José do Egito, o antigo empregado do audacioso cabouqueiro, resolveu ministrar o funeral do patrão, seguindo a liturgia do candomblé(*). José do Egito mesmo tendo se afastado dos terreiros dos orixás, raciocinava que por ter sido mensageiro da fatal premonição, estava a prestar homenagem as entidades da mística afrodescendente, pela confiança esotérica nele depositada. Entre os yorubá, quando morre uma pessoa, o corpo é banhado, igual na tradição judaica. Se for mulher, o cabelo é devidamente penteado, e se for homem, o cabelo é inteiramente raspado. A condição de estar devidamente higienizado, é para ser bem recebido na morada dos ancestrais. Em algumas regiões da África, chumaços dos cabelos e pedaços das unhas dos pés do morto, são cortados e guardados para o 2° enterro, em sete ou mais dias. Em seguida o defunto é envolvido imediatamente numa mortalha branca. Acrescenta-se que ritual fúnebre do candomblé detém o conhecimento da conservação do corpo. Os alimentos e oferendas são depositadas numa cabaça aos pés do morto, como forma dele não sentir fome, durante a permanência entre os antepassados. Os ataques rufam, e os amigos e parentes dançam e também se alimentam, todavia até a barra da madrugada. A dança se encerra e o corpo é vestido em roupas pesadas e coloridas, e em procissão solene se dirigiram até a sepultura. Há o hábito de mandar recados para àqueles que partiram, que é a prova da crença no além, e no poder inconteste dos ancestrais. Vários dias decorridos após o funeral, se pratica outro rito conhecido como Fífa éégún Òkùú wo lé - Trazer de volta o espírito para casa. Um santuário é construído num canto residência, onde se realizam pedidos e oferendas, num diálogo da intimidade familiar. José do Egito cumpriu a obrigação que julgava correta dentro dos cânones orais repassados por várias gerações.
*) O Negro no museu brasileiro - autor: Raul Lody - Ed.Bertrand Brasil;
*) Òrun Àiyé - autor: José Beniste - Ed. Bertrand Brasil.
*) O Negro no museu brasileiro - autor: Raul Lody - Ed.Bertrand Brasil;
*) Òrun Àiyé - autor: José Beniste - Ed. Bertrand Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário