26 de abril de 2015

O cachorro, a televisão e Parsival

Parsival chegou  na casa  da Dona Clara, acompanhado do esposo dela  que atendia pelo apelido de Gemiano, herança da sua avó, a robusta e respeitada  Gimiana. Quando Getulio morreu em 1954, com um porrete nas mãos exigiu que os comerciantes(alguns udenistas) cerrassem as portas das lojas. A sala da casa bem iluminada, ostentava uma pós-moderna aparelhagem  de televisão ligada na novela das oito, que começa às nove horas da noite.  Escarrapachado  no tapete,  um grande cachorro, também  participava do convívio familiar. Parsival ao chegar na casa de Gemiano  saudou a família com um cordial – boa noite – infelizmente não foi correspondido. Repetiu a gentileza, e outra vez não foi   bem sucedido. Parsival sentou-se no canto da sala num tamborete, e nada mais falou. Gemiano entrou no clima e passou a assistir também  a novela, cuja pergunta entre os assistentes era: Quem matou Odete Rothman? Parsival, homem de hábitos simplórios, continuou silente assistindo a novela.  Num momento inusitado o cachorro latiu alto! Como se desse uma ordem aos tutores dele.  E todos quase unânimes falaram: Antonio está com fome! Gemiano,  dê ração ao Antonio (era o nome do animal), bradou Dona Clara para o marido. Gemiano respondeu que somente atenderia a ordem matriarcal, quando do intervalo. A novela acabou,  Antonio recebeu a ração e  Parsival continuou ignorado. 

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