15 de julho de 2018

Teresa Fênix - 50a. Parte

Pressentir o encerramento de um ciclo de vida, é confrontar com  o popular   aforismo: "se ficar o bicho pega, se correr o bicho come".  Num paradigma mais ousado,  para o comandante retornar ao torrão natal ou para Grécia de Diógenes,  é como    estivesse  repetindo a travessia comandando um navio, no  perigosíssimo   Estreito de Magalhães (ele havia experimentado a tensa, todavia foi uma  exitosa aventura marítima) tendo a probabilidade de  naufragar. Raciocinava dentro e fora da filosofia dita clássica, se  lembrando  do arquiteto e flautista Paulo Pena Firme(in memorian), ao lhe dizer entre um trago e outro de uma uca(*) honesta, vinda de Salinas,  que o "homem volta às origens".  Não  dizia comungar dessa assertiva, contudo a dúvida quase sempre lhe acolhia. Tocava em frente. A vida dele era mergulhar nas coisas prazerosas e conhecidas, como visitar a casa rural  de um  amigo, residente no Barro Branco, um   pintor, e respeitado  restaurateur de painéis, naves de igrejas e outros. Gentil e importante artista . O nome   é Deuseli Utrecht, contudo nasceu por essas   terras   Puris. Depois de amargar uma breve cadeia injustamente, vítima de um ardil  entre um graduado funcionário da justiça e a então ex-mulher, resolveu  viver na clausura bucólica. Estava a esculpir há anos uma réplica em tamanho adulto,  de São Francisco de Assis. O Comandante apreciava a arte, e a belíssima  obra do amigo foi por ele reconhecida, mas todavia, de  olhar horizontal, parecia estar a ver distantes  paisagens. Mas sempre admirou os impressionistas como Van Gogh e Gauguin.  Ir embora em definitivo, custava-lhe uma posição única(talvez irreversível) e cujo gradiente estava difícil de ser estabelecido. É provável que nas  andanças empreendidas  pelo Capitão,  ganhava (ou perdia) tempo, procrastinando (ou não)  o dia D partir. Rememorava a dramaturgia de Sófocles, pois o oráculo afirmou  que Édipo Rei  mataria o pai dele,  e se  casaria com a mãe, Jocasta. E o destino foi  consumado,  no imagético cenário pensado por Sófocles. Édipo Rei, fugiu da  tragédia pessoal,  tentou mudar o curso do rio, ao se transformar num ser errante, mas não  teve êxito. O Comandante se via no retrovisor dessa história, intuía uma partida em direção ao mar Mediterrâneo. Nos momentos budísticos, passavam-lhe nuvens passageiras outras mais lentas, a lhe dizer, a não tentar mudar a interpretação   semiótica das imagens do espaço sideral. O enfrentamento é inexorável.

(*) cachaça                                                             

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