O filho da vítima, mais conhecido como Chefe, cumpria pena, e recebeu a notícia do encomendado assassinato do pai dele, tal como arquitetou a morte do mesmo, ou seja com frieza, como um monstro das águas abissais. Ele se filiou a uma dessas facções criminosas em funcionamento nos presídios desse Brasil continental. E na estratificação do conjunto da sociedade penitenciária, o Chefe depois da morte paterna, passou a gozar de prestígio na hierarquia do crime, dito organizado. Há suspeita, de que não é possível o funcionamento dessa máfia, sem a colaboração dos servidores públicos, cuja contrapartida poderá ser o vil metal. O Chefe ao cometer o parricídio, bem próximo a dramaticidade de Édipo-rei de Sófocles (442 a.C), passou a ter mais respeito entre a população carcerária, quer dos internos, quer dos funcionários. Algumas semanas se passaram, e o Chefe começou a ter longos pesadelos. Acordava no meio na madrugada, aos gritos. Depois chorava convulsivamente. Nos sonhos densos, o protagonista principal era a imagem do pai sendo degolado, e o sangue esvaindo pela varanda na casa da fazenda. Era nesse espaço onde o Chefe brincava na infância, chutando uma pequena bola, um dos raríssimos presentes recebidos pelo pai. Em seguida entrou em deep depression(*), se negando a se alimentar.
(*) profunda depressão
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