Onde morei, e estou a morar, existe uma
mangueira no quintal com mais de meio século, sombreando e doando mangas
espadas anualmente. E que mangas. Estou sempre as colhendo nas manhãs dos outonos.
Segundo o médico ortomolecular Helion Póvoa o organismo precisa de açúcares
como primeira refeição, exceto os diabéticos. E ele recomenda a frutose, sendo que as mangas,
pitangas ou amoras, as minhas preferidas. Outro dia, reservei quatro manguitas numa tigela, e as coloquei na
lateral do tanque de roupas. Em seguida fui comprar alguns pães, o que raramente o faço.
E no retorno, as mangas estavam sendo bicadas por dois sanhaços, ambos
azulados. Um casal? Talvez. Os sanhaços não são dissimulados. Assumidamente ariscos e vigilantes. E o instinto do pássaro conectou a minha intenção, pois
passei a deixar as mangas na tigela, e transformaram-se em comensais
cotidianos. O habitat dessas aves não são tão somente, as combalidas matas secundárias. Os sanhaços são antrópicos, quer dizer, vítimas das modificações
provocadas pelo homem no meio ambiente, os tornaram adaptáveis aos espaços urbanos. Essas aves põem três ovos brancos, meio esverdeados, com pintas e traços marrons. Incubados pela fêmea por doze a catorze dias, e com vinte dias começam a ensaiar os primeiros voos.

10 de dezembro de 2015
7 de dezembro de 2015
Pano de fundo
Escrever não é algo fácil. Narrar para muitos, então é mais
difícil ainda. Os corações e mentes são diferenciados, pois a humanidade é
plural, e assim deve ser. A herança helênica, que é a
democracia - significa governo do povo, e para o povo - essa presunção deságua na pluralidade universal. Essa é a convicção. Funcionando
ou não, a democracia é a máxima utilizada pelo mundo ocidentalizado. No mais, é o império das abjetas ditaduras. No
momento surgem a veloz proliferação das religiões,
seitas e doutrinas. Inúmeras, e todas inexoravelmente dogmáticas. No Oriente
Médio, Paris, California e n’África, matam e morrem sob o manto da mística,
como pano de fundo. A lição da Segunda
Guerra Mundial, ainda não foi apreendida. Claudicando, caminhamos.
14 de novembro de 2015
Banho de sangue
Na
sexta-feira treze de novembro de 2015, na luminosa Paris
foram assassinadas mais de uma centena de inocentes em lugares
diferentes, e mais de trezentos nos hospitais, foram alvos bem próximos
um do outro. Há suspeitas que os autores sejam dos movimentos radicais,
tais como o Exército Islâmico, que degola indivíduos e publica nas redes
sociais para o mundo tomar conhecimento da barbárie. O governo francês declarou
que vai dar combate sem piedade, aos responsáveis pela carnificina.
Injustificável a conduta nefasta dos extremistas, pois escolheram como estratégia
usar homens-bomba e fuzis-metralhadoras kalashnikovs
para matarem gente do povo. Não há clareza, há camuflagem para se esconderem na
prática de atos ignóbeis contra população civil. Não dar chance a defesa, é
assassinato. O Daesh (como é conhecido o Estado Islâmico) acordou a União Europeia, OTAN e outros aliados. A expressão
"sem piedade " é forte demais, pois remete a antiga lei de Talião -
dente por dente, olho por olho". O discurso proferido pelo Presidente
François Hollande estava sob forte impacto emocional, diante da tragédia por
saber das centenas de patrícios mortos covardemente pelo terrorismo. Com
certeza, quando os ânimos arrefecerem e os responsáveis forem
julgados, a justiça se fará sob o manto da civilidade. Não há outra
alternativa que não seja pela legalidade. Caso contrário, a França não
seria a França de Jean Jacques Rosseau.
8 de novembro de 2015
Alguma coisa
Quando Frank Sinatra gravou –
Something – do Beatle George Harrison, afirmou para a imprensa internacional
que Something é a mais bela música romântica dos últimos cinquenta anos. Ele tinha autoridade
para declarar algo igual ou próximo disso. Trata-se de uma canção de amor, e os
versos que a acompanham, confirmam par e passo.O consagrado compositor e intérprete o
inglês Eric Clapton fez um show póstumo para o autor George Harrison, disponibilizado
no You Tube. O poeta escreveu: Alguma
coisa em seu sorriso/ ela sabe/ ela sabe o quanto eu acredito/ que eu não
preciso de outro amor. A introdução é limpa, apresentada pela guitarra desse roqueiro ainda pouco reconhecido
pela mídia. As vozes dos outros companheiros da banda formaram um belo coral. E finaliza numa tradução livre,
como o (im)ponderável: você me pergunta se
isso irá tornar-se amor, eu não sei, eu não
sei, vendo de perto pode ser mesmo, eu
não sei, eu não sei.
Uma pequena ajuda dos amigos
Os Beatles marcaram para sempre a geração na qual estava
inserido cronologicamente. O Long Play
– Sargento Pimenta – tem algumas faixas como a
A little help from my friends, que com atenção pode-se apreciar o som do contrabaixo
empunhado por Paul MacCartney. O ritmo é marcado com brevíssimos gaps, e o andamento
é dado pela percussão – Ringo Starr - e os floreados através das guitarras do
John e George (não entendo, eles poderiam estar por aí, e não por lá). A poesia é
simples, na tradução livre: Uma pequena ajuda dos meus amigos. A voz nessa canção é do baterista e sobrevivente Ringo Starr. O tema se inicia assim: O que você faria se
eu desafinasse? Empreste-me seus ouvidos,
e tentarei não desafinar... com uma pequena ajuda dos meus amigos. O que fazer
quanto o amor está longe? E na sequência
os versos da mesma magnitude. Aliás,
os amigos são para sempre.
4 de novembro de 2015
Andorinhas
Alguns pesquisadores classificam as andorinhas como – aves dos céus – pois voam longas distâncias. Foram batizadas na família dos hidrobatídeos. Voam sobre os oceanos Pacífico e Atlântico, visitam a Patagônia (sul da Argentina) e as alterosas andinas. Há aquelas apelidadas de andorinhas do mar, essas também empreendem viagens intercontinentais. Há pesquisas, que a navegação de bordo das andorinhas se dá através das estrelas. Quando chove, o teto estelar se encobre então elas devem apresentam dificuldades na travessia dos mares. Os pesquisadores suspeitam que as aves migratórias em geral, utilizam também o eixo eletro-magnético da terra na direção norte e sul, as luzes e celulares interferem no voo. O relevo da terra é também outro orientador. Chegam ao destino, com inevitáveis perdas pelo espaço aéreo. O retorno se faz misteriosamente para o ninho original. Elegantes pelas combinações cromáticas, na maioria das vezes o preto e branco, dando-lhes sobriedade. Elas apresentam alguns modelitos como a Andorinha-de-cauda-tesoura, de coleira, do rio, do campo, e do peito vermelho ( essas viajam do hemisfério norte entre setembro e março). As andorinhas por conta do imponderável, enfeitam as poesias de algumas canções, desde Altemar Dutra cantor romântico dos anos 1970, com a canção "Vai andorinha" até a italiana Gigliola Cinquetti, – na letra da canção “ Dio como ti amo” com os versos le rondini nel cielo na tradução livre: as andorinhas do céu, e tantas outras odes reverenciadas a esse pequeno e valente pássaro migratório. A de cauda-tesoura constrói os ninhos utilizando secreção salivar, além da paina e penas macias. Na Europa os ninhos ficam nas escarpas íngremes. Os ninhos das andorinhas feitos somente com a secreção dessas avezitas, é considerado uma iguaria gastronômica. Não emitem os cânticos tradicionais da passarinhada, elas chilreiam, gazeiam ou arrulham. Eis o ditado popular : andorinha sozinha não faz verão.

Andorinha de cauda tesoura
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