Onde morei, e estou a morar, existe uma
mangueira no quintal com mais de meio século, sombreando e doando mangas
espadas anualmente. E que mangas. Estou sempre as colhendo nas manhãs dos outonos.
Segundo o médico ortomolecular Helion Póvoa o organismo precisa de açúcares
como primeira refeição, exceto os diabéticos. E ele recomenda a frutose, sendo que as mangas,
pitangas ou amoras, as minhas preferidas. Outro dia, reservei quatro manguitas numa tigela, e as coloquei na
lateral do tanque de roupas. Em seguida fui comprar alguns pães, o que raramente o faço.
E no retorno, as mangas estavam sendo bicadas por dois sanhaços, ambos
azulados. Um casal? Talvez. Os sanhaços não são dissimulados. Assumidamente ariscos e vigilantes. E o instinto do pássaro conectou a minha intenção, pois
passei a deixar as mangas na tigela, e transformaram-se em comensais
cotidianos. O habitat dessas aves não são tão somente, as combalidas matas secundárias. Os sanhaços são antrópicos, quer dizer, vítimas das modificações
provocadas pelo homem no meio ambiente, os tornaram adaptáveis aos espaços urbanos. Essas aves põem três ovos brancos, meio esverdeados, com pintas e traços marrons. Incubados pela fêmea por doze a catorze dias, e com vinte dias começam a ensaiar os primeiros voos.

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