12 de janeiro de 2013

Rubem Braga - 100 anos


Discorrer, narrar sobre Rubem Braga, é como se reeditasse as doze tarefas de Hércules, filho de Zeus e heroi da mitologia grega. É um exercício de alta magnitude, pois os luminares da literatura já o fizeram, todavia, mesmo sendo amador, vou tentar reger essa "notável sinfonia".
Ele foi um cidadão do mundo, um "sujeito-homem" que não se intimidou, quando se aventurou como correspondente de guerra na Itália. Lá no campo de batalha, preferia conviver com os soldados, e deles, numa boa escuta, conseguia a informação e transformava-a em notícia, em suma; fazia história. Nunca se esqueceu do seu Cachoeiro, banhado pelo encachoeirado rio Itapemirim, o quais sempre lhe acompanharam como referencia da sua trajetória de vida. Morou e amou Paris, e por lá namorou a linda Tonia Carrero, então famosa atriz do teatro, TV e cinema. Bebeu bons vinhos e degustou saborosos pratos da terra de Saint Exupery. Entrevistou Thomas Mann, Jean Cocteau, Sartre e outros ícones da época. Depois foi consul no Marrocos...vestiu fraque ao apresentar credenciais ao sultão muçulmano. Na sua residencia oficial nesse país de cultura árabe; nas modorrentas tardes, no recesso da sua casa, observava os cânticos dos pássaros, e os comparava com os de Cachoeiro. Isso se deve em parte, o parentesco do jornalista, com a familia dos Coelho, tradicionais fabricantes de pios. Segundo ele, alguns entoavam dobrados que lembravam os curiós, outros com os melros e bem-te-vis. Depois foi para o Chile, e exerceu também funções diplomáticas. Seu acervo literário são quinze mil cronicas, e nunca escreveu um livro ficcional ou não. Sabia que não voltaria mais para a sua terra...a diáspora deixa sequelas, pois é um "exílio" (in)voluntário. Parte da sua vida, dedicou-se a boemia carioca, manteve amizades do calibre de Vinicius de Moraes, Paulinho Bertazzi, Fernando Sabino, Ligia e Olimpio José de Abreu, esse, foi professor e amigo dele desde quando lecionava no então colégio Pedro Palácios em Cachoeiro. Eis uma surreal curiosidade revelada pelo professor: numa noite foram ao Mangue, antiga zona do meretricio no centro do cidade, na Praça Onze, Rio de Janeiro. O cronista e o amigo-conterrâneo, após beberem algumas talagadas de uisque, o cachoeirense Rubem Braga, se aproximou de uma "donzela da noite", e por ter cometido alguma "saliencia", teve um sério entrevero com o cáften da mesma. Para se safar do imbroglio, do interior da casa de tolerância, numa tonitruante voz, bradou exageradamente assim : Abreu, Abreu estão querendo me matar!
Abn al-Rahman era um príncipe, ascendente das famílias bérbere e omíada; e por volta do ano 752, aos dezoito anos ou menos, perseguido, empreendeu uma longa caminhada, e atravessou o estreito de Gibraltar, e se estabeleceu com o seu povo na Espanha. ( E por lá permaneceu por oito séculos na península ibérica, convivendo harmonicamente com judeus e cristãos, até 1492, ocasião em que foram expulsos pelos reis católicos.) Tal perseguição e fuga, foram motivadas, pela morte dos pais de Abn al-Rahman; pelos abássidas em Damasco. Abn al-Rahman ao instalar do Califado de Córdoba, plantou fruteiras da sua terra natal ao redor do seu palácio, oriundas da sua terra natal, pois tamanha era a saudade da Siria. Assim Rubem Braga procedeu; plantou mangueiras, coqueiros, pitangueiras na sua cobertura em Ipanema. Mesmo com a sua cosmopolita mundividência, jamais ignorou a sua gênese. Alías, é uma admirável praxis cultivada durante a sua existencia. O rio Itapemirim, foi "incumbido" de conduzir as suas cinzas para os sete mares, contudo, passando antes, por Marataizes.

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