A futura mãe estava a sorrir, principalmente quando ouvia alguma referência sobre a gravidez. A avó incumbiu-se de costurar à mão uma peça de recém nascido. A mãe dentro da cultura sul-americana, mergulhou nas águas abissais do desejo da filha única. E iniciou-se a aquisição do enxoval, com o mais apurado gosto. Na casa de Maria Guadalupe o tempo girava em torno do nascimento do neném. O futuro avô materno vaticinava dissimuladamente, se fosse homem, sugeria o nome dele. A mãe e a filha, desconversavam sobre essa possibilidade. A compra do berço, pintura do quarto, viagem ao México, enfim agenda assoberbada. Ulisses ficou marginalizado diante do importante evento. Mesmo tendo sido coadjuvante, o prestígio caiu. O foco das atenções foi alterado. Lembrou-se da crônica do Artur da Távola( 1936/2008), cujo texto, em alguns casos, o homem é simplesmente o colocador de semente, e só. Ulisses assim se sentia. Todavia, bem cedo aprendeu com o preceptor dele, o grego, que o silêncio é sábio. Ulisses mudou-se para a casa da namorada. E sentia feliz pelo neném. Não era expectativa dele, ser pai tão rapidamente. Outro remetente num contexto próximo, também no espaço e no tempo, e personagens díspares, eis o curto diálogo: Como isso aconteceu? Você uma mulher experiente, se deixou engravidar? Vc sempre afirmou, não queria mais filhos. Pois é mãe de três adolescentes. Pensou por alguns segundos, e sorridente retrucou: ele é que não soube brincar. Um aforismo popular, à propósito.
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