Teresa
Fênix introjetou o drama entre o primeiro amor, e a outra realidade exógena, pelo menos, enquanto o Chefe estivesse internado no presídio. Nessa dicotomia, ia balebando
entre o céu e o inferno, ambos terrestres. Na busca da sobrevivência,
contava com ajuda bissexta do pai, para dar-lhe suporte mínimo,
considerando as crônicas dificuldades. Nas ruas mornas da pequena cidade, todos se conheciam de vista, pelo menos. Teresa Fênix usava uma
bicicleta doada pelo grego. Numa dessas incursões, encontrou
o Comandante, e aproveitando a coincidência pediu-lhe cesta básica. Diante do pedido (irritado, perguntou a si mesmo: o que fazer?) e lembrou como chegou até a mesma cidade de Teresa Fênix. E o fato
transitou nos mecanismos cerebrais da memória. Eis o relato: em
1933, o vapor mercante de bandeira grega, incendiou-se na costa do Espírito
Santo. Sobreviveram 27 tripulantes, dentre eles o pai de Theodorakys Pitacus, que
era o comandante do vapor cujo nome
estava registrado na Capitania dos Portos, como Konstanti. Theodorakys Pitacus tal qual o pai, se matriculou na Escola de Marinha Mercante
em Atenas. Como oficial, singrou os sete mares, e por curiosidade quis conhecer onde o
ex-Primeiro Oficial do Konstanti, primo do pai dele, tinha morado. Havia a informação que teria lecionado
química, numa escola pública no extremo sul, do cambaleante estado do Espírito Santo. Theodorakys Pitacus resolveu sentar praça, na pequena cidade, até que ventos fortes o conduzissem para outros mares. Talvez por ser errante (in)consciente, poder-se-ia remeter ao Comandante holandês da ópera Navio Fantasma adaptada por Richard Wagner(1813/1883) ao navegante grego. Segundo a lenda, o marujo holandês estava condenado a navegar, todavia a cada 7 anos, poderia ancorar na costa para tentar encontrar o amor dele, caso contrário, voltava aos oceanos. O timoneiro grego talvez estivesse a coexistir com uma dualidade, na busca de uma vida familiar, ou desafiar os limites da existência humana.
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