2 de novembro de 2012

São Jorge



Na época traumática da escravatura brasileira; não era permitido professar quaisquer crenças que não fosse a católica, religião oficial do colonizador. Consequentemente a prática do sincretismo afro-religioso era proibido, e diante do veto imperial, os escravos rebatizaram seus ícones místicos; escamoteados sob o manto dos santos da época.
Ogum, entidade da Umbanda e do Candomblé, diante da rigorosa proibição, passou a ser cognominado no Rio de Janeiro de São Jorge, sendo que na Bahia é Santo Antonio, e curiosamente em Cuba, é São Pedro. A história remete à existência de São Jorge, na Turquia, na região da Capadócia, onde ele teria vivido e praticado um ato heróico e milagroso: o resgate de uma mulher das garras de um dragão.
No centro do Rio de Janeiro a igreja de São Jorge, no Campo de Santana, é sobremaneira concorrida, principalmente em 23 de abril, data santificada e feriado municipal na Cidade Maravilhosa. Jorge foi decapitado na cidade de Lida, Palestina por volta do ano de 303 dC. O seu feito correu o mundo, e desde então, a sua popularidade é alta. É aclamado nas liturgias católica, anglicana e ortodoxa. É "santo protetor" na Inglaterra, Portugal, Georgia, Catalunha e Lituania. Em sua homenagem, eis alguns homônimos: Jorge Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos, e os escritores: o inglês Jorge Orwell, e o saudoso baiano Jorge Amado, um "Obá", iniciado nos terreiros de Menininha do Gantois. É um profundo conhecer da cultura e dos mistérios da Bahia. Para acrescentar, São Jorge é patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro. Por ausência de provas o Santo Ofício ressuscitado, leia-se a Santa Sé, "cassou-lhe" a patente de santo. Contudo no imaginário coletivo, continua "vivo" para multidões que acreditam no seu poder milagreiro.

Pesquisa:
Os santos de cada dia - J.Alves - Ed.Paulinas
São Jorge - Rizzardo da Camino - Ed.Eco

Um comentário: