22 de dezembro de 2016

Teresa Fênix (24a.Parte)


Teresa Fênix introjetou o drama entre o primeiro amor, e a outra realidade exógena, pelo menos, enquanto o Chefe estivesse internado no presídio. Nessa  dicotomia, ia balebando entre o céu e o inferno, ambos terrestres. Na busca da sobrevivência, contava com ajuda bissexta do  pai, para dar-lhe suporte mínimo, considerando as crônicas dificuldades. Nas ruas mornas da pequena cidade, todos se conheciam de vista, pelo menos. Teresa Fênix usava uma bicicleta doada pelo grego. Numa dessas incursões, encontrou o Comandante, e aproveitando a coincidência pediu-lhe  cesta básica. Diante do pedido (irritado, perguntou a si mesmo: o que fazer?) e  lembrou  como chegou até a mesma cidade de Teresa Fênix. E o fato transitou nos mecanismos cerebrais da memória. Eis o relato: em 1933, o vapor mercante de bandeira grega, incendiou-se na costa do Espírito Santo. Sobreviveram 27 tripulantes, dentre eles o pai de Theodorakys Pitacus, que era o comandante do vapor cujo  nome estava registrado na Capitania dos Portos, como Konstanti. Theodorakys Pitacus tal qual o pai, se matriculou na  Escola de Marinha Mercante em Atenas. Como oficial, singrou os sete mares, e por curiosidade quis conhecer onde o ex-Primeiro Oficial do Konstanti, primo do pai dele, tinha morado. Havia a informação que teria lecionado  química, numa escola pública no extremo sul,  do cambaleante estado do Espírito Santo. Theodorakys Pitacus resolveu sentar praça, na pequena cidade, até que ventos fortes o conduzissem    para outros mares.  Talvez por ser errante (in)consciente, poder-se-ia  remeter  ao Comandante holandês da ópera Navio Fantasma adaptada por  Richard Wagner(1813/1883) ao navegante grego. Segundo a lenda, o marujo holandês estava  condenado a navegar, todavia a cada 7 anos, poderia ancorar na costa para tentar encontrar o amor dele, caso contrário, voltava aos oceanos. O timoneiro grego talvez estivesse a coexistir com  uma dualidade, na busca de uma vida familiar, ou desafiar os limites da existência humana.

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