16 de setembro de 2008

TAQUARIM (parte 1)



Fiquei impressionado e reflexivo, pois estou retornando gradualmente ao colo simbólico, ou seja  da  casa onde passei longos anos da vida. No ar há um magnetismo circulante, o qual me   aguça,  ao (re)tornar as origens depois de tanto tempo. E providencialmente,  vem na lembrança o aforisma  de Leon Tolstoi: "...se queres se tornar universal, comece a pintar a tua aldeia". Não exatamente assim, mas sempre raciocinei em cima dessa possibilidade, mesmo com as robustas  dificuldades de entendimentos no interior.    Durante uma longa permanência,  fui adquirindo uma modesta embocadura, feito um músico amador.  Harmonizar  a " oitava na penera, oitava penerando "  com  a  "quinta sinfonia"  de Beethoven, não é  tarefa das mais fáceis.Poder-se-ia reunir, mínimas condições para o atingimento de uma boa satisfação interior (é possível essa façanha hercúlea?).   Num esforço concentrado, um olhar holístico como  facilitador da compreensão alheia, em um mundo do qual  participei, sendo que os atores eram outros. E o "script" também. O tempo não pára, mas algo se move.  Ser onírico diante desse enigma, talvez seja um conforto.  Um ensaio para a vida. Não é  o oriente o saudosismo  brejeiro. Caso contrário é negar a historia maior dos povos, citando o personagem, cujo o nome é  Abd al-Rahman, muçulmano descendente dos omíadas e bérberes ( por parte de mãe), massacrados no ano 750 dC pelos muçulmanos de origem abássida, que se julgavam incontestes sucessores do lider e profeta Maomé. Abn al-Rahman sobrevivente, atravessou o estreito de Gibraltar e se estabeleceu na  Espanha, numa  convivência pacífica com os cristãos e judeus, durante 800 anos. Ou seja o tempo tres vezes maior do que a existencia da Republica dos Estados Unidos da America do Norte. Infortudamente,  em 1492 foram  expulsos pelo reis católicos espanhois - Fernando e Isabel. A historia registra que o lider Abn al-Rahman, exilado buscava nas pequenas recordações do seu pequeno país, uma fruta predileta ou uma casa parecida com a sua, e isso trazia-lhe alegria.  Fica claro que esse sentimento da ausência,  é universal, pois sentir falta,  é imagético e atemporal. 
Registrar pelo exercício da lembrança os entes queridos, do quintal da casa, do pé de manga espada,  não é um estrabismo, não embaça a visão de quem tem vida interior. A experiencia com o passado é uma funcional lanterna que ilumina para trás ( assim vaticinouo imortal Pedro Nava ).

Um comentário:

  1. Taquari, Taquarim

    Eis o filho da terra, fazendo um belíssimo passeio poético pelo passado, com riqueza de alma no presente e, esperança e sabedoria no futuro.

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