai. Outra grande estrela de sucesso, foi a cantora Carminha Mascarenhas, junto com o ator Pato Preto da Rádio Tupi, e a intérprete Eliana, entre outros. José Maria foi para o zênite. Era riquíssimo de  filhos e de espírito, morreu pobre. Legou-nos bons exemplos, tendo sido coadjuvante na educação daqueles que respiraram cultura por ele veiculada. Sem medo de errar,  a fase de ouro de uma vida, é a infanto-juvenil. É nela que   mais se apreende. Foi-nos  proporcionado  desde a aventura-drama do inesquecível filme Ben-Hur,  até o espetacular suspense de Psicose. Dirigido pelo mestre Alfred Hitchcock, com  Anthony Perkins. Alguém disse: ..."quem não conhecer a sua história, estará obrigado a repetí-la, e se tal ocorrer será uma farsa "


Um comentário:

  1. Querido Braguinha,

    Com alguma dificuldade e algum tempo pudemos acessar o seu blog.

    Pude verificar assim a maravilhosa peça que você escreveu sobre meu pai. Meu pai tinha por você grande carinho e respeito.

    Fique certo que papai te admirava muito e sempre com carinho me contava dos encontros que tiveram no Rio de Janeiro nos últimos anos.

    O que você escreveu enalteceu muito meu pai e se me permite dizer, é bastante merecido.

    Entretanto o escrito mostra com muita timidez a grandeza de sua alma, caráter e inteligência.

    Todos os familiares te agradecem penhoradamente.

    Um grande abraço e espero revê-lo em breve.

    Teófilo

    P.S. - para futura referência meu telefone em Vitória é (27) 3325-9050 ou 8113-0581
    e-mail: joseteofiloliveira@yahoo.com.br

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