O destino do Chefe não estava escrito nas estrelas. Foi decretado pelo Exu Caveira, entidade mais carregada de maldade, no campo primitivo, chamado de vingança, sob o manto da barbárie. As religiões de matrizes africanas, são iguais a quaisquer outras místicas. Os cultos de todos os continentes defendem que na existência do bem, há a contrapartida do mal. Acrescento somente para ilustrar pois, na famosa ópera Il Trovatore de Giuseppe Verdi(1813/1901) no libreto eis o Ato 1: " O irmão mais moço do Conde de Luna desapareceu há muitos anos. Conta-se que uma feiticeira fez-lhe um feitiço antes de ser queimada, e que a filha dela raptou e matou a criança." Há a possibilidade que a morte do Chefe tenha sido encomendada pelo antigo empregado - José do Egito - que presenciou o assassinato do patrão dele. Se tal ocorreu, as mães e filhas de santo, babalorixá, cambono e o orixá mais graduado, e demais membros tenham acedido a proposta de trabalharem a morte do Chefe. Os alquidares foram lavados em água corrente de cachoeira, e preparados para receberem o bode preto sacrificado, para se processar o despacho na lua cheia no dia 17 de agosto, como recomenda a liturgia transmitida pelos sábios Obás. O Chefe foi vítima de um forte quebranto. Negava a se alimentar, e foi tomado de um profundo desânimo e dizia ouvir vozes do pai dele. Diante do quadro agravando-se em progressão geométrica, foi internado no hospital local e morreu em poucos dias, vítima da falência dos órgãos vitais. "Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay ". (*)
(*) "Eu não creio nas bruxas, mas que elas existem, existem"
(*) "Eu não creio nas bruxas, mas que elas existem, existem"
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