É
possível que imputem-nos manobras arriscadas, para escolhermos caminhos
a serem (per)seguidos ao longo de uma vida ... o famoso filósofo e ensaísta
espanhol, José Ortega y Gasset, cunhou a frase : eu sou eu, e minhas
circunstâncias. Em
suma, cada um deve saber de si. E cada qual usa as suas
defesas para preservar o status quo que conquistou durante a extensa caminhada
que o destino lhe reservou, ou não.
E outros
dizem ser assim: cada um colhe o fruto da semente plantada, aqui ou alhures. Os
embates da vida pressionam tomadas de difíceis posições. Tantas, e
inúmeras ocasiões, tal qual a misteriosa a esfinge, que se comporta friamente,
e corta na carne, mas não renuncia da sua tarefa mitológica, quando decreta:
decifra-me ou devoro-te.
Isso se
(des)encaixa noutro enigma – o do amor – e a sua (im)ponderável leveza ou a sua
peculiar (in)coerência, emoldurado pelo (in)visível. É assim mesmo...é
como as quatro notas iniciais da popular quinta sinfonia de Beethoven, que
certa vez, ele assim declarou : é a maneira, como o destino bate à sua porta:
(in)esperado, vigoroso e arrebatador. Outros desafios, são colocados na távola
redonda, onde pratica o jogo da vida. E o cacife é alto. Se aposta é o
ser versus o ter...o ser, é uma oração subordinada da sociedade do espetáculo.
Das claríssimas e imensas lâmpadas de néon...símbolizadas no ocidente pelas
luzes da Broadway. Contudo, existem outras luminosidades espalhadas em todo o
mundo...pois a globalização da economia, facilitou as sociedades a realizarem o
sonho do consumo, e para que isso ocorra, performaticamente, há que se ter um
viés ideológico muito nítido, o sistema vende inescrupulosamente, a idéia de
que a felicidade se encerra no ter...existe um indicativo de orgasmo no ar, no
ato de consumir bens e serviços, e as relações afetivas, se embutem nesse
espaço. É uma práxis alienante, pois idiotiza o indivíduo, que fixa o seu olhar
para o seu próprio umbigo. Acometido de um estrabismo sociológico, é o
individuo zarolho, que não consegue sensibilizar-se com o outro. Desenvolver o
ser emocional , é dinamizar atitudes e olhares mais profundos, desde a
observação, que a linda flor do hibisco, se recolhe para dormir e acorda com o
alvorecer... ser, é possuir sensores capazes de identificar que uma criança
chora. Ser, é estar alinhado com os pressupostos básicos da solidariedade, e
fazer a parte que lhe é reservada, sem tergiversações. Ser, é o comprometimento
com as causas mais nobres, na busca de amenizar as agruras dos despossuídos, onde
se ausenta, as mínimas condições
humanas. Ser é olhar detidamente o hibisco, e dizer-lhe baixinho: boa noite.
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