17 de dezembro de 2013

Rua da Serra Parte II



Porque Plínio Roberto  Menditi se tornou botafoguense?  A calle de la Sierra,  é  legitimamente antológica, com gente de ascendência  estrangeira, e eles  foram  fundadores da cidade, como  Chakibe Said Tomé, enquanto em vida, foi um abnegado  torcedor do Botafogo, e frequentador das matinées do então Cine São José, fundado em 1953, tendo a frente o inesquecível diretor/empreendedor -  José Maria de Oliveira -.  Chakibe era vizinho do Seu Carlindo pai de Plínio, que lhe presenteou com  uma linda  camisa do Glorioso,  e  desde então, um torcedor alvi-negro de carteirinha. Cirilo, católico praticante por demais,  era também sirio-libanes e primo de Chakibe, e foi dono de uma casa de tecidos. Dos seus rebentos: Eudes, Antonio e Gonzaga. Ao lado o elegante Jaildo,  então agente ferroviário, e usuário de ternos de um tecido da moda conhecido como  Panamá, todos  bem cortados, quase sempre na cor branca. E não tem como esquecer do ex-prefeito Darcy Francisco Pires e e filhos, tal como Paulinho, Getulio, Volmar, Marisa, Cacau e Helenice. Ele foi um prefeito de todos,  como recomenda a práxis democrática.  Antonio Coquinho, o terceiro mestre da alfaiataria dentre os demais. . Enedino Glória, e tio da atriz Darlene, a qual  dispensa comentários, e que passava as férias na casa dos tios dela. Enedino Glória pai de Antero e José Glória, eram ambos  evangélicos, com o templo ao lado. O sereno Paissanti  tocava uma loja de móveis, sua filha se chama Itajaci. E os Belotti?   O patriarca Alexandre, com o  seu inseparável  cigarro-de-palha.  Silvio, Lourdes, e Silvia uma doce de pessoa, e minha mãe de leite....e tantos outros. Certa ocasião no Rio de Janeiro, numa reunião, abordei o então presidente da Petrobras - Paulo Belloti - e resolvi inquirir-lhe  sobre os Belotti, e ele  respondeu-me assim: Como vai o meu primo Alexandre?  De  frente a casa do João da Biquinha, residia o José, gerente da legendária  Casas Franklin, com os filhos José Maria, José Antonio e Plininho e Zezé casada com o Carlito Velasque, outrora grande craque do Independente Atlético Clube. José Antonio participou do encontro dos mimosenses na Estação do Largo do Machado.  Quase na esquina, Braulio Luciano, professor dos mais inteligentes, casado com Amélia Braga, e filhos, a saber:  Rosali, Batista, Ademir e Rosilea... a sua casa, era frequentada pela  Gimiana, afrodescendente, forte feito um mourão. Na esquina, Lilico( Hércules Paiva) e Juraci Luciano Paiva,  irmã de Braulio Luciano, e filhos, como Chiquinho, Leninha, Zezé Tachinha ( fazia "contas de cabeça", igual a um computador) e Fernando Pirata. . Na outra esquina Valdemiro Itaborai, que dificilmente sorria,  com sua padaria. Outra barbearia era da dupla Pianti e Almeral, e de parede-meia, Valadão com uma fita métrica entrelaçada no pescoço, era mais oficial da indumnetária. Eis os irmãos Venturini, sendo a primeira casa,  era o sobrado do Valério, e embaixo a oficina de bicicleta do  José Guedes. Em seguida Antenor, José, Maria e Dona Catarina, matriarca da família de origem sanmarinense, e por último chegou o Mário Venturini, creio ter sido, o mais velho, dentre todos. Ao lado da  casa do Clarindo Vivas era a Sapataria do Machado, meu querido  pai, que tocou saxofone  na Corporação Musical  Lira de São José. E seus amigos, que foram seus auxiliares:  Adelton, André Porto, Celino, Marino, Batista(Piaba) e outros bardos,  e  as vezes aparecia o craque Heraldo, retornando das costumeiras viagens.  Alipio Barcelos era lusitano, ora pois, pois e sua esposa Carmem veio da  Espanha de Pablo Picasso. (Permissão para uma pequena estória:  Na perua-van, estavam Lars Gräel, e o Geraldo Alckmin, e outros num traslado do Santos Dumont ate ao centro do Rio de Janeiro. Em dado momento perguntei ao Lars Gräel, se já tinha ouvido alguém falar sobre  Mimosodo Sul. Então, respondeu-me , suavemente que  não. Dando prosseguimento ao diálogo,  disse-lhe que João Alipio, havia nascido nessa cidade.  E de pronto afirmou, que João Alipio salvou-lhe a vida, quando sofreu um grave acidente em Vitória.  Ele é neto do lusitano acima citado).  A pensão Rex, do Fefeu e Iracema, e seu filho José...ou Zezé Fragosa, e um pequeno chimpanzé  fazia um imenso sucesso.   Dedé Guarçoni, cujo o nome de batismo era João Nicolau, casado com   Altina, e os filhos,  Zezito, Aparecida e Otávio.  Jerônimo Abreu Oliveira, filho do Otávio, com o seu delicioso sorvete de côco, era  casado com Creuza Abreu, de origem sãopedrense.  No meu  sonho  de juventude, imaginava  ser esse   Jerônimo, próximo ou igual, ao Jerônimo, "o  heroi do sertão", que  foi uma radionovela, tipo faroeste transmitido pela legendária Rádio Nacional.  E Alberto, que consertava sombrinhas e guarda-chuvas, e vendia bananas, eram muitas bananas... ele estava sempre a assoviar acordes inteligíveis. E ao lado,  o hermético Samuel, de origem judaica, que na sua perua preta transportava as  joias de puro ouro  e as vendia. Soube, por uma coincidência, que ao falar com o amigo José Frejat (pai do músico dos Titãs) numa solta conversa,  lhe informei ser de Mimoso do Sul, então ele comentou que tinha sido advogado do espólio do mesmo Samuel,   que legou seus bens  para uma sobrinha dele,  operária numa fábrica, nos Estados Unidos.

16 de dezembro de 2013

Rua da Serra, parte I



Na pacata cidade,  o som do tropel dos muares reverberava até a oficina do schumacher Machado,  meu  pai.  Ao ouvir me colocava na calçada para ver a  tropa passar, tal como a banda. Na vanguarda uma mula rainha ricamente paramentada,  portando no peitoril uma campana a tilintar,   cuja a carga era a rubiacea canephora,  ou o apreciado café, que seria embarcado nos vagões do trem da Leopoldina Railway (1896), para o Rio de Janeiro. Na condução da tropa, o experiente Adão,  forte feito um mouro, que com uma batida seca de porrete, (extraído do arbusto conhecido como  óleo vermelho), no saco de couro cru, a tropa virava-se à esquerda, e com duas porretadas, virava-se à direita. Ele era o maestro. Cenas estão gravadas no hardware do subconsciente. Por isso esse ensaio memorial a nomear alguns moradores, fatos e seus parcos perfis. É  a  rua da Serra o ponto zero do condado situado no extremo sul capixaba.  E na época,  quais  eram seus ilustres residentes em tempos pretéritos. A rua da Serra, não é  nenhuma  Hill's Street de Nova York, ou a famosa Abbey Road, onde os  Beatles atravessam-na, pela última. A rua da Serra,  não está também localizada no  Quartier Latin na iluminada Paris.  Aqui é outra luz, de  tão plena  clareia a caminhada dos passos  da memória inclemente, a viajar através do  binômio: recordar é viver, e nada mais do que isso. Para indicar a temporalidade  da narrativa,  é a década de 1960.  É a culminância dos anos dourados de Mimoso do Sul ,  que iniciam-se  na segunda metade da década de 1940 - sendo que em  1949, o município foi o maior  produtor de café  do Brasil - e se sustentou nessa condição até aos anos 1960,  quando os cafezais (a mais importante fonte de renda) foram  erradicados, pois,  foram considerados antieconômicos, e  se processa a segunda grande diáspora na região, e a preferência majoritária  migratória se direciona para o Rio de Janeiro.  Com certeza, falhas memoriais - inexoravelmente - serão cometidas -  e os contemporâneos estarão presentes nessa viagem, à bordo  do trem Cacique  no vagão-restaurante, com destino ao Rio de Janeiro. Eis o cardápio: bife à cavalo,  com arroz e fritas, e a uma cerveja casco escuro, estupidamente gelada. Perdoem-me a arrogância, pois,  "O Cacique"  era o imagético,  a réplica do trem do  filme Orient Express,  baseado no livro da escritora Agatha Christie.
 O  início da pequena cidade  era  a venda de secos e molhados  do discreto  ítalo-brasileiro Guido Marelli.   Na época  era uma distância razoável, e  eram próximos  o nipo-brasileiro, Mário Miashiro, exímio agricultor de tomate, e  quase ao lado,  os  íbero-brasileiros da família  Torres,   representados pelos gentis irmãos,  Adalício e Alvino. O vizinho deles, se chamava João Francelino, que pela  estatura, carregava o apelido de João-perna-longa. Um apaixonado pelo IAC - Independente Atlético Clube,  tendo sido seu presidente por longos anos, e  o seu filho Valter  Borracha, foi o melhor goleiro reserva do grande  " goalkeeper" Totonho Moloquête . Independente, foi em homenagem ao famoso time portenho, Independiente. Aurélio um exímio lanterneiro, no final do expediente apreciava uma cerveja, pai do Marcão residente em Vitória. O vizinho  ao lado era  João Bolinha, vis-à-vis, a   padaria de Israel Itaboraí, tio do Getúlio Campos, um bom amigo. João  Guedes dos Santos, sempre o via de óculos escuros, e uma corrente num desenho elíptico, conectado ao relógio de bolso. E do seu   caminhar com as pernas semi-arcadas. De família numerosa, e de origem portuguesa, talvez seja o mais numeroso de todos os clãs familiares. Ele  morava numa ampla casa, com uma extensa varanda. (Câmara Cascudo, notável folclorista brasileiro, informa que a varanda é uma invenção moura, para impedir que a visita adentrasse na casa) Sadi, comerciante "controlado" tocava seu  empório, vizinho de  Medeirinho e Zezita, sendo que ela migrou-se para o Rio de Janeiro.  Raul era barbeiro, profissão  universal, pai da Vilma.  João Guedes e Antonieta Cerri, ela irmã de Pedro Cerri, remember os saborosos doces de leite, no Alto San Sebastian. Em frente os Frigeri, o sisudo José e a fervorosa  Diva, e  seus rebentos, destaque para  Edna Frigeri que desfilou no Municipal Lítero Clube,  e conquistou pela estética, o título de Miss Bangu ( por causa da patrocinadora - Fábrica de  Tecidos Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro). O estádio Roberto Calmon, (em homenagem a um médico desportista  en passant pela cidade ) é o nome do campo do IAC, palco de grandes vitórias. Na pequena rua ao lado, morava Alcir Rodrigues, herói da Segunda Guerra Mundial, tendo atuado no front. Eram vários os  rebentos,  Ronaldo e   Rômulo e Maria Lucia,  residem na mesma casa, e torcem pelo glorioso. Em frente à direita o destemido José Coimbra, vindo de Faria Lemos(MG),  tendo os  filhos Ailton, Elcio e Nilton e as filhas. Em frente aos Coimbra, residia o  simpático João Nicolau, pai de Messias ( que se tornou oficial de chancelaria e singrou os sete mares)  O  afrodescendente  João Nicolau,  foi presidente do Clube Rural Classista, junto com Adão Só, nome surreal, o qual nunca me esqueci.  Bianchini, da familia Meirelles, foi amigo de João Bastos, ferroviário e líder político de pureza socialista,  e o   carpenter José Zolli. E a  Brígida Ramos Pinto Brochado?  Concorridos  eram os doces conhecidos, dentre eles, o "olho de sogra" algo caricato, uma  anti-homenagem as sogras. E a maçãzinha. Foi  melhor doceira  do Brasil, casada com Virgílio Brochado.   Zildo dos Correios, lépido  e expedito, e  nas horas vagas atuava como  instrutor aos postulantes da  carta (como dizem os paulistas) de motorista.     Euclides Mello dos Santos, comerciante,  morreu precocemente,  e deixou viúva, a Professora. Maria José Paiva Mello, a cuidar de vários pequeninos. Essa mestra foi exemplo moral e ético. O discreto casal, Carlindo Menditi e Gloria, chegaram da zona rural em 1953. A horta dos Rodrigues, regada à mão, era um sucesso.  E Valentina  de ascendência italiana acolhia os netos que vinham estudar no Mosenhor Elias Tommasi. Uma curiosidade: quem viveu nessa época, ou por oralidade,  talvez saiba  porque Plinio Roberto Menditi se tornou um grande torcedor alvi-negro?   Eis uma pista: o imigrante Sírio-Libanês Chakib Said Tomé foi seu vizinho. E por citar Chakib, e  os  inúmeros patrícios dele, que cooperaram na fundação da cidade, é que  se  introduziu na  gastronomia local,  os quibes, kaftas, merches, homus terrines, tabulis, quibes-cru, arroz com lentilhas, esfihas e outras iguarias, cuja a origem, remete as longínquas terras maometanas. Afirmo calcado na sociologia e na  histórica, que  foi uma honraria ter convivido com a generosidade sírio-libanêsa. Saudando Nazle Acha, estendo os cumprimentos místicos, esotéricos, e ou transcendentais aos demais, quer estejam no zênite ou não.

15 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, ou Madiba


No último sábado que passou, dia 13de dezembro,  foi enterrado o Premio Nobel da Paz - Nelson Mandela, ou Madiba -  para os sul africanos. Foi enterrado em Qunu, onde passou boa parte da sua infância. A cultura da tribo Thembu - cuja a etnia Xhosa, é parte dessa origem -  determina que ele seja enterrado ao lado da casa onde viveu, e também acontecerá  o sacrificio de um boi. Os sacrificios dos animais não é um costume  dos povos africanos, na  Europa, na Grecia antiga já se sacrificavam animais, como na Roma dos césares. Está se descobrindo aos poucos, nas reflexões dos historiadores e cientistas sociais internacionais, que Nelson Mandela, está despontando como uma figura histórica impar, com escassos concorrentes no plano universal. Paradigma de  homem no espaço e no tempo,  e também como ser político e social. Um homem que passa vinte e sete anos na prisão, e grande parte desse tempo, numa cela solitária, por ter combatido  a perversa prática racista imposta aos negros sul africanos. E  ao ser libertado, iluminado, exerce na prática a virtude do perdão àqueles que foram seus algozes. Coordena a transição política sem derramamento de sangue. E depois conquista a presidência da Africa do Sul,  por um único mandato, e deixa a vida política, e se recolhe em casa, sendo que poderia  ter continuado como "ditador", conforme ocorre em grande parte do continente africano. Madiba se envolve na campanha de combate da Aids, no seu país, com índices elevados de contaminações. Nelson Mandela está na galeria de poucos, com altíssima moral, ao lado de Mahatma Ghandi, Tereza de Calcutá e Martin Luther King. O estadista Nelson Mandela, deixou a maior lição que qualquer cidadão deveria abraçar:  o perdão. Nelson Mandela, entra para a história, e que por certo terá a sua biografia apreciada nas escolas do mundo.

11 de dezembro de 2013

Vissi d'arte, vissi d'amore




Tosca, é a mulher-personagem da ópera que leva o mesmo nome, cujo o autor é  Puccini, e tal obra, teve a sua estréia em 1900, na Roma dos césares. Em suma, Tosca tem maioridade, pois é sucesso há mais um século. É  uma das óperas mais apresentadas e gravadas no mundo operístico.  A dramaturgia está para o teatro, assim como a paciência está para o monge tibetano. Desde as tragédias gregas – Édipo rei - passando pelo bardo inglês  Sir William Shakespeare,   quer na ópera ou na  antiga e tradicional representação teatral, o drama humano está presente com o seu “verissimo”, tramas ardilosas e tragédias febris e ferozes, o desejo desenfreado ao poder, corrupção, paixões individuais,  e as mais ignóbeis chantagens levadas à cabo pelas mentes humanas.  Todas convergentes ao binômio, amor e poder, creio ser oportuno, remeter  ao “affair” do general  romano Marco Antonio,  com a   rainha egípcia – Cleópatra – e depois  com Julio Cesar, que mereceu uma peça de Shakespeare. Essas torrentes de emoções, que originaram tantas peças de arte, se repetem no dia a dia, no tempo e no espaço diverso,  com tinturas da modernidade ou da pós-modernidade, de acordo com o gosto do freguês. E no vetor midiático, se colhe em profusão tais eventos metamorfoseados com indumentária  metafórica. Esse viés, não se repete, contudo, a verossimilhança é inconteste, até porque, parece que os autores acima citados,  e mais meia dúzia deles, passados  mais de dois mil anos, nada se apresentou, para sobrepor aos temas “esgotados” pelos gregos e seus seguidores, há quase cinco séculos. A  ênfase não é para essa possível  ausência de uma nova temática,  e/ou desdobramentos. Ressalta-se, é a presença inequívoca (enquanto voz) a denunciar,   “o quase igual nos tempos modernos”, a ferocidade das paixões,  a tortura moral, o diálogo feito a uma luta de feras, com urros, soluços e invectivas.  Tosca, antes  de matar o assassino do seu amor, refletiu : "vivi da arte, vivi do amor".  Em seguida,  suicida-se.

9 de novembro de 2013

Fernando Pessoa

Não tenho ambições, nem desejos.
Ser poeta, não é uma ambição minha,
é a minha maneira de estar sozinho.

Da minha aldeia vejo quanto da terra
se pode ver o universo...
por isso a minha aldeia é tão gande
como outra qualquer,
porque eu sou do tamanho do que vejo,
e não do tamanho da minha estatura.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas,
aponta-me todas as coisas que há nas flores,
mostra-me como as pedras são engraçadas
quando as tem nas mãos,
e olhe devagar para elas. 







3 de novembro de 2013

A lucidez





Disse o poeta: sou lúcido, que tragedia. A origem da palavra lucidez, vem da luz, ou daquilo que alumia. Johann Wolfgang Von Goethe (1749/1832)  esse endeusado filósofo alemão, vaticinava, que é da discussão que nasce  a luz, ou a lucidez.  São vetores dialógicos e/ou dialéticos.  Quando a lucidez  habita o cérebro,  ele trabalha de maneira mais apurada, quiçá ativando as funções mentais superiores. Eis algumas “armadilhas” arquitetadas pelas circunstâncias da vida, as quais parecem ser  (in)sensatas. Ei-las, como por exemplo, o indivíduo que pára o automóvel  em frente a  garagem da sua casa, e na contramão. O vizinho antigo, arregimentou 3 ou quatro cachorros, e  pela proximidade das casas, os latidos são constantes e atrapalham a audição do  noticiário, ou de se conversar,  sem contar  a “fedentina”, quando nos dias de chuva.  Compra-se numa loja e/ou farmácia um produto, que  foi pago em espécie,  todavia, se o consumidor comprou por engano, e retorna  de imediato, e solicita a devolução do dinheiro,  a mesma lhe é negada.  Multas de trânsito são registradas errôneamente no  prontuário, se fazendo  necessário constituir-se um advogado,  tanto quanto com os cartões de crédito.  As calçadas não facilitam trânsito da gestante, idoso e/ou cadeirante. Os autos com potentes sonorizações, emitem decibéis acima da tolerância de acordo com a lei.  Tal qual o sino da igreja, que acorda a  todos, muito cedo,  em pleno domingo e/ou feriado. Direções perigosas acompanhadas de "fechadas" inesperadas, de veículos, como motocicletas e/ou automóveis. E a concessionária de energia elétrica interrompe o fornecimento compulsório sem aviso prévio, e danifica aparelhos elétrico/eletrônicos,  e "de quebra" desconfigura  o computador, quando não lhe causa danos e/ou prejuízos. E tantos outros abusos cometidos, em quaisquer partes desse  Brasil continental e tupiniquim, do qual me orgulho, mesmo com esses descalabros ora citados. Afinal de contas, são somente vinte e cinco de democracia ininterrupta...Há muito resgate a ser feito. E por estar na estrada do ocaso, é menos difícil, carregar um olhar “quase” holístico, todavia, o pedágio é caro, para se coexistir com essa disjuntiva. O que fazer?

20 de outubro de 2013

O solista


Solo quer dizer só, e na arte da música é o solista, que emoldura a obra musical, e dá-lhe voz e estética.
A arte, ainda pouco descortinada, habita os cérebros iluminados, onde quer que eles estejam. A arte  é um mistério, também magia. Ainda dentro do contexto, um amigo brindou-me com um presente, deu-me  um filme, cujo o título é " O solista". E se trata de uma história real, que se passou em Los Angeles na América  do Norte.
A película, o "Solista,  de certa forma busca humanizar os problemas sociais que o cidadão norte-americano, tende a ignorar. E nós, herdeiros da sífilis lusitana e do pecado original, até certo ponto a carapuça também nos serve. Dentro da máxima popular - quem não vive para servir, não serve para viver - eis que na rica e poderosa Los Angeles, registra-se,  que cerca de noventa mil pessoas dormem ao relento todos as noites, e há anos. Daí a supimpa inspiração de se rodar um documentário, baseado na rotina de vida de um sem-teto, que solitariamente tocava o seu violoncelo, e vivia entre mendigos, ladrões e prostitutas. Trata-se de Nathaniel Ayers Jr. Ele estudou na Julliard School, a meca das escolas de música do mundo, e o seu  contemporâneo, foi Yo-Yo Ma, de origem chinesa,  todavia, nasceu em Paris, e atualmente é considerado um dos virtuoses do cello. Respeitando o tempo, espaço e estilo, traz-me   a recordação de outro virtuose do mesmo instrumento,  o ibérico Pablo Casals. Nathaniel, assim o tratarei na narrativa, sem digressões, com a dignidade que lhe é legítima. Ele é americano, porém, é afrodescendente, assim os americanos tratam àqueles que não são genuinamente do núcleo das suas origens.  Nathaniel é vítima do descaso das autoridades daquele país. Carrega uma conhecida doença mental, a esquizofrenia, que em grego significa : skizo = separação e phrenos = espírito. Ou seja a esquizofrenia, é a separação do espírito ou da mente. A esquizofrenia é uma condição mental, onde o consciente e o inconsciente, não sabem exatamente, onde começa um, e termina o outro. É como partir uma maçã em dois pedaços e colocá-las em lados opostos, ou seja, nessa posição as metades não se encaixam. Assim ensina a douta psicóloga carioca Márcia Mendonça. O roteiro cinematográfico trata-o com dignidade e respeito. É como se fosse uma oportunidade para Nathaniel,  se erguer com uma  força  imaginária pelo viés da amizade,  e da arte, ambas  como mecanismo de cura. Acredita-se que, o simples fato de ser amigo de alguém, isso poderá mudar a química do cérebro de um esquizoide. Acredita-se melhorar a funcionalidade das suas faculdades mentais. Nathaniel foi encontrado pela primeira vez, pelo jornalista - Steve Lopez - numa Praça de Los Angeles, diante da estátua de Beethoven, de quem é um ardoroso admirador, desse falcão da música erudita. O jornalista impressionou-se, e tentou ajudá-lo de todas as formas que lhe foram possíveis.
Certa vez, Yo-Yo-Ma, foi convidado a se apresentar como solista, com a Filarmônica de Los Angeles. O jornalista Steve Lopes, proativo, acionou contatos com a direção da Sinfônica, e o levou na apresentação. No final, foi convidado a ir ao camarim se encontrar com o mago do violoncelo. Nessa ocasião Yo-Yo-Ma, o reconheceu e pediu-lhe que tocasse seu instrumento, que o fez.
Em seguida o abraçou e disse-lhe : Você e eu dividimos algo mágico. Somos irmãos, e também na música. Sabemos a verdade que ninguém mais sabe. E as lágrimas rolaram em ambos.
Os esquizofrênicos possuem muita intimidade com as artes, tais como : a pintura abstrata, música, artes plásticas e etc. Eles desejam ser como o são, pois, a  esquizofrenia mesmo em alto grau, mantém as suas capacidades intelectuais sadias e, são capazes de sentirem os estímulos diferenciados, como também, ao contrário, é possível também encontrar algo de esquizofrênico,  na vida espiritual em pessoas com boas condições mentais. A coragem de Nathanael, aliada a sua humildade e fé no poder da sua arte, é possível aprender com ele a ideia central de ser leal a algo que você acredita, e acima de tudo manter essa inabalável determinação, que poderá levá-lo um dia, quiçá,  para casa dele.
Nathaniel continua morando em Los Angeles, sob os viadutos, e as vezes num abrigo que o acolhe. Certa vez foi lhe perguntado - que ao executar o seu violoncelo, sob os viadutos - como consegue ouvir a sua música, com tanto barulho provocado pelos carros. E Nathaniel respondeu : as únicas coisas que escuto, além da música, são os aplausos dos pombos, quando batem as asas.

15 de outubro de 2013

Dia mundial da alimentação

Em 1981, a ONU, criou o dezesseis de outubro como  o dia "mundial da alimentação"  A fome no mundo atinge 850 milhões de pessoas.  A causa principal é a desigual distribuição da riqueza do planeta. No Brasil cerca de treze milhões de despossuidos,  passam por gravíssimas  necessidades alimentícias, e  coincidentemente o mesmo quantitativo de analfabetos, ou de indivíduos com dificuldades de ler e/ou de escrever. Ressalta-se também a imensa quantidade do desperdício dos alimentos, destaque para as hortaliças, frutas e legumes. Perdem-se alimentos na colheita, armazenamento, resfriamento/conservação, transporte, restaurantes e nos lares...No  mundo o desperdício chega ao astronômico  volume de um bilhão e trezentas toneladas de alimentação, isto posto,  equivale a 250 m3 de água, o que é igual ao volume de água do rio Volga na Russia, que corre por 3700 km de extensão. Pense nisso...Daqui há 50 anos, teremos nove bilhões de habitantes. Como será o sistema produtivo na agricultura no Brasil? A população no  campo contabiliza-se  somente vinte por cento do povo brasileiro. O preço muito baixo do café por exemplo, está a provocar o êxodo rural, que sangra desde o governo da ditadura militar. Se faz necessário o subsídio para o café e o leite, para começar... essa práxis,  é velha conhecida no primeiro mundo.

6 de outubro de 2013

Premio Nobel



Esse prêmio existe há mais de um século. Quem o conquista recebe  1,2 milhão de dólares,  da coroa norueguesa, e por aqui nós do continente americano do sul  colecionamos meia dúzia de prêmios Nobel, e o Brasil, “neca-de-pitibiriba”.  Há algo de “podre no reino da Noruega” parafraseando W. Shakespeare,  mesmo sendo como referência a Dinamarca.  São todos vikings. As instituições como os  congressos de parlamentares, reitores de universidades, cortes  internacionais e outras entidades, estão autorizadas a indicarem personalidades para concorrerem as diversas premiações, física, química, literatura e o disputado premio Nobel da Paz. O líder pacifista Mahatma Ghandi  foi indicado por cinco vezes seguidas, até ser assassinado. A Academia não aprovou o nome do indiano. O poeta Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Jorge de Lima, Carlos Chagas, Adolfo Lutz e outros brasileiros foram cogitados,  mas por alguma razão, não lograram êxito.  Drummond é um caso isolado, pois não autorizou o seu tradutor sueco, a submeter a obra dele ao julgamento, igual tratamento foi dado a Academia Brasileira de Letras.  O baiano Jorge Amado, suspeita que o veto se efetivou por conta dele ser do partido comunista, conforme  a narrativa no seu livro – Navegação de Cabotagem – enfim, há uma nuvem cinzenta e densa nas   negativas supracitadas.  Um exemplo surreal, foi  a  teoria da relatividade, descoberta revolucionária  de Albert Einstein, que obteve a mesma resposta da comissão julgadora do Nobel, ou seja, não. Einstein era judeu. A (im)parcialidade entre os luminares, que ungem os premiados, é de difícil compreensão.

29 de setembro de 2013

Racismo no futebol (*)



O primeiro time de futebol a acolher um afro-descendente, foi o Bangu Futebol Clube, situado no bairro do mesmo nome, na zona oeste do Rio de Janeiro, e vizinho de Campo Grande e Santa Cruz. O Bangu era financiado pelos ingleses, então donos da fábrica de tecidos Bangu. Francisco Carregal, foi o primeiro afro-descendente a ser titular no Brasil, pelo Bangu. Depois Carregal foi craque do Flamengo Futebol Clube na modalidade do basquetebol. Parte dos Carregal moram em Copacabana, e se sentem legitimamente orgulhosos dessa ascendência atlética e genuinamente carioca. Quando o paulista Charles Muller, brasileiro, e filho de pai escocês, em 1894, trouxe da Inglaterra, primeira bola de futebol, e dois pares de chuteira para o Brasil, havia uma segregação, um preconceito racial, pois haviam os estádios de futebol dos brancos, e os negros em campinhos de futebol improvisados, nas várzeas. Entre 1920 e 1930, São Paulo chegou a ter 12 ligas informais, de pessoas de cor, que eram impedidas de participarem das ligas das elites da cor dito, brancas. Esses impedimentos dificultavam a ressocialização dos ex-escravos, recém libertados da masmorra. O Vasco da Gama Futebol e Regatas, foi um belíssimo exemplo, pois enquanto time de futebol, tentou disputar em 1924, a primeira divisão carioca, todavia teria que excluir doze jogadores negros, de acordo a exigência da preconceituosa Associação Futebolística. Não atendeu a pressão e não disputou. Salve o Vasco da Gama. (**)


(*) Matéria adaptada ao texto de Renato Grandelli, d'O Globo -  28/09/2013

(**) Como mestrando da UENF, por favor, afim de avalizar meu projeto, solicito os seguintes dados do prazeroso visitante:
Qual o sexo? Idade, escolaridade,  e a Unidade da Federação.  Muito obrigado.




19 de setembro de 2013

O ladrão de galinha, e o ladrão de casaca



Há um aforisma, de cunho popular, assim: "Para os amigos tudo, para os inimigos os rigores da Lei", essa máxima popularesca e (des)pretensiosa, remete a uma reflexão diante do julgamento dos protagonistas do julgamento, apelidado pela imprensa de "mensalão"(desvio de 141 milhões de reais dos cofres públicos) que foram beneficiados, coincidentemente, após da nomeação dos novos ministros, os quais votaram a favor da quadrilha, que segundo o Ministério Público Federal, construiu o valhacouto junto as hostes do alto poder público do país. O Brasil consciente está de luto... recolhido face ao desfavor que alguns patrícios cometeram contra a República brasileira. Não se deveria acreditar, que o país está abaixo da linha do Equador, um país periférico, não tão somente no recorte geográfico, mas naquilo que é ético e moral. A bandeira brasileira está à meio-mastro na consciência daqueles que incorporam sentimento cívico, diante dessa hecatombe, que vitimou grande parte da nação brasileira. A convicção de Cícero - grande tribuno romano - que do altíssimo saber, no seu terceiro livro do tratado "Dos deveres", citou os versos de Eurípedes, repetidos por Julio Caio César: "Se se há de violentar a justiça, é para reinar que se deve violentá-la. Nos demais casos, pratica-se a virtude". O julgamento desses juízes, que estão acima do e bem do mal, será através da história, contudo serão prisioneiros da suas próprias consciências, pois relembrarão dos seus votos, ao adentrarem nos teatros, cinemas e outros locais, quando serão recepcionados com insultos e vaias dos populares. Fica patenteado que a justiça é enviesada, a favor dos endinheirados. Se fosse um ladrão de galinhas, certamente já estaria algemado e trancafiado numa cela fétida, num desses rincões do Brasil tupiniquim e continental.

5 de setembro de 2013

Espionagem


A mídia se ocupa através de todos os meios disponíveis, sobre a possibilidade de que autoridades brasileiras, foram e/ou estão sendo espionadas pelos órgãos de inteligência do grande país da America Setentrional, ou melhor, da terra do Tio Sam. Para compreender essa complexidade - Henry Kissinger - no prefácio do seu livro, lançado pela Editora Objetiva – Sobre a China – assim escreveu: “ O excepcionalismo americano é missionário. Segundo a doutrina , os Estados Unidos tem a obrigação de disseminar seus valores em todas as partes do mundo”. Está evidenciado o caráter oficial desse país, que prega ser o paladino da verdade. A nação norte-americana assim se considera, e por isso, que se envolve em grande parte nos conflitos no mundo. Atentamos para a perspectiva de se invadir a Síria, por um suposto uso de armas químicas. Se faz mister a aprovação do Congresso norte-americano, para se efetivar a intervenção pelas armas, a esse país de origem árabe. E por ser assim, forte e poderoso - Washington - intervém nas soberanias de outros povos, e por essa razão, tem sido a nação americana, a maior vítima, (considerando históricamente, os olhares da adversidade) dos (in)justificados atentados terroristas. A intervenção nem sempre é militar, sendo que muitas das vezes se reveste de robustos investimentos em países com maiores dificuldades, sugando-lhes na maximização dos lucros, e não permitem, ou não são facilitadores da transferência tecnológica. A práxis intervencionista contraria frontalmente a tradicional e norteadora Doutrina Monroe, editada na primeira metade do séc.18, e sancionada pelo então presidente, James Monroe. Alegam os americanos do norte, que as espionagens são para conter os ataques de grupos terroristas, todavia há controvérsias, pois nessa esteira de justificativas, é provável que, escarafunchem negociações comerciais, e/ou estratégicas no setor energético( por exemplo o pré sal) e geopolítico. Não cabem bravatas. Recomendar-se-ia o exercício de uma eficaz diplomacia. Pressionar o governo "yankee", junto aos organismos internacionais, tais como a ONU –Organização das Nações Unidas, OEA - Organização dos Estados Americanos(com sede na Costa Rica) Tribunal de Haia, Organização Mundial do Comércio e outros. Os Estados Unidos pensam e agem diametralmente contrário ao modus vivendi" da China, que não possui a prática expansionista tradicional, e que convive com a universalidade cultural. Exceto, a sua intransigência inaceitável em manter o Tibet sob o domínio dela.

1 de setembro de 2013

Herois anônimos



Sete de setembro de 1889, data simbólica, que se torna importante para a formação da cidadania brasileira, começando desde cedo essa atividade cognitiva tendo como conteúdo a "terra brasilis". Em todas as escolas do país dever-se-ia cantar o Hino Nacional, e ter conhecimento do significado da semiótica que emoldura os símbolos nacionais, oriundos da história. É na fase infanto-juvenil que se impregna, a idéia da valoração dos signos nacionais. Do respeito à Pátria, a República e seus poderes constituídos. E por se tratar de civismo, por aqui, nesse pacato condado, o poder público resgata a história e ergue-se um modesto - contudo - um cosmopolita memorial, para que se lembre dos heróis, que lutaram pela democracia na Segunda Grande Guerra Mundial, e que tal fato nunca mais se repita. Os filhos de Mimoso do Sul que convocados pelo Exército Brasileiro, não arrefeceram e embarcaram em 1944, para a Itália, na época, aliada dos alemães. Corajosos “pracinhas” foram lutar contra o nazi-fascismo, salvando o mundo da loucura assassina do alemão Adolfo Hitler, e coadjuvado pelo italiano Benito Mussolini. Alguns bravos conterrâneos, voltaram com as sequelas da guerra, outros morreram. Essas legítimas homenagens são prestadas aos heróis de todos os países envolvidos, na Segunda Grande Guerra Mundial. No Rio de Janeiro, Paris, Londres e Moscou e agora em Mimoso do Sul, localizado no extremo sul do Espírito Santo, que conquista lugar de destaque na galeria dos povos que reconhecem e cultuam seus bravos soldados. Parabenizo os Poderes Legislativo, que votou e aprovou o projeto de lei, e a sensibilidade do poder executivo que sancionou a citada lei, de cunho cívico-cultural-histórico e educativo. Dia 06 de setembro, resgata-se a história , ao se inaugurar na Praça Cel. Paiva Gonçalves o memorial desses heróis .

17 de agosto de 2013

China (1)


A China é por demais misteriosa, e encantadora. A mística dessa raça, dita amarela, conta com cinco mil anos aproximados de existência, e habita uma área de nove milhões e meio de quilômetros quadrados. As provas dessa existência são produzidas pela arqueologia, através do teste carbono 14. Na China de Zhou Enlai, as dinastias prevaleceram como forma de governo, que são dirigidos por familiares e parentes, sendo que alguns casos, duraram mais de dois mil anos. Como paradigma, a dinastia Shang (séc.18 até 1025 a.C), não foi a primeira, contudo foi a mais longa. A escrita chinesa é verticalizada, e a linguagem do ideograma exprime uma ideia ou objeto. A sintaxe chinesa é composta de milhares de sinais gráficos, carregados de farta simbologia. Kuo-Mo-Jo, um sábio das hostes do PCC - Partido Comunista Chinês, conheceu 50.000 ideogramas. Para se ler um jornal se faz mister dominar tres mil, um professor, sete mil, e um erudito, cerca de dez mil ideogramas. O viés místico, possui um exemplo clássico: a serpente tem o significado da renovação da vida. As conjecturas sobre a origem chinesa foram calcadas em cima de heróis culturais, destaque para o Imperador Amarelo considerado o fundador da China, contudo o entendimento, no mito fundador, na realidade ele foi o restaurador. A China o antecede: ela avança rumo a consciência histórica, como um Estado estabelecido, necessitando de restauração, e não de criação. É um paradoxo da cultura desse povo. Confúcio não inventou uma cultura, ele revigorou os princípios da harmonia que haviam existido num outro momento histórico da China, mas que haviam se perdido na era do caos político...Parece haver uma cultura atávica no “inconsciente coletivo” desse povo asiático.

Referencias: Henry Kissinger - Sobre a China / Dicionário de simbologia - Manfred Lurker / Navegação de Cabotagem - Jorge Amado

10 de agosto de 2013

Orlando Orfei e o circo



O circo é uma atividade artística, todavia metálica, pois resiste ao longo do tempo, desde os espetáculos patrocinados pelos romanos, nas suas largas arenas. Isso ocorreu na Idade Antiga no enfrentamento de guerreiros versus guerreiros e/ou bandidos e feras de todas as espécies da época. O povo estava sempre presente, nessa diversão, bem como o rei, os sátrapas e outros. Assim era o costume, segundo a história. Todavia a multicultural China, do alto dos seus cinco mil anos (ou mais) de existência, quiçá, há muito cultivasse o  circo. Recentemente tomei conhecimento de um procedimento: Porque o elefante dança quando se executa uma determinada música no picadeiro? Ora pois, esse mesmo elefante foi “treinado” ao ser colocado sobre uma chapa de aço quentíssima. O animal sofria com a temperatura, e "sapateava", pela dor intensa, e concomitantemente ouvia-se  uma música. O animal diante dessa perversidade, condicionou-se; e nas apresentações, a mesma sonorização quando tocada, o elefante dançava. Esperamos todos, que esse tipo de espetáculo, não deve ser  apresentado. Contudo o circo, é o palhaço e suas brincadeiras, o jogo dos malabares, a travessia nos fios de arame, trapezistas(com rede de proteção ou não) globo da morte e outros números, fazem do circo um espetáculo lúdico e atemporal, quer para a petizada, quer para o público adulto, que se veste do espírito infantojuvenil e banqueteia-se na alegria. No passado o circo encenava peças teatrais, dentro do roteiro da dramaturgia universal, peças como Romeu e Julieta de Shakespeare, Carmem de Bizet e outros. E uma pequena orquestra fazia a sonoplastia de acordo com andamento do drama. O circo é paixão e amor. A atividade circense é franciscana, despojada como exige toda e qualquer arte. O entretenimento tem algo diferenciado,  é por demais apreciado. O circo enriquece a alma, e o imaginário das crianças em especial. O grande diretor circense – Orlando Orfei – não resistiu a pós-modernidade do circo, tal qual o de Soleil, ou melhor: Cirque de Soleil, com a participação de adonis, narcisos(as) e efeitos especiais, que lembram os filmes ficcionais, disponibilizados pelas novas tecnologias cibernéticas. Orfei não reside em Miami ou em Madagascar, e muito menos em Paris. Com dificuldades, vivia  modestamente em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, e atualmente mudou-se para Vésper, no espaço cósmico.

6 de agosto de 2013

Um papa da ordem dos jesuitas?



O Papa Francisco chefe da igreja católica, de inspiração judaico-cristã visitou recentemente o Brasil. Deixou no seu rastro fios condutores de esperança, por ter verbalizado corajosas idéias, num mundo conservador e a cada dia mais consumista. O povo vive na expectativa de dias melhores. E deposita nos seus ícones a capacidade em alavancar mudanças, preferencialmente estruturais. Há no ar além do desejo de transformação, um pueril entusiasmo quando escutam líderes da magnitude do Papa Francisco, Dalai Lama, Angela Merkel ou Barack Hussein Obama. O sumo sacerdote, afirmou que não trazia nem ouro e nem prata, era portador da emoção por ter trazido Jesus Cristo no coração dele. E mais à frente, interpretou, que é parte da juventude, a atitude do protesto, e "en passant" alfinetou os bispos, que não devem se sentir como príncipes. A primeira assertiva, traduz que a emoção da fé transcende a práxis de se acumular riqueza. Em segundo lugar, reconhece o direito de reivindicar, é um pressuposto inerente aos jovens. E por último, deu um “puxão nas orelhas” nos bispos que vivem encastelados e distantes dos fiéis. O Papa Francisco é um jesuíta, que inexoravelmente é a ordem religiosa mais culta e avançada da igreja católica. Não há hierarquia entre os membros da secular Companhia de Jesus, fundada pelo espanhol Inácio de Loyola. A sua representação no Vaticano, é de um Cardeal, por exigência do dogma. No passado era conhecido como o papa negro, pelo uso de paramentos de cor escura nos conclaves. Um papa com formação jesuítica, não agrada a “direita“ da instituição, tanto é fato, que me parece ser o primeiro prelado de inspiração inaciana, em toda a história da Santa Sé, a ocupar o cargo máximo. E para finalizar, se autodenominou de Francisco, o mais significativo paradigma da igreja católica, face ao despojamento pleno dos bens materiais.

21 de julho de 2013

Pretos...



As prisões aqui, e no resto do mundo estão apinhadas de putas, pretos e pobres, essa tríade é sempre lembrada, por alguém que escreve ou fala, e inexoravelmente deve ser possuidor de uma aguçada sensibilidade, pois, consegue solidarizar-se com o semelhante na sua mais simplória similitude, ou seja, a de ser humano, mesmo com tinturas ou não, de doutrinas, seitas ou religiões de origem judaico-cristão, budista, muçulmano, xintoista, candomblé. Nas manifestações das ruas, as mídias tem sido hostilizadas, os bancos comerciais são atacados, os palácios dos governos idem, as assembleias estaduais, congresso nacional, e outros próprios públicos. As instituições são simbólicas, e o povo as nomeia, tanto quanto os franceses identificaram a Bastilha (1789), o mais forte emblema que significava como o algoz do povo. A monarquia ruiu, e junto com ela, a igreja católica, e os privilégios absurdos foram abolidos e se convocou uma histórica Assembleia Constituinte, cujo o lema foi a fraternidade, igualdade e a liberdade. O dia 14 de julho, é o mais importante feriado da França. Os três poderes “ definidos pelo francês Montesquieu, que são harmônicos entre si, todavia, servem tão somente a elite. “ O povo é melhor do que as elites “, assim afirmou o jurista Afonso Arinos de Mello Franco, do alto da sua sabedoria. Numa tentativa em contextualizar, eis um exemplo abjeto, acontecido na terra de Borba Gato: o jornalista Pimenta Neves, então diretor do poderoso matutino "O Estadão", matou pelas costas a sua namorada. Um crime que chocou a opinião pública. A lei faculta aos endinheirados, a recorrerem em liberdade. Quase dez anos depois, é que o supracitado assassino foi recolhido para o presídio de Tremembé(SP). O outro descalabro, é a prática dos juros escorchantes, o valor pago nas aposentadoria, é uma vergonha, as benesses abusivas dos parlamentares, as licitações viciadas, caixas pretas intocáveis, policia truculenta, enfim, um rosário de injustiças, privilégios incompreensíveis, abuso de poder, e tantas outros infortúnios praticados há séculos. Pode ser que essas manifestações são como uma demanda há muito reprimida, tal qual o reservatório de uma grande barragem, quando as comportas se rompem pela pressão das águas.