Parsival chegou na casa
da Dona Clara, acompanhado do esposo dela que atendia pelo apelido de Gemiano, herança da sua avó, a robusta e respeitada Gimiana. Quando Getulio morreu em 1954, com um porrete nas mãos exigiu que os comerciantes(alguns udenistas) cerrassem as portas das lojas. A sala da casa bem iluminada, ostentava uma
pós-moderna aparelhagem de televisão
ligada na novela das oito, que começa às nove horas da noite. Escarrapachado no tapete, um grande cachorro, também participava do convívio familiar. Parsival ao chegar
na casa de Gemiano saudou a família com
um cordial – boa noite – infelizmente não foi correspondido. Repetiu a
gentileza, e outra vez não foi bem sucedido. Parsival sentou-se no canto da sala num
tamborete, e nada mais falou. Gemiano entrou no clima e passou a assistir também a novela, cuja pergunta entre os assistentes era:
Quem matou Odete Rothman? Parsival, homem de hábitos simplórios, continuou
silente assistindo a novela. Num momento inusitado o cachorro latiu alto! Como se desse uma ordem aos tutores dele. E todos quase unânimes falaram: Antonio
está com fome! Gemiano, dê ração ao Antonio (era o nome do animal), bradou Dona Clara para o marido. Gemiano respondeu que somente atenderia a ordem matriarcal, quando do intervalo. A novela acabou, Antonio recebeu a ração e Parsival continuou ignorado.
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