Champruca
Casas de tolerância e da mãe-joana, rendez-vous, bordel e dezenas de nomenclaturas e por fim a surreal Champruca,
que funcionou em Mimoso do Sul (ES),
cujo a longa culminância se deu nos anos 1950/1960. João, mais
conhecido como Mandi, nadador exímio, quando na juventude prestava favores
domésticos - as doadoras do prazer - para
resgatar roupa, utensílios e outros objetos que caiam acidentalmente no rio Muqui do Sul. A cafetina era Maria, mãe de
Jupira, ambas vieram de Itaboraí no Estado do Rio. As prostitutas é uma das antigas atividades profissionais. Desde Madalena, onde se recaí suspeitas, até a cortesã Marie Duplessis que foi amada por Alfred Musset e Franz Liszt, que inspirou Verdi na Ópera La Traviata (a extraviada). A casa do sol nascente era alegre e triste, funcionava uma eletrola que tocava os Long Play dos cantores da época, destaque para Carlos
Alberto, Anysio Silva, Ângela Maria, Perez Prado, Cauby Peixoto, Gardel(tangos do compositor L.Pera) e Nelson Gonçalves. Os acepipes e os óleos etílicos ou os paratis estavam sob a direção, do Sebastião Carne de Porco, homem corpulento de sorriso fácil, todavia se
aborrecia quando uma conta há muito permanecia espetada na prateleira, e o devedor não se
manifestava. As cocottes estavam simbolizadas pela Alice nascida na Barreirinha, Letícia de olhos azuis da cor do mar, nascida em Campos
dos Goytacazes e Nena de corpo esguio, esporadicamente prestava
serviço na mais próxima congênere da Champruca, denominada de Sabiá localizada em São João
do Lagarto ou Muqui. Virava e mexia aparecia uma ou outra cortesã como a Geralda. As cortesãs eram conscientes em se tratando da saúde, pois nas segundas-feiras frequentavam o Posto
de Saúde local para serem examinadas pelo médico de plantão. Um fato curioso: enquanto morei na rua Uruguai, Tijuca - Rio de Janeiro - numa manhã ensolarada de dia útil, indo para o basquete avistei uma mulher de vestido estampado, pulseiras e colares (quase uma gitana), junto a portaria do edifício frontal. Fixei o olhar e reconheci a cromática Alice. Certamente ela não me identificou, uma atitude natural. Mas adiantou-me estar aguardando um antigo prócer do comércio de Mimoso do Sul(ES), que havia fixado residência no Rio, e que na ocasião lhe doaria um presentinho. A polícia dava suas (in)certas
na Champruca, considerada uma alfurja, mas nada além das brigas entre os caftens enciumados e clientes, fatos acontecidos nas zonas do
chamado baixo meretrício, outrora
espalhadas pelo Brasil afora. Mais uma curiosidade antropológica: nunca soube onde se encontrar a zona do alto meretrício. Certa vez um antigo freguês da Champruca, na
privacidade da cópula, acompanhado de uma cocotte, alguém bateu fortemente à porta do
quarto, e pergunta com voz tonitruante: Geralda
taí ? O assíduo cliente enfurecido gritou: Tá,
mas tá ocupada. E o interlocutor encerrou o diálogo, mas com suavidade, quase inaudível, e respondeu: volto mais tarde. Era uma casa do prazer.
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