26 de abril de 2011

Bacalhau

Valter Ribeiro Campos é um cidadão vencedor, os americanos do norte diriam que ele pode ser chamado, no seu estranho inglês de : " self-made man". Filho do campista Nabor Campos e  Maria Soares. O pai era um exímio profissional das artes gráficas, e nas horas vagas apreciava uma pescaria, pelos rios e riachos. E na "permissão" apreciava bancar uma roleta colorida com as fotos dos bichos criados pelo Barão de Drummond, no Rio de Janeiro.  Sempre ladeado do seu compadre e amigo Hercílio Borges.  Maria Soares uma cuidadosa genitora e educadora por atacado, pois eram oito rebentos e uma filha. Valter gosta de ser chamado pelo seu apelido familiar de Bacalhau. Brilhou nos campos de futebol. Estiloso, lembrava pelo seu swing esportivo, os craques do passado, tais como : Gerson, Beckenbauer e Nilton Santos. Era um arguto craque, calmo e preciso nos  lançamentos. Jogou na Desportiva Ferroviária de Vitória(ES), cuja a mantenedora era a poderosa Vale do Rio Doce. Nasceu tricolor de Castilho, Píndaro e Pinheiro. Na altiva Mimoso do Sul, seu time original foi o Independente Atlético Clube. Em seguida, transferiu-se para o Sport Club Ypiranga. Passado esse tempo, como todo jovem, foi na busca novos horizontes, das luzes da Broadway brasileira -  a zona sul do Rio de Janeiro - sempre tecendo seus argumentos com uma impressionante fluidez verbal, - Bacalhau - até hoje é um public-relations de escol. Na década de 1960, uma revolução aconteceu no Rio, no mundo dos colchões. Um pequeno grupo de empresários, sendo um deles da região do Vale do Rio Itabapoana, concebeu um modelo de colchão que agradou em cheio o público consumidor. Esse novo e moderno produto, era vendido em progressões geométricas. Se apresentava uma modalidade de descanso - anatômicamente - por isso seu nome era Anatom -  Bacalhau começou como vendedor, se aprimorando na sua arte de persuadir. Foi um pulo, para ser galgado ao posto de supervisor. E finalmente gerente da loja mais chique do Rio. A loja estava localizada em Ipanema, na Gomes Carneiro, pertinho da charmosa praia do Arpoador. Valter Ribeiro Campos chegou ao apogeu. Foi um campeão de vendas. Se transformou numa espécie de vice-rei de Ipanema. Anos mais tarde seus pais mudaram-se para a Ilha do Governador. Quando o visitei na sua casa, notei que esse novo lar tinha um grande quintal. Nabor, orgulhosamente, apresentava a todos, sempre com  os olhos brilhantes, a sua formosa e viçosa horta. Cultivaram-na, pois era uma horta, uma réplica da horta que adornava a casa dele no  interior. Tal qual o líder omíada, Abn al Rahman, construtor de muitas casas na Espanha no estilo mouro, quando da sua fuga do massacre dos abássidas. Esses imóveis, de concepção arquitetônica  muçulmana, eram para relembrar a Síria. Existia uma saudade no olhar de Nabor.  Lembro-me ainda, quando as caçadas permitidas, das espertíssimas preás.  Bacalhau levava a tiracolo o seu inseparável cachorro, batizado com o bizarro nome de Caubi - dotado de um faro apuradíssimo - alguns poucos anos se passaram - e Nabor e Maria, se mudaram  para  Senador Furtado, rua na tradicional  Tijuca. Bacalhau tem muitos irmãos, e uma única irmã. De todos eles, somente um deles desapareceu. Ele tinha um carinhoso apelido de Vavá, ex-atleta das cores vermelho, branco e azul. E de toda essa irmandade, Getúlio é um dos irmãos,  meu contemporâneo e amigo. Bacalhau nasceu numa familia muito especial, de pessoas simples, contudo ricas em generosidade. O tempo é implacável, e vai em frente. Por fim, Bacalhau, resolveu singrar os mares bravios da política. Experimentou, e foi um edil de passagem memorável. Polêmico, e de sagacidade apurada, carrega nas veias o gosto pelo debate das ideias. Exerce com nobreza a sua função de notário público. Poderia dizer que esse personagem em tela, tem os mesmos humores satíricos do carioquíssimo Sergio Porto, que era conhecido pela  alcunha de Stanislaw Ponte Preta.

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