10 de abril de 2017

Teresa Fênix - 34a. Parte

A futura mãe estava  a sorrir,  principalmente quando ouvia alguma referência sobre  a  gravidez.  A avó incumbiu-se de costurar à mão uma peça de recém nascido. A mãe dentro da cultura  sul-americana,  mergulhou nas águas abissais do desejo da filha única. E iniciou-se a aquisição  do enxoval, com o  mais apurado gosto. Na casa de Maria Guadalupe o tempo girava em torno do nascimento do neném. O futuro avô materno vaticinava dissimuladamente, se fosse homem, sugeria o nome dele. A mãe e a filha,  desconversavam sobre essa possibilidade. A compra do berço, pintura do quarto, viagem ao México, enfim agenda assoberbada. Ulisses ficou marginalizado diante do importante evento. Mesmo tendo sido coadjuvante,  o prestígio caiu. O foco das atenções foi alterado. Lembrou-se da crônica do Artur da Távola( 1936/2008), cujo texto, em alguns casos, o homem  é simplesmente o colocador de  semente, e só.  Ulisses assim se sentia. Todavia,  bem cedo aprendeu com o preceptor dele, o grego,  que o silêncio é sábio. Ulisses mudou-se para a casa da namorada. E sentia feliz pelo neném. Não era expectativa dele, ser pai tão rapidamente. Outro remetente num contexto próximo,   também no  espaço  e no  tempo, e personagens díspares, eis o curto diálogo: Como isso aconteceu? Você uma mulher experiente,  se deixou engravidar? Vc sempre afirmou,  não queria mais filhos. Pois é mãe de três adolescentes. Pensou por alguns segundos,  e sorridente  retrucou: ele é que  não soube brincar. Um aforismo popular,  à propósito.

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