19 de fevereiro de 2014

Taquarim (parte 2)



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Descobrir devagarinho, com se estivesse tecendo um samburá. Igual percorrer uma dezena de quilometros, a pé, de Mimoso do Sul  para o Barro Branco (tabatinga) na busca de varas lineares de bambu, dito chines, que depois de tratada ao fogo, solta uma substancia semi-oleosa. Em seguida, limpando-a com um tecido velho e seco. Isso feito, estará pronta e mais resistente a bravura de um piau-tres-pintas, e para finalizar, recebe seus apetrechos, ou seja : linha, chumbo e anzol. A busca desse caniço, é através da via férrea, ora caminhando sobre os trilhos, tal qual um equilibrista de circo no horizontal arame, ora pelos dormentes, na cadencia de uma marcha quase-castrense, pois a distancia dos dormentes nos trilhos é muito pequena, obrigando o caminhante a dar passos curtos e precisos. Essa viagem já foi empreendida há alguns anos. É uma andança observadora feito um jornalista vibrador,  que o editor-chefe lhe confiou uma matéria sobre " o taquarim e suas finalidades" - para publicar na seção latina do New York Times. 
A memória guardou tudo, assim me parece,  pois ao andar, abria-se feito uma grande cortina de um teatro mambembe, cheio de luz. A moldura verdejante se apresenta, filha da mãe natureza, e  cercada pelo bucolismo, e ouvia-se os cânticos dos bem-te-vis, o arrulhar das rolinhas ou o pio dos inhambus. Inesperadamente uma nascente de água cristalina. Saciava a vontade incontida de beber muita água. Um pouco de descanso, e logo retornava a " a caminhada do bambu chines". Alguns o chamam de taquarim, taquara, espécie de bambu. Os pés já começavama a doer, e o sol castigava, pois era o mes canicular de janeiro.A chegança no Barro Branco, foi uma festa. Foi como encontrar um pequeno oásis. As inúmeras  touceiras dos taquarins,  na margem direita do rio - eis um belo  taquaral, produzindo sombra e água fresca. Empreender esse pequenino périplo, é tão lúdico quanto caminhar pelo calçadão de Ipanema em direção ao Arpoador, ouvindo as opiniões Mauricio Dias sobre legendário Raimundo Faoro. Ou quiçá, perambular a  esmo pelo Quartier Latin. Enfim,  algumas varetas de taquarim foram decepadas, e suficientes para serem preparadas, rumo ao rio piscoso rio Itabapoana.

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